segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Ainda que... Alegrai-vos no Senhor


Ainda que... Alegrai-vos no Senhor


À luz do Tratado sobre a Carta aos Filipenses, escrita pelo Pseudo-Ambrósio (Séc. IV), reflitamos sobre a exortação do Apóstolo Paulo, para que nos alegremos sempre no Senhor:

“Caríssimos irmãos, para nossa salvação a divina misericórdia nos chama às alegrias da eterna felicidade. Foi isto o que ouvistes há pouco na lição em que o Apóstolo dizia: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor (Fl 4,4). As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis, que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas. Por isso diz o Apóstolo: De novo digo: Alegrai-vos’ (Fl 4,4).

Ele incita  que cada vez mais cresça nossa alegria em Deus e a decisão de cumprir Seus mandamentos. Porque, quanto mais lutarmos neste mundo por nos sujeitarmos aos preceitos de Deus, nosso Senhor, tanto mais seremos felizes na vida futura e tanto maior glória alcançaremos diante de Deus.

‘Seja vossa moderação conhecida por todos’ (Fl 4,5); quer dizer, que vosso santo modo de viver se manifeste não apenas diante de Deus, mas ainda diante dos homens. Seja exemplo de modéstia e de sobriedade para aqueles que convivem conosco na terra e deixe uma boa lembrança perante Deus e os homens.

O Senhor está perto; de nada vos inquieteis’ (Fl 4,5-6). O Senhor está sempre perto daqueles que o invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita. Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que o servem fielmente, em qualquer necessidade sua.

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximo Deus, nosso defensor, conforme foi dito: ‘O Senhor está junto dos que têm o coração atribulado e salva os humildes no espírito. Muitas as tribulações dos justos, porém, de todas elas o Senhor os livrará’ (Sl 33,19-20). Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, ele não tardará a nos dar o prometido.

‘Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus’ (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos, suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, ‘dando sempre e por tudo graças a Deus’ (Ef 5,20)”.

Ainda que tenhamos tribulação, provações e dificuldades, é preciso manter viva a alegria, no entanto, assim o será, somente no Senhor.

Ainda que venham as “noites traiçoeiras”, solidão, abandono, inquietações, ou algo semelhante, é preciso dar testemunho de nossa "fé íntegra".

Ainda que os resultados nos desapontem, utopias pareçam mais distantes, a realidade de um mundo novo mais justo e fraterno esteja ferida e maculada, é preciso manter uma "esperança firme".

Ainda que nada pareça ter mais sentido, e que nossos gestos não farão diferença; que os números das estatísticas sociais nos façam estremecer de dor e compaixão, é preciso manter a "caridade perfeita", crendo na civilização do amor, na cultura da vida e da paz.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG