segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O Bom Samaritano no Sacramento da Penitência


O Bom Samaritano no Sacramento da Penitência

“Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas,
derramando nelas azeite e vinho” (Lc 10,34)


Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 10,25-37), em que Jesus nos apresenta a Parábola do Bom Samaritano.

A passagem nos possibilita uma reflexão sobre o Sacramento da Penitência, no qual o penitente se reconcilia com Deus e com os irmãos e irmãs.

Para o discípulo missionário do Senhor, é sempre tempo de reconciliações, principalmente celebradas e revigoradas na graça do Sacramento da Penitência, que tem seus fundamentos bíblicos nas próprias Palavras do Senhor (Mt 16,19; João 20,21; 2Cor 5,18).

Deste modo, vejamos qual a importância do Sacerdote, que é chamado a exercer um dos mais belos ministérios, em virtude do Sacramento da Ordem: O Ministério da Reconciliação.

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja em dois breves parágrafos(1464/5):

“Os Sacerdotes devem incentivar os fiéis a receber o Sacramento da Penitência e devem mostrar-se disponíveis a celebrar este Sacramento cada vez que os cristãos o pedirem de modo conveniente.

Ao celebrar o Sacramento da Penitência, o Sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida;
- O bom samaritano que cura as feridas;
- Do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar;
- Do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo.

Em suma, o sacerdote é sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador”.


É antes de tudo servo do perdão de Deus, e não senhor do mesmo.
Como servo, deve ser também um eterno aprendiz do perdão, participante da escola do amor do Bom Pastor, que testemunhou um amor mais forte que o pecado.

O Sacerdote, como todo cristão, deve ter no lar (seu berço histórico), a primeira escola de vida cristã, uma escola de enriquecimento humano.

No berço do lar (pequena igreja doméstica), aprendem a resistência à fadiga, a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso, a oração e a oferenda de sua vida (CIC 1657).

No sigilo sacramental, orienta aquele que pecou para uma nova caminhada, um novo horizonte, que só pode ser vislumbrado por alguém que se sentiu amado e perdoado.

O Sacramento deve ser por excelência uma expressão do amor de Deus, o experimentar de Seu mar de misericórdia.

É o olhar de Deus que nos olha para além de nossa pequenez, e envia-nos para testemunhar este encontro restaurador, vivenciando-o nos relacionamentos cotidianos.

Testemunhar um amor que ama até o extremo do amor, na prática da caridade que cobre uma multidão de pecados (1 Pd 4,8), tomando, com alegria e coragem, sua cruz de cada dia, caminho mais seguro de penitência.

O Padre é o homem do perdão, aquele que, diante do pecador, vivencia os limites impostos pelo pecado, ruptura com Deus e Seu Projeto de vida.

É sempre tempo de não desperdiçarmos as oportunidades que nos são concedidas para a acolhida da graça e do perdão.

É necessário que procuremos o Sacramento da Penitência, a fim de que mergulhemos neste mar de misericórdia, e descortinemos um horizonte ilimitado e iluminado pela luz e amor de Deus.

Em cada Sacramento da Penitência celebrado, o padre com o Bom Samaritano, na missão de Bom Pastor, faz exatamente o que Jesus fez em relação à humanidade: vai ao encontro de todas as pessoas atribuladas no corpo ou no espírito, derramando sobre as suas feridas, o óleo da consolação e o vinho da esperança, tal como fez o samaritano na Parábola.

Seja para nós, portanto, o Sacramento da Penitência, uma rica concretização desta página do Evangelho.

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