quinta-feira, 24 de julho de 2025

Rezando com os Salmos - Sl 68(69),2-22.30-37

 


Súplica confiante e incondicional ao Senhor
 
“– Ao maestro do coro. Conforme a melodia
‘Os lírios’. De Davi. 

–2 Salvai-me, ó meu Deus, porque as águas
até o meu pescoço já chegaram!
–3 Na lama do abismo eu me afundo
e não encontro um apoio para os pés.
– Nestas águas muito fundas vim cair,
e as ondas já começam a cobrir-me!

 –4 À força de gritar, estou cansado;
minha garganta já ficou enrouquecida.
– Os meus olhos já perderam sua luz,
de tanto esperar pelo meu Deus!

 –5 Mais numerosos que os cabelos da cabeça,
são aqueles que me odeiam sem motivo;
– meus inimigos são mais fortes do que eu;
contra mim eles se voltam com mentiras!
 – Por acaso poderei restituir
alguma coisa que de outros não roubei?
–6 Ó Senhor, Vós conheceis minhas loucuras,
e minha falta não se esconde a Vossos olhos.

 –7 Por minha causa não deixeis desiludidos
os que esperam sempre em Vós, Deus do Universo!
– Que eu não seja a decepção e a vergonha
dos que vos buscam, Senhor Deus de Israel!

 –8 Por Vossa causa é que sofri tantos insultos,
e o meu rosto se cobriu de confusão;
–9 eu me tornei como um estranho a meus irmãos,
como estrangeiro para os filhos de minha mãe.

 –10 Pois meu zelo e meu amor por Vossa casa
me devoram como fogo abrasador;
– e os insultos de infiéis que vos ultrajam
recaíram todos eles sobre mim!

 –11 Se aflijo a minha alma com jejuns,
fazem disso uma razão para insultar-me;
–12 se me visto com sinais de penitência,
eles fazem zombaria e me escarnecem!
–13 Falam de mim os que se assentam junto às portas,
sou motivo de canções, até de bêbados!

–14 Por isso elevo para Vós minha oração,
neste tempo favorável, Senhor Deus!
– Respondei-me pelo Vosso imenso amor,
pela Vossa salvação que nunca falha!

 =15 Retirai-me deste lodo, pois me afundo!
Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam,
e salvai-me destas águas tão profundas!
=16 Que as águas turbulentas não me arrastem,
não me devorem violentos turbilhões,
nem a cova feche a boca sobre mim!

 –17 Senhor, ouvi-me pois suave é Vossa graça,
ponde os olhos sobre mim com grande amor!
–18 Não oculteis a Vossa face ao Vosso servo!
Como eu sofro! Respondei-me bem depressa!
–19 Aproximai-vos de minh’alma e libertai-me,
apesar da multidão dos inimigos!

 =20 Vós conheceis minha vergonha e meu opróbrio,
minhas injúrias, minha grande humilhação;
os que me afligem estão todos ante Vós!
–21 O insulto me partiu o coração;
não suportei, desfaleci de tanta dor!

 = Eu esperei que alguém de mim tivesse pena,
mas foi em vão, pois a ninguém pude encontrar;
procurei quem me aliviasse e não achei!
–22 Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre!

–30 Pobre de mim, sou infeliz e sofredor!
Que Vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
–31 Cantando eu louvarei o Vosso nome
e agradecido exultarei de alegria!
–32 Isto será mais agradável ao Senhor,
que o sacrifício de novilhos e de touros.

 =33 Humildes, vede isto e alegrai-vos:
o Vosso coração reviverá,
se procurardes o Senhor continuamente!

 –34 Pois nosso Deus atende à prece dos Seus pobres,
e não despreza o clamor de seus cativos.
–35 Que céus e terra glorifiquem o Senhor
com o mar e todo ser que neles vive!

 =36 Sim, Deus virá e salvará Jerusalém,
reconstruindo as cidades de Judá,
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
=37 A descendência de seus servos há de herdá-las,
e os que amam o santo nome do Senhor
dentro delas fixarão sua morada!”

O Salmo 68(69),2-22.30-37 é uma súplica de alguém consumido pelo fogo abrasador do amor de Deus, e é a expressão da incondicional confiança em Deus:

“Vítima da maldade humana, o salmista invoca o socorro divino, para livrá-lo da presente aflição. Conforme a regra do ‘talião’, ele deseja aos malfeitores o castigo merecido, enquanto ele mesmo libertado, louva a Deus.” (1)

Assim fez o Senhor, como contemplamos no Mistério de Sua Paixão e morte:

- “Então lhes disse: ‘Minha alma está triste até a morte! Ficai aqui e vigiai comigo!’ E, afastando-Se um pouco, caiu com o rosto por terra e orou: ‘Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice. Contudo, não seja como eu quero, mas como Tu queres.’” (Mt 26,38-39);      

“Deram-Lhe de beber vinho misturado com fel; mas quando provou, não quis beber” (Mt 27,34).

Assim sejamos, em toda e qual situação, e que o zelo pela casa do Senhor nos devore, ou seja, paixão e fidelidade no Senhor e ao Seu Projeto do Reino. Amém.


(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p.782

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