Aprofundemos sobre a nossa missão de discípulos missionários do Senhor,
como peregrinos da esperança, à luz de Sua Transfiguração, retomando a Sagrada
Escritura, o Magistério e a Tradição da Igreja.
O Apóstolo Pedro nos fala
da Transfiguração em uma de suas Cartas:
“Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que
vos demos a conhecer o poder e a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim,
por termos sido testemunhas oculares da sua grandeza.
Efetivamente, Ele recebeu honra e glória da parte de
Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que diz:
‘Este é o meu Filho amado, n’Ele está o meu agrado. Esta voz, nós a ouvimos,
vinda do céu, quando estávamos com Ele no santo monte.” (1)
Assim lemos no Catecismo
da Igreja Católica:
“...Finalmente, retomando o caminho do deserto em
direção ao lugar onde o Deus vivo e verdadeiro Se revelou ao Seu povo, Elias
recolheu-se, como Moisés, «na cavidade do rochedo», até «passar» a presença
misteriosa de Deus (1 Rs 19, 1-14; Ex 33, 19-23).
Mas será somente no monte da transfiguração que Se
mostrará sem véu Aquele cuja face eles procuravam (Lc 9, 30-35): o
conhecimento da glória de Deus está na face de Cristo, crucificado e
ressuscitado (2 Cor 4, 6).” (2)
Com o diácono Efrém (séc. IV), contemplemos a
Transfiguração do Senhor:
“Ele (Jesus) os levou até a montanha para
mostrar-lhes a glória de Sua divindade, e lhes ensinar que Ele era o Redentor
de Israel, tal como já tinha revelado por Seus profetas; e também para prevenir
todo escândalo à vista dos sofrimentos que livremente iria sofrer por nós em
Sua natureza humana.” (3)
Com o papa São Leão Magno (séc. V), reflitamos sobre
a finalidade da Transfiguração do Senhor:
“O Senhor manifesta a Sua glória na presença de
testemunhas escolhidas, e de tal modo fez resplandecer o Seu corpo, semelhante
ao de todos os homens, que Seu rosto se tornou brilhante como o sol e Suas
vestes brancas como a neve.
A principal finalidade dessa transfiguração era
afastar dos discípulos o escândalo da Cruz, para que a humilhação da Paixão,
voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido
revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo”. (4)
Com Santo Agostinho, vemos que, assim como Pedro, na
fidelidade a Jesus, precisamos descer do monte da Transfiguração para o
desafiador combate da fé e testemunho na planície:
“Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar
viver com Cristo sobre a Montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da
morte.
Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra,
para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra.
A Vida desce para fazer-Se matar; o Pão desce para
ter fome; o Caminho desce para cansar-Se da caminhada; a Fonte desce para ter
sede; e tu recusas sofrer?” (5)
Que Deus nos conceda a graça de rezar e viver o quarto Mistério
Luminoso, a Transfiguração do Senhor, e como os discípulos Pedro, João e Tiago
(6):
- Subamos à montanha sagrada;
- Contemplemos a glória do Senhor Transfigurado;
- Escutemos o que o Filho amado tem a nos dizer;
- Desçamos a montanha da contemplação;
- Peregrinemos e testemunhemos as virtudes divinas (fé, esperança
e caridade).
Cremos que a gloria celestial passa
necessariamente pela coragem e renúncias necessárias no tempo presente, no
seguimento de Jesus. Amém.
(1) 2 Pd 1,16-18
(2)Catecismo da Igreja Católica –
parágrafo n.2583
(3) Sermão do Diácono Santo
Efrém (séc. IV)
(4) Papa São Leão Magno (séc .V)
(5) Catecismo da Igreja Católica n.556 - Santo Agostinho –
Sermão 78,6; PL 38,492-493.
(6) Mt 17,1-9; Mc 9,2-8; Lc 9,28-36
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