A chama profética não pode ser apagada
Ser Profeta é ler a História com os olhos
iluminados pelo Espírito que vem do alto.
Assim foram e são os Profetas que se colocaram e se colocam numa caminhada de fé, tornando fecundo o tempo do silêncio, da escuta e fecundação da Palavra.
De modo especial nos atemos à vocação profética de Ezequiel (=Deus fortaleça) que foi Sacerdote e, ao mesmo tempo Profeta.
Escreve durante o período difícil e dramático do exílio na Babilônia, que iniciou em 597 a.C. e sua mensagem ultrapassa o seu tempo iluminando a nossa própria História.
É interessante a passagem (Ez 2,8-3,4) - “Pela primeira vez num texto profético, Deus não entrega à Sua Palavra apenas oralmente, mas oferece um livro que Ezequiel deverá transformar na sua própria linfa vital. A missão profética não é só uma profissão, mas toca a íntima existência do eleito” (LC 108).
O rolo estava escrito no verso, e no reverso as “lamentações, gemidos e prantos” acenando para a difícil missão do Profeta. Abundância da Palavra divina (verso e reverso), mas de conteúdo intenso e que vai comprometer a vida daquele que Deus chamou, pois vocação profética é dom divino e resposta humana. Ninguém é Profeta pelo seu próprio querer.
A Palavra é a linfa vital de nossa vida. Sem ela sucumbimos à mesmice, à mediocridade, e nos exilamos de nós mesmos, como numa fuga de compromissos inauguradores de novos tempos.
Assimilar a Palavra, ruminá-la, assimilá-la a tal ponto que esteja impressa nas entranhas do coração, para que a boca fale do que o coração esteja pleno.
É a Palavra de Deus a linfa vital de que tanto precisamos, para que a chama profética jamais se apague em nós.
A Palavra anunciada, vivida, testemunhada, no silêncio e na Oração, no ardor permanente da missão que comunicará luz ao mundo.
É preciso vigilância para que não se apague a chama profética, a luz de que a obscuridade do mundo tanto precisa. A realidade na qual somos inseridos, a História da humanidade precisa de luminares proféticos que a conduza para horizontes nunca vistos, nunca vividos, como utopia, ou ainda mais, como o horizonte do Reino de Deus, pelo qual nos enamoramos para sempre, na fidelidade ao Senhor, com a força e a vida do Espírito.
Com a linfa vital da Palavra do Pai, com o Sopro do Espírito, seduzidos e fascinados por Cristo, seremos a presença de Ezequiel em nosso tempo.
Que as lamentações, gemidos e prantos não nos acomodem, nem nos façam recuar na fidelidade do carregar da cruz.
Transformar esta dura realidade num contexto de mudança de época, é imperativo necessário em nossa vida, inspirados numa passagem do Livro do Apocalipse:
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis."
(Ap 21,1.4-5).
Pai Nosso que estais nos céus...
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