sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo II: JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM


Capítulo II
JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM

Neste capítulo, o Papa nos fala do período original e estimulante da juventude de Jesus Cristo, à luz dos Evangelhos.

“...Jesus foi um jovem. Deu a Sua vida numa fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em plena juventude, começou a Sua missão pública e, assim, brilhou ‘uma grande luz’ (Mt 4, 16), sobretudo quando levou até ao extremo o dom da Sua vida”.   (n.23)

Cada jovem também tem uma missão; “...quando se sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer dentro de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: ‘Tu és o meu Filho muito amado”. (n.25)

O crescimento de Jesus não foi apenas fisicamente, mas também espiritual, para realizar o projeto do Pai. Sua adolescência e juventude orientaram-No para esta missão suprema. (n.26.27).

Jesus se relacionava com toda a normalidade, e ninguém O considerava um jovem estranho ou separado dos outros, sendo reconhecido como o filho do carpinteiro, e mesmo o carpinteiro (Mt 13,55; Mc 6,3). (n.28)

“Por isso mesmo, quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar donde Lhe vinha aquela sabedoria: ‘Não é este o filho de José?’ (Lc 4, 22”). (n.28)

Jesus se movia livremente entre as pessoas e caminhava com elas, como vemos na passagem da perda e encontro, quando discutia com os doutores no templo (Lc 2). (n.29)

A Sua juventude nos ilumina os projetos de trabalhos com as juventudes

“Precisamos, sim, de projetos que os fortaleçam, acompanhem e lancem para o encontro com os outros, o serviço generoso, a missão”. (n.30).


Em Jesus, todos os jovens podem se rever, por isto Ele ilumina a juventude de hoje como jovem que foi:

- Jesus teve uma confiança incondicional no Pai;
- cuidou da amizade com os Seus discípulos e, até nos momentos de crise, permaneceu fiel a eles;
- manifestou uma profunda compaixão pelos mais fracos, especialmente os pobres, os doentes, os pecadores e os excluídos;
- teve a coragem de enfrentar as autoridades religiosas e políticas do Seu tempo;
- viveu a experiência de Se sentir incompreendido e descartado;
- experimentou o medo do sofrimento e conheceu a fragilidade da Paixão;
- dirigiu o Seu olhar para o futuro, colocando-Se nas mãos seguras do Pai e confiando na força do Espírito.  (n.31).

Jesus é a verdadeira juventude dum mundo envelhecido, e é também a juventude dum universo que espera, por entre “dores de parto” (Rm 8, 22), ser revestido com a Sua luz e com a Sua vida. (n.32)

A missão que Jesus confia à juventude e a todos nós, “acender estrelas na noite doutros jovens”:

“... convida-nos a olhar os verdadeiros astros, ou seja, aqueles sinais tão variados que Ele nos dá para não ficarmos parados, mas imitarmos o semeador que observava as estrelas para poder lavrar o campo. Deus acende estrelas para nós, a fim de podermos continuar a caminhar: ‘Às estrelas que brilham alegremente nos seus postos, Ele chama-as e elas respondem’ (Br 3, 34-35). Mas o próprio Cristo é, para nós, a grande luz de esperança e guia na nossa noite, pois Ele é ‘a brilhante estrela da manhã’ (Ap 22, 16)”. (n.33)

Ser jovem, mais do que uma idade, é um estado do coração. Assim, a Igreja, uma instituição antiga como é, pode se renovar e voltar a ser jovem em cada uma das várias fases da sua longa história, voltando ao essencial do primeiro amor. Nela, é sempre possível encontrar Cristo, o companheiro e o amigo dos jovens. (n.34)

Uma Igreja que se deixa renovar sem ceder ao que o mundo oferece, mas é jovem quando recebe a força sempre nova da Palavra de Deus, da Eucaristia, da presença de Cristo e da força do seu Espírito em cada dia, voltando continuamente à sua fonte, com a coragem de ser diferente:

- mostrando outros sonhos que este mundo não oferece;
- testemunhando a beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da fortaleza, do perdão, da fidelidade à própria vocação, da oração, da luta pela justiça e o bem comum, do amor aos pobres, da amizade social. (nn.35.36)

Como Igreja de Cristo:

- não pode cair na tentação da perda do entusiasmo, e os jovens podem ajudar a Igreja a permanecer jovem;
- não cair na corrupção;
- não parar;
- não se orgulhar;
- não se transformar numa seita;
- ser mais pobre e testemunhal, e mais perto dos últimos e descartados;
- lutar pela justiça;
- deixar-se interpelar com humildade. (n.37)

“Precisamos de criar mais espaços onde ressoe a voz dos jovens: A escuta torna possível um intercâmbio de dons, num contexto de empatia. (…) Ao mesmo tempo, estabelece as condições para um anúncio do Evangelho que alcance verdadeiramente, de modo incisivo e fecundo, o coração” (n. 38)

Uma Igreja atenta aos sinais dos tempos e não debruçada sobre si mesmo, procurando refletir Jesus Cristo, reconhecendo humildemente que precisa mudar algumas coisas concretas, assim como precisa de recolher também a visão e mesmo a crítica dos jovens. (n.39).

Para um número consistente de jovens, pelos motivos mais variados, nada pede à Igreja, porque não a consideram significativa para a sua existência. Aliás, alguns pedem-lhe expressamente para ser deixados em paz, uma vez que sentem a sua presença como importuna e até mesmo irritante. (n.40)

Os motivos desta atitude:

- os escândalos sexuais e econômicos;
- a falta de preparação dos ministros ordenados, que não sabem reconhecer de maneira adequada a sensibilidade dos jovens;
- pouco cuidado na preparação da homilia e na apresentação da Palavra de Deus;
- o papel passivo atribuído aos jovens no seio da comunidade cristã;
- a dificuldade da Igreja dar razão das suas posições doutrinais e éticas perante a sociedade atual. (n.40)

Há jovens que reclamam atitudes diferentes da Igreja:

- alguns querem uma Igreja que se manifesta humildemente segura dos seus dons e também capaz de exercer uma crítica leal e fraterna;
- outros querem uma Igreja que escute mais, que não passe o tempo a condenar o mundo. Não querem ver uma Igreja calada e tímida, mas, menos ainda, desejam que esteja sempre em guerra por dois ou três assuntos que a obcecam.

“Para ser credível aos olhos dos jovens, precisa às vezes de recuperar a humildade e simplesmente ouvir, reconhecer, no que os outros dizem, alguma luz que a pode ajudar a descobrir melhor o Evangelho. Uma Igreja na defensiva, que perde a humildade, que deixa de escutar, que não permite ser questionada, perde a juventude e transforma-se num museu” (n.41)

Traz como exemplo a questão dos direitos das mulheres e a superação de discriminações: “...o Sínodo quis renovar o empenho da Igreja ‘contra toda a discriminação e violência com base no sexo’”. (n.42)


O Papa dedica alguns parágrafos para nos apresentar Maria, a jovem de Nazaré (n.43-48), modelo para uma Igreja jovem, que deseja seguir Cristo com frescor e docilidade.

Sempre impressiona a força do “sim” de Maria, jovem. A força daquele “faça-se em Mim”, que disse ao anjo. Foi uma coisa distinta duma aceitação passiva ou resignada.

Maria não comprou um seguro de vida! Maria embarcou no jogo e, por isso, é forte, é uma “influenciadora”, é a “influenciadora” de Deus! O “sim” e o desejo de servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades.

Maria não cedeu a evasões nem miragens, e soube acompanhar o sofrimento do seu Filho; apoiá-Lo com o olhar e protegê-Lo com o coração.

“Que dor sofreu! Mas não a abateu. Foi a mulher forte do “sim”, que apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança (...). Dela, aprendemos a dizer “sim” à paciência obstinada e à criatividade daqueles que não desanimam e recomeçam” (n.45)

Maria não ficava quieta, punha-se continuamente a caminho: quando soube que sua prima precisava d’Ela, não pensou nos próprios projetos, mas ‘dirigiu-Se à pressa para a montanha’” (Lc 1, 39). (n.46)

Quando foi necessário proteger o seu menino, partiu com José para um país distante (cf. Mt 2, 13-14).

Também permaneceu no meio dos discípulos reunidos em oração à espera do Espírito Santo (cf. At 1, 14).

Com a presença de Maria, nasceu uma Igreja jovem, com os seus Apóstolos em saída para fazer nascer um mundo novo (cf. At 2, 4-11).

“Aquela jovenzinha é, hoje, a Mãe que vela pelos filhos: por nós, seus filhos, que muitas vezes caminhamos na vida cansados, carentes, mas desejosos que a luz da esperança não se apague. Isto é o que queremos: que a luz da esperança não se apague. A nossa Mãe vê este povo peregrino, povo jovem amado por Ela, que A procura fazendo silêncio no próprio coração, ainda que haja muito barulho, conversas e distrações ao longo do caminho. Mas, diante dos olhos da Mãe, só há lugar para o silêncio cheio de esperança. E, assim, Maria ilumina de novo a nossa juventude”. (n.48)

Apresenta-nos exemplos de Jovens Santos (nºs.51-63), que deram a sua vida por Cristo, muitos deles até ao martírio.

Constituem magníficos reflexos de Cristo jovem, que resplandecem para nos estimular e tirar fora da sonolência.

“O bálsamo da santidade gerada pela vida boa de muitos jovens pode curar as feridas da Igreja e do mundo, levando-nos àquela plenitude do amor para a qual, desde sempre, estamos chamados: os jovens santos impelem-nos a voltar ao nosso primeiro amor (cf. Ap 2, 4)’’. n.50). E nos apresenta alguns exemplos de jovens santos.

São exemplos para estimular na Igreja outros jovens alegres, corajosos e devotados que ofereçam ao mundo novos testemunhos de santidade. (n.63)

- São Sebastião – no século III;
- São Francisco de Assis, - Morreu em 1226;
- Santa Joana d'Arc nasceu em 1412.
- O Beato André Phû Yên, um jovem vietnamita do século XVII;
- Santa Catarina Tekakwitha, jovem leiga nascida na América do Norte;
- São Domingos Sávio oferecia a Maria todos os seus sofrimentos;
- Santa Teresa do Menino Jesus nasceu em 1873.
- Beato Zeferino Namuncurá era um jovem argentino;
- Beato Isidoro Bakanja - um leigo do Congo;
- Beato Pier Jorge Frassati, que morreu em 1925;
- Beato Marcelo Callo era um jovem francês, que morreu em 1945.
- Beata Clara Badano, que morreu em 1990.


Capítulo III: VÓS SOIS O AGORA DE DEUS

Capítulo III
VÓS SOIS O AGORA DE DEUS

Os jovens são o futuro e o presente do mundo, por isto devemos nos perguntar (n.64):

- Como são os jovens hoje e o que sucede agora com eles?

Como Igreja, é preciso abandonar esquemas rígidos, abrindo-se à escuta pronta e atenta dos jovens, de modo que esta empatia a enriquece, porque permite que os jovens deem a sua colaboração à comunidade, ajudando-a a abrir-se para novas sensibilidades, e perguntas inéditas. (n.65)

O comportamento de apenas apontar os defeitos da juventude atual, uma lista de desastre, é preciso encontrar caminho que favoreça maior proximidade e ajuda mútua. (n. 66)

“... o coração de cada jovem deve ser considerado ‘terra santa’, diante da qual nos devemos ‘descalçar’ para poder aproximar-nos e penetrar no Mistério”. (n.67)

O Sínodo fala de juventude no plural: “muitas juventudes”, pois “Existe uma pluralidade de mundos juvenis, a ponto de se tender, nalguns países, a usar o termo ‘juventude’ no plural. Além disso, a faixa etária considerada pelo presente Sínodo (16-29 anos) não representa um todo homogêneo, mas compõe-se de grupos que vivem situações peculiares”. (n.68)

Diferentes realidades dos jovens: países com mais jovens, outro com menos; alguns países são objeto de perseguição; em alguns em alguns países maior inclusão e noutros são excluídos e descartados. (n.69.70)

O Papa aponta algumas coisas que sucedem aos jovens com suas vidas concretas, e muitos sujeitos ao sofrimento e manipulação. (n.71), vivendo num mundo em crise (n.72):

- Muitos em contextos de guerra e padecem a violência numa variedade incontável de formas: raptos, extorsões, criminalidade organizada, tráfico de seres humanos, escravidão e exploração sexual, estupros de guerra, etc.

- Outros, por causa da sua fé, têm dificuldade em encontrar um lugar nas suas sociedades e sofrem vários tipos de perseguição, que vai até à morte.

- Numerosos que, por constrangimento ou falta de alternativas, vivem perpetrando crimes e violências: crianças-soldado, gangues armados e criminosos, tráfico de droga, terrorismo, etc.

“Esta violência destroça muitas vidas jovens. Abusos e dependências, bem como violência e extravio contam-se entre as razões que levam os jovens à prisão, com incidência particular nalguns grupos étnicos e sociais” (n.72)

Muitos jovens são mentalizados, instrumentalizados e utilizados como carne de canhão ou como força de choque para destruir, intimidar ou ridicularizar outros. (n.73)

Numerosos no mundo são os jovens que padecem formas de marginalização e exclusão social, por razões religiosas, étnicas ou económicas. Lembramos a difícil situação de adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a propagação do SIDA/HIV, as várias formas de dependência (drogas, jogos de azar, pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem de casa, família e recursos econômicos. (n.74)

Quando se trata de mulheres, estas situações de marginalização tornam-se duplamente dolorosas e difíceis. (n.74)

Como Igreja que é Mãe, não podemos nos habituar com isto, mas “chorar”, chorar para que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, a ser promessa de vida.

“Choramos ao recordar os jovens que morreram por causa da miséria e da violência e pedimos à sociedade que aprenda a ser uma mãe solidária. Esta dor não passa, acompanha-nos, porque não se pode esconder a realidade. A pior coisa que podemos fazer é aplicar a receita do espírito mundano, que consiste em anestesiar os jovens com outras notícias, com outras distrações, com banalidades”. (n.75)

É preciso limpar nossos olhos pelas lágrimas; aprender a chorar:

“A misericórdia e a compaixão também se manifestam chorando. Se o pranto não te vem, pede ao Senhor que te conceda derramar lágrimas pelo sofrimento dos outros. Quando souberes chorar, então serás capaz de fazer algo, do fundo do coração, pelos outros”. (n.76)

Há contextos de colonização ideológica que prejudicam de forma especial os jovens; favorecendo a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados em material descartável. (n.78)

Manipulação consumista – corpo juvenil como modelo. (n.79)

Conflitos geracionais: tradições familiares, valores, transmissão da fé... (n. 80)

Jovens vivem num mundo em que se destaca excessivamente a sexualidade, tornando difícil manter uma boa relação com o próprio corpo e viver serenamente as relações afetivas. (n.81)

Em tempos de progressos da ciência e das tecnologias biomédicas que incidem fortemente na percepção do corpo, induzindo a pensar que se pode modificar sem limites, não se pode perder de vida que a vida é um dom, que somos seres criados e limitados, podendo facilmente ser instrumentalizados por quem detém o poder tecnológico. (n.82)


A Igreja como instrumento neste percurso rumo à cura interior e à paz do coração de tantos jovens, marcados por tantas feridas ao longo de suas histórias. (n.83)

O que encontramos nos jovens:

- em alguns, reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os delineamentos do Deus revelado;
- em outros, o sonho de fraternidade;
- em muitos, existe um desejo real de desenvolver as capacidades de que são dotados para oferecerem algo ao mundo;
- em alguns, vemos uma sensibilidade artística especial, ou uma busca de harmonia com a natureza;
- em outros, uma grande necessidade de comunicação;
- em muitos deles, desejo profundo duma vida diferente.

O Sínodo tratou de maneira especial três temas de grande importância:

a) O ambiente digital (nn 86-90);
b) Os migrantes como paradigma do nosso tempo (nn 91-94);
c) Acabar com todas as formas de abuso (nn 95-102).

Há uma via de saída, pois há sinais de esperança e os jovens podem colaborar neste sentido.

É o caso do jovem Venerável Carlos Acutis, que deu grande testemunho no mundo das comunicações. Conhecidos dos mecanismos da comunicação, da publicidade e das redes sociais que podem ser utilizados para nos tornar sujeitos adormecidos, dependentes do consumo e das novidades que podemos comprar, obcecados pelo tempo livre e fechados na negatividade. (n.105).

Dizia Carlos – “Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias». E o Papa exorta aos jovens e à nós: “Não deixes que isto te aconteça!” (n.106)

“Não deixes que te roubem a esperança e a alegria, que te narcotizem para te usar como escravo dos seus interesses” (n.107)

Ser jovem, nos diz o Papa, não significa apenas procurar prazeres transitórios e sucessos superficiais.

Para a juventude desempenhar a finalidade que lhe cabe no curso da vida, deve ser um tempo de doação generosa, de oferta sincera, de sacrifícios que custam, mas tornam-nos fecundos.

Cita o grande poeta Francisco Luís Bernárdes, e seu Sonetto: “Cielo de tierra – Buenos Aires, 1937). (n.108)

«Se, para recuperar o que recuperei,
tive de perder primeiro o que perdi,

se, para obter o que obtive,
tive de suportar o que suportei,

se, para estar agora enamorado,
tive que ser ferido,

considero justo ter sofrido o que sofri,
considero justo ter chorado o que chorei.

Porque no fim constatei
que não se goza bem do gozado
senão depois de o ter padecido.

Porque no fim compreendi 
que quanto a árvore tem de florido
vive do que ela tem de enterrado”.

Jesus está sempre pronto a ajudar, para que valha a pena ser jovem, de modo que todo o jovem dará uma contribuição indispensável porque cada jovem é único e irrepetível. (n. 109)

No entanto, é preciso caminhar juntos, pois, se estivermos demasiado sozinhos, facilmente perderemos o sentido da realidade, a clareza interior e sucumbimos.

Jovens unidos têm uma força admirável:

“Quando vos entusiasmais por uma vida comunitária, sois capazes de grandes sacrifícios pelos outros e pela comunidade; ao passo que o isolamento vos enfraquece e expõe aos piores males do nosso tempo”. (n.110)

Capítulo IV: O GRANDE ANÚNCIO PARA TODOS OS JOVENS

Capítulo IV
O GRANDE ANÚNCIO PARA TODOS OS JOVENS

O Papa nos apresenta o querigma, as coisas primeiras que nunca devem ser silenciadas, e que podemos retomar como objetivo de reflexão, em diversos momentos de formação, retiro etc.

São três grandes verdades que precisamos escutar sempre de novo:

1º - Deus é Amor (nn.112-117);
2º - Cristo te Salva – Ele vive!  (nn.118-129)
3º - O Espírito dá vida (nn.130-133).

Destaco os últimos parágrafos:

“Nestas três verdades (Deus ama-te, Cristo é o teu salvador, Ele vive), aparece Deus Pai e aparece Jesus. Mas, onde estão o Pai e Jesus Cristo, também está o Espírito Santo. É Ele que prepara e abre os corações para receberem este anúncio, é Ele que mantém viva esta experiência de salvação, é Ele que te ajudará a crescer nesta alegria se O deixares agir. O Espírito Santo enche o coração de Cristo ressuscitado e de lá, como duma fonte, derrama-Se na tua vida. E quando O recebes, o Espírito Santo faz-te entrar cada vez mais no coração de Cristo, para que te enchas sempre mais com o seu amor, a sua luz e a sua força” (n.130)

“Todos os dias invoca o Espírito Santo, para que renove em ti constantemente a experiência do grande anúncio. Porque não? Tu não perdes nada e Ele pode mudar a tua vida, pode iluminá-la e dar-lhe um rumo melhor. Não te mutila, não te tira nada, antes ajuda-te a encontrar da melhor maneira aquilo que precisas. Precisas de amor? Não o encontrarás na devassidão, usando os outros, possuindo ou dominando os outros; n’Ele, o encontrarás duma forma que te fará verdadeiramente feliz. Buscas intensidade? Não a viverás acumulando objetos, gastando dinheiro, correndo desesperadamente atrás das coisas deste mundo; chegará duma maneira muito mais bela e satisfatória, se te deixares guiar pelo Espírito Santo”. (n.131)

“Buscas paixão? Deixa-te enamorar por Ele, porque – como se lê no estupendo poema Enamora-te! (Pedro Arrupe) 
– ‘nada pode ser mais importante do que encontrar Deus, ou seja, enamorar-se d’Ele de maneira definitiva e absoluta. Aquilo de que te enamoras, prende a tua imaginação e acaba por ir deixando a sua marca em tudo. Será isso a decidir o que te arranca da cama pela manhã, o que fazes no final da tarde, como transcorres os teus fins de semana, aquilo que lês, o que conheces, aquilo que te destroça o coração e o que te faz transbordar de alegria e gratidão. Enamora-te! Permanece no amor! Tudo será diferente’.

Este amor de Deus, que se apodera apaixonadamente de toda a vida, é possível pelo Espírito Santo, porque «o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5)”.(n.132)

“Ele é a fonte da juventude melhor. Com efeito, quem confia no Senhor ‘é como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, e a sua folhagem fica sempre verdejante’ (Jr 17, 8). Enquanto ‘os adolescentes se cansam e se fatigam’ (Is 40, 30), aqueles que esperam, confiados no Senhor, ‘renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer’ (Is 40, 31)”.  (n.133)


Capítulo V: PERCURSOS DE JUVENTUDE

Capítulo V
PERCURSOS DE JUVENTUDE

Como se vive a juventude?
Quando nos deixamos iluminar e transformar pelo grande anúncio do Evangelho? (n.134)

Juventude é dom de Deus, de modo que ser jovem é uma graça, uma ventura que não podemos desperdiçar, mas receber agradecidos e vive-la em plenitude. (n.134).

“Deus é o autor da juventude e age em cada jovem. A juventude é um tempo abençoado para o jovem e uma bênção para a Igreja e o mundo. É uma alegria, uma canção de esperança e uma beatitude... período da vida como um momento precioso, e não como uma fase de passagem onde os jovens se sentem empurrados para a idade adulta”. (n. 135):

- Juventude como tempo de sonhos e opções (nn.136-143);
- A vontade de viver e experimentar (nn. 144-149);
- Na amizade de Cristo (nn. 150-157);
- O crescimento e a maturação (nn.158-162);
- Percursos de fraternidade (nn. 163-167);
- Jovens comprometidos (nn. 168-174);
- Missionários corajosos (nn. 175-178).

Destaco alguns parágrafos:

Como o Papa vê um jovem:
“Vejo um jovem ou uma jovem à procura do seu próprio caminho, que quer voar com os pés, que assoma ao mundo e fixa o horizonte com olhos cheios de esperança, cheios de futuro e também de ilusões. O jovem caminha com dois pés como os adultos, mas, ao contrário dos adultos que os mantêm paralelos, aquele coloca um atrás do outro, pronto a arrancar, a partir. Sempre a olhar para diante. Falar de jovens significa falar de promessas, significa falar de alegria. Os jovens têm tanta força, são capazes de olhar com tanta esperança! Um jovem é uma promessa de vida, que traz em si um certo grau de tenacidade; tem um grau suficiente de insensatez para poder enganar-se a si mesmo e uma capacidade suficiente para curar a decepção que daí pode derivar” (n.139).

A Perseverança no caminho dos sonhos:
“Devemos perseverar no caminho dos sonhos. Para isso, é preciso ter cuidado com uma tentação que muitas vezes nos engana: a ansiedade. Pode tornar-se uma grande inimiga, quando leva a render-nos, porque descobrimos que os resultados não são imediatos. Os sonhos mais belos conquistam-se com esperança, paciência e determinação, renunciando às pressas. Ao mesmo tempo, é preciso não se deixar bloquear pela insegurança: não se deve ter medo de arriscar e cometer erros; devemos, sim, ter medo de viver paralisados, como mortos ainda em vida, sujeitos que não vivem porque não querem arriscar, não perseveram nos seus compromissos ou têm medo de errar. Ainda que erres, poderás sempre levantar a cabeça e voltar a começar, porque ninguém tem o direito de te roubar a esperança”. (n.142)

Não renunciar ao melhor do tempo da juventude:
Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não fiqueis a observar a vida da sacada. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante dum visor. E tampouco vos reduzais ao triste espetáculo dum veículo abandonado. Não sejais carros estacionados, mas deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Ainda que vos enganeis, arriscai. Não sobrevivais com a alma anestesiada, nem olheis o mundo como se fôsseis turistas. Fazei-vos ouvir! Lançai fora os medos que vos paralisam, para não vos tornardes jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri as portas da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos aposenteis antes do tempo”. (n.143)

Preparar o amanhã, mas viver o presente:
“A Palavra de Deus convida-te claramente a viver o presente, e não só a preparar o amanhã: ‘Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema’ (Mt 6, 34). Isto, porém, não significa abandonar-se a uma libertinagem irresponsável que nos deixa vazios e sempre insatisfeitos, mas convida-nos a viver plenamente o presente, usando as nossas energias para fazer coisas boas, cultivando a fraternidade, seguindo Jesus e apreciando cada pequena alegria da vida como um presente do amor de Deus”.  (n.147)

É preciso encontrar com o grande Amigo – Jesus:
“Por mais que vivas e experimentes, nunca chegarás às profundezas da juventude, nem conhecerás a verdadeira plenitude de ser jovem, se não te encontrares cada dia com o grande Amigo, se não viveres na amizade de Jesus”. (n. 150)

O que é a amizade, segundo o Papa:
“A amizade é um presente da vida e um dom de Deus. Através dos amigos, o Senhor purifica-nos e faz-nos amadurecer. Ao mesmo tempo, os amigos fiéis, que permanecem ao nosso lado nos momentos difíceis, são um reflexo do carinho do Senhor, da sua consolação e da sua amorosa presença. Ter amigos ensina-nos a abrir-nos, a compreender, a cuidar dos outros, a sair da nossa comodidade e isolamento, a partilhar a vida. Por isso, ‘nada se pode comparar a um amigo fiel, e nada se iguala ao seu valor’ (Sir6, 15)”. (n.151)

“A amizade não é uma relação fugaz e passageira, mas estável, firme, fiel, que amadurece com o passar do tempo. É uma relação de afeto que nos faz sentir unidos e, ao mesmo tempo, é um amor generoso que nos leva a procurar o bem do amigo. Embora os amigos possam ser muito diferentes entre si, há sempre algumas coisas em comum que os leva a sentir-se próximos, e há uma intimidade que se partilha com sinceridade e confiança”.  (n.152)

“A amizade é tão importante que o próprio Jesus Se apresenta como amigo: ‘Já não vos chamo servos (…), a vós chamei-vos amigos’ (Jo 15, 15)... Os discípulos ouviram a chamada de Jesus à amizade com Ele; foi um convite que não os forçou, propondo-se delicadamente à sua liberdade: ‘Vinde e vereis – disse-lhes; e eles foram –, viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia’ (Jo 1, 39). Depois daquele encontro, íntimo e inesperado, deixaram tudo e partiram com Ele” (n.153)

“A amizade com Jesus é indissolúvel. Nunca nos deixa, embora às vezes pareça calado. Quando precisamos d’Ele, deixa-Se encontrar por nós (cf. Jr 29, 14), e está ao nosso lado para onde quer que formos (cf. Js 1, 9). Porque Ele nunca quebra uma aliança. A nós, pede-nos para não O abandonarmos: ‘Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós’ (Jo 15, 4). Mas, se nos afastarmos, ‘Ele permanecerá fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo’ (2 Tim 2, 13)”. (n.154)

A oração como desafio e aventura:
“Com o amigo, conversamos, partilhamos as coisas mais secretas. Com Jesus, também conversamos. A oração é um desafio e uma aventura. E que aventura! Permite que O conheçamos cada vez melhor, entremos no seu mistério e cresçamos numa união cada vez mais forte. A oração permite-nos contar-Lhe tudo o que nos acontece e permanecer confiantes nos seus braços e, ao mesmo tempo, proporciona-nos momentos de preciosa intimidade e afeto, onde Jesus derrama a sua própria vida em nós. Rezando, «abrimos o jogo» a Ele, damos-Lhe lugar «para que Ele possa agir, possa entrar e possa vencer». (n. 155)

Juventude unida num único sonho:
“Jesus pode unir todos os jovens da Igreja num único sonho...O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz, e o Espírito Santo no dia de Pentecostes foi derramado e gravado a fogo no coração de cada homem e mulher, no coração de cada um. (…) um sonho chamado Jesus, semeado pelo Pai... Um sonho concreto, que é uma Pessoa, que corre nas nossas veias, faz exultar e dançar de alegria o coração”. (n. 157)

Um testemunho do Papa:
“Quando comecei o meu ministério como Papa, o Senhor alargou os meus horizontes e deu-me uma renovada juventude. O mesmo pode acontecer com um casal já com muitos anos de matrimônio, ou com um monge no seu mosteiro. Há coisas que precisam dos anos para se consolidar, mas este amadurecimento pode coexistir com um fogo que se renova, com um coração sempre jovem”. (n.160)

Ninguém será santo nem se realizará copiando os outros:
“A tua vida deve ser um estímulo profético que sirva de inspiração para os outros, que deixe uma marca neste mundo, aquela marca única que só tu poderás deixar. Ao passo que, se copiares, privarás esta terra e também o Céu daquilo que mais ninguém poderá oferecer no teu lugar...” (n.162)

A manifestação do crescimento espiritual:
O crescimento espiritual manifesta-se, sobretudo, no amor fraterno, generoso, misericordioso. Viver o «êxtase» que consiste em sair de si mesmo para busca o bem dos outros, até dar a vida. (n. 163)

Espaço para viver a fé em comunidade:
- A Igreja oferece muitos e variados espaços para viver a fé em comunidade, porque, juntos, tudo é mais fácil. (n. 164)
- “...Cada idade tem a sua beleza, e à juventude não pode faltar a utopia comunitária, a capacidade de sonhar juntos, os grandes horizontes que contemplamos juntos” (n. 166)
- “Deus ama a alegria dos jovens e convida-os sobretudo à alegria que se vive na comunhão fraterna, ao júbilo superior de quem sabe partilhar... Diz um provérbio africano: ‘se queres andar rápido, caminha sozinho. Se queres chegar longe, caminha com os outros’. Não deixemos roubar-nos a fraternidade”. (n. 167)

A tentação dos jovens se fecharem:
“...perante um mundo cheio de tanta violência e egoísmo, os jovens podem correr o risco de se fechar em pequenos grupos, privando-se assim dos desafios da vida em sociedade, dum mundo vasto, estimulante e necessitado. Têm a sensação de viver o amor fraterno, mas o seu grupo talvez se tenha tornado um simples prolongamento do próprio eu. Isto agrava-se, se a vocação do leigo for concebida unicamente como um serviço interno da Igreja (leitores, acólitos, catequistas, etc.), esquecendo-se que a vocação laical é, antes de mais nada, a caridade na família, a caridade social e caridade política: é um compromisso concreto nascido da fé para a construção duma sociedade nova, é viver no meio do mundo e da sociedade para evangelizar as suas diversas instâncias, fazer crescer a paz, a convivência, a justiça, os direitos humanos, a misericórdia, e assim estender o Reino de Deus no mundo”.  (n. 168)

Amizade social e inimizade social:
É preciso ir mais além dos grupos de amigos e construir a amizade social: “buscar o bem comum chama-se amizade social. A inimizade social destrói. E uma família destrói-se pela inimizade. Um país destrói-se pela inimizade. O mundo destrói-se pela inimizade. E a inimizade maior é a guerra. E hoje vemos que o mundo se está a destruir pela guerra. Porque são incapazes de se sentar e falar (…). Sede capazes de criar a amizade social...” (n.169)

O compromisso social e político da juventude:
“...O compromisso social é um traço caraterístico dos jovens de hoje. Ao lado de alguns indiferentes, há muitos outros disponíveis para se comprometerem em iniciativas de voluntariado, cidadania ativa e solidariedade social, o que é preciso acompanhar e encorajar para fazer surgir os talentos, as competências e a criatividade dos jovens e estimular a assunção de responsabilidades por parte deles. O empenho social e o contato direto com os pobres continuam a ser uma oportunidade fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e para discernir a própria vocação.(…) Assinalou-se também a disponibilidade a empenhar-se em campo político para a construção do bem comum’”. (n.170)

Iniciativas de compromisso concreto dos jovens:
“...grupos de jovens nas paróquias, escolas, movimentos ou grupos universitários costumam ir fazer companhia a idosos e enfermos, visitar bairros pobres, ou sair juntos para ajudar os mendigos nas chamadas ‘noites da caridade’...”  (n.171)

Participação da juventude em programas sociais:
“Outros jovens participam em programas sociais que visam construir casas para os sem-abrigo, bonificar áreas contaminadas, ou recolher ajudas para os mais necessitados... Os universitários podem unir-se de forma interdisciplinar para aplicar os seus conhecimentos na resolução de problemas sociais e, nesta tarefa, podem trabalhar lado a lado com jovens doutras Igrejas e doutras religiões”. (n.172)

Palavra de encorajamento da juventude na construção de uma civilização mais justa e fraterna:

“Quero encorajar-te a assumir este compromisso, porque sei que «o teu coração, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram para as ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas ruas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixeis para outros o ser protagonista da mudança! Vós sois aqueles que detêm o futuro! Através de vós, entra o futuro no mundo. Também a vós, eu peço para serdes protagonistas desta mudança. Continuai a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo. Peço-vos para serdes construtores do futuro, trabalhai por um mundo melhor. Queridos jovens, por favor, não ‘olheis da sacada’ a vida, entrai nela. Jesus não ficou na sacada, mergulhou… Não olheis da sacada a vida, mergulhai nela, como fez Jesus». Mas sobretudo, duma forma ou doutra, lutai pelo bem comum, sede servidores dos pobres, sede protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial”. (n.174)

Jovens enamorados por Cristo e o testemunho do Evangelho-ser luz:
“Enamorados por Cristo, os jovens são chamados a dar testemunho do Evangelho em toda parte, com a sua própria vida. Santo Alberto Hurtado dizia que ‘ser apóstolo não significa usar um distintivo na lapela do casaco; não significa falar da verdade, mas vivê-la, encarnar-se nela, transformar-se em Cristo. Ser apóstolo não é levar uma tocha na mão, possuir a luz, mas ser a luz. (...) O Evangelho (...), mais do que uma lição, é um exemplo. A mensagem transformada em vida vivida’” (n.175)

Juventude missionária em todos os lugares para irradiar a luz e esperança:
“... Não tenhais medo de ir e levar Cristo a todos os ambientes, até às periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente... E convida-nos a levar, sem medo, o anúncio missionário aos locais onde nos encontrarmos e às pessoas com quem convivermos: no bairro, no estudo, no desporto, nas saídas com os amigos, no voluntariado ou no emprego, é sempre bom e oportuno partilhar a alegria do Evangelho. É assim que o Senhor Se vai aproximando de todos; e pensou em vós, jovens, como seus instrumentos para irradiar luz e esperança, porque quer contar com a vossa coragem, frescor e entusiasmo”. (n.177)

A missão é um desafio:
“Não se pode esperar que a missão seja fácil e cômoda. Alguns jovens preferiram dar a própria vida a refrear o seu impulso missionário”. (n.178)

A colaboração da juventude que é o “agora de Deus”’:
“...Amigos, não espereis pelo dia de amanhã para colaborar na transformação do mundo com a vossa energia, audácia e criatividade. A vossa vida não é «entretanto»; vós sois o agora de Deus, que vos quer fecundos. Porque «é dando que se recebe», e a melhor maneira de preparar um bom futuro é viver bem o presente, com dedicação e generosidade”. (n.178)

Capítulo VI: JOVENS COM RAÍZES

Capítulo VI
JOVENS COM RAÍZES

Como uma árvore, os jovens precisam de raízes, pois é impossível que cresçam sem raízes fortes que ajudem a ficarem firmes e de pé. (n.179)

É preciso distinguir entre a alegria da juventude e o falso culto da mesma, que seduz jovens e os usam para seus fins. (n.180).

É preciso tomar cuidado, porque muitas ideologias precisam de jovens que desprezem a história, rejeitem a riqueza espiritual e humana, que se foi transmitindo através das gerações, ignorem tudo quanto os precedeu. (n.181)

O contrário também pode acontecer: manipuladores que se servem doutro recurso: “uma adoração da juventude, como se tudo o que não é jovem aparecesse detestável e caduco. O corpo jovem torna-se o símbolo deste novo culto e, consequentemente, tudo o que tenha a ver com este corpo é idolatrado e desejado sem limites, enquanto o que não for jovem é olhado com desprezo. Mas é uma arma que acaba por degradar os jovens, esvaziando-os de valores reais e utilizando-os para obter benefícios individuais, económicos ou políticos”. (n.182)

Não permitir que usem a juventude para promover uma vida superficial, que confunde beleza com aparência. (n.183).

“...Descobrir, mostrar e realçar esta beleza, que lembra a de Cristo na cruz, é colocar as bases da verdadeira solidariedade social e da cultura do encontro”. (n.183)

Há o perigo de uma espiritualidade sem Deus, bem como uma afetividade sem comunidade e compromisso com os que sofrem, com medo dos pobres, vistos como sujeitos perigos... (n. 184)

“Proponho-vos outro caminho, feito de liberdade, entusiasmo, criatividade, horizontes novos, mas cultivando ao mesmo tempo as raízes que nutrem e sustentam”. (n.184)

Há um perigo de desenraizamento dos jovens de suas origens culturais e religiosas de onde provêm, com a perda dos traços de sua identidade (n.185)

É preciso assumir as raízes, mas não se limitar a isto:

“Por isso, numa mensagem aos jovens indígenas reunidos no Panamá, exortava-os: ‘Assumi as vossas raízes! Mas não vos limiteis a isto. A partir destas raízes, crescei, florescei, frutificai’” (n.186)

Na relação da juventude com os idosos, é preciso “...Ajudar os jovens a descobrir a riqueza viva do passado, conservando-a na memória e valendo-se dela para as suas decisões e possibilidades, é um verdadeiro ato de amor para com eles visando o seu crescimento e as opções que são chamados a realizar”. (n.187)

 A Palavra de Deus recomenda que não se perca o contato com os idosos, para poder recolher a sua experiência, como se vê em várias passagens bíblicas. (nn. 188.189).

É preciso que a juventude mantenha-se aberta, para recolher uma sabedoria que se comunica de geração em geração; não é proveitosa a ruptura entre gerações. (nn.190.191)

Como diz o ditado: “Se o jovem soubesse e o velho pudesse, não haveria nada que não se fizesse”.  (n.191)

Sonhos e visões à luz da Profecia de Joel: “’Depois disto, derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões’ (Jl 3, 1; cf. At 2, 17). Se os jovens e os idosos se abrirem ao Espírito Santo, juntos produzem uma combinação maravilhosa: os idosos sonham e os jovens têm visões. Como se completam reciprocamente as duas coisas?” (nn.192.193.194.197)

“Por isso, é bom deixar que os idosos contem longas histórias, que às vezes parecem mitológicas, fantasiosas – são sonhos de anciãos –, mas frequentemente estão cheias duma rica experiência, de símbolos eloquentes, de mensagens escondidas...” (n.195)

No livro “A Sabedoria do Tempo”, o Papa menciona alguns desejos sob a forma de pedidos. “Que peço aos idosos, entre os quais me incluo a mim próprio? Peço que sejamos guardiões da memória...” (n.196)


É preciso caminhar juntos:

 “O amor que se dá e age, muitas vezes erra. Aquele que atua, aquele que arrisca, frequentemente comete erros... Quando as pessoas mais velhas olham com atenção a vida, com frequência compreendem instintivamente o que está por trás dos fios emaranhados e reconhecem o que Deus faz criativamente até mesmo com os nossos erros” . (n.198)

“Se caminharmos juntos, jovens e idosos, poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros, acalentar os corações, inspirar as nossas mentes com a luz do Evangelho e dar nova força às nossas mãos”. (n.199)

As raízes são um ponto de arraigamento que nos permite crescer e responder aos novos desafios. É preciso amar o nosso tempo com as suas possibilidades e riscos, com as suas alegrias e sofrimentos, com as suas riquezas e limites, com os seus sucessos e erros. (n.200)

O Papa citando um jovem, compara a Igreja como uma canoa:
“...a Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a posição das estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera mais além. Não nos deixemos extraviar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os jovens. O melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo”. (n.201) 

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