sábado, 13 de janeiro de 2024

A travessia é possível! Temos o Sopro do Espírito

A travessia é possível!
Temos o Sopro do Espírito

Retomo um trecho  do “Tratado sobre a Trindade” (séc IV), do Bispo Santo Hilário.

“... Apesar de ser esta a única manifestação da minha vontade, é preciso suplicar o auxílio de Vossa misericórdia. Desfraldando as velas da nossa fé e do nosso testemunho, vinde enchê-las com o Sopro do Vosso Espírito, e orientai-nos no caminho da pregação que iniciamos. Pois não nos faltará Aquele que prometeu: Pedi e vos será dado. Procurai e achareis.  Batei e a porta vos será aberta (Mt 7,7).”

Primeiramente, ressalto a sua súplica, o auxílio da misericórdia divina. O que seria de nossa miséria humana sem a misericórdia divina. Cada vez mais a humanidade precisa reconhecer sua condição de criatura diante do Criador que é fonte de bondade, ternura e misericórdia. Um mundo que prescinda de Deus e de Sua misericórdia mergulha num abismo absurdo de escuridão e da falta de sentido para a vida.

- Por que muitos se afastam da felicidade?

Inevitavelmente, o afastamento de Deus é a perda da própria felicidade, do sentido mais profundo do existir que dEle procede e para Ele retorna.

Por isto no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12) Ele nos apresentou o Projeto da autentica felicidade, que não coincide com a felicidade que o mundo oferece. E, diz textualmente que se permanecermos nEle teremos a felicidade plena (Jo 15).

Dando um passo em suas palavras – “desfraldando as velas de nossa fé e testemunho”. Usando uma metáfora, a vida é como um barco em permanente travessia. Viver movidos pela fé que não dispensa o testemunho, aliás, para que  tenhamos sua autenticidade que sejam apresentadas as obras, o testemunho, a coerência, os fatos. A esterilidade da fé é diretamente proporcional à ausência do testemunho.

É tempo de darmos testemunho de nossa fé, que aliada às outras duas virtudes (esperança e caridade) serão imperativos de uma vida marcada por um salutar testemunho de santidade e santificação.

Santificamo-nos quando santificamos o outro, bem como nos santificamos quando o outro e seus apelos e clamores não ficam sem nossa resposta solidária (fome de: pão, amor, alegria, paz, respeito, dignidade).

Bem diferente do senso comum de santidade que muitas vezes se confunde no distanciamento do mundo, e deste modo acontece lamentavelmente a omissão de compromissos inadiáveis com o próximo, no qual consiste a verdadeira adoração a Deus.

A súplica necessária vem em seguida: “vinde encher com o Sopro do Teu Espírito” as velas da fé e do testemunho.

- O que seria de nossa fé e testemunho sem o Sopro do Espírito?
- Quantas vezes nos sentimos cansados nesta longa travessia e o Sopro do Espírito preenche todo o nosso ser?

E, assim, de súplica em súplica, o Sopro do Espírito enche a vela de nossa fé nos levando bem mais longe, até que um dia alcancemos a margem da eternidade.

É por causa do Sopro do Espírito que a vela de nosso testemunho segue levantada, garantindo travessia segura, não obstante os desafios quotidianos, inquietações, provações.

É por causa deste mesmo Sopro que damos testemunho de nossa fé com coragem e mansidão, cultivando, no mais profundo de nosso ser, a certeza de que nunca estamos sós.

É por causa deste mesmo Sopro que não recuamos, não submergimos nos mares das dificuldades inerentes à condição humana.

É por causa deste vital Sopro do Espírito que acordamos e fazemos de cada aurora a esperança de que um novo mundo há de acontecer. Cremos no novo céu, impelidos pelo Sopro do Espírito. Cremos que com o Sopro do Espírito nossa barca, apesar das agitações, seguirá até o seu porto final.

É por causa desta presença que não perdemos a consciência de onde viemos, por onde nos movemos e somos e para onde rumamos.

A vida é uma longa travessia que somente alcançará o seu êxito se não prescindirmos do Sopro do Espírito.

É preciso ter fé, é preciso testemunhar,
mas sempre com o Sopro do Divino Espírito.
Supliquemos e Ele nos será concedido! 
Amém!

PS:  Memória celebrada no dia 13 de janeiro.

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