terça-feira, 3 de setembro de 2024
A verdadeira caridade
Multipliquemos os talentos por Deus concedidos (30/08)
Multipliquemos
os talentos por Deus concedidos
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão escrito por São Gregório Magno, Papa e Doutor da
Igreja (séc. VI) com vistas ao aprofundamento da passagem do Evangelho de
Mateus (Mt 25,14-30).
“Mas
deve-se saber que não existe nenhum ocioso que esteja seguro de não ter
recebido algum talento, porque não existe ninguém que diga com verdade: ‘Eu não recebi nenhum talento, portanto não
estou obrigado a prestar contas’; pois com o nome de talento se deve
entender aquilo que qualquer pobre recebeu, por menor que isso seja.
Um,
pois, recebeu o entendimento da pregação, e este deve o ministério como
talento; outro recebeu bens terrenos e deve distribuir ou administrar o talento
destas coisas; outro ainda não recebeu a compreensão das coisas interiores nem
a abundância de bens, mas aprendeu uma arte, com a qual se sustenta, e essa
arte se considera como o talento que recebeu; o seguinte não alcançou nada
destas coisas, mas talvez mereceu a amizade íntima com algum rico: recebeu,
portanto, o talento da amizade. Portanto, se não fala ao rico em favor dos
miseráveis, é condenado por retenção do talento.
Então,
quem tem entendimento, esforce-se por não estar sempre calado; quem tiver bens
abundantes, vigie para não se descuidar de exercitar a misericórdia; quem
possui uma arte pela qual se sustenta, procure com grande diligência que o
próximo participe de seu uso e utilidade; quem tem oportunidade de falar ao
rico, tema ser castigado por retenção do talento se, podendo, não intercede
junto dele em favor dos pobres, porque o Juiz que virá exige de cada um de nós
o talento, ou seja, aquilo que nos concedeu.
Consequentemente,
para que, quando volte o Senhor, alguém se encontre seguro da conta de seu
talento, pense cada dia com temor no que recebeu. Cuidem que já está próximo o
retorno d’Aquele que foi para longe; porque, mesmo que pareça ter-se
distanciado aquele que foi para longe desta terra em que nasceu, porém volta em
breve para pedir prestação de contas dos talentos; e se formos preguiçosos, nos
julgará com mais rigor sobre os dons concedidos.
Consideremos,
pois, o que é que temos recebido, e estejamos atentos para empregá-lo bem. Que
não exista algum cuidado terreno que nos impeça a vida espiritual, para que não
venha a acontecer que, escondendo o talento na terra, provoque-se a ira do
Senhor do talento.
O
servo preguiçoso, quando o juiz já pede contas das culpas, desenterra o
talento; existe, portanto, muitos que se afastam dos desejos e obras terrenas,
por aviso do juiz, quando já são entregues ao suplício eterno. Vigiemos,
portanto, antes que nos seja solicitada a conta de nosso talento, para que,
quando o juiz já estiver ameaçando com o castigo, sejamos libertos dele pelo
lucro que tivermos alcançado.” (1)
Compreendamos,
portanto, “talento” como aquilo que qualquer pobre recebeu.
De
fato, ninguém pode dizer que não possui “talento” algum, e deste modo, todos devemos nos colocar a serviço do Reino.
Talento
partilhado é talento multiplicado e é o que Deus espera de todos nós.
Na espera do Senhor que virá gloriosamente, a nossa vigilância
deve consistir nesta multiplicação, contando sempre com a Sabedoria e presença
do Santo Espírito.
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 -
pág.250-251
Vivamos a caridade, a plenitude da Lei (súplica)
Vivamos
a caridade, a plenitude da Lei
Oremos:
Ó Deus, ajudai-nos, para que seguindo os passos do Vosso Amado
Filho, com a presença do Espírito Santo, vivamos a Caridade, pois assim,
viveremos a plenitude do Amor (Rm 13,10).
Ajudai-nos, Senhor, a vivê-la na graça de sermos discípulos
missionários do Vosso Filho, com a presença e ação do Espírito Santo; a
caridade que:
- é paciente, e tolera com
serenidade as afrontas recebidas;
- é benigna, porque
retribui os males com bens generosos;
- não é invejosa porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os
êxitos terrenos;
- não se ensoberbece; pois deseja ansiosamente a
retribuição interior e não se exalta com
os bens exteriores;
- não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por
isto ignora tudo quanto se afasta da retidão;
- não é ambiciosa porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora,
de modo algum, as coisas alheias;
- não busca o que é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o
transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio a não ser aquilo que
permanece sempre com ela;
- não se irrita, pois, quando insultada, não se deixa levar por sentimentos de
vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores;
- não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da
pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha nenhuma;
- não se alegra com a iniquidade, porque o seu único anseio
consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários;
- rejubila, porém, com a verdade porque, amando os
outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se se
tratasse do progresso próprio. Amém.
PS:
Livre adaptação dos Comentários escritos do Papa São Gregório Magno (séc. VI)
sobre o Jó.
“O edifício da caridade”
Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (2)
Vivamos a caridade, a plenitude da Lei
Sejamos enriquecidos pelos escritos do Papa São Gregório Magno (séc. VI) sobre o Jó, e assim, aprofundemos sobre a Lei do Senhor, que é múltipla.
“Nesta passagem, o que se deve entender por lei de Deus a não ser a caridade? Pois por meio dela sempre se pode encontrar na mente como traduzir na prática os preceitos de Deus. Sobre esta lei de Deus, é dito pela palavra da Verdade: Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros. Desta lei fala Paulo: A plenitude da lei é o amor. E ainda: Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei de Cristo. O que de melhor se pode entender por lei de Cristo senão a caridade, vivida na perfeição, quando suportamos os fardos dos irmãos por amor?
No entanto, esta mesma lei pode-se dizer ser múltipla, porque com zelosa solicitude a caridade se estende a todas as ações virtuosas.
Começando por dois preceitos, ela vai atingir muitos outros. Paulo soube enumerar a multiplicidade desta lei ao dizer: A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não age mal; não é ambiciosa, não busca o que é seu, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a iniquidade, mas rejubila com a verdade.
Na verdade, é paciente a caridade, pois tolera com serenidade as afrontas recebidas. É benigna porque retribui os males com bens generosos. Não é invejosa porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os êxitos terrenos. Não se ensoberbece; deseja ansiosamente a retribuição interior, por isso não se exalta com os bens exteriores. Não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por isto ignora tudo quanto se afasta da retidão.
Não é ambiciosa porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora, de modo algum, as coisas alheias. Não busca o que é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio a não ser aquilo que permanece sempre com ela.
Não se irrita, pois, quando insultada, não se deixa levar por sentimento de vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores. Não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha nenhuma.
Não se alegra com a iniquidade: o seu único anseio consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários. Rejubila, porém, com a verdade porque, amando os outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se se tratasse do progresso próprio. É múltipla, portanto, a lei de Deus.” (1)
De fato, a Lei do Senhor é múltipla, e a vivência do amor se expressa de múltiplas formas, como nos fala a Carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 13,1-13).
Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (3)
Em nossa experiência cristã, somente o amor é essencial, e as demais coisas são secundárias: “O amor está no centro de toda a nossa experiência religiosa. No Mandamento do Amor, resume-se toda a Lei e todos os preceitos. Os diversos Mandamentos não passam, aliás, de especificações da exigência do amor. A ideia de que toda a Lei se resume no amor não é uma ‘invenção’ de Paulo, mas é uma constante na tradição bíblica (Mt 22,34-40).” (1)
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Em poucas palavras...
Os efeitos da Palavra de Deus
“Agradecemos a Deus sem cessar por vós terdes acolhido a pregação da palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós que abraçastes a fé.” (1 Ts 2,13)