O Reino de Deus germina silenciosamente
No 11º Domingo do Tempo Comum (Ano B), a Liturgia da Palavra nos convida a renovar a alegria de trabalhar pelo Reino de Deus, fiéis à Aliança que Ele faz conosco, da qual jamais se esquece.
A passagem da primeira Leitura (Ez 17,22-24) retrata o tempo do exílio, e o Profeta procura manter acesa a chama da esperança do povo pela fidelidade de Deus e Sua Aliança. É preciso afastar todo medo e pessimismo.
O Profeta tem a árdua missão de destruir as falsas esperanças, denunciar as infidelidades, levando o povo a confiar plenamente em Javé, pois somente com Ele construirá uma nova história.
Aparentemente nosso trabalho parece ser insignificante, desprezível, mas não o é aos olhos de Deus que tem sempre um Projeto de Vida para a humanidade.
Deus chama quem bem quer para a construção deste Projeto, o que não necessariamente corresponde à lógica dos homens. Tudo pode cair, tudo pode falhar, mas somente Deus não falha. Deus ama Seu povo e quer salvá-lo.
É preciso corresponder à vontade amorosa de Deus com nossa humilde disponibilidade e acolhida dos Seus apelos e desafios.
Na passagem da segunda Leitura (2Cor 5,6-10), o Apóstolo Paulo anuncia que somos peregrinos no tempo, vocacionados para a eternidade, à vida definitiva.
Não podemos nos curvar diante da cultura do provisório, do que é fácil e efêmero, mas caminhar com passos firmes para a eternidade, procurar o que é duradouro e nos assegure a vida definitiva.
Não podemos nos curvar diante da cultura do provisório, do que é fácil e efêmero, mas caminhar com passos firmes para a eternidade, procurar o que é duradouro e nos assegure a vida definitiva.
Pela vida e palavras dos Apóstolos vemos que não é fácil seguir e servir o Senhor. A grandeza da missão comporta riscos, mas tem compensações sem medida.
Na passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 4,26-34) encontramos duas Parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus.
A Parábola é uma forma de linguagem que Jesus Se utiliza, acessível, viva, questionadora, concreta, desafiadora, evocadora e pedagógica, para semear a Palavra no coração e na mente dos Seus ouvintes. Fala coisas tão belas e profundas a partir de coisas simples do cotidiano.
Elas criam controvérsias, diálogo, questionamentos, num primeiro momento, depois se tornam provocadoras para novas atitudes e compromissos, mexendo com seus ouvintes.
Finalmente levam o ouvinte a tirar as consequências para a vida, pois ajuda a pensar e rever as atitudes, a própria vida, o compromisso com Jesus e o Reino.
“A primeira Parábola (da semente) afirma que o Reino de Deus é algo que uma vez semeado no coração da pessoa, germina e cresce por si só: tem uma força intrínseca (vv. 26-29). A segunda (do grão de mostarda) diz que o Reino de Deus é pequeno e aparentemente insignificante, mas crescerá até se tornar muito grande (vv. 30-32).” (1)
A grande mensagem destas duas Parábolas é que o Reino de Deus é uma iniciativa divina, e para que ele aconteça a comunidade precisa manter a serenidade, a confiança e a paciência. Importa lançar a Semente da Palavra do Reino no coração da humanidade.
A Parábola da semente tem sua mensagem própria: a nós cabe lançar a semente. Assim acontece o Reino, inaugurado e realizado na atitude da necessária paciência evangélica.
Deus não falha e no Seu tempo dará os frutos esperados, de modo que podemos afirmar categoricamente que o tempo d'Ele não é o nosso.
A Parábola da semente de mostarda, que se torna uma grande árvore, revela quão grande e belo é o Reino, que se inicia com pequenos gestos, daquilo que é aparentemente insignificante e desprezível.
Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e no transcorrer normal de cada dia, na insignificância e limites dos meios de que dispomos na evangelização, esconde-se o dinamismo divino que atua na história oferecendo e possibilitando à humanidade caminhos novos de vida plena e salvação.
“Jesus não é um homem de sucesso, de ibope. Ele lança uma sementinha, nada mais. E de repente, a sementinha brota. O que parecia nada, torna-se fecundo, árvore frondosa” (2)
Digamos sempre: “Como é bom trabalhar na construção do Reino como Igreja que somos!”
Tenhamos a paciência evangélica para continuarmos com alegria, como Igreja, lançando sementes no coração da humanidade, para que possam florir na alegre presença do Reino que já está em nosso meio com a Pessoa e a Palavra de Jesus, que vemos e acolhemos em cada Eucaristia, quando a Palavra é proclamada, acolhida e vivida, e o Pão é comungado e o cotidiano Eucaristizado!
Urge que Palavra de Deus caia em nosso coração, germine, floresça e frutifique, na confiança, esperança, humildade e paciência, como a mais bela expressão de uma frutuosa relação de amor com Deus.
Oremos:
Venha, Senhor, o Vosso Reino, rezamos.
Venha, Senhor, o Vosso Reino, anunciamos.
Venha, Senhor, o Vosso Reino, testemunhamos.
(1) Lecionário Comentado - Volume Tempo Comum I -
Editora Paulus - pág.518
(2) Liturgia Dominical - Mistério de Cristo
formação dos fiéis (anos ABC) - pág.290
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