sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Em poucas palavras...

 


A necessária escuta da Palavra de Deus

“E sobretudo há a obra da evangelização e da catequese que se tem revitalizado precisamente pela atenção à Palavra de Deus.

É preciso, amados irmãos e irmãs, consolidar e aprofundar esta linha, inclusive com a difusão do livro da Bíblia nas famílias.

De modo particular é necessário que a escuta da Palavra se torne um encontro vital, segundo a antiga e sempre válida tradição da ‘lectio divina’: esta permite ler o texto bíblico como Palavra viva que interpela, orienta, plasma a existência.” (1)

 

(1)Novo Millennio Ineunte - 2001 - Papa São João Paulo II

 

O pecado capital da soberba

O pecado capital da soberba

São Bernardo nos apresenta as diferentes manifestações progressivas da soberba, das quais devemos ficar sempre vigilantes.

À luz destas, apresento uma breve oração:

Senhor Jesus, a Vós que dissestes: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 29), nós Vos pedimos:

Livrai-nos da curiosidade, de querer saber tudo de todos, sem que seja, de fato, preocupação em edificar e construir fraternidade e comunhão.

Livrai-nos da frivolidade de espírito, porque a falta de profundidade na oração e na vida leva-nos à futilidade e vazio sem sentido.

Livrai-nos da alegria tola e deslocada, que se alimenta, frequentemente, dos defeitos dos outros e os ridiculariza, prevalecendo-nos das fraquezas do próximo.

Livrai-nos da arrogância, pois esta atitude nos torna vaidosos, orgulhosos, não reconhecendo a importância do outro.

Livrai-nos da arrogância que nos cega, levando-nos à indiferença ou até mesmo a pisar sobre os mais fracos, fechando-nos em nós mesmos.

Livrai-nos da presunção, com conceito maior de nós mesmos, a ponto de não reconhecermos, humildemente nossas fraquezas e limitações.

Livrai-nos do fechamento da mente e do coração, não reconhecendo jamais as falhas próprias, ainda que sejam notórias para todos com os quais convivemos.

Livrai-nos do medo de conhecer a autêntica realidade do nosso coração, e que não sejamos dados a pisar sobre os outros, seja em pensamento ou em atitudes. 

Livrai-nos da relutância, medo ou indiferença em abrir nossa alma ao sacerdote no Sacramento da Penitência, por não reconhecermos nossos pecados. Amém.

“Mãe da Vida...”

                                                          

 “Mãe da Vida...”

“Mãe da vida, 
no vosso seio materno formou-Se Jesus,     
que é o Senhor de tudo o que existe.
Ressuscitado, Ele transformou-Vos com a Sua luz  
e fez-Vos Rainha de toda a criação.
Por isso Vos pedimos que reineis, Maria,   
no coração palpitante da Amazônia.

Mostrai-Vos como mãe de todas as criaturas,        
na beleza das flores, dos rios,
do grande rio que a atravessa         
e de tudo o que vibra nas suas florestas.     
Protegei, com o vosso carinho, aquela explosão de beleza.

Pedi a Jesus que derrame todo o seu amor 
nos homens e mulheres que moram lá,       
para que saibam admirá-la e cuidar dela.

Fazei nascer Vosso Filho nos seus corações
para que Ele brilhe na Amazônia,   
nos seus povos e nas suas culturas,  
com a luz da Sua Palavra, com o conforto do Seu amor,    
com a Sua mensagem de fraternidade e justiça.

Que, em cada Eucaristia,     
se eleve também tanta maravilha     
para a glória do Pai.

Mãe, olhai para os pobres da Amazônia,    
porque o seu lar está a ser destruído
por interesses mesquinhos.   
Quanta dor e quanta miséria,          
quanto abandono e quanto atropelo
nesta terra bendita,   
transbordante de vida!

Tocai a sensibilidade dos poderosos
porque, apesar de sentirmos que já é tarde,
Vós nos chamais a salvar     
o que ainda vive.

Mãe do coração trespassado,
que sofreis nos vossos filhos ultrajados       
e na natureza ferida, 
reinai Vós na Amazônia       
juntamente com vosso Filho.
Reinai, de modo que ninguém mais se sinta dono   
da obra de Deus.

Em Vós confiamos, Mãe da vida!    
Não nos abandoneis 
nesta hora escura.    
Amém”.

PS: Oração conclusiva da Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Amazônia – Papa Francisco – 12/2/2020

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Aprendamos com a súplica da mulher pagã…

                                                      

Aprendamos com a súplica da mulher pagã…

Na passagem do Evangelho proclamada na Quinta-feira da quinta semana do Tempo comum  (Mc 7, 24-30), vemos uma pagã que suplica a Jesus para que libertasse sua filha de um espírito impuro.

Há algumas coisas que ressaltam nesta ação libertadora de Jesus: Ele havia Se retirado para oração...

-    Quantas vezes queremos ficar diante de Deus e não conseguimos meditar?
-    Quantos são os apelos que nos vêm na hora em que nos   colocamos em oração?
- Quantos pedidos, telefonemas, encaminhamentos, emergências, inúmeros compromissos?

Mas Jesus nos ensina que o clamor dos sofredores deve tocar nosso coração, e não adiar a resposta solidária, expressão concreta de amor.

Cada pessoa tem que descobrir o tempo e o modo de se alimentar, para não se esvaziar na missão de cada dia.

A espiritualidade nutrida é fonte de partilha e solidariedade. A falta da oração esvazia o coração e esfria a compaixão.

A mulher pagã nos ensina coisas maravilhosas:
- Ela não foi indiferente quando ouviu falar de Jesus.
- Ela sabia que Ele não a decepcionaria.

Vai até Jesus não para pedir para si mesma, mas para a filha. Súplica que se abre a realidade do outro, que não reza tão apenas para si mesma…

Ela dirigindo-se a Jesus cai aos Seus pés, em absoluta atitude de humildade e confiança, suplicando como que as migalhas  que caem da mesa: Atitude de humilhação.

Mas nós não ganhamos migalhas de Deus.
Deus não nos criou para vivermos de migalhas.
Deus sempre nos deu o melhor Pão do mundo.
Deus nos deu o melhor do melhor, do melhor...
O Melhor: Jesus, o Pão da Vida!

Porque Ele não quer ver ninguém na miséria, sobretudo condenado à miserável condição de pecador, excluído de Sua misericórdia e da vida plena!

Esta passagem do Evangelho nos ensina que quando acorremos a Deus com sinceridade, confiança e humildade, somos atendidos.

Há muito que aprender com a atitude desta mulher que nos fala o Evangelho.

Reflitamos:

  - Dirigimo-nos a Deus com humildade, confiança e sinceridade?
  - Quais são os conteúdos de nossas súplicas?

  - Pedimos somente para nós ou, em nossas orações, o outro ocupa lugar privilegiado?

  - De que modo vivemos a atitude de agradecimento, diante de Deus, pelo Pão da Vida que nos oferece em cada Eucaristia e em todos os dias de nossas vidas?

- Como rezamos?
- Onde rezamos?

- O que rezamos?
- Para quem rezamos?

- Por que rezamos?
- Qual o valor da Celebração Eucarística em minha vida?

- Qual a consequência, em minha vida, ao me alimentar do Pão da Vida?
- Ofereço o melhor de mim mesmo, ou apenas ofereço migalhas, a quem de mim se aproxima?

Mais uma vez aprendemos com uma pagã, uma estrangeira, a nos colocarmos diante de Deus; a rezarmos de modo que nossa oração possa tocar o coração de Deus, porque fruto da humildade, confiança e sinceridade.

Seja nossa oração a expressão da confiança de que, com a força de Deus, tudo faremos melhor! E, assim, a liberdade e o amor tornar-se-ão, em tudo e em todos, realidade!

Oração pura, confiante e sincera

                                                       

Oração pura, confiante e sincera

Na passagem do Evangelho (Mc 7,24-30), temos a súplica da mulher pagã que se dirige a Jesus pedindo para que Ele libertasse sua filha possuída por um espírito impuro.

Jesus, depois da súplica insistente da mulher, realizou o que ela pedira, mandando que esta voltasse para casa, pois o demônio já havia saído de sua filha: “Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela” (Mc 7, 30).

A súplica desta mulher nos ensina como deve ser a verdadeira Oração: expressão de fé; feita com humildade; com sinceridade; de coração puro; perseverante e confiante.

O Bispo Santo Agostinho (séc. IV) nos ensina que se nossa Oração não for escutada por Deus,  deve-se a três razões:

- 1.º -  porque não somos bons, nos falta pureza no coração ou retidão na intenção;
- 2º -  porque pedimos mal, sem fé, sem perseverança, sem humildade;
- 3º -  porque pedimos coisas más, isto é, o que não nos convém, o que nos pode fazer mal ou desviar-nos do nosso caminho. (1)

A Oração não é eficaz quando não é verdadeira Oração, mas quando verdadeira ela será infalivelmente eficaz, como afirmou São Tomás de Aquino (séc XIII) (2).

Concluo com as palavras do Bispo São Pedro Crisólogo (séc. V), que nos ajuda neste aprofundamento:

“Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantém a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a Oração, o Jejum e a Misericórdia. O que a Oração pede, o Jejum alcança e a Misericórdia recebe".

Aprendamos com a mulher pagã e com a Tradição da Igreja, para que nossa Oração seja a expressão de nossa fé, que busca um sincero diálogo com Deus.

Deste modo, nossas súplicas, feitas com humildade e confiança, e de coração puro e sincero, saberemos o que pedir, e Deus, no seu tempo, saberá como e quando nos atender.

1 - cf. Santo Agostinho, Sobre o sermão do Senhor no monte, II, 27, 73)
2 - cf. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 83, a. 2.

A solidariedade humana

                                                               


A solidariedade humana

Tanto se fala em solidariedade, mas qual o seu significado, segundo o Catecismo da Igreja Católica?

Este princípio da solidariedade, também pode ser dito como “amizade” ou “caridade social”, e se trata de uma exigência direta da fraternidade humana e cristã.

A manifestação da solidariedade humana se dá, em primeiro lugar, na repartição dos bens e na remuneração do trabalho na superação das desigualdades iníquas.

Com isto, implica no esforço por uma ordem social mais justa, em que as tensões possam ser resolvidas melhor e os conflitos encontrem mais facilmente uma saída negociada.

Deste modo, o caminho para a solução dos problemas socioeconômicos passa pela ajuda de todas as formas de solidariedade:

1ª – dos pobres entre si;

2ª – dos ricos com os pobres;

3ª – dos trabalhadores entre si;

4ª – dos empresários e empregados na empresa;

5 ª – entre as nações as nações e entre os povos, pois a solidariedade internacional é uma exigência de ordem moral, e dela depende, em parte, a paz do mundo.

No entanto, a virtude da solidariedade, eminentemente cristã, vai além dos bens materiais – deve também levar a partilha dos bens espirituais, ainda mais que a dos materiais - “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6, 33).

Concluo com as Palavras de Pio XII em sua mensagem radiofônica em 1941:

“Desde há dois mil anos que vive e persevera na alma da Igreja este sentimento, que levou e ainda leva as almas até ao heroísmo caridoso dos monges agricultores, dos libertadores de escravos, dos que cuidam dos doentes, dos mensageiros da fé, da civilização, da ciência a todas as gerações e a todos os povos, em vista a criar condições sociais capazes de a todos tornar possível uma vida digna do homem e do cristão”.

  

PS: Reflexão à luz dos parágrafos 1939-1948 – Catecismo da Igreja Católica (CIC)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Religião pura e agradável a Deus

                                                          

Religião pura e agradável a Deus

Na quarta-feira da 5ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 7,14-23), e somos convidados a refletir sobre a verdadeira religião agradável a Deus.

Esta pressupõe o contínuo esforço de conversão para que tenhamos pureza de coração, pois como o próprio Senhor disse “somente os puros de coração verão a Deus” (Mt 5,8).

Na passagem do Livro do Deuteronômio (Dt 4,1-2.6-8), Moisés já acentuara o compromisso do Povo com a Palavra de Deus e Sua Aliança, numa sincera acolhida e vivência de Sua Lei.

A Lei Divina deve ser vivida como expressão de gratidão a Deus; ainda mais porque ela é garantia de felicidade e liberdade, para concretizar os sonhos e esperanças do Povo Eleito e amado por Deus.

Não se pode adulterar a Palavra de Deus ao sabor dos interesses pessoais, bem como, não se pode adaptar, amenizar, suprimir e nada acrescentar à Palavra de Deus.

Alguns perigos que nos acompanham:

- o esvaziamento da radicalidade da Palavra;
- cortar (omitir) seus aspectos mais questionadores;
- fazermos ou dizermos coisas que não procedem de Deus;
- de cair num ativismo em que sacrificamos o tempo do silêncio orante diante de Deus, na acolhida de Sua Palavra;
- esvaziamento de seu conteúdo por causa do cansaço, da perda do sentido e consequente falta de espiritualidade e intimidade com a Palavra de Deus.

Encontramos na Carta de São Tiago uma passagem  (Tg 1,17-18.21-22.27), que fortalece esta inseparável relação entre fé e obras. 

A fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo (representado na figura do órfão e da viúva). E nisto consiste a verdadeira religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.

É necessária a superação da frieza, do legalismo e do ritualismo religioso, procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.

O autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes da mesma, não nos enganando a nós mesmos.

A Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto, há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plena.

Voltando à passagem do Evangelho que nos convida à pureza de coração, vemos que discípulo de Jesus não pode tão apenas “parecer” é preciso “ser” sinal vivo da presença de Deus. 

Não basta parecer justo, tem que ser justo; não basta parecer piedoso, tem que ser piedoso; não basta parecer verdadeiro, tem que ser verdadeiro...

Mais que uma “carapaça exterior” é preciso de uma “coluna vertebral interior”. 

A verdadeira religião não vive de aparências, e exige de cada crente uma sólida e forte estrutura para suportar o peso da cruz, a coragem do testemunho, a coerência de vida, o esforço contínuo de conversão, a solidariedade constante, caminho que não tem volta e tem apenas um destino: o céu.

Os mestres da Lei e os fariseus tinham aproximadamente 613 preceitos a cumprir (365 proibições e 248 prescrições). O povo simples, por não os conhecer, nem os praticar, era considerado impuro, e este será um tema de grande polêmica entre Jesus e os fariseus em vários momentos.

Para Jesus importa a pureza interior, a pureza do coração que é a sede de todos os sentimentos, desejos, pensamentos, projetos e decisões.

Jesus afirma: o que torna o homem impuro é o que sai de seu coração (apresenta uma longa lista) e não o que entra pela sua boca.

É do coração humano puro que nasce uma autêntica religião, a religião do coração, da intimidade profunda com Deus.

As Leis da Igreja não têm fins em si mesmas, mas garantem a nossa comunhão com Deus e com o próximo, na concretização do Reino.

Dando os primeiros passos do ano Litúrgico, cultivemos maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus para que produzamos os frutos por Deus esperados.

É preciso dar mais tempo à Palavra de Deus, em frutuosa Oração e reflexão, que fará brotar novas atitudes e compromissos com Deus e o Seu Projeto para a Humanidade.


PS: Fonte de pesquisa - ww.Dehonianos.org/portal

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