segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Síntese da Mensagem do Santo Padre Francisco para o V Dia Mundial Dos Pobres (2021)

 


Síntese da Mensagem do Santo Padre Francisco para o
V Dia Mundial Dos Pobres 

No XXXIII Domingo do Tempo Comum, quatorze de novembro de 2021, celebraremos o V Dia Mundial dos pobres, que tem como Tema – “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14, 7), que são as palavras pronunciadas por Jesus, alguns dias antes da Páscoa, por ocasião duma refeição em Betânia, na casa de Simão, chamado “o leproso”, na qual uma mulher com um vaso de alabastro cheio de perfume muito precioso o derrama sobre a cabeça de Jesus.

O Papa desenvolveu duas interpretações sobre esta passagem:

- A primeira é a indignação de alguns dos presentes, incluindo os discípulos, ao considerar o valor do perfume (cerca de 300 denários, equivalente ao salário anual de um trabalhador);

- A segunda é dada pelo próprio Jesus, e permite individuar o sentido profundo do gesto realizado pela mulher. Diz Jesus – “Deixai-a. Por que estais a atormentá-la? Praticou em mim uma boa ação’ (Mc 14, 6), e Jesus sabe que está próxima a Sua morte e vê, naquele gesto, a antecipação da unção do Seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro.

Em seguida nos apresenta os pobres como os verdadeiros evangelizadores, porque foram os primeiros a ser evangelizados e chamados a partilhar a bem-aventurança do Senhor e o Seu Reino (cf. Mt 5, 3), pois estes de qualquer condição e latitude, evangelizam-nos, porque permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai.

Deste modo, é necessário nos deixemos evangelizar por eles, uma vez que a nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja.

Todos somos chamados a descobrir Cristo neles, como sacramentos de Cristo, representando Sua Pessoa e apontando para Ele, emprestando-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles, de tal modo que nosso compromisso não consista exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência.

Retomando o tema   – “sempre tereis pobres entre vós”, indicam a sua constante presença no meio de nós, mas não deve nos induzir àquela “habituação” que se torna indiferença, mas deve nos levar ao empenho da partilha de vida que não prevê delegações – “A esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça”.

Sua presença é também um convite a não perder jamais de vista a oportunidade que se nos oferece para fazer o bem. Mas, alerta o Papa, que não se trata de serenar a nossa consciência dando qualquer esmola, mas antes contrastar a cultura da indiferença, e já injustiça, com que se olha os pobres.

Menciona os muitos exemplos de Santos e Santas que fizeram da partilha com os pobres o seu projeto de vida, dentre eles padre Damião de Veuster, Santo apóstolo dos leprosos, e este testemunho é muito atual em nossos dias, marcados pela pandemia de coronavírus, para muitos que se gastam  concretamente partilhando a sorte dos mais pobres. 

A presença dos pobres é permanente apelo de conversão, mudança de mentalidade, para que acolhamos o desafio da partilha e da comparticipação – “Convertei-vos e acreditai no Evangelho’ (Mc 1, 15) – “Se não se optar por tornar-se pobre de riquezas efêmeras, poder mundano e vanglória, nunca se será capaz de dar a vida por amor; viver-se-á uma existência fragmentária, cheia de bons propósitos, mas ineficaz para transformar o mundo”.

Além da “praga” da pandemia, o Papa nos chama a atenção para o fato de estar acontecendo a criação incessante de novas armadilhas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes econômicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social – “De modo particular, é urgente dar respostas concretas a quantos padecem o desemprego, que atinge de maneira dramática tantos pais de família, mulheres e jovens. A solidariedade social e a generosidade de que muitos, graças a Deus, são capazes, juntamente com projetos clarividentes de promoção humana, estão a dar e darão um contributo muito importante nesta conjuntura”.

Urge uma abordagem diferente da pobreza, consistindo num desafio que os governos e as instituições mundiais precisam de perfilhar, com um modelo social clarividente, capaz de enfrentar as novas formas de pobreza que invadem o mundo e marcarão de maneira decisiva as próximas décadas.

Recorda-nos as palavras de São João Crisóstomo: “Quem é generoso não deve pedir contas do comportamento, mas somente melhorar a condição de pobreza e satisfazer a necessidade. O pobre só tem uma defesa: a sua pobreza e a condição de necessidade em que se encontra. Não lhe peças mais nada; mesmo que fosse o homem mais malvado do mundo, se lhe vier a faltar o alimento necessário, libertemo-lo da fome. (…) O homem misericordioso é um porto para quem está em necessidade: o porto acolhe e liberta do perigo todos os náufragos, sejam eles malfeitores, bons ou como forem. Aos que se encontram em perigo, o porto acolhe-os, coloca-os em segurança dentro da sua enseada. Também tu, portanto, quando vês por terra um homem que sofreu o naufrágio da pobreza, não o julgues, nem lhe peças conta do seu comportamento, mas liberta-o da desventura» (Discursos sobre o pobre Lázaro, II, 5).

Exorta-nos para que estejamos abertos a ler os sinais dos tempos, que exprimem novas modalidades de ser evangelizadores no mundo contemporâneo, de tal modo que, a assistência imediata para acorrer às necessidades dos pobres não impeça a clarividência para atuar novos sinais do amor e da caridade cristã como resposta às novas pobrezas que experimenta a humanidade de hoje.

Conclui fazendo votos que o V Dia Mundial dos pobres leve nossas Igrejas locais a abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão – “Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento… Os pobres estão no meio de nós. Como seria evangélico, se pudéssemos dizer com toda a verdade: também nós somos pobres, porque só assim conseguiríamos realmente reconhecê-los e fazê-los tornar-se parte da nossa vida e instrumento de salvação”.

 

Se desejar, acesse o link e leia a mensagem na integra: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20210613-messaggio-v-giornatamondiale-poveri-2021.html

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