sexta-feira, 30 de maio de 2025

Quanto maior a escuridão, mais a luz ilumina

                                                          

Quanto maior a escuridão, mais a luz ilumina

Sempre refletindo sobre o momento atual, que exige de nós o testemunho de uma fé Pascal, que não nos permita vacilar, retomo trechos de quatro músicas, que muito me inspiram neste bom propósito:

“Nada a temer senão o correr da luta. Nada a fazer senão esquecer o medo. Abrir o peito à força numa procura. Fugir às armadilhas da mata escura...” (Milton Nascimento);

Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz...” (Legião Urbana);

 “Ei medo... eu não te escuto mais, você, não me leva a nada. E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou. E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou...” (Jota Quest).

Quando a sua história tira a minha para dançar. Como bailarina salta e gira sem cansar. Vence a gravidade e fica leve até voar. Vendo a gente toda a gente busca o seu par. Quando um coração se acalma e volta “pro” lugar. A esperança sonolenta acorda e vai brincar. Toda a melodia é um farol guia em alto mar. Quando uma canção consola alguém valeu cantar. Quando uma canção consola alguém valeu cantar” (Oswaldo Montenegro).

Portanto, se o medo tomar conta de nós em algum momento, se a aparente derrota parecer querer devorar nossas forças, que também as canções nos embalem em novos sonhos, novas procuras, novos encontros, que somente se refazem com a presença e a Vida Nova do Ressuscitado. Aleluia!

Não nos curvemos diante das dificuldades...

                                                        


Não nos curvemos diante das dificuldades...

Olhando ao nosso redor, as múltiplas atividades cotidianas, as menores e maiores ações, podemos afirmar sem medo de errar que a correspondência ao amor divino é a garantia da transposição de todos os obstáculos: Quando se ama como Deus ama, são vencidas as dificuldades.

De outro lado, sem amor as mínimas dificuldades ganham novo tamanho, dimensão, e até mesmo se tornam insuperáveis e insuportáveis. 

Quão necessária é a correspondência ao Amor de Deus em perfeita união e sintonia com Seu mais profundo e imensurável Amor por nós!

Bem se expressou o Bispo Santo Agostinho:

Todas estas coisas, não obstante, parecem difíceis aos que não amam; aos que amam, pelo contrário, isso mesmo lhes parece leve. Não há padecimento, por mais cruel e insolente que seja, que o amor não torne fácil ou quase inexistente”.

A alegria deve ser mantida em meio às dificuldades sendo o sinal mais cristalino e indiscutível de que o Amor de Deus inflama e motiva nossas ações:

“Naquilo que se ama, ou não se sente a dificuldade ou ama-se a própria dificuldade [...]. Os trabalhos dos que amam nunca são penosos" (Santo Agostinho).

Esta reflexão é um convite a revermos o modo como realizamos nossas atividades cotidianas e qual a intensidade com que fazemos as coisas que nos são confiadas nos mais diversos espaços em que convivemos.

Iluminado pelas palavras do Bispo, contemplo neste momento tantas situações que são a mais pura expressão do que ele disse:

Contemplo mães/pais que amam seus filhos, embora muitas vezes incompreendidos e até mesmo convivendo com a ingratidão;

Contemplo filhos que cuidam com carinho de seus pais, mesmo quando o declínio natural se manifesta com as limitações próprias da existência;

Contemplo profissionais que cuidam da vida do outro, enfrentando realidades humanas por vezes tão desafiadoras, mas o que conta é o amor com que realizam...

Contemplo agentes de pastorais que não se curvam diante das dificuldades que vão surgindo no desenvolver dos trabalhos; que não recuam, mas avaliam, reorientam, redimensionam, relativizam em nome de um bem maior, do valor absoluto do Reino; que amam a Pastoral e a Igreja, inseparavelmente, que amam as alegrias e as tristezas; amam no êxito, amam no fracasso daquilo que poderia ter sido diferente...

Contemplo outras tantas situações, pessoas de tantos nomes... Contemplo os que não fazem por fazer; não vivem por viver. 

Continuemos esta contemplação...

Movidos pelo amor e pela oração, seremos verdadeiramente contemplativos na ação, como muito bem disse Santo Inácio de Loyola, e retomemos uma afirmação a ele atribuída:  

“Aja como se tudo dependesse de você, sabendo bem que, na realidade,  tudo depende de Deus.” (1)

Jamais nos curvemos diante das dificuldades. Amando como Deus nos ama, o que nos poderá reter, recuar, desistir? 

Concluímos com as palavras do Apóstolo Paulo “Tudo posso n’Aquele que me fortalece.” (Fl 4,13).
 


(1)  (cf. Pedro de Ribadeneira, Vida de S. Inácio de Loyola, Milão, 1998)

Discípulos missionários de Jesus, Caminho, Verdade e Vida

                                      

Discípulos missionários de Jesus, Caminho, Verdade e Vida

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Jo 14,1-12), como um testemunho espiritual do Senhor, somos orientados para a Sua Ascensão ao Pai: "Não vos preocupeis... vou preparar um lugar para vós... depois voltarei e vos levarei comigo... Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida..."  

De fato, Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida.
 
Jesus é o Caminho, porque é o único "Mediador" da Salvação:
Portanto, não temos outras vias para atingir a Deus e para chegar a nós.
 

Caminho que conduz a Deus e à morada eterna.
Caminho, porque é nosso Único Mediador com Deus.
Caminho que devemos percorrer como comunidade.
Caminho para a glória que passa pela Cruz.
Caminho da felicidade, se vividas as Bem-Aventuranças.
 
Jesus é a Verdade, porque é o "Revelador" do projeto de Deus:
Cristo é a Verdade, pois quando vemos uma confusão ruidosa de mil verdades que só duram um dia, Ele permanece como o termo último de todas as verdades.
 
Verdade que Ilumina todos os Povos.
Verdade, porque nos Revela a face de Deus,
Verdade plena de esplendor que devemos proclamar ao mundo.
Verdade que, se seguida, não caminharemos nas trevas.
Verdade que, se conhecida, nos fará livres.
 
Jesus é a Vida, porque é o "Salvador", que nos dá a vida de Deus que Ele possui -  "Ninguém pode chegar ao Pai senão por mim".
Cristo é a Vida, e com Ele, todos os nossos esforços para vencermos as barreiras da morte.
 
Somente Cristo, que é Vida, destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude total. 
 
Vida que renova o mundo e toda a humanidade.
Vida que nos dá gosto e sentido da vida, e dela cuidar.
Vida, porque é nosso Redentor com Seu Sangue derramado.
Vida plena e abundante nos concede no tempo presente e na eternidade: força na fraqueza, glória na humilhação e vida na morte.
 
Na fidelidade a Jesus, Caminho, Verdade e Vida edificamos uma Igreja verdadeiramente Sinodal com estas marcas:
 
- Somos um Povo de Deus organizado, em que os membros têm diferentes responsabilidades e missão, tal como o serviço da Caridade, da Palavra e do Culto;


- somos um “edifício espiritual”, em que Cristo é a Pedra fundamental, e nós, pedras vivas, como nos falou o Apóstolo Pedro (1 Pd 2,4-9);


- somos um Povo peregrino, caminhando juntos para Deus, nos passos de Jesus Cristo, Caminho, a Verdade e a Vida.


Oremos:

“Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por N. S. J. C. Amém”


Tristezas momentâneas, alegrias eternas...

                                                                    

Tristezas momentâneas, alegrias eternas...

A Liturgia da sexta-feira da 6ª Semana da Páscoa nos apresenta como Leituras: a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (18,9-18), Sl 46 (47) e Evangelho de São João (Jo 16, 20-23a).

Na passagem da primeira Leitura, vemos as dificuldades encontradas pelo Apóstolo Paulo em sua missão evangelizadora na Cidade de Corinto. 

Retomo a Palavra do Senhor a Paulo numa visão: “Não tenhas medo; continua a falar e não te cales, porque eu estou contigo. Ninguém te porá a mão para fazer mal. Nesta cidade há um povo numeroso que me pertence” (v.10).

A fé cristã não consiste numa vida tranquila, como que um relacionamento idílico, como se não houvesse mais problemas a serem enfrentados.

Diante das adversidades é preciso manter a serenidade e a confiança, contando com a assistência do Espírito Santo que nos acompanha, encoraja e esclarece nos momentos mais cruciais e difíceis de nossa vida, como nos assegura o Senhor no Evangelho, quando de Sua despedida aos discípulos – “Também vós agora sentis tristeza, mas Eu hei de ver-vos novamente e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16, 2).

Nenhuma força humana pode barrar o caminho da Palavra de Deus, a fim de que ela ressoe até os confins da terra. A verdadeira alegria cristã nasce das tribulações, de um parto doloroso. Assim diz o Missal – “Assim como das dores de parto nasce para a mulher uma nova vida, assim dos sofrimentos e da obscuridade da Sexta-feira Santa brotará a alegria da Páscoa” (1).

E completa: “O sofrimento não é querido em si mesmo, mas torna-se um momento ineliminável porque a instalação do Reino de Deus se dá sempre numa dialética de luta e de oposição desencadeadas pelas forças do mal. A vitória, bem sabemos, é sempre precedida de luta, até luta mortal, e esta não é nunca um inócuo exercício de ginástica, mas é agonia e choque de adversários” (2).

Preparando-nos para a Festa da Ascensão e de Pentecostes, procuremos perceber a manifestação e a ação do Espírito Santo, o Paráclito, o Defensor, que nos comunica a presença do Ressuscitado, para vivermos intensamente nossa fé, com viva esperança, entrelaçada com o vigor da caridade.

Abramo-nos à presença e manifestação do Espírito Santo, que nos acompanha em todos os momentos. Não estamos órfãos. O Espírito Santo nos protege, ensina e recorda tudo o que o Senhor ensinou.

Do mesmo modo, nos conduz à luz da verdade, e cria laços de comunhão e fraternidade, porque o Espírito é o Amor do Pai, revelado por Jesus, e nos faz criativos, corajosos na missão do anúncio da Boa Nova, enriquecendo-nos com os sete dons.

Ter fé no Senhor é saber que a tristeza de Sua ausência é momentânea e incomparavelmente menor do que a alegria imensurável de Sua eterna presença, Ressuscitado, Glorioso, como podemos sentir pela ação e vida do Espírito que nos foi enviado do Pai, em Seu nome.


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - p. 465.
(2) Idem. 

Autênticos discípulos missionários do Senhor

                                                      

Autênticos discípulos missionários do Senhor

“Não tenhas medo; continua a falar e não te cales,
 porque Eu estou contigo. Ninguém te porá a mão
para fazer mal. Nesta cidade há um povo
numeroso que me pertence.”
(At 18,9-10)

Na passagem dos Atos dos Apóstolos (At 18, 9-18), o Ressuscitado Se dirige mais uma vez ao Apóstolo Paulo, para encorajá-lo e confirmá-lo na missão de anunciar e testemunhar a Sua Palavra.

Apresento algumas exigências que aparecem nesta passagem e que devem marcar o discípulo missionário do Ressuscitado, para a autenticidade e fecundidade da ação evangelizadora, na graça do Batismo recebido:

1 – As Palavras que Jesus dirigiu a Paulo e a nós são, ao mesmo tempo, um dom e uma missão. Somos porta-vozes da Palavra que ilumina e que acolhe, dá a conhecer o dom de Deus a homens e mulheres que já O procuram.

2 – Somos confirmados e enviados pelo Senhor na caminhada missionária para evangelizar um povo que já existe e a Deus pertence.

3 – O discípulo missionário não age por iniciativa própria, mas em obediência a Jesus Ressuscitado.

4 – A convicção e a determinação do discípulo missionário apoiam-se na fidelidade de Jesus, exatamente porque dom do próprio Senhor que não Se afasta dos que chama e envia.

5 – “Não tenhas medo” – o discípulo missionário é aquele que, antes de mais nada e em primeiro lugar, anuncia a Palavra, e a ninguém é conferido o direito e o poder de o fazer calar, e nenhum obstáculo justifica o seu silêncio – “se calarem a voz dos Profetas, as pedras falarão”.

6 – Tendo recebido uma Palavra Divina, não pode retê-la, sufocá-la, deve anunciar, sempre e em qualquer parte, sobretudo nas realidades mais difíceis, edificando uma “Igreja em estado permanente de missão”, uma Igreja em saída, como exortava o Papa Francisco.

7 – Se, por alguém ou por muitos, for rejeitado, não pode parar, e numa avaliação, revigoramento, continuar a missão, dirigindo-se a outros lugares e pessoas mais disponíveis ao acolhimento do anúncio. Precisa seguir em frente, porque sabe que há um povo que o espera, um povo numeroso e preparado.

8 – Ter a convicção de que mesmo quando rejeitado, sempre fica nesse lugar alguém que acolheu a Boa Notícia. Aqui, podemos lembrar a Parábola do semeador e as quatro possíveis situações da acolhida da Palavra: beira do caminho, entre as pedras, ou entre os espinhos ou a terra boa e fértil.

9 – A sua única e indispensável certeza é a presença do Ressuscitado que nos comunica Seu Espírito, para que tenha coragem e fortaleza para vencer os momentos decisivos e adversos que marcam radicalmente a sua vida. 

10 - Como o Apóstolo Paulo, nunca falar em sua própria defesa, embora várias acusações tenham sido formuladas contra ele: basta-lhe a certeza da Palavra que não desilude.

Celebraremos a Festa da Ascensão do Senhor, sua subida aos céus, e com isto já celebraremos a nossa vitória, preparando-nos para a grande Solenidade de Pentecostes, dia do nascimento da Igreja e do envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos.

Renovaremos a alegria de sermos membros do Povo de Deus, reavivando a chama do discipulado, na fidelidade ao Senhor, com a força e presença do Espírito Santo.

Supliquemos:

Vem Espírito Santo suavemente  sobre a Tua Igreja!
Como uma chama que nunca se apaga, 
vem nos salvar, curar, ensinar, 
aconselhar, fortalecer, 
consolar e iluminar! 
Amém. Aleluia!


Fonte: Lecionário Comentado – Sexta-feira da VI Semana da Páscoa – Ed. Paulus – Portugal – pp. 600-603.

Em busca da eternidade...

                                                        

Em busca da eternidade...

“Agora suportam-se os males deste mundo,
na terra dos mortais. Depois, contemplaremos
os bens do Senhor, na terra dos vivos.”

Sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito pelo Bispo Santo Agostinho (séc V), para nos ajudar na compreensão de duas vidas conhecidas pela Igreja.

“A Igreja conhece duas vidas, que lhe foram anunciadas por Deus; uma é vivida na fé; a outra, na visão. Uma, no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da atividade; outra, no prêmio da contemplação.

A primeira é representada pelo Apóstolo Pedro; a segunda, pelo Apóstolo João. A primeira desenvolve-se completamente sobre a terra até que o mundo acabe, e então encontrará o fim; a outra se prolonga para além do fim dos tempos, e nunca acabará no mundo que há de vir. Por isso foi dito a Pedro: Segue-me (Jo 21,19); mas a João diz-se: Se eu quero que ele permaneça até que Eu venha, o que te importa isso? Tu, segue-me! (Jo 21,22).

‘Segue-me tu, imitando minha paciência em suportar os males temporais. E ele permaneça até que Eu venha, para conceder os bens eternos’. Ou ainda mais claramente: ‘Siga-me a atividade que, a exemplo de minha Paixão, já terminou. Mas a contemplação, que apenas começou, permaneça assim até que Eu venha para levá-la à perfeição’.

Portanto, quem segue a Cristo, acompanha-O na santa plenitude da paciência, até à morte. Permanece até a vinda de Cristo, para lhe manifestar a plenitude da ciência. Agora suportam-se os males deste mundo, na terra dos mortais. Depois, contemplaremos os bens do Senhor, na terra dos vivos.

As palavras de Cristo: Quero que ele permaneça até que Eu venha, não devem ser interpretadas como se quisesse dizer: ‘permanece até o fim’ ou ‘fica assim para sempre’, mas ‘permanece na esperança’; pois o que João representa não atinge agora a sua plenitude, mas apenas quando Cristo vier.

Pelo contrário, o que Pedro representa, a quem o Senhor disse: Segue-me, deve cumprir-se agora, para podermos alcançar o que esperamos.

Contudo, ninguém ouse separar estes dois insignes Apóstolos. Ambos se encontravam na situação representada por Pedro e ambos haviam de se encontrar na situação representada por João.

No plano do símbolo, Pedro seguiu e João ficava; mas no plano da fé, ambos suportavam os males da vida presente, ambos esperavam os bens da felicidade futura.

O que sucedeu com eles, sucede com toda a santa Igreja, esposa de Cristo: também ela lutará no meio das tentações do mundo para alcançar a felicidade futura.

Pedro e João representavam as duas vidas, cada um simbolizando uma delas; mas ambos viveram esta vida temporal, animados pela fé, e agora já se alegram eternamente na outra vida, pela contemplação.

Pedro, o primeiro Apóstolo, recebeu as chaves do Reino dos céus, com o poder de ligar e desligar os pecados, para que fosse timoneiro de todos os Santos, unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, em meio às tempestades desta vida. E João, o Evangelista, reclinou a cabeça sobre o peito de Cristo, para exemplo dos mesmos Santos, a fim de lhes indicar o porto seguro daquela vida divinamente tranquila e feliz.

Todavia, não é somente Pedro, mas a Igreja universal, que liga e desliga os pecados. E não é só João que bebe da fonte do coração do Senhor, para ensinar com sua pregação que, no princípio, a Palavra era Deus junto de Deus, e outros ensinamentos profundos a respeito da divindade de Cristo, da Trindade e da Unidade de Deus.

No Reino dos céus, estas verdades serão por nós contempladas face a face, mas na terra nos limitamos a vê-las como num espelho e obscuramente, até que o Senhor venha.

Não foi só ele que descobriu estes tesouros do coração de Cristo, mas a todos foi aberta pelo mesmo Senhor a fonte do Evangelho, a fim de que por toda a face da terra todos bebessem dele, cada um segundo sua capacidade.”.

Algumas conclusões: 

- A diferença entre Pedro e João não empobrece a evangelização, pelo contrário a enriquece;

- Como Deus sabe trabalhar com nossas diferenças para um bem maior, e quanto ainda temos que aprender a conviver e trabalhar com o diferente para o enriquecimento mútuo;

- A Igreja avança na história de cada um: na história de fidelidade de Pedro, no ato extremado do martírio na cruz, e no amor intenso e imenso do discípulo amado que tornou o nome de Jesus conhecido, acreditado;

A relação intensa de amizade e amor que Jesus quer estabelecer conosco, sem relacionamentos marcados pela superficialidade;

A prontidão, a lucidez necessária de Pedro para se abrir permanentemente aos Mistérios de Deus;

- A tríplice relação que deve existir entre a prontidão, o amor e a lucidez aos Mistérios de Deus que se revela na História da  humanidade e na história de cada um de nós.

Na busca da eternidade, como Pedro e João, testemunhemos o Cristo Vivo e Ressuscitado até que um dia possamos contemplar a Sua face na glória da eternidade, acolhendo no tempo presente o sopro do Espírito, na fidelidade e abertura plena ao Projeto Salvador de Deus Pai. Amém.

Continuemos a Missão do Ressuscitado, tendo e sendo em nós um pouco de Pedro e João, duas pessoas tão distintas, mas tão complementares.

Sejam nossas marcas a prontidão, lucidez, coragem, relação de amor profundo e intenso com o Senhor, e deste modo, cada um de nós escreva uma história de vida memorável como Pedro e João

Sejamos, de fato, amigos e amados do Senhor para testemunhá-lo com toda firmeza e coragem.

Como João, reclinemo-nos no porto seguro do coração de Jesus, e mais do que isto, continuemos nascendo e nos alimentando do Seu coração trespassado, do qual Água e Sangue jorraram. Vida e Alimento para sempre ao mundo foi oferecido. Aleluia. 

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Espírito Santo de Deus, vinde em nosso auxílio

 


Espírito Santo de Deus, vinde em nosso auxílio

Fundamental que reflitamos sobre a ação e a presença do Espírito Santo na Igreja, para que edifiquemos uma Igreja verdadeiramente sinodal, com a participação ativa de todos os seus membros:

“Neste ponto o Novo Testamento é bastante claro: o Espírito Santo é princípio constituinte da Igreja, a saber, sem Ele não haveria simplesmente Igreja, pois não teríamos fé em Jesus Cristo  (1 Cor 12,30), nem haveria Batismo (1 Cor 12,13), ministérios ordenados(1Tm 4,14; 2 Tm 1,6), perdão dos pecados (Jo 20,22s), tampouco saberíamos rezar como se deve (Rm 8,26), viver como cristãos (Gl 5,25) ou esperar uma vida eterna (Rm 8,11). Sendo assim, a adesão na fé, a escuta da Palavra de Deus como tal, a oração, a recepção dos sacramentos, a vida cristã, a missão da Igreja, tudo isso depende da ação do Espírito Santo. A Igreja não foi fundada somente em sua origem, porque Deus a constrói ativamente sem cessar.” (1)

Somos remetidos às palavras do Patriarca Atenágoras (1886-1972), acerca do Espírito Santo:

“Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho é uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.

Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo Ressuscitado está presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a Comunhão Trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a Liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se diviniza”.

Oremos:

Enviai, ó Deus, Vosso Espírito Santo, para que edifiquemos uma Igreja em que a sinodalidade vivida não seja apenas força de expressão, mas fato real e visto pela ativa participação de todos os seus membros, na mais perfeita sintonia e conexão entre o que se celebra e o que se vive nas orações e sacramentos.

Iluminai-nos, para que sejamos alegres discípulos missionários do Senhor, comprometidos com o Deus do Reino, um Deus de misericórdia e ternura, com sagrados compromissos de compaixão, proximidade e solidariedade para com todos e, de modo especial, com os que mais precisarem.

Dai-nos, ó Deus,  abertura de mente e coração, para que, com coragem, sejamos uma Igreja missionária, em saída, em permanente atitude de conversão e aberta ao sopro do Espírito, para anunciar e testemunhar a Palavra que Se fez Carne e habitou entre nós. Amém.

 

(1) A Igreja em transformação: razões atuais e perspectivas futuras – Mario de França Miranda – Edições Paulinas – 2020 – p.94

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