segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o VI Dia Mundial dos Pobres - 2022

 


Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o VI Dia Mundial dos Pobres - 2022

 

Celebraremos no XXXIII Domingo do Tempo Comum, dia 13 de novembro de 2022, o VI dia Mundial dos Pobres, com o tema: – “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9):

 

“O texto do Apóstolo a que se refere este VI Dia Mundial dos Pobres apresenta o grande paradoxo da vida de fé: a pobreza de Cristo torna-nos ricos. Se Paulo pôde comunicar este ensinamento – e a Igreja difundi-lo e testemunhá-lo ao longo dos séculos – é porque Deus, em seu Filho Jesus, escolheu e seguiu esta estrada. Se Ele Se fez pobre por nós, então a nossa própria vida ilumina-se e transforma-se, adquirindo um valor que o mundo não conhece nem pode dar. A riqueza de Jesus é o seu amor, que não se fecha a ninguém mas vai ao encontro de todos, sobretudo de quantos estão marginalizados e desprovidos do necessário. Por amor, despojou-Se a Si mesmo e assumiu a condição humana. É desejo do Papa Francisco que este VI Dia Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus Cristo é a nossa fiel companheira de vida, de modo que cresçamos na solidariedade para com os irmãos necessitados.”

 

Somos interpelados a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual, num contexto marcado pela superação da pandemia, e guerras regionais e dentre elas destaca a guerra da Ucrânia, com seus efeitos na vida de milhões de pessoas, quer dos que saem, como também dos que ficam em suas terras devastadas.

 

Neste contexto tão desfavorável, situa-se o VI Dia Mundial dos Pobres, com o convite – tomado do apóstolo Paulo – a manter o olhar fixo em Jesus, que, «sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9).

 

Em sua mensagem, desenvolve o aprofundamento deste contexto vivido pelo Apóstolo Paulo e nos enriquece com a citação de São Justino (séc. II), ao descrever ao imperador Antonino Pio a celebração dominical dos cristãos:


«No dia do Sol, como é chamado, reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das cidades quer dos campos, e leem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os comentários dos Apóstolos ora os escritos dos Profetas. (…) Seguidamente, a cada um dos presentes se distribui e faz participante dos dons sobre os quais foi pronunciada a ação de graças, e dos mesmos se envia aos ausentes por meio dos diáconos. Os que possuem bens em abundância dão livremente o que lhes parece bem, e o que se recolhe põe-se à disposição daquele que preside. Este socorre os órfãos e viúvas e os que, por motivo de doença ou qualquer outra razão, se encontram em necessidade, assim como os encarcerados e hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele toma sobre si o encargo de todos os necessitados» (Primeira Apologia, LXVII, 1-6).

 

Exorta que continuemos e intensifiquemos a acolhida solidária de milhões de refugiados das guerras no Médio Oriente, na África Central e, agora, na Ucrânia.

 

“Com efeito, a solidariedade é precisamente partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra... Como membros da sociedade civil, mantenhamos vivo o apelo aos valores da liberdade, responsabilidade, fraternidade e solidariedade; e, como cristãos, encontremos sempre na caridade, na fé e na esperança o fundamento do nosso ser e da nossa atividade.”

 

Deste modo, no caso dos pobres, não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através de um envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém, afirma o Papa.

 

Às vezes, porém, pode sobrevir uma forma de relaxamento que leva a assumir comportamentos incoerentes, como no caso da indiferença em relação aos pobres. 


Além disso, acontece que alguns cristãos, devido a um apego excessivo ao dinheiro, atolados no mau uso dos bens e do patrimônio. São situações que manifestam uma fé frágil e uma esperança fraca e míope.

 

No entanto, não se trata de um ativismo que salva, nem de um comportamento assistencialista com os pobres, como muitas vezes acontece; naturalmente é necessário empenhar-se para que a ninguém falte o necessário.


Trata-se de uma atenção sincera e generosa que me permite aproximar dum pobre como de um irmão que me estende a mão para que acorde do torpor em que caí: urge que se encontre estradas novas que possam ir além da configuração daquelas políticas sociais «concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres e muito menos inserida num projeto que reúna os povos» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 169).

 

O Papa nos fala de duas pobrezas:


- A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída;

 

- a pobreza libertadora é aquela que se nos apresenta como uma opção responsável para aliviar do peso pelo quanto há de supérfluo e apostar no essencial – “Na realidade, os pobres, antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade.

       

Na conclusão, apresenta o exemplo do Irmão Carlos de Foucald, canonizado dia 15 de maio de 2022 - tendo nascido rico, renunciou a tudo para seguir Jesus e com Ele tornar-se pobre e irmão de todos. A sua vida eremita, primeiro em Nazaré e depois no deserto do Saara, feita de silêncio, oração e partilha, é um testemunho exemplar da pobreza cristã – um estilo concreto de vida, que o levou a partilhar com Jesus, o dom da própria existência.

 

PS: Se desejar, confira a mensagem na integra: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20220613-messaggio-vi-giornatamondiale-poveri-2022.html

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