Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Conte-me, ó
Mãe, qual é o teu segredo
Contemplo as sete dores de Maria...
Quem poderia em todo o tempo
suportar?
São sete dores que atravessaram tua
alma,
E ao te consumir, amor derramava.
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para suportar desde a profecia de Simeão (Lc 2,35),
A espada transpassava teu coração,
Até o momento ápice, ali, silenciosa,
Irremovível aos pés da crudelíssima Cruz?
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para suportar o exílio, a fuga para o Egito (Mt 2,13s):
Apenas José ao teu lado, guardião da Sagrada Família,
Da frágil Criança, que abalou as forças do mal,
que cegou pelo medo o coração de Herodes?
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para compreender o mistério da perda e o encontro
Do teu Menino discutindo com doutores do templo (Lc 2,48):
Ver que tão próximo já sentia inevitável separação,
Porque do Pai, viera para cuidar, divina missão?
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para manter a serenidade ao ver teu Filho em
agonia, flagelo, coroação, caminhando para o calvário (Lc
23,27):
Impotente, nada podia fazer, senão lágrimas verter,
E dor no silêncio te consumindo, morte no horizonte?
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para em silêncio tudo acompanhar e a dor suportar.
Porém maior que a dor é o amor que te une ao teu Filho.
Na crucificação de Jesus (Lc 23,33) te sentes crucificada?
Ah, quanto, contigo, temos a aprender!
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo
Para ver o corpo do Filho deposto na Cruz (Jo 19,38):
A dor de receber no teu colo, quem no ventre fora concebido
Há pouco, dada como mãe ao discípulo amado,
Nada retendo para Si. E a ele, foste confiada?
Conte-me, ó Mãe, qual é o teu segredo para
Manter serenidade e doçura,
Na sepultura de Jesus, teu Filho (Jo 19,40s):
Após três dias parecerem eternos, sombrios e frios,
Morte vencida na madrugada da Ressurreição. Amém.?
Conte-me, ó
Mãe, qual é o teu segredo...
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