terça-feira, 30 de julho de 2024

Harmonia

                                                                   



Harmonia

“Beleza + diferença + perfeição = harmonia”

Harmonia: um tema que perpassa nosso cotidiano, ainda que não percebamos, e pelo qual ansiamos; fruto da interação da beleza, diferença e perfeição, que não se excluem, mas se completam.

No entanto, normalmente, concebe-se a harmonia como a ausência da diferença, em que todos devem pensar igual, com imposição de ideias, costumes, cultura, padronização, beirando à “robotização”, com gestos iguais e repetidos.

A beleza, por sua vez, pode ser concebida como algo plástico, retocado, “maquiado”, sobretudo com o recurso dos aplicativos modernos para edição de fotos e outras coisas mais. A beleza definida pela mídia, moda, ou que garanta a comercialização, o  consumo e lucro.

Finalmente, concebe-se perfeição como algo acabado, irretocável, cada vez mais dependente da máquina, da robotização, mas pode brotar também da pura interação humana, e de sua capacidade inimaginável e incalculável.

Ilustrando, partilho um momento vivido, por ocasião do “Curso para novos bispos” (Roma-Itália - 2017), quando um padre, com sua tradicional boina preta e sapiência adquirida pelos muitos anos vividos, levou-nos a uma histórica Igreja da Idade Média, na Cidade de Saluzzo – Itália.

Ele descreveu os detalhes da construção; particularidades que, certamente, passariam por nós despercebidas.

Ao conduzir-nos pelos diversos espaços da igreja: presbitério, capela interna, nave, colunas, escadas, janelas, portas, vitrais, fez-nos observar que a sua construção tem uma harmonia ímpar, em que se combinam três características: beleza, diferença e perfeição.

Contemplei aquela igreja beirando à perfeição, erigida há séculos, sem os recursos de que hoje dispomos, de modo que a perfeição ultrapassa a tecnologia e a era em que vivemos.

Um desafio nos é apresentado:

Como chegar à harmonia necessária na convivência com o outro, sobretudo considerando que vivemos numa sociedade:

- em que “a beleza” é como um “ídolo”, cultivado de mãos dadas com a “eterna juventude” e “perenidade”?

- marcada por tantos conflitos étnicos, violências de tantos nomes, indiferença ou até mesmo fechamento àquilo que se nos apresenta como diferente?

- que anseia a perfeição das pessoas, da produção dos bens e de tantas coisas que se possa mencionar?

A harmonia necessária é sonho, desejo, possibilidade, conquista, desafio, para todos aqueles que desejam construir uma civilização do amor, uma cultura da vida, respeito e valorização do outro, do nosso próximo, onde habita, também Deus, no qual encontramos o sopro de vida do criador.

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