domingo, 31 de dezembro de 2023

“Com licença, obrigado e desculpa”

                                                           

“Com licença, obrigado e desculpa”

Retomo o “Discurso do Papa Francisco às famílias”, iluminador para a solidificação e santificação das famílias, quando na realização do Encontro com estas, em Roma.

A partir do tema, «Família, vive a alegria da fé!», o Papa indagou se seria possível viver hoje esta alegria, e de que forma.

Destaco alguns pontos do Discurso.

- Há uma necessidade da família viver no amor:

“...aquilo que pesa mais do que tudo isso (fadiga do trabalho) é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não ser benquisto. Pesam certos silêncios, às vezes mesmo em família, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos. Sem amor, a fadiga torna-se mais pesada, intolerável. Penso nos idosos sozinhos, nas famílias em dificuldade porque sem ajuda para sustentarem quem em casa precisa de especiais atenções e cuidados. «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos», diz Jesus”.

- A família precisa voltar-se para Jesus como a verdadeira fonte de alegria:

 “...Jesus disse: «A vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). Jesus quer que a nossa alegria seja completa! Disse-o aos apóstolos, e hoje repete-o a nós. E esta Palavra de Jesus levai-a para casa, levai-a no coração, compartilhai-a em família. Convida-nos a ir ter com Ele, para nos dar, para dar a todos a alegria.

- A riqueza do Sacramento do matrimônio celebrado. Ao celebrá-lo, com as promessas feitas diante do altar, os cônjuges se põem a caminho, embora não saibam o que acontecerá:

“Como Abraão; põem-se juntos a caminho. E isto é o matrimônio! Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida (...) Com esta confiança na fidelidade de Deus, tudo se enfrenta, sem medo, com responsabilidade. Os esposos cristãos não são ingênuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade (...)”

Iniciam uma longa viagem que devem fazer juntos: uma longa viagem, que não é feita de pedaços, dura a vida inteira e por isto, é mais do que necessário a graça do Sacramento celebrado:

“E precisam da ajuda de Jesus, para caminharem juntos com confiança, acolherem-se um ao outro cada dia e perdoarem-se cada dia. E isto é importante! Nas famílias, saber-se perdoar, porque todos nós temos defeitos, todos! Por vezes fazemos coisas que não são boas e fazemos mal aos outros. Tenhamos a coragem de pedir desculpa, quando erramos em família…”

- Três palavras exortou, para que as famílias viverem mais fortemente:

“(...) para levar por diante uma família, é necessário usar três palavras. Três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave!

Peçamos licença para não ser invasivos em família. «Posso fazer isto? Gostas que faça isto?» Com a linguagem de quem pede licença.

Digamos obrigado, obrigado pelo amor! Mas diz-me: Quantas vezes ao dia dizes obrigado à tua esposa, e tu ao teu marido? Quantos dias passam sem eu dizer esta palavra: obrigado!

E a última: desculpa. Todos erramos e às vezes alguém fica ofendido na família e no casal, e algumas vezes – digo eu – voam os pratos, dizem-se palavras duras… Mas ouvi este conselho: Não acabeis o dia sem fazer a paz. A paz faz-se de novo cada dia em família! «Desculpai-me»…, e assim se recomeça de novo.

Com licença, obrigado, desculpa! Podemos dizê-lo juntos? (respondem: Sim!). Com licença, obrigado, desculpa! Pratiquemos estas três palavras em família. Perdoar-se cada dia!

Na vida, a família experimenta muitos momentos felizes: o descanso, a refeição juntos, o passeio até ao parque ou pelos campos, a visita aos avós, a visita a uma pessoa doente... Mas, se falta o amor, falta a alegria, falta a festa; ora o amor é sempre Jesus quem no-lo dá: Ele é a fonte inesgotável. Ele, no sacramento, dá-nos a sua Palavra e o Pão da vida, para que a alegria seja completa”.

Fazendo alusão ao ícone da Apresentação de Jesus no Templo(...), ressalta a necessidade de não perdermos a memória que nos dão nossos avós:

“Mas eu pergunto: «Vós ouvis os avós? Abris o vosso coração à memória que nos dão os avós? Os avós são a sabedora da família, são a sabedoria de um povo. E um povo que não ouve os avós, é um povo que morre! Ouçamos os avós! Maria e José são a Família santificada pela presença de Jesus, que é o cumprimento de todas as promessas. Cada família, como a de Nazaré, está inserida na história de um povo e não pode existir sem as gerações anteriores. E por isso hoje temos aqui os avós e as crianças. As crianças aprendem dos avós, da geração anterior”.

Finalizou exortando a família a voltar-se para o Senhor, citando as palavras do Apóstolo Pedro, que dão força para superação nos momentos difíceis: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6, 68).

PS: Discurso do Papa Francisco às Famílias em Peregrinação por ocasião do  Ano da Fé - Sábado, 26 de Outubro de 2013 (grifos meus)

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