Saudade
“Quem
dera minha cabeça se tornasse em água, meus olhos, uma fonte de lágrimas, para
eu chorar dia e noite os mortos da filha do meu povo!” (Jr 8,23).
Quero ao sentir a saudade de Jeremias, por não ser como um choro desconsolado, mas confiante na providência divina, sem nostalgia, acompanhado de uma esperança profunda que o impulsiona na missão.
Não quero a saudade como
apenas expressão da falta ou do vazio que tenha ficado com a partida de
alguém que se amou e se amará para sempre. Quero a saudade com o olhar da fé na
eternidade, onde, nos céus, poderemos nos encontrar.
Quero a saudade da
tristeza suave, que aos poucos vai cedendo lugar à expectativa de um possível
reencontro para uma conversa sem pauta, sem começo ou término, a não ser por um
compromisso inadiável.
Quero uma outra que nos
consuma ao volver nosso olhar para o passado e sem mais a presença física de
alguém; mas termos a certeza de que suas palavras, gestos, gostos e quanto mais
se diga, estão eternamente presentes.
Quero a saudade assumida
com doces lembranças de alguém que deixou um vácuo, por vezes, impreenchível,
mas que após lágrimas ardentes, do pranto que olhos umedeceram, sejam secados,
porque as carregamos nas entranhas do coração.
Saudades...
saudades de alguém, quem delas livre está?
Se
sentidas, lágrimas vertidas por dentro ou por fora, é porque valeu a pena. Memorável porque
marcou como um selo nossas vidas, perpetuamente.
Doces lembranças que nos impelem. Avancemos!
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