Deus ouve nossos clamores
-I Cântico. Salmo dos filhos de Coré. Ao
maestro do coro. Conforme ‘Mahalat’, para o canto. Poema de Emã, o ezraíta.
–2 A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia,
e de noite se eleva até vós meu gemido.
–3 Chegue a minha oração até a vossa presença,
inclinai vosso ouvido a meu triste clamor!
–4 Saturada de males se encontra a minh'alma,
minha vida chegou junto às portas da morte.
–5 Sou contado entre aqueles que descem à cova,
toda gente me vê como um caso perdido!
–6 O meu leito já tenho no reino dos mortos,
como um homem caído que jaz no sepulcro,
– de quem mesmo o Senhor se esqueceu para sempre
e excluiu por completo da sua atenção.
–7 Ó Senhor, me pusestes na cova mais funda,
nos locais tenebrosos da sombra da morte.
–8 Sobre mim cai o peso do vosso furor,
vossas ondas enormes me cobrem, me afogam.
–9 Afastastes de mim meus parentes e amigos,
para eles tornei-me objeto de horror.
– Eu estou aqui preso e não posso sair,
10 e meus olhos se gastam de tanta aflição.
– Clamo a vós, ó Senhor, sem cessar, todo o dia,
minhas mãos para vós se levantam em prece.
–11 Para os mortos, acaso, faríeis milagres?
poderiam as sombras erguer-se e louvar-vos?
–12 No sepulcro haverá quem vos cante o amor
e proclame entre os mortos a vossa verdade?
–13 Vossas obras serão conhecidas nas trevas,
vossa graça, no reino onde tudo se esquece?
–14 Quanto a mim, ó Senhor, clamo a vós na aflição,
minha prece se eleva até vós desde a aurora.
–15 Por que vós, ó Senhor, rejeitais a minh'alma?
E por que escondeis vossa face de mim?
–16 Moribundo e infeliz desde o tempo da infância,
esgotei-me ao sofrer sob o vosso terror.
–17 Vossa ira violenta caiu sobre mim
e o vosso pavor reduziu-me a um nada!”
O Salmo 87(88) é uma prece de um homem gravemente enfermo:
“Do fundo
da sua miséria, sentindo-se como morto e abandonado de todos, um doente reza ao
Deus da salvação por socorro enquanto está vivo, pois no sepulcro ninguém, pode
louvar a Deus.” (1)
Esta realidade
vivia pelo salmista nos encontramos na vida de Jesus, no momento crucial de sua
missão:
“Todos os
dias eu estava convosco no templo, e nunca levantastes a mão contra mim, mas
esta é a vossa hora e o poder das trevas (Lc
22,53).
Rezamos
este Salmo com toda a Igreja expressando nossa plena confiança no poder de
Deus, que vem em socorro de nossas fraquezas, como tão bem expressou o Apóstolo
Paulo aos Coríntios:
“Eis por
que eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me
sinto fraco, é então que sou forte” (2
Cor 12,10).
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