domingo, 21 de janeiro de 2024

Chamado, conversão e discipulado (IIIDTCB)

                                                   

Chamado, conversão e discipulado

Com a Liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre a vocação, o chamado que Deus nos faz esperando nossa resposta. Vocação como dom divino e resposta humana: Deus nos ama e nos chama à vida plena.

Na passagem da primeira Leitura (Jn 3, 1-5.10), refletimos sobre a vocação e missão de Jonas que foi chamado por Deus  para a pregação da conversão de Nínive, porque a Salvação que Deus oferece se destina a todos os povos (período provável entre 440 e 410 a.C.)

Através desta “ficção didática” da vocação de Jonas, que reluta em aceitar a missão, num primeiro momento, aprendemos sobre o imediato caminho de conversão de Nínive (capital do Império Assírio), que se tornou um modelo de resposta ao chamado e ao apelo de conversão que Deus nos faz em todo o tempo.

Duas lições desta conversão: embora considerados como maus, prepotentes, injustos e opressores, os ninivitas foram mais atentos aos desafios de Deus do que o próprio Povo eleito; e, também, que é preciso superar a visão nacionalista, particularista, exclusivista e xenófoba, que estava em moda e que ainda pode persistir ainda hoje. É preciso que aprendamos sobre a lógica de Deus, que é de bondade, misericórdia, perdão e amor sem limites.

Não é próprio da lógica divina ver os outros como inimigos que merecem ser destruídos, mas irmãos que precisam ser amados.

Urge que a humanidade aprenda a lógica de Deus; a lógica da misericórdia e bondade divina que ama os bons e os maus: os bons para que perseverem, os maus para que se convertam. Entretanto, é preciso disponibilidade e abertura para a conversão.

Deus não cristaliza o passado de pecado, não se fixa na história do pecado feito, mas nos aponta um futuro de vida nova, desde que saibamos nos questionar no tempo presente, e nos colocarmos em atitude de conversão, de transformação de pensamentos, palavras e atitudes.

Com a passagem da segunda Leitura (1 Cor  7,29-31), refletimos sobre a brevidade do tempo, com a necessidade de voltarmos nosso olhar para o futuro.

A comunidade de Corinto, embora jovem, viva e entusiasta, tem seus problemas e dificuldades próprias:
- Como viver a pureza evangélica dentro de uma cultura pagã?

- Como viver uma autêntica sexualidade integrada e integradora, como santuários do Espírito, onde se vivia uma realidade de desprezo à sexualidade?

- Na brevidade do tempo, como discernir na escolha de realidades terrenas, passageiras e efêmeras de um lado, e as realidades eternas de outro?

- Como viver o tempo presente na espera da segunda vinda do Senhor, a Sua vinda definitiva?

- Como viver neste mundo como peregrinos ao encontro de uma vida verdadeira e definitiva, que somente é encontrada na plena comunhão com Deus?

Na passagem do Evangelho (Mc  1,14-20), temos a proposta de conversão (“metanoia”) que Jesus faz para que O aceitemos, em incondicional adesão a Ele e ao Seu Evangelho.

Este caminho de conversão implica em acolhida da Boa Nova, com a transformação de mentalidade e comportamentos, assumindo novas atitudes, reformulando os valores que norteiam a própria vida. Trata-se de colocar Deus no centro da existência, e Sua vontade acima de tudo.

Temos também o chamado dos primeiros discípulos, que tudo largaram e se puseram a seguir o Senhor. Ele é o Messias esperado, que proclama o Reino de Deus, e para segui-Lo, na passagem do Evangelho, vemos algumas exigências para que sejamos discípulos missionários:

- A entrada na comunidade do Reino é uma iniciativa do próprio Jesus;

- Trata-se de um chamado categórico, exigente e radical, com total confiança no chamado, sem prometer garantias e sem dar maiores explicações;

- O chamado exige a adesão incondicional à Sua pessoa e à Sua Boa-Nova, pois somente assim o discípulo será uma pessoa nova, que vive no Amor de Deus expresso no amor aos irmãos;

- O chamado exige também uma resposta imediata, total e incondicional: é preciso que se deixe tudo.

É explícita a mensagem da passagem do Evangelho: Jesus convida a todos os homens e todas as mulheres para integrarem à comunidade do Reino de Deus por Ele inaugurado, bem como também é apresentado um modelo para a forma como os chamados devem escutar, acolher a este chamado.

Acolher o chamado é pôr-se a caminho, e isto nos caracteriza como discípulos, e a conversão será sempre necessária para que correspondamos melhor ao que Deus espera de nós.

Quanto maior a adesão ao Senhor, quanto mais nos sentirmos por Ele seduzidos, maior será nosso compromisso com o Reino, maior será nossa alegria, porque expressão de uma fé cheia de vigor, com a esperança renovada a cada dia, porque também nutridos pelo amor celebrado e derramado em cada Eucaristia.

Viver a vocação é ser revelador da bondade do Pai, vivendo em plenitude o sentido desta, traduzindo em caridade concreta para com os irmãos e irmãs o sinal de amor expresso na Eucaristia celebrada.

Correspondamos ao que Cristo espera de nós. Sejamos abertos aos apelos de conversão que Ele nos faz, para que com maior disponibilidade e prontidão nos coloquemos a serviço do Reino.

Na verdade, o discípulo é alguém que sentiu olhado pelo Cristo, como Ele olhou bem para Pedro, e este olhar chegou às entranhas de seu coração, que o seduziu por toda a vida, e este amor será declarado quando três vezes, mais tarde, haverá de declarar seu amor a Jesus para cuidar do rebanho a ele confiado.

Sintamo-nos também olhados por Deus, aceitemos olhá-Lo e vê-Lo no Seu Filho Amado, e o nosso coração para sempre seduzido será, assistidos pelo Espírito Santo para sermos alegres discípulos missionários do Reino.


PS: Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG