domingo, 12 de novembro de 2023

Batismo: desposados pelo Senhor (XXXIIDTCA)

 


Batismo: desposados pelo Senhor

Sejamos enriquecidos pela Catequese batismal do Bispo e Doutor da Igreja, São João Crisóstomo (séc. V):

“Hoje é o último dia da catequese, por isso eu, o último de todos, também cheguei ao último dia, porém chego ao final com o anúncio de que o esposo virá dentro de dois dias.

Mas levantai-vos, acendei as vossas lâmpadas e recebei com luz resplandecente o rei dos céus!

E de fato, este é o costume do cortejo nupcial: que as esposas sejam entregues aos esposos ao anoitecer. Porém, não vos façais de surdos ao escutar a voz de que chega o esposo, porque é uma voz realmente potente, e está cheia de bondade.

Não ordenou que na natureza dos homens fosse para Ele, mas Ele pessoalmente veio junto a nós, e acontece que, na realidade, a lei de núpcias é esta: que o esposo venha à esposa, mesmo que ele seja riquíssimo e ela, por outro lado, pobre e menosprezada.

Entretanto, nada há de estranho que isso aconteça entre os homens. Na realidade, se em questão de mérito a diferença pode ser muita, a diferença de natureza, porém, é nula: por rico que seja o esposo, e por indigente e pobre que seja a esposa, ambos são, contudo, da mesma natureza.

Porém, tratando-se de Cristo e da Igreja, a maravilha está em que Ele, apesar de ser Deus e possuir aquela bem-aventurada e puríssima substância – e sabeis quanto se diferencia dos homens! -, dignou-Se descer a nossa natureza e, deixando a Sua casa paterna, correu para a Esposa, não com um simples deslocamento, mas pela ação da Encarnação.

Conhecedor, portanto, disto, e admirado do excesso de solicitude e de estima, o próprio bem-aventurado Paulo proclamava dizendo: ‘Por isto o homem deixará ao seu pai e a sua mãe e se unirá a sua mulher: este mistério é grande, mas me refiro a Cristo e à Igreja’.

E o que tem de admirável que tenha vindo à esposa, quando nem sequer se negou a dar a sua vida por ela?

Contudo, nenhum esposo dispõe sua vida por sua esposa, e acontece que ninguém, nenhum enamorado, por louco que esteja, abra-se tanto no amor de sua amada, como Deus se consome pela Salvação de nossas almas:

‘Mesmo que tenha que ser cuspido – diz -, ser espancado e subir à própria cruz, não me negarei a ser crucificado, contanto que possa acolher a esposa’”. (1)

Roguemos a Deus para que nos conceda Sabedoria para vivermos o Batismo que é dom, graça e missão.

Urge que nos coloquemos como Igreja, num caminho sinodal, mergulhando no mar da proximidade, compaixão, solidariedade fortalecendo os vínculos da comunhão caridade, na vivência das virtudes divinas que nos movem: fé, esperança e caridade.

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013- pág. 249-250

 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG