sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Em poucas palavras...

 


Fé: crer sem ver

“Quanto mais se adensam as trevas e o coração sangra na solidão da dor, tanto mais o cristão descobre a alegria de crer...

Quando se calarem todos os faróis ofuscantes do ‘êxito’ e o cristão estiver a caminhar no escuro, sem saber aonde vai, a fé o ajuda a ‘crer sem ver’.

As trevas como que são iluminadas por dentro por uma presença invisível. Um dia cairão. A noite será despedaçada e aparecerá a aurora.” (1)

 

 

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - passagem da Leitura (1 Cor 1,17-25)

 

A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

                                                   

 A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

Verdadeiramente, a luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja, assim como deve resplandecer na vida de todo cristão, sejam Ordenados ou não; mas de modo especial, através do Ministério Presbiteral.

Vejamos o que nos ensina a Igreja:

“O Concílio deseja ardentemente iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, luz dos povos, que brilha na Igreja, para que o Evangelho seja anunciado a todas as criaturas (cf. Mc 16,15)”. (1)

No dia da Ordenação Presbiteral se diz:  “Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem do Rei Melquisedec”, para fazer resplandecer a luz de Cristo no rosto da Igreja.

Todos os dias, o Presbítero deve renovar esta imensa graça, vivendo uma vida em que o anúncio da Palavra seja acompanhado do indispensável testemunho.

Deste modo, deve celebrar e viver o que celebra, em perfeita sintonia, levando muitos a contemplar o resplandecer da luz de Cristo no rosto da Igreja, a qual se colocou a serviço.

Será um instrumento da publicidade da luz, numa vida simples, coerente, pois a luz não existe para ser escondida, como nos falou o Senhor no Evangelho, porque quando se possui a luz de Deus é impossível guardá-la para si.

É impossível esconder e apagar a chama do Amor de Deus acesa, um dia, e assim comunicará a universalidade da luz do amor pelos últimos, sem se esquecer dos primeiros; a luz do amor pelos pobres, pelos pequeninos, pelos humildes, enfermos, e outros tantos rostos com quem Ele Se identificou (Mt 25).

Comunicará a consistência da luz da Palavra Divina, que não se reduz às palavras, teorias, discursos, discussões, mas em obras concretas de amor, justiça, perdão, fraternidade, humildade, compaixão e solidariedade.

Nesta comunicação da transparência da luz divina, fará de tal modo que a sua vida não atraia ninguém para si, mas para Aquele que o chamou e o enviou.

A transparência de vida do Presbítero, por causa de suas obras, levará muitos a glorificar o Pai que está nos céus (Mt 5, 16).

Assim como Jesus, o Presbítero deve levar o povo a viver em perfeita comunhão.

Padres e fiéis, Igreja Ministerial e Missionária do Senhor seremos quando, verdadeiramente, revelarmos a luz de Cristo ao mundo.

Quando comunicarmos esta luz, na noite sombria de um mundo marcado por tantos sinais de morte e exclusão.

No Ministério vivido, a devoção a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus, de modo especial, o torna cada vez mais compadecido e solidário com a dor dos pobres, um Sacerdote conforme o Coração de Jesus.

Que a luz de Cristo resplandeça no rosto da Igreja pela vida e Ministério Presbiteral, assim como por meio de todos os batizados, para que sal da terra e luz do mundo sejamos, contando sempre com a força indispensável que nos vem da oração sincera, pura e confiante e, de modo especial, na Santa Eucaristia.

(1) Primeiros parágrafos da Constituição “Lumen Gentium” – Luz dos Povos - sobre a Igreja. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

João, interceda a Deus por nós


 

João, interceda a Deus por nós

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, porque foste testemunha da verdade e da Lei de Deus diante dos poderosos do seu tempo, interceda a Deus por nós, para que também assim o sejamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e antecipaste o destino de Jesus que não foi ouvido, mas ridicularizado e ultrajado pela autoridade religiosa e civil.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, morreste por fidelidade ao seu testemunho; assim como Jesus, que diante de Pilatos, declarou que veio dar testemunho da verdade, e pagou isto com Sua Pessoa.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e tua morte surgiu como o testemunho supremo, o selo de autenticidade, o fato que confirmou as palavras.

João, que ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus por nós discípulos missionários do Senhor, que habitualmente, não nos é pedido dar a vida, mas ter uma conduta cristã em nosso relacionamento com Deus e com o próximo.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus para que tenhamos a coragem de não ceder diante do mal, nem diante da mentalidade corrente, mas de sermos diferentes no modo de pensar, de escolher, de falar, de agir, com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus para que a contestar, em nome da verdade, vivendo a graça da vocação profética, estejamos sempre prontos para o diálogo e o respeito pelas pessoas; afirmando nossa originalidade de crentes, mas capazes de adaptação ao expor o ponto de vista cristão, sem jamais trair a coerência da vida em relação à fé que professamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e encontraste a paz do sepulcro: mais tarde Jesus também a encontrou, mas com uma diferença: em seu túmulo ecoou o anúncio da Ressurreição, e é esta fé na Ressurreição que nos dá coragem para, como tu fizeste, também o fazermos. Amém.


PS: Fonte inspiradora – Comentários do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp.729-731 – passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,17-29)

São João Batista: Vigor, coragem e fidelidade no bom combate (29/08)


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Celebramos dia 29 de agosto a memória do Martírio de São João Batista, e sejamos enriquecidos pela Homilia do Venerável Presbítero São Beda (séc. VIII).

“O Santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura:

E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4).

Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue.

É justo venerarmos com alegria espiritual a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.

Não há São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor.

Também por Ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo.

Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade.

Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado. Também apontou para Aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.

Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão.

Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste foi lançado por ímpios às cadeias; foi fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado de lâmpada ardente e luminosa.

Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre Ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo.

Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela verdade, mas, pelo contrário, fácil e desejável.

Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo.

Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer n’Ele, mas ainda sofrer por Ele (Fl 1,29).

Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram por Ele, conforme diz também:

Os sofrimentos desta vida não se comparam à futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18)”. 

João Batista foi o precursor do nascimento de Cristo, não somente no nascimento, mas também na morte. 

São João Batista: Vigor, coragem e fidelidade no bom combate (continuação) (29/08)


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Por sua morte, João Batista ornou este dia com o róseo fulgor de seu sangue!

O que ressoa no coração quando ouvimos ou pronunciamos este nome: João Batista?

Coragem, fidelidade, despojamento, simplicidade,
Coerência, transparência, com Deus amizade e intimidade...
Profeta da ousada esperança de um Mundo Novo;
A voz que anuncia a Palavra que ilumina a vida do povo.

Humilde sinal da Luz que viria iluminar o mundo,
Amigo do Esposo da humanidade, que amor profundo!
Inspirado em sua vida e exemplo tão expressivo
Tenhamos mesmo amor, entrega por Deus tão vivo!

Alguém que desaparece, diminui para que o Senhor cresça,
Sabe que a fidelidade tem um preço, cortaram-lhe a cabeça.
Fulgor róseo de seu sangue expressou fidelidade à Lei Divina,
Que diante do pecado, não cede, não cansa, não se declina!

João cujo nome lembra que Deus é misericórdia,
Imitá-lo para semear sementes da humana concórdia.
Hoje João que nos céus com o Amado em Santa Comunhão
É para nós uma seta que aponta Jesus: nossa Redenção!
São João Batista, rogai por nós!

Exortação Apostólica “Gaudete Et Exsultate”




Exortação Apostólica “Gaudete Et Exsultate”

A Exortação Apostólica “Gaudete et exsultate” – sobre a chamada à Santidade no mundo atual, escrita pelo Papa Francisco (2018), nos orienta para que vivamos a alegria da santidade.

Deus nos quer santos e espera que não nos resignemos a uma vida medíocre, superficial e indecisa (n.1).

A Exortação não é um tratado sobre a santidade, com muitas definições e distinções, mas tem um humilde objetivo: “fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na Sua presença, no amor» (cf. Ef 1, 4)” (n.2).

A CHAMADA À SANTIDADE (Capítulo I)


Capítulo I

A CHAMADA À SANTIDADE

Na Carta aos Hebreus, temos a menção de várias testemunhas que nos encorajam a «correr com perseverança a prova que nos é proposta» (Hb 12, 1): Abraão, Sara, Moisés, Gedeão e vários outros (Hb 11).

Há outras testemunhas: “pode ser a nossa própria mãe, uma avó ou outras pessoas próximas de nós (cf. 2 Tm 1, 5). A sua vida talvez não tenha sido sempre perfeita, mas, mesmo no meio de imperfeições e quedas, continuaram a caminhar e agradaram ao Senhor”(n.3).

Contamos com a comunhão dos santos, que já chegaram à presença de Deus e mantêm conosco laços de amor e comunhão.

“Podemos dizer que «estamos circundados, conduzidos e guiados pelos amigos de Deus. (...) Não devo carregar sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me»” (n. 4).

O que se leva em conta nos processos de beatificação e canonização:

- os sinais de heroicidade na prática das virtudes;
- o sacrifício da vida no martírio;
- os casos em que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à morte;
- esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da admiração dos fiéis. 

Não nos salvamos sozinhos:  “...ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo” (n. 6).

A santidade no povo paciente de Deus, uma “santidade ao pé da porta”, dos que vivem perto de nós:  “nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir...” (n. 7).

A santidade é o rosto mais belo da Igreja e também fora dela (ortodoxos, anglicanos e protestantes).

Todos somos chamados à santidade (Lumen Gentium n.11): Todos estamos chamados a ser testemunhas, mas há muitas formas existenciais de testemunho. De fato, quando o grande místico São João da Cruz escrevera o seu Cântico Espiritual, preferia evitar regras fixas para todos, explicando que os seus versos estavam escritos para que cada um os aproveitasse «a seu modo». Pois a vida divina comunica-se «a uns duma maneira e a outros doutra»” (n. 11).

Faz menção às mulheres que viveram a santidade: Santa Hildegarda de Bingen, Santa Brígida, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila ou Santa Teresa de Lisieux; tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que sustentaram e transformaram, cada uma a seu modo, famílias e comunidades com a força do seu testemunho (n.12).

O que é preciso para ser santo: “Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra... Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (n.14).

Como batizados, deixar que a graça do Batismo frutifique num caminho de santidade: “Não desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do Espírito Santo na tua vida (cf. Gl 5, 22-23). Quando sentires a tentação de te enredares na tua fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: «Senhor, sou um miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor». Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para crescer rumo à santidade” (n. 15).

Devemos crescer em santidade a partir de pequenos gestos (n. 16).

Exemplo do Cardeal Cardeal Francisco Xavier Nguyen van Thuan, quando se encontrava na prisão, renunciou a desgastar-se com a ânsia da sua libertação - «aproveito as ocasiões que vão surgindo cada dia para realizar ações ordinárias de maneira extraordinária» (n.17).

Crescer na santidade sob o impulso da graça divina, com muitos gestos, vamos construindo aquela figura de santidade que Deus quis para nós: não como seres autossuficientes, mas «como bons administradores das várias graças de Deus» (1 Pd 4, 10) (n. 18).

Cada santo é uma missão: “é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho” (n. 19).

Santidade é viver em união com Jesus Cristo os mistérios da sua vida; associando de maneira única e pessoal à morte e Ressurreição do Senhor; morrer e ressuscitar continuamente com Ele (n.20).

Cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao Seu povo (n. 21).

Perseverança não obstante nossas fraquezas – ser renovado pelo Espírito, e não haverá fracasso na missão (n. 24).

A santificação se alcança com a entrega de corpo e alma e dando o melhor de si (n.25).


Contemplação na ação: silêncio acompanhado do encontro; repouso da atividade e a oração do serviço (n. 26).

Na identificação com Jesus, falamos de espiritualidades: do catequista, do clero diocesano, do trabalho, da missão, ecológica, e da vida familiar... (n. 28).

Valorizar momentos de quietude, solidão e silêncio diante de Deus “Com efeito, as novidades contínuas dos meios tecnológicos, o fascínio de viajar, as inúmeras ofertas de consumo, às vezes, não deixam espaços vazios onde ressoe a voz de Deus. Tudo se enche de palavras, prazeres epidérmicos e rumores a uma velocidade cada vez maior; aqui não reina a alegria, mas a insatisfação de quem não sabe para que vive”

Vigilância diante dos próprios meios de distração que invadem a vida atual, para não esmorecer no serviço generoso e disponível (n. 30).

“Precisamos de um espírito de santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja expressão de amor doado sob o olhar do Senhor. Desta forma, todos os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação” (n. 31). 

Não ter medo da santidade, pois cada cristão quanto mais santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo, e nos tornamos mais vivos e mais humanos (n. 32.33).


“Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça. No fundo, como dizia León Bloy, na vida 'existe apenas uma tristeza: a de não ser santo'”.

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