Testemunhar a vida nova do Ressuscitado
“Simão,
filho de João, tu me amas mais do que estes?”“Simão,
filho de João, tu me amas?”“Simão,
filho de João tu me amas?”“Apascenta
minhas ovelhas.”“Segue-me”.
A Liturgia da Palavra do 3º Domingo da Páscoa (ano C) nos convida à reflexão sobre a presença e ação do Ressuscitado no seio da comunidade, que dá coragem, confiança e garante a esperança vitoriosa e a pesca frutuosa, plena de êxito.
A missão da comunidade dos que creem, é testemunhar e concretizar a missão de Jesus Ressuscitado, que tem garantia de êxito, pois conta com a Sua presença, Palavra e Pão em cada Eucaristia celebrada.
A passagem da primeira Leitura (At 5, 27b-32.40b-41) nos apresenta o testemunho da comunidade de Jerusalém. Testemunhar a Vida Nova do Ressuscitado é pôr-se em obediência primeira e incondicional a Deus.
Impressiona-nos a coragem e o testemunho de Pedro, enfrentando a mesma oposição enfrentada por Jesus. São lapidares as palavras de Pedro: – “deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens” (At 5,29).
Animados pelo Espírito, devemos manter a fidelidade ao Senhor no caminho, enfrentando os opositores. De fato, a proposta de Jesus não é um caminho fácil, pois passa pela cruz. Não é um caminho marcado pela facilidade de glórias, aplausos, confetes, honras, popularidade.
Sua proposta não faz pacto com esquemas egoístas, injustos e opressores. Sua mensagem, em todo tempo, é questionante, transformadora, revolucionária, pois coloca em causa tudo o que gera injustiça, opressão, sofrimento e morte.
Na segunda Leitura (Ap 5,11-14), o autor do Apocalipse nos apresenta Jesus como o “Cordeiro imolado”, que venceu a morte e trouxe para nós a libertação definitiva.
A comunidade, vivendo em contexto de perseguição, martírio, sofrimento, deve se manter fiel e confiante na esperança da vitória. Ela testemunha o Cordeiro vitorioso que é Cristo Jesus. O Cordeiro imolado é vencedor da morte.
A mensagem pode ser resumida numa frase: – “Não tenhais medo, pois a vossa libertação está para chegar”. Uma mensagem para revigoramento da fé, renovação da esperança e fortalecimento da capacidade de lutar contra toda e qualquer forma de injustiça, egoísmo, sofrimento e pecado.
A comunidade eleva louvores e expressa sua gratidão pelo dom do Ressuscitado, Sua centralidade, Sua vitória, pois n’Ele está a nossa vitória!
Com a passagem do Evangelho (Jo 21,1-19), vemos os discípulos em missão e a exigência para levar adiante esta missão.
A tríplice confissão de amor pedida a Pedro, condição para cumprir com fidelidade a missão pelo Ressuscitado confiada.
Para presidir a comunidade é imprescindível o amor, a lógica da doação e do serviço.
Crer em Sua presença é escrever uma história de amor em nosso quotidiano, para além de nossas debilidades e fraquezas, como assim nos falou o Papa São João XXIII “Não basta ser iluminados pela fé e inflamados pelo desejo do bem para impregnar de princípios sadios uma civilização... é necessário inserir-se em suas instituições” (Pacem in Terris, 148).
Quanto mais amarmos, mais revigorados seremos e mais a luz do Ressuscitado resplandecerá.
Esta presença somente é reconhecida por quem ama, fazendo de sua vida doação e serviço, assim como fez Jesus. Presença que nos faz passar da noite do fracasso para o amanhecer do êxito da vitória.
A escuridão da noite e da morte foi iluminada na madrugada da Ressurreição. As aparentes derrotas preanunciaram a vitória! Com Jesus nossa pesca será abundante!
Aprofundando a riquíssima linguagem simbólica do Evangelho, vemos que, em três grandes partes, João nos apresenta a terceira aparição do Ressuscitado: a pesca, a refeição e a investidura de Pedro.
Os sete Apóstolos voltam à sua atividade quotidiana:
Sete indica totalidade – uma Igreja toda em missão.
Pescar revela a missão da Igreja – pescar aqueles que se encontram mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão.
Noite sem nada pescar – noite como tempo das trevas, da escuridão, da ausência de Jesus. Sem Jesus tudo é um fracasso irremediável - “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo, 15,5).
Êxito da pesca – garantida pela presença do Ressuscitado e confiança em Sua Palavra.
Rede com 153 peixes – número marcado pelo simbolismo – resultado da soma dos 17 primeiros algarismos – 10 + 7 = totalidade, todos os peixes conhecidos. Significa a plenitude e a universalidade da Salvação.
O discípulo amado reconhece Jesus, o Ressuscitado – amar é condição para reconhecer Sua presença.
Comer com os discípulos – prefigura-se a Eucaristia
– “Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do Amor,
do serviço, da solicitude de Jesus pela Sua comunidade em missão no mundo: deve
haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao Pão que Jesus oferece, à vida com que
Ele continua a alimentar a comunidade em missão” (1).
Reflitamos:
- De que modo estamos realizando a
missão do Ressuscitado a nós confiada no dia de nosso Batismo?
- Quais são os sinais da presença do Ressuscitado em nossa comunidade?
- Quais são as dificuldades,
oposições que enfrentamos no testemunho do Cristo Ressuscitado?
- De que modo somos “pescadores de homens do mar do sofrimento e da escravidão”?
- Ontem a Pedro, hoje a nós: Amamos o
Senhor a ponto de entregar a nossa vida por Ele?
- O que somos capazes de sofrer por amor a Jesus e a Sua Igreja?
- Quais são as forças que renovam e nutrem a nossa esperança?
- De que modo vivemos a caridade, como expressão de que somos discípulos missionários d’Aquele que é a Epifania do Amor de Deus pela humanidade, Jesus?
Concluindo, somos enviados ao mundo para o resgate de humanidade, do mar do sofrimento e da escravidão. Nisto consiste “sermos pescadores de homens”.
É Páscoa! Ele está
em nosso meio.
“Alegremo-nos e n’Ele
exultemos”.
Pelo Senhor, fomos
escolhidos, amados, enviados.
Por Ele assistidos,
acompanhados, nutridos.
A Ele toda
fidelidade, entrega, amor e doação.
Com Ele, servir,
testemunhar, nossa missão.
Amar o Amado
sempre, em fidelidade ao Pai,
que nos enviou o
Santo Espírito de Amor.
Amém.
Aleluia!
(1) Fonte de apoio: www.dehonianos.org
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