domingo, 14 de abril de 2024

Testemunhar a vida nova do Ressuscitado (IIIDTPC)

Testemunhar a vida nova do Ressuscitado 

“Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
“Simão, filho de João, tu me amas?”
“Simão, filho de João tu me amas?”
“Apascenta minhas ovelhas.”
“Segue-me”. 

A Liturgia da Palavra do 3º Domingo da Páscoa (ano C) nos convida à reflexão sobre a presença e ação do Ressuscitado no seio da comunidade, que dá coragem, confiança e garante a esperança vitoriosa e a pesca frutuosa, plena de êxito. 

A missão da comunidade dos que creem, é testemunhar e concretizar a missão de Jesus Ressuscitado, que tem garantia de êxito, pois conta com a Sua presença, Palavra e Pão em cada Eucaristia celebrada. 

A passagem da primeira Leitura (At 5, 27b-32.40b-41) nos apresenta o testemunho da comunidade de Jerusalém. Testemunhar a Vida Nova do Ressuscitado é pôr-se em obediência primeira e incondicional a Deus. 

Impressiona-nos a coragem e o testemunho de Pedro, enfrentando a mesma oposição enfrentada por Jesus. São lapidares as palavras de Pedro: – “deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens” (At 5,29). 

Animados pelo Espírito, devemos manter a fidelidade ao Senhor no caminho, enfrentando os opositores. De fato, a proposta de Jesus não é um caminho fácil, pois passa pela cruz. Não é um caminho marcado pela facilidade de glórias, aplausos, confetes, honras, popularidade. 

Sua proposta não faz pacto com esquemas egoístas, injustos e opressores. Sua mensagem, em todo tempo, é questionante, transformadora, revolucionária, pois coloca em causa tudo o que gera injustiça, opressão, sofrimento e morte. 

Na segunda Leitura (Ap 5,11-14), o autor do Apocalipse nos apresenta Jesus como o “Cordeiro imolado”, que venceu a morte e trouxe para nós a libertação definitiva. 

A comunidade, vivendo em contexto de perseguição, martírio, sofrimento, deve se manter fiel e confiante na esperança da vitória. Ela testemunha o Cordeiro vitorioso que é Cristo Jesus. O Cordeiro imolado é vencedor da morte. 

A mensagem pode ser resumida numa frase: – “Não tenhais medo, pois a vossa libertação está para chegar”. Uma mensagem para revigoramento da fé, renovação da esperança e fortalecimento da capacidade de lutar contra toda e qualquer forma de injustiça, egoísmo, sofrimento e pecado. 

A comunidade eleva louvores e expressa sua gratidão pelo dom do Ressuscitado, Sua centralidade, Sua vitória, pois n’Ele está a nossa vitória! 

Com a passagem do Evangelho (Jo 21,1-19), vemos os discípulos em missão e a exigência para levar adiante esta missão.   

A tríplice confissão de amor pedida a Pedro, condição para cumprir com fidelidade a missão pelo Ressuscitado confiada. 

Para presidir a comunidade é imprescindível o amor, a lógica da doação e do serviço. 

Crer em Sua presença é escrever uma história de amor em nosso quotidiano, para além de nossas debilidades e fraquezas, como assim nos falou o Papa São João XXIII “Não basta ser iluminados pela fé e inflamados pelo desejo do bem para impregnar de princípios sadios uma civilização... é necessário inserir-se em suas instituições” (Pacem in Terris, 148). 

Quanto mais amarmos, mais revigorados seremos e mais a luz do Ressuscitado resplandecerá. 

Esta presença somente é reconhecida por quem ama, fazendo de sua vida doação e serviço, assim como fez Jesus. Presença que nos faz passar da noite do fracasso para o amanhecer do êxito da vitória. 

A escuridão da noite e da morte foi iluminada na madrugada da Ressurreição. As aparentes derrotas preanunciaram a vitória! Com Jesus nossa pesca será abundante!

Aprofundando a riquíssima linguagem simbólica do Evangelho, vemos que, em três grandes partes, João nos apresenta a terceira aparição do Ressuscitado: a pesca, a refeição e a investidura de Pedro. 

Os sete Apóstolos voltam à sua atividade quotidiana: 

Sete indica totalidade – uma Igreja toda em missão. 

Pescar revela a missão da Igreja – pescar aqueles que se encontram mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão. 

Noite sem nada pescar – noite como tempo das trevas, da escuridão, da ausência de Jesus. Sem Jesus tudo é um fracasso irremediável - “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo, 15,5). 

Êxito da pesca – garantida pela presença do Ressuscitado e confiança em Sua Palavra. 

Rede com 153 peixes – número marcado pelo simbolismo – resultado da soma dos 17 primeiros algarismos – 10 + 7 = totalidade, todos os peixes conhecidos. Significa a plenitude e a universalidade da Salvação. 

O discípulo amado reconhece Jesus, o Ressuscitado – amar é condição para reconhecer Sua presença. 

Comer com os discípulos – prefigura-se a Eucaristia – “Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do Amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela Sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao Pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão” (1). 

Reflitamos: 

- De que modo estamos realizando a missão do Ressuscitado a nós confiada no dia de nosso Batismo?

- Quais são os sinais da presença do Ressuscitado em nossa comunidade? 

- Quais são as dificuldades, oposições que enfrentamos no testemunho do Cristo Ressuscitado?

- De que modo somos “pescadores de homens do mar do sofrimento e da escravidão”? 

- Ontem a Pedro, hoje a nós: Amamos o Senhor a ponto de entregar a nossa vida por Ele?

- O que somos capazes de sofrer por amor a Jesus e a Sua Igreja? 

- Quais são as forças que renovam e nutrem a nossa esperança? 

- De que modo vivemos a caridade, como expressão de que somos discípulos missionários d’Aquele que é a Epifania do Amor de Deus pela humanidade, Jesus? 

Concluindo, somos enviados ao mundo para o resgate de humanidade, do mar do sofrimento e da escravidão. Nisto consiste “sermos pescadores de homens”. 

É Páscoa! Ele está em nosso meio.
“Alegremo-nos e n’Ele exultemos”. 
Pelo Senhor, fomos escolhidos, amados, enviados.
Por Ele assistidos, acompanhados, nutridos. 
A Ele toda fidelidade, entrega, amor e doação.
Com Ele, servir, testemunhar, nossa missão. 
Amar o Amado sempre, em fidelidade ao Pai,
que nos enviou o Santo Espírito de Amor.
Amém. Aleluia!
 

 

(1) Fonte de apoio: www.dehonianos.org

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