Na terça-feira da quarta Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouvimos a passagem da Epístola aos Hebreus (Hb 12,1-4), e temos a possibilidade de refletir sobre a radicalidade da missão, como discípulos missionários do Senhor, na vivência da vocação profética que Ele nos confiou.
Assim também foram os Profetas, e um dos exemplos é o Profeta Jeremias (Jr 38,4-6;8-10), com a missão de testemunhar a ação de Deus e a necessária fidelidade a Ele, à luz da verdade e com coerência, pois Ele tem um Projeto de vida para humanidade.
Esta missão, no entanto, atraiu dos chefes do povo o ódio e a desconfiança. No entanto, confiando em Deus, não se omite em sua missão, ainda que pague com o preço da própria vida (abandono, solidão, tradição, desolação...).
A atividade profética de Jeremias se deu numa época muito complicada em termos históricos (a partir de 627 a.C.) até bem depois da queda de Jerusalém em 586 a.C.).
A sua vida foi constantemente arriscada por causa da Palavra de Deus e de sua missão profética, por isso é modelo do Profeta que dá sua própria vida para que a Palavra de Deus ecoe no mundo e na vida da humanidade.
O Profeta, como Jeremias, sabe que Deus está sempre ao lado dos que anunciam e testemunham fielmente a Sua Palavra, de modo que suportam perseguição e marginalização pelo mundo e pelos poderosos. Assim é a história de Jeremias: incompreendido, humilhado, esmagado, abandonado (não por Deus, que é sempre presença amiga e reconfortante).
De fato, o caminho percorrido pelo Profeta: “não é um percurso fácil, nem carreira recheada de êxitos humanos, nem um caminho atapetado pelo entusiasmo e pelas palmas das multidões; mas é um caminho de cruz, de sofrimento, de incompreensão, com o poder daqueles que pretendem construir o mundo sobre valores de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de morte” (1)
Reflitamos:
- O que tenho a aprender com o Profeta Jeremias?
- Como vivo a vocação profética?
- Sinto a presença de Deus em todos os momentos da minha vida?
Assim também aconteceu com os primeiros cristãos como vemos na mencionada Epístola. Daqui decorre a necessidade de uma mensagem dirigida a uma comunidade cansada, acomodada, desanimada diante das dificuldades e do aparente fracasso da missão.
A comunidade vivia num contexto de hostilidade e o autor exortou para que os cristãos corram, incansável e determinantemente, para a meta, que é o próprio Cristo, e assim alcançará a vitória, a Salvação.
Para tanto, os cristãos precisam despojar-se do fardo do pecado (egoísmo, comodismo, autossuficiência), tendo Jesus Cristo como modelo fundamental, pois Ele enfrentou a Cruz e sentou-Se à direita do trono de Deus:
“O caminho do cristão não é um passeio fácil e descomprometido, mas um caminho duro e difícil que não se compadece com ‘meias tintas’ nem com compromissos mornos e a ‘meio gás’. Exige coragem para vencer os obstáculos, capacidade de luta para enfrentar a oposição, compromissos profundos e radicais.” (2)
Reflitamos:
- Como está a vida de fé de nossa comunidade?
- Quais os obstáculos que encontramos no caminho, na vivência de nossa fé?
- Como testemunho com radicalidade o amor de Deus?
Que o nosso coração seja inflamado pelo fogo purificador do amor do Senhor, tão somente assim, seremos verdadeiros discípulos Seus, e viveremos, com ardor e coragem, a vocação profética que Ele nos confia.
Acendei, Senhor, em nós a chama do Vosso divino amor!
(1) (2) cf. www.dehonianos.org.br
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