Com o Ressuscitado, vencemos o medo
“Não tenhais medo daqueles que matam o
corpo, mas não podem matar a alma!” Reflitamos sobre
a solicitude e o amor de Deus, para com aqueles que Ele chama e envia em
missão, uma vez que a perseguição estará sempre presente no horizonte dos
discípulos de Jesus.
À luz da passagem
do Evangelho de Mateus (Mt 10,26-33), o tema da inevitabilidade da perseguição
na vida dos discípulos é explícito, assim como vimos na primeira Leitura.
O Evangelista
exorta à superação do desânimo e frustração decorrentes das perseguições.
Apresenta como
que um “manual do missionário cristão”, que consiste no
“discurso da missão” – “Para
mostrar que a atividade missionária é um imperativo da vida cristã. Mateus
apresenta a missão dos discípulos como a continuação da obra libertadora de
Jesus.
Define também os conteúdos do anúncio e as
atitudes fundamentais que os missionários devem assumir, enquanto testemunhas
do Reino” (1)
Três vezes
aparece a expressão “Não temais”, assegurando a presença, ajuda e proteção
divina para superação do medo que impeça a proclamação da Boa Nova; o medo da
morte física; e neste medo se pode experimentar a solicitude de Deus, um
cuidado que desconhece limites.
A mensagem é que
a vida em plenitude é para quem enfrentar o medo, na fidelidade, até o fim. O
medo não pode nos deixar acomodados.
A ternura, a
bondade e a solicitude divina são imprescindíveis, pois fortalecem na missão. É
preciso se entregar confiadamente nas mãos de Deus:
“Jesus encoraja os Seus discípulos a alargar
o horizonte da vida e a avaliar os riscos vividos por Sua causa, no contexto
mais amplo da vida com Deus, da vida eterna.
O cristão é chamado a viver na confiança de
que o Pai não o abandona nas mãos dos perseguidores (v.28), que a sua vida, a
sua salvação custou o Sangue do Filho e tem por isso, aos Seus olhos, um valor
imenso (vv. 29-31).
A fidelidade e a confiança no Senhor serão
recompensadas por aquele ‘reconhecimento’ que já se manifestou na Ressurreição
de Cristo” (2).
No testemunho da
fé, é possível a perseguição, portanto é necessária a confiança. Anunciar e testemunhar
a Boa Nova é não deixar que o medo nos paralise, pois o medo nos impede de ser
autênticos discípulos missionários:
“O cristão não é chamado a procurar o
martírio como prova da sua fé, mas a viver constantemente a vida com os olhos
fixos no Alto, isto é, a alargar aquele horizonte que hoje, mais do que nunca,
tende a fechar-se no círculo dos benefícios desfrutáveis, aqui e agora.” (3)
Também nós
precisamos ouvir a todo instante: – “Não tenhais
medo”. É preciso que a
Palavra de Jesus ressoe em nossos ouvidos e fique entranhada no mais profundo
de nosso coração:
“Impressiona a história de tantos mártires
cristãos, antigos e atuais, que escolheram o caminho da coerência e da
fidelidade ao Senhor a custo da própria vida.
É com eles que nos encontramos na Comunhão
dos Santos, vivida, sobretudo, na Celebração Eucarística; uma companhia que a
comunidade dos crentes gosta de ter ao seu redor, mesmo com as pinturas, os
afrescos, os mosaicos que adornam as nossas Igrejas (hoje reduzidas muitas
vezes a belas obras que se admiram em igrejas-museu) expressões artísticas
surgidas para tornar humanamente visível o que vivemos na fé.” (4)
Concluindo, apresentemos
nas mãos de Deus nossa realidade humana, marcada pela fragilidade e necessitada
de Sua força e intervenção.
Como cristãos, levantemos
o olhar para a vida a que Cristo nos chama, ou seja, “viver a força de contestação profética que viveu Jeremias,
que Jesus levou perante as autoridades judaicas e romanos e conduziu os
Apóstolos ao martírio.
É na relação íntima e comunitária que
vivemos com Deus, no desejo de sermos reconhecidos por Ele que se reforça
a adesão a Cristo e ao Seu Evangelho, com a esperança libertadora de vivermos
confiando no Pai.” (5)
Oremos:
“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida
a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no
Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”
(1) www.Dehonianos.org/portal
(2) (3) (4)
Lecionário Comentado p. 560.
(5) Idem p. 561.
“Não tenhais medo daqueles que matam o
corpo,
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