quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Sejamos configurados ao Senhor (Cristo Rei - ano C)


Sejamos configurados ao Senhor

Celebrando a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, retomemos as palavras do Apóstolo Paulo.

Ele faz um apelo simples e forte no texto da Carta aos Filipenses: “Tende entre vós mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus”  (Fl 2,5).

Para participar do reinado do Senhor, ou seja, para ser um cristão autêntico, somente percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificando-se com Ele, tornando-se uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos.

É preciso que sejamos totalmente configurados ao Senhor, de modo que nossos pensamentos e sentimentos se tornem orientados e iluminados pelos mesmos d’Ele. Pensamentos e sentimentos, de fato, não na teoria e intenções apenas.

Tão somente assim viveremos atitudes mais profundas que revelarão a fé que professamos, e que o Cristo que cremos é uma Pessoa que um dia encontramos e marcou para sempre todo o nosso ser e nosso viver.

Reinar com Jesus é ter d’Ele mesmos ‘sentimentos’, mas segundo a antropologia de Paulo, não são as ‘emoções’ que as diferentes circunstâncias provocam em nós, são, antes, os ‘motivos’, as ‘convicções’ do mais íntimo da pessoa que a levam a agir num sentido específico.

O ‘sentimento’ bíblico envolve toda a pessoa: mente e coração; mãos e pés, e a disposição permanente para com um comportamento específico, acompanhado de uma permanente conversão dos sentimentos e dos pensamentos.

Reinar com Jesus, é conhecê-Lo verdadeiramente, a partir do interior: o Seu agir; as Suas preocupações; o Seu critério na avaliação das pessoas e das circunstâncias; as Suas opções de vida, a Sua relação pessoal com o Pai; a Sua disposição para com os outros.

Reinar com o Senhor é conhecer Seus sentimentos, e isto se dá na leitura atenta do Evangelho (Leitura Orante), na Oração confiante, na celebração sincera dos Sacramentos, na vida da comunidade cristã, na partilha da fé em grupo, porque não se vive a fé isoladamente.

Ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos suscita em nós um intenso desejo de viver em comunhão com o outro, no perdão dado e recebido, na comunhão fraterna, na alegria do encontro e da solidariedade.

A fé n’Ele professada se faz cultura, ou seja, determina todo o nosso existir, nosso modo de ser e agir.

O Apóstolo nos apresenta sentimentos que Jesus viveu em profundidade, e nos exorta o mesmo fazer: a fortaleza perante a prova; a compaixão perante as necessidades alheias; a humildade; a obediência à vontade do Pai (cf. Fl 5, 6-8).

Tudo isto bem vivido se torna como que ‘motores’ da vida de Cristo, que O conduziram aos acontecimentos salvíficos, passando pela crudelíssima Morte, precedida pelo sofrimento, paixão, dor, lágrimas,  para alcançar a gloriosa Ressurreição.

Jesus reina glorioso à direita do Pai (Ap 5, 1-10), na plenitude da alegria celestial, Aquele que na terra também verteu lágrimas de compaixão e solidariedade para com o mundo, como na passagem do Evangelho (Lc 19, 41-44), diante do fechamento e não acolhida em Jerusalém.

Reinar com Jesus é ser cristão; discípulo missionário d’Ele, fazendo progressos espirituais na vivência da fortaleza da fé, na compaixão que dá sentido à esperança, na humildade e na obediência a Deus, como expressão de um amor que nos inflama e nos impele, sem jamais esquecer o primeiro amor (Ap 1,1-4;2,1-5a).

Concluindo, que a Solenidade, liturgicamente celebrada em nossas Igrejas e Altares, seja acompanhada de fatos, gestos solidários, transformação de nosso ser, para gerar e formar Cristo em nós e nos outros.

Que o mundo veja nos cristãos e na comunidade a presença de Jesus Cristo, e digam como diziam ao ver os cristãos no princípio do cristianismo: “vejam como se amam” (Tertuliano).


PS: Livre adaptação do Lecionário Comentado - pp.436-437.  

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