quinta-feira, 18 de julho de 2024

Em poucas palavras...

                                     


Perseverança nas tribulações 

Na passagem da segunda Leitura (2 Cor 4, 7-15), o Apóstolo Paulo nos fala da centralidade e fundamento de nossa fé: a Ressurreição, que confere o verdadeiro sentido à vida cristã, para que não se perca diante do que for efêmero, e tão pouco desanimar diante das incompreensões e dificuldades, aprofundando a coerência exigida daqueles que se propõem a ser discípulos de Jesus Cristo.

 

Do delírio de onipotência, livrai-nos Senhor (súplica)

 


Do delírio de onipotência, livrai-nos Senhor (súplica)

Livrai-nos, Senhor, do delírio de onipotência, que nos cega, nos faz prisioneiros de nós mesmos, de nossos interesses, desejos, cobiça, presunção, petulância.

Livrai-nos, Senhor, do delírio de onipotência, que rompe os laços sagrados da fraternidade.

Livrai-nos, Senhor, do delírio de onipotência, que nos afasta de Vós, que Se faz e quer fazer-Se tão próximo e íntimo a nós.

Livrai-nos, Senhor, de todo delírio de onipotência, Vos suplicamos com o coração contrito e confiante em Vossa misericórdia. 

Livrai-nos, Senhor, de todo delírio de onipotência, para que tomemos consciência de que quando somos fracos, com a Vossa graça, é que nos tornamos fortes.

Livrai-nos Senhor, de todo delírio de onipotência, para jamais prescindirmos de Vossa presença, peregrinando na esperança de novos céus e nova Terra.

Livrai-nos, Senhor de todo delírio de onipotência, para que jamais façamos verter lágrimas de tristeza e decepção dos divinos olhos do Vosso Filho.

Livrai-nos Senhor, de todo delírio de onipotência, para que a nossa a vida de pequeninos do Vosso rebanho, leve Vosso Filho cantar louvores a Vós. Amém.

 

PS: Is 10,5-7.13-16; Sl 137,6; Mt 11, 25-27.

 

Ó amoroso convite, expressão da inefável bondade divina

                                                  

Ó amoroso convite, expressão da inefável bondade divina

“Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo
e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração
 e encontrareis descanso para as vossas almas,
pois meu jugo é suave e meu fardo é leve” (1)

O mais amoroso dos convites que possamos ouvir,
Brotam dos lábios do Senhor, manso e humilde de coração.
Ó inefável bondade divina, que se compadece de nossos humanos cansaços, e sem demora a Ele acorremos e deles nos refazemos.

“Quem será tão de pedra, quem tão teimoso que não obedeça a um convite tão bondoso?... Não vos assusteis ao ouvir ‘jugo’, porque este ‘jugo’ nem roça o pescoço nem faz abaixar a cabeça, ao contrário, ensina a pensar nas coisas do alto e forma na verdadeira filosofia” (2)

Bem sabia o Mestre o peso do jugo da dominação em que viviam,
E já dissera pouco antes, tomado de compaixão,
Que o povo que a Ele acorria, eram como ovelhas sem pastor,
Em todas as dimensões próprias da condição humana.

Hoje, também estamos cansados e fatigados por motivos diversos:
A pandemia que se manifestou numa sociedade muito antes enferma;
A insegurança, o medo que, por vezes, devora nossa coragem
E a esperança de um amanhã certo, que parece tardar acontecer.

Cansados da mentira sendo semeada e cultivada,
No canteiro dos pensamentos fecundos porque vazios;
Da hipocrisia já não mais disfarçada por falta de pudor,
Espalhando palavras e posturas de insana mediocridade.

Cansados pela violação da sacralidade da vida,
Sem limites e escrúpulos da violação do humano,
Porque curvados sob a ânsia do lucro, do acúmulo,
Subservientes do ídolo que ceifa vidas – o capital.

Embora cansados, e porque cansados, não podemos desistir
De buscar um novo céu e uma nova terra,
Construindo pontes de fraternidade e solidariedade.
Derrubando muros que separam com seus preconceitos e inimizades.

Ouçamos, em tempo, o amável convite que o Senhor nos faz.
A Ele acorramos, e aos Seus pés nos prostremos.
Tomemos o jugo da Cruz que nos oferece, e nos pede conversão,
Novas posturas, novas atitudes e mentalidades.

Cruz que, ainda que nos pese, grande ou pequena, levaremos,
Dependendo da medida da capacidade do amor que por Ele temos.
E se pesar, contemos com o sopro e a presença do Espírito,
Que não nos permite curvarmos na busca das coisas do alto.

Ó amoroso convite, expressão da inefável bondade divina.



(1)         (Mt 11, 28-30).
(2)        São João Crisóstomo, Bispo e Doutor da Igreja (séc. V)

Em poucas palavras...

                                       


Curai os enfermos!

“Curai os enfermos!» (Mt 10, 8). A Igreja recebeu este encargo do Senhor e procura cumpri-lo, tanto pelos cuidados que dispensa aos doentes, como pela oração de intercessão com que os acompanha.

Ela "crê na presença vivificante de Cristo, médico das almas e dos corpos, presença que age particularmente através dos sacramentos e de modo muito especial da Eucaristia, pão que dá a vida eterna (Jo 6,54-58) e cuja ligação com a saúde corporal é insinuada por São Paulo (1 Cor 11,30).”  (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1509

 

 

quarta-feira, 17 de julho de 2024

A sabedoria divina e os cinco sentidos

A sabedoria divina e os cinco sentidos

A visão, o tato, o paladar, a audição e o olfato (cinco pães) quando governados e auxiliados pela sabedoria divina a vontade (dois peixes) são indispensáveis para que vivamos na vigilância, devidamente preparados para a vinda gloriosa do Senhor para que Deus realize verdadeiras obras da graça, algumas das quais só saberemos na eternidade.

O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho de Hipona (séc IV) associa as cinco virgens previdentes e as cinco imprevidentes, aos cinco sentidos, que podem ser usados ou com sabedoria ou com imprudência.

Oremos:

Senhor, que vejamos cristãmente, com Vossos olhos: Um olhar de ternura, bondade, misericórdia, esperança, reencantamento pela vida, que se manifesta na compaixão e solidariedade para com aqueles que se sentem encurvados pelo fardo do quotidiano. Vós tendes o fardo leve e jugo suave, e por isto nos dissestes: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados...”.

Senhor, que saibamos cuidar do sentido do paladar para o cultivo do bom gosto, para aprendermos a saborear as delícias que nos ofereceis todos os dias, de modo especialíssimo e supremo, o Pão da Eucaristia, Vinho Novo de Eternidade. Não só nos ensine a saborear Vossas delícias, mas que também tenhamos a alegria e o compromisso de oferecer ao outro uma Palavra de Luz e Vida que possa também ser saboreada, tornando-se alimento na travessia que todos fazemos, até o encontro convosco na outra margem da eternidade.

Senhor, que nossos ouvidos sejam sempre atentos para escutar Vossa voz, que nos convida a um encontro pessoal que se renova a cada instante. Que também nossos ouvidos, em perfeita sintonia convosco, jamais se fechem aos clamores que sobem aos céus suplicando amor e solidariedade, e que se fechem a tantas vozes e cantos das sereias que nos afastem de Vós e de Vosso Plano de Amor, e nos levem ao individualismo, intimismo e autossuficiência.

Senhor, que nosso olfato nos dê a prudência e discernimento para nos afastarmos de tudo aquilo que não cheire bem, porque acompanhado do odor que o pecado exala no mais profundo de nossa alma e coração. Que saibamos sentir o odor do Vosso Amor em permanente presença, e que assim também possamos exalar Vosso suave aroma pelo mundo, por todos os lugares que passemos; a todas as pessoas com quem convivemos.

Senhor, que nosso sentido do tato nos dê a sensibilidade para nos deixarmos tocar por Vossa presença, que nos envolve em terno abraço, e que tenhamos coragem de tocar nas feridas de tantos quantos a nós acorrem, suplicando um pouco de carinho e atenção, estabelecendo uma relação de amor e respeito, edificação e santificação.

Senhor, aguçai nossa inteligência, para que, como os pobres e simples, nos abramos à Vossa sabedoria a eles revelada, e, assim como eles, também ouçamos de Vossos lábios louvores a Deus – Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por que escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11, 25)

Enfim, Senhor, vigilantes, esperando Vossa vinda gloriosa, suplicamos para que a nossa vontade seja sempre a Vossa vontade, para que felizes sejamos, pois sem Vós nada temos, nada podemos e nada somos, e rezaremos com amor e confiança a Oração que nos ensinastes, vivendo-a como o mais belo Projeto de Amor, um Projeto Divino a ser realizado pela nossa frágil humanidade, quando os dons, com amor, sabedoria e alegria, partilhados, por Vós serão multiplicados. Amém.

Discípulos da Divina Misericórdia

 


Discípulos da Divina Misericórdia

Sejamos enriquecidos pela carta de São Policarpo de Esmirna (séc. II), sobre a Carta aos Filipenses, em que nos apresenta Jesus Cristo que nos deixou um exemplo em Sua própria Pessoa.

“Que os presbíteros tenham entranhas de misericórdia e se mostrem compassivos para com todos, tratando de trazer ao bom caminho aqueles que se extraviaram; que visitem aos enfermos e não descuidem das viúvas, dos órfãos e dos pobres, antes, que procurem o bem diante de Deus e diante dos homens; abstendo-se de toda ira, de toda acepção de pessoas, de todo juízo injusto; que vivam afastados do amor ao dinheiro e não se precipitem crendo facilmente que os outros tenham agido mal, que não sejam severos em seus juízos, tendo presente a nossa natural inclinação ao pecado.

Portanto, se pedimos ao Senhor que perdoe nossas ofensas, também nós devemos perdoar aos que nos ofendem, já que estamos sob o olhar de nosso Deus e Senhor, e todos compareceremos diante do tribunal de Deus, e cada um prestará contas a Deus de si mesmo.

O sirvamos, portanto, com temor e com grande respeito, conforme nos ordenaram tanto o próprio Senhor como os Apóstolos que nos pregaram o Evangelho, e os profetas, aqueles que antecipadamente nos anunciaram a vinda de nosso Senhor.

Busquemos o bem com dedicação, evitemos os escândalos, afastemo-nos dos falsos irmãos e daqueles que levam o nome do Senhor de forma hipócrita e arrastam ao erro os insensatos.

Todo aquele que não reconhece que Jesus Cristo veio na carne é do anticristo, e aquele que não confessa o testemunho da Cruz procede do diabo, e o que interpreta falsamente as sentenças do Senhor segundo suas próprias concupiscências, e afirma a inexistência da ressurreição e do juízo, esse tal é o primogênito de Satanás.

Por conseguinte, abandonemos os vãos discursos e falsas doutrinas que muitos sustentam e voltemos aos ensinamentos que nos foram transmitidos desde o princípio; sejamos sóbrios para entregar-nos à oração, perseveremos constantemente nos jejuns e supliquemos com rogos ao Deus que tudo vê, a fim de que não nos deixe cair em tentação, porque, como disse o Senhor, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

Mantenhamo-nos, pois, firmes em nossa esperança e a Jesus Cristo, recompensa de nossa justiça; Ele, carregando nossos pecados, subiu ao lenho, e não cometeu pecado nem encontraram engano em Sua boca, e por nós, para que vivamos n’Ele, tudo suportou.

Sejamos imitadores de Sua paciência e, se por causa de Seu nome temos de sofrer, O glorifiquemos; já que este foi o exemplo que nos deixou em Sua própria Pessoa, e isto é o que nós cremos.” (1)

Na fidelidade a Jesus Cristo, como discípulos missionários, sigamos Seus passos.

Elevemos a Deus orações, para que todos os presbíteros “tenham entranhas de misericórdia e se mostrem compassivos para com todos...”

Assim, também, toda a comunidade mantenha firme a esperança no Senhor, imitadora da paciência do Senhor, e se acaso vier o sofrimento, que seja motivo para glorificá-Lo com fé, em expressão viva de caridade. Amém.

 

(1)         Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.158-159

Em poucas palavras...

 


Libertai-nos, Senhor...

“Os que, pelo contrário, julgam ser grandes, se apoiam no poder, na força, na inteligência, julgando que tudo isso tem a sua origem neles e que é algo que podem usar em seu benefício, não uma dádiva que devem colocar ao serviço dos outros, fracassam miseravelmente e não participam da Sabedoria de Deus, na revelação do rosto do Pai que cuida de todos os que confiam n’Ele (Is 10,5-7.13-16; Sl 137,6).”  (1)

  

(1) Lecionário Comentado - Volume I do Tempo Comum - pág. 738

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