Santa Maria Madalena, privilegiada testemunha do Ressuscitado
Quem tu és, Maria Madalena?
Sou aquela da qual Jesus expulsou sete demônios, como falaram os Evangelistas Marcos e Lucas (Mc 16,9; Lc 8,2). Crendo n’Ele e em Sua Palavra, desde então me senti liberta das amarras do pecado, porque em Seu coração encontrei acolhida, afeto, ternura, e somente Ele tem a Palavra que liberta, porque, de fato, é para a liberdade que Ele nos libertou, e somente Ele tem Palavra de vida eterna, assim como afirmaram os Apóstolos Paulo e Pedro, respectivamente.
Erroneamente, identificam-me com a pecadora que Lucas menciona (Lc 7, 36-50). Ela teve a graça de ungir os pés de Jesus, secá-los com seus cabelos, beijar Seus pés, além de ter recebido do Senhor o perdão de seus pecados, porque muito O amou, como Ele próprio explicitou na casa de Simão.
Quando caminhava com Jesus, eu e outras mulheres garantíamos os bens necessários para que Ele e Seus discípulos pudessem realizar a missão do anúncio da Boa-Nova.
Fui testemunha de Sua crucifixão, como falaram os Evangelistas (Mt 27,61; Mc 15,40; Jo 19,25), assim como do Seu sepultamento (Mt 28,1-10; Mc 16,1-8; Lc 24,10).
Finalmente, tive a graça de contemplá-Lo Ressuscitado (Mc 16,9; Jo 20,1-18). Confesso que fui à espera de encontrar o corpo de Jesus, como fora posto, mas qual surpresa não tê-Lo encontrado.
Quando inclinei para o interior do sepulcro, vi dois anjos vestidos de branco, sentados exatamente no lugar em que o corpo d’Ele fora colocado, sendo um à cabeceira e o outro aos pés.
Perguntaram-me a razão do meu choro, e respondi imediatamente: “Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram!” (Jo 20,13).
Não sabia que foi o próprio Jesus que me perguntou – “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.
Confesso que O confundi com um jardineiro e lhe disse – “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” (Jo 20, 15).
Mas naquele momento, Ele me chamou pelo nome –“Maria”. Imediatamente reconheci Sua voz que estava nas entranhas de minha alma, porque Ele era o Senhor de minha vida. Imediatamente respondi –“Rabbuni!”, que quer dizer “Mestre”.
Em seguida, falou de Sua volta gloriosa ao Pai para ficar conosco para sempre, e me enviou para anunciar aos discípulos, e assim o fiz: –“Vi o Senhor” e tudo o que Ele disse.
Antes d’Ele morrer, quando com Ele estava lado a lado, Sua presença e Palavra nos faziam voar mais alto, na busca das coisas divinas, onde o Seu Pai e nosso Pai de Amor, de que falava, habitava, e isto era possível porque não estava só, o Espírito Santo com Ele estava, em todos os momentos, em todo o Seu agir.
Também nos fazia correr ao encontro da meta do Reino, pelo qual a vida entregou. Corríamos incansavelmente, certos de que era possível alcançar, pois acreditávamos em Suas palavras, críamos piamente no que anunciava, e não apenas, já antecipava. Com Ele, vimos os sinais do Reino acontecendo: pobres sendo evangelizados, a vista devolvida aos cegos, coxos libertos, leprosos curados, mortos ressuscitados e muito mais...
Também com Ele caminhávamos, com os pés no chão, com passos largos e firmes. Sabíamos de onde vínhamos e para onde íamos. Caminhávamos com segurança, pois sabíamos em quem a confiança depositávamos.
E quando não caminhávamos, com Ele nos retirávamos para a meditação, o recolhimento, o silêncio, e para as forças refazer, porque árdua era a missão. Mas não reclamávamos, porque é próprio de quem ama, tudo fazer com alegria, pois sabe que cada palavra e gesto é uma semente que cai, morre e frutos saborosos e abundantes produz.
Com Ele, ainda que rastejando por um instante, como O vi, carregando a Cruz, aprendemos que é para frente que se caminha, sem jamais recuar; a fé viva e ativa mantendo, porque a âncora da esperança é Ele mesmo, e não desiste quem por Ele um dia sentiu-se acolhido, envolvido e amado.
E agora, Ele está Vivo! Meu Senhor e meu Deus, como Tomé o disse. Ele continua presente em nosso meio, sentimos Sua presença de modo especialíssimo quando nosso coração arde ao ouvir a Sua Palavra; no Banquete da Eucaristia, no Pão e no Vinho, Seu Corpo e Seu Sangue, são partilhados: Alimento Salutar que nos fortalece e nos inebria.
Continuamos sempre em frente. Há um mundo sedento de Sua Palavra. Há muitos que não O conhecem e precisam conhecê-Lo. Há “Marias Madalenas” a serem libertas de sete espíritos que roubam sua alegria, vida, liberdade.
O mundo marcado ainda pelas nódoas do pecado, da ambição, da corrupção, do desânimo, da tristeza, da violência e da morte, precisa ser transformado. E isto é possível, desde que não desistamos da missão que Ele nos confiou.
Ele voltou para junto do Pai para ficar para sempre conosco, e temos certeza de Sua presença, pois podemos senti-La, anunciá-La e testemunhá-La.
Quem por Ele se sentiu amado, é n’Ele e com Ele uma nova criatura. Amado para amar, acolhido para ser enviado a quem precisa ser amado e também enviado. Eis a missão que nos confiou o meu amado, Jesus, Aquele que vive e Reina; a quem damos toda honra, glória, poder e louvor. Amém. Aleluia.
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