domingo, 31 de dezembro de 2023

Ano Novo: ouçamos apenas o que nos edifica!


Ano Novo: ouçamos apenas o que nos edifica!

Recordei-me de uma parábola, oportuna para retomarmos ao longo de mais um ano que se aproxima:

“Um grupo de rãs atravessava uma floresta quando, de repente, duas delas caíram em um poço.

Todas as outras rãs se reuniram na beira, notando o quão profundo o poço era. Concluíram que estavam irremediavelmente perdidas, já que não havia a menor chance de elas escaparem.

Então, disseram a elas que nenhum recurso havia que pudesse salvá-las e que, para fins práticos, deviam considerar-se mortas. As duas rãs, ignorando os comentários, continuaram tentando com todas as suas forças sair do poço.

As outras continuaram a gritar, com insistência, que seus esforços seriam inúteis.

Uma delas acabou dando ouvidos aos argumentos, desistiu de lutar e caiu morta.

A outra, pelo contrário, continuou a saltar tão alto quanto podia.
Mais uma vez, a multidão de rãs gritava e fazia sinais, dizendo da inutilidade da sua tentativa, procurando convencê-la de que o melhor era desistir de tão infrutífero sofrimento e se conformar com a morte, já que nenhum sentido havia naquela luta inglória.

Mas a rã pulou com forças cada vez mais crescentes até que... enfim... conseguiu sair do buraco. As outras rãs se aproximaram dela e disseram:

- ‘Nós estamos contentes que você tenha conseguido sair do poço, apesar da nossa gritaria para você desistir! Diga-nos: como reuniu tanta força para conseguir praticamente o impossível?!’
A rã, então, lhes disse que era surda e pensou que os gritos eram de incentivo para ela sair do buraco, animando-a para superar-se cada vez mais, o que acabou conseguindo”.

Refletindo...

Cada dia do ano novo é como uma página de um grande livro a ser escrito, e, muitas vezes, precisaremos filtrar o que ouvirmos e transcrever para sempre o que enriqueceu nossa alma e coração: aquilo que for bom, escutar e integrar à nossas atitudes, para que façamos progressos em todos os âmbitos; de outro lado, o que não for edificante, fazermo-nos “surdos”, como a rã da estória.

Certamente, encontraremos pessoas que nos estimularão, com palavras e gestos, fazendo-nos redescobrir as forças que possuímos, sobretudo, no bom combate da fé, sem jamais nela vacilar, sem esmorecimentos na esperança e tampouco o esfriamento na caridade, pois o amor é uma chama eterna, e nem mesmo as águas dos rios poderão apagá-la:

– “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam” (Ct 8,7).

Desejo que não nos aconteça, mas muito provavelmente, encontraremos pessoas que pouco ou nada nos incentivarão, até mesmo, dirão que não vale a pena lutar, que não há perspectivas para os tempos em que vivemos. São “cantores agourentos” de plantão, ancorados num pseudossaudosismo, que em nada nos ajuda nos avanços necessários, para que vejamos o sol romper na escuridão de uma noite, com a luminosidade desejada para trilharmos, sem medo, novos caminhos.

Cabe a nós o discernimento constante, para ouvir o que deve ser ouvido e jamais absorver pensamentos ou palavras negativas, que nos roubem as forças e a graça da teimosia e ousadia de viver, acreditando que o melhor de Deus está sempre por vir.

Seja o Ano Novo a oportunidade de gritarmos a quem precisar, se no fundo do poço se encontrar:

“Coragem! Não desista! É preciso dar razão de nossa esperança, não permitindo que nossa fé, se perca no lamaçal devorador dos desesperados, e tão pouco nosso amor perca sua inflamabilidade, pois é ele que nos faz acreditar que há um mundo fora do ‘poço’, com belezas e desafios próprios”.

Feliz Ano Novo, de fato!

                                                   

Feliz Ano Novo, de fato!

Ano novo e com ele novos propósitos, novas posturas diante das pessoas e dos fatos; um novo olhar para todos os que nos rodeiam...

Supliquemos continuamente ao Santo Espírito para que nos ilumine e a Sua Sabedoria nos acompanhe em cada palavra, em cada gesto, em cada momento.

Sejam nossos pensamentos, pela luz divina iluminados, para que cada instante do Novo Ano seja único para nós.

Vivamos o Ano Novo dando-lhe mais sabor, cor, luz e densidade, mantendo acesa a mais bela chama da caridade.

Desejo que os votos de Feliz Ano Novo, mutuamente trocados, tantas vezes multiplicados, não sejam apenas para uma troca de algarismos.

Cada dia do novo ano, jamais ocorra a divisão e a dispersão das forças que, ao contrário, devem se somar e multiplicar, colocando em comum generosamente os talentos que por Deus nos foram dados.

E assim vivendo, jamais ocorra, por nossa responsabilidade, a subtração da Esperança, a fragilização da Caridade e ofuscamento da Fé. 

Feliz Ano Novo! 

Adoremos Jesus, Luz e Salvação do Mundo (Sagrada Família - Ano B)

 


Adoremos Jesus, Luz e Salvação do Mundo
 
“Oferece teu filho, Santa Virgem, e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre. Oferece, para reconciliação de todos nós, A Santa Vítima que é agradável a Deus”. (São Bernardo - séc. XII)
 
Celebrando a Festa da Sagrada Família (ano B), ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40).
 
Nos braços de Simeão, o Menino Jesus não é só oferecido ao Pai, mas também ao mundo.
 
Maria é, portanto, a mãe da humanidade. O dom da vida vem através de Maria.
 
Aquele que foi apresentado no templo é a luz do mundo e a salvação tão esperada, que por Ele, há de ser realizada, porque veio habitar no meio da humanidade a Luz de Deus enviada ao mundo, redenção da humanidade.
 
Ao acolher Jesus como nossa Luz e Salvação, renovamos a alegria e o compromisso de anunciá-Lo e testemunhá-Lo ao mundo, porque, pelo batismo, somos sal da terra e luz do mundo!
 
Urge que façamos de nossa vida uma agradável oferenda ao Senhor, lembrando que a oferta há de ser agradável sacrifício, celebrado no altar do Sacrifício do Senhor.
 
Ofertar nossa vida quotidianamente implica em sacrifícios, constantes renúncias, tomando nossa cruz, e, com serenidade e fidelidade, segui-Lo, até que um dia possamos fazer da cruz instrumento de travessia para a eternidade, para o céu.
 
Concluímos com um Hino de São Sofrônio (séc. VII), dedicado à Santíssima Virgem Maria:
 
“Salve, mãe da alegria celeste;
Salve, você que alimenta em nós um gozo sublime;
Salve, sede da alegria que salva;
Salve, você que nos oferece a alegria perene;
Salve, místico lugar da alegria inefável;
Salve, campo digníssimo da alegria inexprimível.


Salve, manancial bendito da alegria infinita;
Salve, tesouro divino da alegria sem fim;
Salve, árvore frondosa da alegria que dá vida;
Salve, mãe de Deus, não desposada;
Salve, Virgem íntegra depois do parto;
Salve, espetáculo admirável, mais alto que qualquer prodígio.

Quem poderá descrever seu esplendor?
Quem poderá contar seu mistério?
Quem será capaz de proclamar sua grandeza?
Você adornou a natureza humana.
Você superou as legiões angélicas,
Você superou a toda criatura,
Nós lhe aclamamos: Salve, cheia de graça.”
 
Deus jamais nos deixará sozinho na escuridão da noite.
Não há noite eterna para a Fonte de Luz eterna.
 
Adoremos Jesus, a Luz e Salvação do Mundo, e sejamos no coração do mundo sal e luz. Amém.
 
 
 
 

Família, uma pequena Igreja (Sagrada Família - Ano B)

                                                        


Família, uma pequena Igreja

Celebrar Festa da Sagrada Família (ano B), é ocasião favorável para refletirmos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe.

A família é uma pequena Igreja, e nela devem estar presentes alguns sinais da bênção do Senhor como vemos no Antigo Testamento: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa.

É o que vemos na passagem da primeira Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a). A obediência e o amor eram imprescindíveis no cumprimento da Lei, de modo que esta obediência era sinal e garantia de bênção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais, como encontramos no Livro do Êxodo (20,12) – “honra teu pai e tua mãe”.

Os pais são instrumentos de Deus e fonte de vida, e como recompensa do “honrar pai e mãe”, os filhos obtêm o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

"Com razão se diz hoje que a família é o primeiro lugar da evangelização, provavelmente o mais decisivo. Com efeito, é na família que a criança, mesmo muito pequenina, respira ao vivo a fé ou a indiferença. Por aquilo que vê e vive, ela adverte se em sua casa - e na vida - há lugar para Deus ou não. Nota se a vida se projeta pensando só em si mesmos, ou também nos outros. Tudo isto para dizer que normalmente o modo de viver encontra as suas raízes na família.”  (1)

Na passagem da segunda Leitura (Cl 3,12-21), o Apóstolo Paulo exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e os filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai Celeste.

Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.

Na passagem do Evangelho (Lc 2,22-40) sobre a apresentação de Jesus no templo, temos a experiência de Cristo, que entra  no  contexto  de  uma  família  humana  concreta,  e Lucas nos apresenta, de modo catequético, um quadro realista dos reveses e vicissitudes a que está sujeita a vida de uma família em todo tempo.

De acordo com o Livro do Levítico (Lv 12,2-8), quarenta dias após o nascimento de uma criança, esta deveria ser apresentada no Templo, e a mãe oferecia um ritual de purificação com a oferenda de um cordeiro de um ano (se a família fosse mais abastada) ou duas pombas ou duas rolas (famílias com menos recursos).

Na cena narrada por Lucas, temos no templo a presença de Simeão e Ana, que representam Israel, o Povo de Deus que esperava ansiosamente a sua libertação e restauração, bem como a universalidade da Salvação.

Simeão e Ana, anciãos que acolhem Jesus no Templo, não são pessoas desiludidas da vida, voltadas para o passado, como um tempo ideal que não tem volta; ao contrário, são pessoas voltadas para o futuro, atentas e abertas para o Deus libertador que vem ao encontro do Povo, e sabem ler os sinais de Deus naquela Criança.

Ambos possuem maturidade, sabedoria e equilíbrio, com espírito aberto e livre, colocando-se a serviço da comunidade.

Também hoje precisamos de novos “Simeãos e Anas” que ensinem os mais jovens a distinguir entre o que é eterno e importante e aquilo que é apenas passageiro e acessório.

As palavras de Simeão, sobre a espada que transpassaria a alma de Maria, nos permitem afirmar que a apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria, embora seja o quarto Mistério gozoso, também é um Mistério doloroso, glorioso e luminoso, quando Ele viesse a crescer em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Na Sagrada Família, como em todas as outras, há alegrias e sofrimentos, desde o nascimento até a infância e a idade adulta; ela amadurece através de acontecimentos alegres e tristes para cada um de seus membros, como vemos nos Evangelhos.

Nos dias atuais, a célula familiar está particularmente em perigo, e vemos postos em discussão seu direito tradicional, sua moral, sua economia, sua função social como papel formador de seus membros.

Na realidade em que vive a família, nem tudo é idílico, paz e serenidade. Toda família passa por sofrimentos e dificuldades: exílio, perseguição, crises no trabalho ou sua falta, separação, emigração, afastamento dos pais e outros inúmeros problemas e desafios.

- Sem trair ou negar o Evangelho, como ajudar a família a situar-se no mundo de hoje, e a construir-se a si mesma em meio às dificuldades que encontra?

Do ponto de vista moral, temos o divórcio, o espinhoso problema da limitação da natalidade e o aumento do número dos matrimônios fracassados que obrigam os cristãos a retomarem a consciência do caráter sagrado da família cristã.

No plano econômico, temos a crise econômica e suas graves consequências abalando as estruturas das famílias.

No plano político, a família é, felizmente, ajudada pelo Estado em muitos países, mas corre o perigo de ficar a serviço do Estado, sobretudo no que concerne à primeira educação dos filhos, em que semeiam os valores fundamentais: amor, verdade, respeito, justiça e liberdade.

São gravíssimos os problemas enfrentados pela família, e que não podem ser resolvidos facilmente, mas somente com abertura ao Espírito, acompanhada de profunda e frutuosa reflexão e Oração.

É preciso investir o máximo na formação daqueles que pretendem constituir nova família, a fim de que esta seja edificada com a sua irrenunciável e inadiável tarefa educativa, e para uma vida de intimidade e comunhão.

Somente assim ela não se degenerará, não fracassará, não se desvirtuará na multiplicação de divórcios, fomentando a desestruturação da família.

A solidez e a luminosidade de uma família somente se darão quando Jesus Cristo for, verdadeiramente, a base sólida sobre a qual se edifica esta pequena Igreja (Mt 7,21.24-27), se deixando iluminar por Sua Divina Luz (Jo 8,12).

Famílias devidamente edificadas também se abrem a relacionamentos comunitários solidários e fraternos, jamais se isolando, pois é impensável famílias como “pequenas ilhas” fechadas em si mesmas.

Na vivência da caridade, a família encontra a verdadeira fonte da unidade familiar, abrindo-se à realidade da Boa-Nova do Reino, em que se estabelecem relações fraternas e universais; abrindo-se a novos horizontes, como fez a Sagrada Família.

Se alguma família fracassou no mundo foi porque faltou, sobretudo, o verdadeiro amor, porque onde o amor se extingue, a família se esfacela, num processo irreversível de autodestruição.

Celebrando a Festa da Sagrada Família, que nossas famílias como pequenas Igrejas domésticas, sejam iluminadas pelos raios do Espírito, que nos são comunicados em cada Banquete Eucarístico para iluminar os caminhos obscuros e incertos por que passamos.

Somente deste modo as famílias serão espaços privilegiados do aprendizado dos valores, acima de tudo o aprendizado do Mandamento do Amor que o Senhor nos deixou, tornando a vida mais bela, o mundo mais fraterno e feliz.

Eternos aprendizes da Sagrada Família, sejamos; e, nesta escola, permaneçamos sempre para santificar e iluminar nossas famílias, pequeninas Igrejas domésticas em que o Senhor reina, pois onde Ele reina, reina o amor.

Urge que nossas famílias se abasteçam na Divina Fonte do Amor, tal como a família de Jesus, Maria e José, em total e incondicional obediência e fidelidade ao Amor do Pai e abertura ao Santo Espírito.



PS: Fontes de pesquisa: Missal Dominical, pp.100-101; www.dehonianos.org/portal
(1) Lecionário Comentado - Volume Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa  - p.255

Sagrada Família: Lições inesgotáveis (Sagrada Família - Ano B)

Sagrada Família: Lições inesgotáveis

Em Nazaré, há dois mil anos, existiu uma família que para todo o tempo, para além da cultura, foi, é e será sempre modelo para toda família: A Sagrada Família de Nazaré.

Incansavelmente, os Papas nos exortam a permanecer na escola de Maria que ao lado de José e Jesus, constituem modelo inigualável, insuperável e desejável de toda família.

 -  Quem de nós pode prescindir de uma família?
 -  Quem dela não precisa?
 - Quem não deseja ter na família um porto seguro diante das incertezas e ruídos que nos cercam quotidianamente?
 -   A família é o espaço da intimidade, do recolhimento. O que há de novo para substituir a família?

Creio que absolutamente nada!

Em 1964, o Papa São Paulo VI exortava numa locução estas palavras, fortalecendo e iluminando todas as famílias que são indiscutivelmente patrimônio da humanidade, espaço privilegiado de formação, crescimento e amadurecimento.

São três pequenas grandes lições indispensáveis que ele nos apresenta:

A lição do silêncio, da convivência, do trabalho.
“Na família de Nazaré se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.

Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus Se serviu para revelar-Se ao mundo. Aqui tudo fala; tudo tem um sentido.

Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.

Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Como gostaríamos, junto a Maria, de recomeçar a adquirir a verdadeira ciência e a elevada sabedoria das verdades divinas.
Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar  este desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado do conhecimento do Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.

Primeiro, uma lição de silêncio:
Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito, em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada.

Ó silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.

Uma lição de vida familiar:
Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social...

Uma lição de trabalho:
Ó Nazaré, ó casa do filho do carpinteiro! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui restabelecer a consciência da nobreza do trabalho, aqui lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim.

Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo Nosso Senhor.”

O Papa chamou de breves lições...
Tão breves e tão atuais, vitais e tão necessárias!
Tão breves e tão iluminadoras e às vezes tão esquecidas!
Tão breves e às vezes relegadas ao desprezo, ao abandono!
Tão breves e tão portadoras do fermento de um mundo novo!
Tão breves e tão enriquecedoras, porque é fonte de graça, sabedoria e luz!
Tão breves e tão seguras, sobretudo num mundo em que não é mais apenas uma época de mudanças, mas uma mudança de época!

Lições insuperáveis, sempre inéditas, sempre portadoras da novidade de um lar feliz!

Todos desejamos lar feliz, portanto, aprendamos estas breves lições. Não saiamos da Escola de Maria, Mãe e mestra da Sagrada Família, na qual permitiu que Jesus crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus!

Se quisermos uma família feliz:
Eis a Escola; o espelho e o modelo!
Eis a fonte: a Sagrada Família!

A família no Plano de Deus (Sagrada Família - Ano B)

                                                             

A família no Plano de Deus

“E o Menino crescia e se tornava robusto
e enchia-Se de sabedoria. E a graça
de Deus estava com Ele” (Lc 2,40)

A cena: O quarto Mistério gozoso – Apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria (Lc 2,22-40).

Os pais de Jesus levam o Menino Jesus ao templo e O oferecem ao Senhor, de acordo com as prescrições da Lei do Antigo Testamento.

O Menino Deus já era entregue para o pleno cumprimento da vontade do Seu Pai.

Pela ação do Espírito Santo, dois anciãos (Simeão e Ana) veem realizadas suas esperanças de salvação, profetizam e anunciam Jesus como Luz nas nações.

Maria e José, na escuridão da fé, caminham de surpresa em surpresa, sempre abertos para a vontade de Deus, ouvindo, meditando e guardando tudo no coração.

Para que continuemos a reflexão sobre um acontecimento tão expressivo para nossa fé, ofereço ao leitor um pequeno comentário do Missal Cotidiano Dominical e Ferial (p.184):

“O Filho de Deus nasceu como os outros: esteve no seio de uma mulher e formou-Se nele como as outras crianças.

Durante os anos da chamada ‘vida oculta,’ o período mais longo da Sua existência terrena, Jesus foi crescendo ao ritmo das outras crianças e em condições semelhantes às suas, numa família que, aparentemente, em nada se distinguia das outras.

Recebeu dos Seus pais e do Seu meio ambiente uma educação comparável em todos os aspectos e em todos os campos, à do resto dos jovens de Nazaré.

Com eles, aprendeu, a partir dos Seus primeiros balbucios, as palavras da língua em que, anos mais tarde, haveria de anunciar a Boa Notícia e revelar os segredos do Pai.

Como as outras crianças, foi aprendendo progressivamente e por experiência própria, as dificuldades e as alegrias da vida quotidiana, das quais dão testemunho de maneira especial os exemplos e as comparações usadas nas Suas Parábolas.

Aprendendo com os pais e observando à Sua volta, foi ponderando o valor humano e o peso de eternidade das coisas mais simples, aparentemente insignificantes ou triviais.

E viveu santificando-as antes de ensinar que a fidelidade com as quais se assumem terá a sua recompensa independentemente de qualquer mérito”.

Foi numa família real que o Verbo Se fez Carne; cresceu não apenas em tamanho, força, mas também na sabedoria e graça diante de Deus.

A família, em todo tempo:

- Espaço fundamental para que os filhos aprendam os valores que devem nortear a vida toda (amor, liberdade, fidelidade, justiça, respeito...);

- Imprescindível para que se forme a pessoa, para que esta possa inserir-se na sociedade como um todo, vivendo e estabelecendo relações humanas, justas e fraternas.

E a família que professa a fé no Senhor:

- Como uma pequenina Igreja doméstica, é o espaço vital em que se aprende a viver as virtudes divinas: fé, esperança e caridade, que devem orientar todo nosso viver.

- Todos ao que dela fazem parte devem se revestir de sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, como tão bem expressou o Apóstolo Paulo (Cl 3, 12-21), dando suporte uns aos outros, no diálogo, na compreensão, no perdão; vivendo a caridade que é o vínculo da perfeição;

- O quanto possível, se encontrar com outras famílias, formando pequenos grupos de reflexão, para que não fiquemos isolados, mas criemos e fortaleçamos os elos de comunhão, fraternidade, solidariedade e mútua ajuda, para que todos cresçamos;

- Criar momentos do encontro para reflexão e Oração em comum, sem jamais se desligar da vida da comunidade, ao celebrar e prolongar o Mistério da Ceia Eucarística, iluminados pela Palavra Divina proclamada.

Celebrando a Festa da Sagrada Família, tenhamos a graça de aprender e viver as mais belas e divinas lições que ela nos oferece, e assim, imitando suas virtudes, possamos viver com ela na eternidade. Amém.

Em poucas palavras... (Sagrada Família - Ano B)

 


Imitemos as virtudes da Sagrada Família

 

“Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.” (1)

 

 

 

(1)       Oração das Laudes Sagrada Família

 

 

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