terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Cristãos de coração

                                                                       

Cristãos de coração

Ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 7,1-13) proclamado na terça-feira da 5ª semana do Tempo Comum, que nos convida a refletir sobre como ser cristãos de coração e não apenas cristãos de palavras.

Um povo que honra a Deus apenas com os lábios, mas não o faz com o coração, encontra-se longe d’Ele, como dissera o Profeta Isaías, e o próprio Jesus.

Somos de palavras quando vivemos uma religiosidade de mero cumprimento de preceitos, normas e rituais, como se eles em si já nos alcançassem resultados, respostas, soluções sem maiores compromissos, como que num ritual de magia com matizes de superstição.

Quando somos cristãos de coração, amamos a Deus sobre todas as coisas, com nossa alma, força e entendimento, e este amor se torna concreto quando o expressamos também em relação ao nosso próximo.

Cristãos de coração, somos quando temos consciência de que somos templos de Deus, e que Ele também habita no nosso próximo, e assim nos reconhecemos santuários onde Deus habita, porque também criados por Ele, obra de Suas mãos, o sopro de vida d’Ele acolhido, feitos à Sua imagem e semelhança.

Cristãos de coração, seremos sempre se a nossa vida for marcada pela misericórdia e as obras que a expressem, tanto corporais como as espirituais.

Cristãos de coração, seremos, quando soubermos valorizar a pessoa humana e não medirmos esforços na promoção de sua dignidade, desde a concepção até o seu declínio natural.

E o seremos também quando soubermos falar menos, agir mais, e se for preciso falar ou calar, que seja  apenas o necessário, e para isto, precisamos de sobriedade e da sabedoria que nos vem do  Espírito.

Cristãos de coração, e não de palavras, não separa o culto celebrado da vida, ao contrário, celebra o que vive, e empenha-se em viver cada vez mais o que celebrou no Altar, encurtando a distância entre a fé e a vida, o culto e o quotidiano.

Cristãos de coração procuram viver inseparavelmente as virtudes divinas da fé, da esperança e da caridade, esperando, renovando e vivendo compromissos, na espera de um novo céu e de uma nova terra, aguardando ansiosamente a vinda gloriosa do Senhor, mas sem fazer da sua religião uma evasão, uma alienação do tempo presente, como uma fuga para o lugar nenhum.

Cristãos de coração vivem a solidariedade e a generosidade, com irrenunciáveis e inadiáveis compromissos fraternos, iluminados pela Palavra Divina, revigorados pela Santa Eucaristia, Alimento da caminhada e Pão de Eternidade.

Prática religiosa agradável ao Senhor

                                                             


Prática religiosa agradável ao Senhor

Vejamos o que nos diz Jesus na passagem sobre a prática religiosa que agrada a Deus (Mc 7,1-13), proclamada na terça-feira da 5ª Semana do Tempo Comum.

Esta pressupõe o contínuo esforço de conversão, para que tenhamos pureza de coração, pois como o próprio Senhor disse: “somente os puros de coração verão a Deus” (Mt 5,8).

Já Moisés, na passagem do Livro do Deuteronômio  (Dt 4,1-2.6-8), acentuou o compromisso do Povo com a Palavra de Deus e Sua Aliança, numa sincera acolhida e vivência de Sua Lei. Não se pode adaptar, amenizar, suprimir e nada acrescentar à Palavra de Deus.

A Lei Divina deve ser vivida como expressão de gratidão a Deus; ainda mais porque ela é garantia de felicidade e liberdade, para concretizar os sonhos e esperanças do Povo Eleito e amado por Deus. Não se pode adulterar a Palavra de Deus ao sabor dos interesses pessoais.

Alguns perigos que nos acompanham e que devemos evitar:

- esvaziarmos a radicalidade da Palavra;
- cortarmos (omitirmos) seus aspectos mais questionadores;
- fazermos ou dizermos coisas que não procedem de Deus;
- cairmos num ativismo em que sacrificamos o tempo do silêncio orante diante de Deus, na acolhida de Sua Palavra;
- esvaziamento por causa do cansaço, da perda do sentido e, consequente, falta de espiritualidade e intimidade com a Palavra de Deus.

Também na Carta de São Tiago (Tg 1,17-18.21-22.27), vemos a inseparável relação  entre fé e obras. A fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo (representado na figura do órfão e da viúva).

E nisto consiste a verdadeira religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.

É preciso, portanto, superar a frieza, o legalismo e o ritualismo religioso, procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.

O autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes da mesma, não nos enganando a nós mesmos.

A Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto, há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plena.

Voltando à passagem do Evangelho, Jesus nos convida à pureza de coração. Seus discípulos não podem  apenas “parecer”, mas é preciso “ser” sinal vivo da presença de Deus. Não basta parecer justo, tem que ser justo; não basta parecer piedoso, tem que ser piedoso; não basta parecer verdadeiro, tem que ser verdadeiro...

Mais que uma “carapaça exterior” é preciso de uma “coluna vertebral interior”. A religião não vive de aparências, e exige de cada crente uma sólida e forte estrutura para suportar o peso da cruz, a coragem do testemunho, a coerência de vida, o esforço contínuo de conversão, a solidariedade constante, caminho que não tem volta e tem apenas um destino: o céu.

Os mestres da Lei e os fariseus tinham aproximadamente 613 preceitos a cumprir (365 proibições e 248 prescrições). O povo simples, por não os conhecer, nem os praticar, era considerado impuro, e este será um tema de grande polêmica entre Jesus e os fariseus em vários momentos.

Para Jesus importa a pureza interior, a pureza do coração que é a sede de todos os sentimentos, desejos, pensamentos, projetos e decisões.

Jesus afirma: o que torna o homem impuro é o que sai de seu coração (apresenta uma longa lista) e não o que entra pela sua boca.

É do coração humano puro que nasce uma autêntica religião, a religião do coração, da intimidade profunda com Deus.

As Leis da Igreja não têm fins em si mesmas, mas garantem a nossa comunhão com Deus e com o próximo, na concretização do Reino.

É preciso que demos mais tempo à Palavra de Deus, em frutuosa Oração e reflexão que fará brotar novas atitudes e compromissos com Deus e o Seu Projeto para a Humanidade.

É sempre tempo de cultivar maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus.

Deus quer tão apenas nossa resposta de amor

                                                 

Deus quer tão apenas nossa resposta de amor

Voltemo-nos para a passagem do Livro de Gênesis (Gn 22,1-19), em que retrata o sacrifício de Abraão oferecendo seu filho único, Isaac, e sejamos enriquecidos pela Homilia do Presbítero Orígenes (séc. III).

Abraão tomou a lenha do sacrifício e colocou-a sobre os ombros de seu filho Isaac. Tomou na mão o fogo e o cutelo, e foram ambos juntos.

Ora, Isaac, carregando a lenha para o próprio holocausto, é uma figura de Cristo carregando Sua Cruz. No entanto levar a lenha para o holocausto é ofício de sacerdote.

Torna-se então ele mesmo a vítima e o sacerdote. O que se segue: e foram ambos juntos refere-se a essa realidade, porque Abraão, como sacrificador, leva o fogo e o cutelo; mas Isaac não vai atrás e sim a seu lado, para que se veja que, juntamente com ele, exerce igual sacerdócio.

E depois? Disse Isaac a seu pai Abraão: Pai! Neste momento, uma palavra assim parece uma tentação. Como terá abalado o coração paterno esta palavra do filho que ia ser imolado!

Mesmo endurecido pela fé, Abraão responde com voz branda: Que queres, filho? E ele: Vejo o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto? Abraão respondeu: Deus providenciará uma ovelha para o holocausto, meu filho.

Impressiona-me a resposta cuidadosa e prudente de Abraão. Não sei o que via em espírito, pois responde olhando para o futuro e não para o presente: Deus mesmo providenciará uma ovelha. Assim fala do futuro ao filho que indaga pelo presente. O Senhor providenciava para Si um cordeiro em Cristo.

Abraão estendeu a mão para pegar a faca e imolar o filho. O Anjo do Senhor chamou-o do céu, dizendo: Abraão, Abraão. Respondeu ele: Eis-me aqui. Tornou o Anjo: Não toques no menino nem lhe faças nenhum mal. Agora sei que temes a Deus.

Comparemos estas palavras com as do Apóstolo a respeito de Deus: Ele não poupou Seu Filho, mas entregou-O por todos nós. Vede Deus rivalizando com os homens em magnífica generosidade. Abraão, mortal, ofereceu a Deus o filho mortal, que não morreria então. Deus entregou à morte por todos o Filho imortal.

Olhando Abraão para trás, viu um carneiro preso pelos chifres entre os espinhos. Dissemos acima, creio, que Isaac figurava Cristo e, no entanto, também o carneiro parece figurar Cristo.

É muito importante ver como ambos se relacionam a Cristo: Isaac que não foi morto e o carneiro que o foi. Cristo é o Verbo de Deus, mas o Verbo Se fez carne.

Padece, portanto, Cristo, mas, na carne; morre enquanto homem do qual o carneiro é figura; já dizia João: Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.

O Verbo, porém, permanece incorrupto, isto é, Cristo segundo o espírito; a imagem deste é Isaac. Por isto Ele é vítima e também pontífice segundo o Espírito. Pois aquele que oferece a vítima ao Pai, segundo a carne, este mesmo é oferecido no altar da Cruz.”

Roguemos a Deus que tenhamos a mesma coragem de Abraão, e também ofereçamos a Deus o melhor de nós para que o Seu Reino aconteça.

Somente assim daremos sentido à nossa vida, nosso sal não perderá o seu sabor, e a nossa luz resplandecerá nas sombras; nos momentos obscuros que tenhamos que enfrentar, e a luz de Deus comunicar.

Cremos que Deus está sempre pronto a dar o Seu Filho em Alimento na Eucaristia, para nos fortalecer no carregar de nossa cruz.

Ontem como hoje, Deus não cessa de nos amar, pois é próprio de Seu amor a eternidade: Deus nos amou ontem, hoje e sempre. Que o mesmo o façamos, com toda nossa força, alma, coração e entendimento.

O Amor de Deus pede de nós tão apenas amor e não sacrifícios: “Quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt 9, 13), confirmou-nos o Seu Filho Amado. 

Lamentos sentidos que tocaram os céus

Lamentos sentidos que tocaram os céus

Impressiona-nos a história do martírio de São Paulo Miki e seus companheiros, pela coragem que testemunharam a fé no Senhor, cuja Memória celebramos dia 06 de fevereiro, escrita por um autor do século XVI.

“Quando as cruzes foram levantadas, foi coisa admirável ver a constância de todos, à qual eram exortados pelo Padre Passos e pelo Padre Rodrigues.

O Padre Comissário permaneceu sempre de pé, sem se mexer e com os olhos fixos no céu. O Irmão Martinho cantava Salmos de ação de graças à bondade divina, aos quais acrescentava o versículo: Em Vossas mãos, Senhor (Sl 30,6). Também o Irmão Francisco Blanco dava graças a Deus com voz clara. O Irmão Gonçalo recitava em voz alta o Pai-nosso e a Ave-Maria.

O nosso Irmão Paulo Miki, vendo-se colocado diante de todos no mais honroso púlpito que nunca tivera, começou por declarar aos presentes que era japonês e pertencia à Companhia de Jesus, que ia morrer por haver anunciado o Evangelho e que dava graças a Deus por lhe conceder tão imenso benefício. E por fim disse estas palavras:

“Agora que cheguei a este momento de minha vida, nenhum de vós duvidará que eu queira esconder a verdade. Declaro-vos, portanto, que não há outro caminho para a salvação fora daquele seguido pelos cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar os inimigos e os que me ofenderam, de todo o coração perdoo o Imperador e os responsáveis pela minha morte, e lhes peço que recebam o Batismo cristão.

Em seguida, voltando os olhos para os companheiros, começou a encorajá-los neste momento extremo. No rosto de todos transparecia uma grande alegria, mas era no de Luís que isto se percebia de modo mais nítido.

Quando um cristão gritou que em breve estaria no paraíso, ele fez com as mãos e o corpo um gesto tão cheio de contentamento que os olhares dos presentes se fixaram nele. Antônio estava ao lado de Luís, com os olhos voltados para o céu. 

Depois de invocar os santíssimos nomes de Jesus e de Maria, entoou o Salmo Louvai, louvai, ó servos do Senhor (Sl 112,1), que tinha aprendido na escola de catequese em Nagasáki; de fato, durante o catecismo, costumavam ensinar alguns Salmos às crianças.

Alguns repetiam com o rosto sereno: ‘Jesus, Maria’; outros exortavam os presentes a levarem uma vida digna de cristãos; e por estas e outras ações semelhantes demonstravam estar prontos para a morte.

Finalmente os quatro carrascos começaram a tirar as espadas daquelas bainhas que os japoneses costumam usar. Vendo cena tão horrível, os fiéis gritavam: ‘Jesus! Maria!’ Seguiram-se lamentos tão sentidos de tocar os próprios céus. Ferindo-os com um primeiro e um segundo golpe, em pouco tempo os carrascos mataram a todos.”


São Paulo Miki foi um religioso jesuíta, sacerdote da Companhia de Jesus, um dos mártires do Japão, filho de um renomado militar, membro de uma família samurai da Provínicia de Harima, conhecido como excelente pregador e orador.

Paulo era filho de pais nobres, e foi educado no Colégio Jesuíta, em Anquiziama, no Japão. A convivência na Escola Jesuíta logo despertou nele o interesse de se unir à Companhia de Jesus.

Como não havia nenhum bispo na região de Fusai, Paulo não pode ser ordenado no tempo certo, mais tarde tornou-se o primeiro sacerdote jesuíta em sua pátria.

Memórias como estas celebradas no Senhor, questionam nossa fé; se de fato levamos uma vida digna de cristãos, vivendo com autenticidade a graça do Batismo, como profetas, sacerdotes e reis.

Os lamentos de Paulo Miki e seus companheiros tão sentidos tocaram os próprios céus, somados a tantos outros lamentos de mártires e testemunhas intrépidas, que professaram a fé desde o princípio da fidelidade no seguimento do Senhor.

Outros lamentos tão sentidos se multiplicam, lá e em outros tantos lugares, de cristãos perseguidos e mortos no testemunho da fé.

Ainda hoje, milhares de cristãos pelo mundo são perseguidos, mortos, impedidos de professarem a fé cristã.

Elevemos Orações por estes, e também peçamos a graça de corresponder como estes mártires numa vida cristã mais coerente, com maior fidelidade ao Evangelho do Senhor, e dizer como o Apóstolo Paulo:

– Com Cristo, eu fui pregado na Cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim Se entregou” (Gl 2,19b-20).

Senhor, rezamos por todas as pessoas que participam da missão de Jesus e do seu tríplice múnus: sacerdotal, profético e real:

Que vivendo a graça do Batismo participem do sacerdócio de Cristo através da busca da santificação pessoal e comunitária, na Oração, na intercessão, em profunda comunhão convosco.

Participem, corajosamente, do múnus profético através da Palavra que denuncia o pecado e anuncia a chegada do Vosso Reino de: amor, paz, alegria, justiça, verdade e liberdade.

Conduzidos por Vosso Espírito, nesta participação, renovem o compromisso com a verdade e os valores morais, sem medo da atração da ira dos que sejam contrários à proposta do Evangelho, a exemplo João Batista e tantos Profetas/mártires, que foram vítimas do ódio, da vingança, da perseguição e por vezes culminando na própria morte.

Sejam partícipes do múnus régio pelo serviço aos irmãos e irmãs, no amor, doação e entrega da própria vida como fizestes, Vós que viestes para servir e não para ser servido, para dar a vida em resgate de muitos.

Pai Nosso que estais nos céus...

Curados pelo Senhor

Curados pelo Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8,22-26) sobre a cura do cego por Jesus.

Assim como os discípulos têm dificuldade para enxergar, o cego “dá trabalho” a Jesus (nota da Bíblia - Edições CNBB).

A cura se deu num processo: via homens andando como árvores, depois enxergava todas as coisas com nitidez.

Assim acontece com todo aquele (a) que se põe no Caminho da Iniciação à fé.

Seguindo o Senhor: Rito, Palavra de Deus, Sacramentos e Evangelização se completam, na mais perfeita sintonia.

E a transformação que abrange a totalidade da pessoa: mente e coração, espírito e sentidos, indivíduo e comunidade, fazendo progressos na prática da caridade.

Supliquemos ao Senhor que cure nossa cegueira, para enxergarmos novos caminhos, quando tudo parece ter perdido o sentido.

Supliquemos ao Senhor, para que curados, tenhamos olhares renovados de esperança, fitos em horizontes mais que queridos, haverão de ser alcançados.

Curados pelo Senhor, para que saibamos ver, com os olhos do coração, aqueles que mais precisam, clamam, mãos estendem, lágrimas vertem, nosso amor e solidariedade suplicam.

Curados de nossa miopia espiritual, sejamos, pois de um quê de miopia em relação ao outro e ao que se passa ao nosso redor, todos somos acometidos.

Curados pelo Senhor de toda e qualquer forma de cegueira, sejamos. Amém.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Aperfeiçoamento espiritual constante

                                                   

                                  Aperfeiçoamento espiritual constante

Na passagem da Carta aos Colossenses (Cl 1,9b-11), o apóstolo Paulo exorta a comunidade de Colossas e a nós, em todo o tempo, a fim de que tenhamos um aperfeiçoamento espiritual constante, vivamos uma vida agradável a Deus:

“Que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus, com toda a sabedoria e com o discernimento da luz do Espírito. Pois deveis levar uma vida digna do Senhor, para lhe serdes agradáveis em tudo. Deveis produzir frutos em toda a boa obra e crescer no conhecimento de Deus, animados de muita força, pelo poder de Sua glória, de muita paciência e constância, com alegria.” (1)

O Apóstolo Paulo faz exortações imprescindíveis para a vida cristã: 

- o conhecimento pleno da vontade de Deus;

- viver uma vida digna do Senhor para ser agradáveis a Ele em tudo;

- produzir frutos em toda a boa obra;

- crescer no conhecimento de Deus. 

Ressoem as palavras do Senhor, que ouvimos na passagem do Evangelho de Mateus: 

“Assim brilhe a Vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16)

Oremos:

Senhor Deus, ajudai-nos a conhecer plenamente a Vossa vontade, com toda a sabedoria e discernimento da luz do Espírito, e uma vez conhecida, com Vosso Espírito, a vivamos concretamente, dia a dia.

Ajudai-nos a levar uma vida digna, na fidelidade aos Vossos divinos mandamentos, para que, em tudo, sejamos agradáveis a Vós, irradiando a Vossa Luz a quantos precisarem, e sermos sal da terra e fermento na massa, a serviço do Vosso Reino.

Concedei-nos a graça de produzir frutos em toda boa obra, de modo especial os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade, mansidão, continência (Gl 5,2).

Iluminai nossa mente e as entranhas mais profundas de nosso coração, para que ao Vos conhecermos, cada vez mais Vos amemos, até que um dia possamos contemplá-lo face a face, na glória da eternidade. 

“Ensinai-nos Vos se não me ensinais, nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre,  encontrando Vos ame”.  (1)

Dai-nos, Senhor Deus, a graça de crescermos no conhecimento de Vós, bem como no conhecimento pleno de Vossa vontade, para que a realizando, vivamos uma vida digna e que Vos agrade, sobrepondo sempre a Vossa à nossa, e tão somente assim produziremos frutos em toda a boa obra. 

Ajudai-nos a levar muitos a Vos dar glória ao virem as obras que fazemos, resplandecendo a Vossa luz no mundo, e sendo sal da terra, vivendo assim a graça do batismo que recebemos, na fidelidade às Palavras de Vosso Filho, em comunhão com o Espírito Santo. Amém. 

 

   1) Santo Anselmo – séc. XII

Testemunhar a fé, viver a misericórdia

                                                     

Testemunhar a fé, viver a misericórdia

Senhor, ajudai-nos a fim de que tomemos cada vez mais consciência de que na vida de fé, quando não se avança, recua, e que jamais podemos ficar parados, ou mesmo achar que já cumprimos a missão.

Senhor, que sejamos misericordiosos como o Pai, sendo sinal de Vossa presença, portanto, sinal do Vosso amor, em cada momento de nossa vida, fazendo de cada etapa vivida o começo de uma nova, porque nisto consiste a exigência do Reino por Vós inaugurado.

Senhor, queremos comprometer nossa vida contigo, vivendo a fé com ousadia e coragem, sempre a caminho, colocando-nos em plena disponibilidade para novos trabalhos, ou os mesmos, mas feitos com zelo, amor e alegria.


Senhor, renovai nossa sensibilidade e solidariedade aos apelos da realidade concreta na qual estamos inseridos, buscando superar novos desafios e obstáculos, com um olhar de misericórdia para com o nosso próximo.

Senhor, que Vos amando expressemos este amor procurando conhecer os problemas e necessidades daqueles que padecem qualquer dor ou sofrimento, vertendo lágrimas de angústia ou por qualquer outro dilacerante motivo.

Senhor, que jamais nos cansemos ou nos omitamos na prática das obras de misericórdia corporais e espirituais, pois tão somente assim, nossa oração será frutuosa e agradável, porque acompanhada de jejum, renúncias e concreta solidariedade. Amém.


Fonte inspiradora - Mc 6, 53-56 - segunda-feira da 5ª Semana do Tempo Comum e Lc 6,27-38 do 7º Domingo do Tempo Comum - ano C

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