sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Um salutar Ministério Presbiteral

Um salutar Ministério Presbiteral

Apresento algumas características que devem marcar o Ministério Presbiteral:

O Presbítero deve ser um homem sacramental, sinal visível do Amor de Deus, em todos os momentos, sobretudo quando celebra os Sacramentos, e celebra não para os outros, mas com os outros, deixando-se impregnar pelo Mistério celebrado, na mais perfeita mistagogia, sobretudo quando celebra a Eucaristia, quando a Palavra prega, quando o Mistério celebra; um “mistagogo”, homem do Mistério e não misterioso.

Na condução da comunidade, tem autoridade não merecida, que não pode ser confundida com o autoritarismo; portanto precisa ter paciência e serenidade para ver as sementes do Reino crescer, sem imediatismos estéreis e inconsequentes.

No testemunho de vida, marcada pela pobreza, desapego, confiança incondicional em Deus, vive o celibato não como privação, mas como total liberdade para amar e servir o Povo de Deus, a Igreja que pelo Sacramento da Ordem se entregou.

Ele é alguém que experimentou a misericórdia de Deus quando chamado, porque não o foi por méritos, talvez até por não ter nenhum, mas para que Deus manifeste Sua onipotência através da misericórdia e muitas vezes multiplicada no Sacramento da Penitência.

Sua vida é iluminada por Deus, portanto iluminadora, como bem disse o Profeta Isaías:  

“... Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”; sendo assim faz com sua vida, obras, gestos de amor evangélico multiplicados, muito mais do que com suas palavras, a luz de Deus brilhar diante dos homens, multiplicando assim os louvores que sobem aos céus, ao Pai, porque a honra, a glória, o louvor somente a Ele pertencem.

Tem consciência de que nada é e nada pode se não for com a graça de Deus

É luminoso, com o gosto de Deus nos lábios, na boca, no coração, no fundo da alma, e assim com palavra e obras incansavelmente empenha-se para tornar o mundo mais iluminado e gostoso, segundo os desígnios de Deus; e para isto, jamais para no tempo, pois vive num contexto de mudança de época, colocando-se em atitude de formação permanente em todos os níveis.

Sua fé não o afasta do mundo, mas no diálogo com as ciências, procura dar pertinência ao seu discurso, pregação, anúncio, denúncia.

Não há presbítero que tudo saiba e nada mais tenha de aprender e a comunidade precisa de sábios Presbíteros que a ajude a compreender o mundo, que estejam inseridos no tempo presente vivido. Nisto consiste ser luz que brilha e não ofuscada, sem penetração, irradiação, iluminação.

Anuncia a Boa-Nova do Evangelho não como um arauto do relativismo de valores, subjetivismos, moralismos, dogmatismos, individualismos, egolatrias, e outros tantos empecilhos à moral cristã.

Lembramos aqui o que afirmou Santo Agostinho: 

“Vão pregador da Palavra de Deus externamente, quem não a escuta interiormente” e São Gregório Magno: “Que o pastor seja discreto no silêncio, útil na fala, para não falar o que deve calar, nem calar o que deve dizer”, pois tanto uma palavra inoportuna quanto o silêncio podem arrastar ao erro ou deixar de instruir.

E ainda acrescenta: Muitas vezes, pastores imprudentes, temendo perder as boas graças dos homens, têm medo de falar abertamente o que é reto, por isso, agem como mercenários que fogem à vinda do lobo... Quando o pastor tem medo de dizer o que é reto, não é o mesmo que dar as costas, calando-se?”. 

Lembramos também Santo Antônio“Cessem as palavras, falem as obras, estamos cansados de palavras vazias...”.

Reflitamos:

- O que a Igreja espera de cada Presbítero?
- O que fazemos para que isto se torne cada vez mais concreto?
- De que modo ajudamos concretamente?
- Elevamos a Deus súplicas e agradecimento pelos mesmos?

Pai Nosso que estais nos céus...

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