domingo, 2 de fevereiro de 2025

Bem-Aventuranças vividas, sal da terra e luz do mundo seremos (IVDTCA)


 Bem-Aventuranças vividas, sal da terra e luz do mundo seremos

 
                  “Bem-Aventurados os pobres em espírito...”
 
No quarto Domingo do Tempo Comum (Ano A), refletimos sobre o caminho dos discípulos missionários do Senhor, de modo especial contemplado nas Bem-Aventuranças que Jesus Cristo nos apresenta, no alto da Montanha.
 
Na passagem da primeira Leitura (Sf 2,3;3,12-13), o profeta Sofonias (séc. VII) denuncia o orgulho e a autossuficiência dos ricos e dos poderosos, acompanhado do convite ao Povo de Deus, para que se converta à pobreza, entregando-se nas mãos de Deus, com total confiança, abertura e fidelidade ao Seu Plano Divino.
 
Na passagem da segunda Leitura (1 Cor 1,26-31), o apóstolo exorta a comunidade a encontrar em Cristo Crucificado a verdadeira sabedoria, que conduz à Salvação e à vida plena:
 
“O cristão não tem outra missão senão dar a própria vida, deixá-la tomar gota a gota, dia a dia, reconhecendo que Cristo é o centro da vida e, fora do Seu amor, não se pode viver e nada tem valor... Paulo reconhece na disponibilidade interior de confiança e esperança para o amor de Cristo, a presença ativa do Cristo Ressuscitado. Ainda hoje, para cada comunidade nossa, como ontem para a comunidade de Corinto, nada é deveras grave senão perder o amor (cf.v.30)” (1).
 
Com a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5,1-12a), refletimos sobre as Bem-Aventuranças a serem vividas como caminho para a felicidade, que é em sua exata medida, o caminho para a santidade, e tão somente assim, sal da terra e luz do mundo seremos.
 
Evidentemente, viver as Bem-Aventuranças, como projeto e desafio permanente, exige que carreguemos a cruz cotidianamente, com suas necessárias renúncias, o que somente será possível se crermos piamente que Jesus viveu, morreu e desceu à mansão dos mortos, mas Ressuscitou triunfalmente ao terceiro dia.
 
Contemplemos as quatro primeiras Bem-Aventuranças, que definem a atitude fundamental do discípulo missionário de Jesus Cristo: pobre, aflito, manso e sedento de justiça.
 
As quatro seguintes referem-se à vida de relação com o outro: ser misericordioso, puro de coração, promotor da paz e testemunha corajosa.
 
Vejamos o que nos diz cada Bem-Aventurança do Sermão da Montanha:
 
1ª - pobres em espírito: trata-se de uma condição espiritual e não a pobreza material em si. Na linguagem hebraica pode ser entendido como devoto, fiel, aquele que coloca a sua confiança em Deus;
 
2ª - o discípulo é enviado não apenas para levar a Boa Notícia aos pobres, mas também consolar os aflitos, em situações difíceis, para que reencontrem a esperança, certos de que Deus intervirá e acabará com os motivos da aflição;
 
3ª - o discípulo viverá a mansidão na imitação de Jesus, com domínio dos instintos, e sabe que, mesmo em situações de oposição, respeita ao outro e não reage recorrendo a violência. A este é prometida a posse da terra que consiste na vida eterna no Reino dos céus, a Salvação;
 
4ª - o discípulo é faminto e sedento de justiça, empenha-se no cumprimento da Lei de Deus e se compromete em viver conforme a Sua vontade acima de tudo; e encontrará pleno cumprimento no Banquete Messiânico, que nos será oferecido na eternidade e que já experimentamos em cada Celebração da Eucaristia;
 
5ª - o discípulo se reconhece pecador e tem continuamente a necessidade da misericórdia divina, e esta acolhida o leva a viver as obras de misericórdia (corporais e espirituais);
 
6ª - o discípulo é puro de coração, e entende-se coração como a sede dos sentimentos e dos desejos, dos pensamentos e das ações. Ser puro de coração é ser sincero no proceder, que não pensa de um modo e age de outro. Não cultiva más intenções para com o próximo, e sua pureza diante de Deus não se obtém pela prática de alguns ritos, mas numa conduta de vida boa, sincera que se concretiza na prática do bem;
 
7ª - é promotor da paz em todos os âmbitos (família, comunidade e no mundo). Empenha-se concretamente no cultivo dos sentimentos de paz em atitudes de conciliação, compreensão e paciência. Sabe que a paz é dom de Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança, seremos chamados filhos de Deus, por isto o compromisso inadiável e irrenunciável na promoção da paz;
 
8ª - o discípulo pobre em espírito, aflito, com fome e sede justiça será perseguido. Sabe que encontrará hostilidades, mas tem plena convicção da presença de Deus, sabe que o Reino e suas Bem-Aventuranças lhe pertencerão. A perseguição enfrentada é um sinal de que se está ao lado de Cristo, na vivência de seu batismo e a dimensão profética.
 
Na realização das atividades pastorais é sempre oportuno rever objetivos e estratégias para melhor anunciarmos e testemunharmos a Boa-Nova de Jesus Cristo.
 
Conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, seremos pobres em espírito, com absoluta e incondicional confiança em Deus; possuiremos a mansidão necessária para enfrentarmos as situações adversas; viveremos as aflições quotidianas, certos de que Deus jamais nos desampara, e nos dá Seu consolo, força e proteção.
 
Nossa fome e sede de justiça serão saciadas, e não nos omitiremos nos sagrados compromissos por um novo céu e uma nova terra, com relações que expressem maior fraternidade e comunhão.
 
Viveremos a misericórdia, expressa na acolhida, no perdão, na solidariedade, capacitando-nos e nos colocando com alegria como instrumentos da paz, para sinalizar a presença do Reino em nosso meio.
 
Iluminados por elas, teremos a pureza de coração e de alma necessária, gerando e formando Cristo em nós e nos outros, com maturidade e coragem para suportar eventuais insultos, calúnias, tormentos, perseguições e, até mesmo a morte, se ela se fizer presente, ainda que indesejável, como assim testemunharam os profetas, apóstolos, mártires e tantos cristãos, nesta longa história de amor e fidelidade ao Senhor.
 
Pelas Bem-Aventuranças iluminados, evangelizaremos com amor, zelo e alegria, com a presença do Espírito do Senhor que repousa sobre nós (Lc 4,18), firmando nossos passos com coragem, firmeza, fidelidade, sem vacilar na fé e no testemunho da esperança, acompanhado da prática do mandamento do Amor a Deus e ao próximo.
 
Sejamos sempre conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, com a convicção de que seremos julgados por Deus: “No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).
 
Oremos:

“Ó Deus, que prometestes aos pobres e aos humildes as alegrias do Vosso Reino, fazei que a Igreja não se deixe seduzir pelos poderes do mundo, mas, à semelhança dos pequenos do Evangelho, siga confiante o Seu Esposo e Senhor, para que possa experimentar a força do Vosso Espírito. Amém.”
 
 
Fonte – dehonianos.org
(1)Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1214
 

Não há profecia sem a chama do Amor Divino (IVDTCC)


Não há profecia sem a chama do Amor Divino

No 4º Domingo do Tempo Comum (Ano C), continuamos a reflexão sobre a Missão de Jesus que é a missão da Igreja, sob a ação do mesmo Espírito que pousou sobre Ele e O acompanhou em todos os momentos na fidelidade ao Pai.

Nesta missão, como discípulos missionários, vivendo a vocação profética pelo Batismo, podemos viver experiências difíceis como perseguições, incompreensões, obstáculos a serem transpostos, mas o amor "ágape" fala sempre mais alto.

Na passagem da primeira Leitura (Jr 1,4-5.17-19), contemplamos a figura do Profeta Jeremias que foi escolhido, consagrado e constituído Profeta por Deus.

Como os demais Profetas, trilhou um árduo caminho de sofrimento, solidão, risco por possuir uma consciência crítica, ser defensor da verdadeira paz, nutrir a verdadeira esperança e confiança na defesa dos pobres, tudo fazendo por amor.

O Profeta é por excelência alguém que se encontrou com Deus e Sua Palavra e aceitou viver o desígnio divino. Ninguém é Profeta por iniciativa própria.

Enviado por Deus, vive o caminho profético, conjugando e vivendo os verbos denunciar, criticar, demolir, destruir, edificar e plantar, consumindo-se e vivendo intensamente a missão por Deus confiada.

Reflitamos:

- Ontem Jeremias, e hoje quem são os Profetas, aqueles que têm olhos voltados para Deus sem desviar o seu olhar para a realidade na qual estão inseridos?

- Onde e como vivemos a vocação profética recebida no dia de nosso Batismo?

- Como estamos conjugando e vivendo os verbos denunciar, criticar, demolir, destruir, edificar e plantar?

A passagem da segunda Leitura (1Cor 12,31-13,13) aparentemente desconectada da primeira e do Evangelho, mas apenas aparentemente, pois se a virtude do Amor divino não nos mover, não nos impulsionar, jamais viveremos a vocação profética, não suportaremos o peso da cruz a ser carregada, cotidianamente, com as renúncias necessárias.

Trata-se do “hino ao amor” que já inspirou poetas e Profetas. Há quem chame esta passagem de “o Cântico dos Cânticos da Nova Aliança”.

Paulo retrata o amor como o dom maior e eterno a ser vivido por todo aquele que segue Jesus, e que 
possui uma superioridade incontestável sobre qualquer outro carisma.

O caminho do amor é o caminho mais seguro, mais acessível a todos, e consiste no caminho insubstituível que conduz à Salvação.

Não se trata de um amor qualquer, trata-se do amor-'ágape', onde não há resquícios de egoísmo, mas é o amor gratuito, desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, sofre pelo outro, que procura o bem do outro sem nada esperar em troca.

O Apóstolo enumera 15 características ou qualidades do verdadeiro amor, sendo sete apresentadas de forma positiva, e as outras de forma negativa.

Resumindo, a passagem pode ser dividida em três partes:

1 - O confronto entre a caridade e os carismas – (13,1-3);
2 - As características principais e operativas da caridade – (13,4-7);
3 - A perfeição da caridade e sua perenidade – (13,8-13).

Reflitamos:

- Qual é a qualidade do amor que vivemos na comunidade cristã?

- Vivemos o amor cristão, o amor "ágape", o amor generoso, por pura gratuidade?

Na passagem do Evangelho (Lc 4,21-30) descreve a rejeição enfrentada por Jesus, quando desprezado pelos habitantes de Nazaré e pelos próprios parentes, por não compreenderem e não aceitarem a Sua missão.

A missão de Jesus frustra na medida em que não propicia espetáculos. O Deus a quem Jesus vive fidelidade até o fim tem uma séria proposta de salvação a ser concretizada na vida daquele que crê.

Assim como os Profetas, o próprio Senhor enfrentou a incompreensão, a incredulidade, a solidão, o risco, a doação e autoentrega de Sua vida.

Reflitamos:

- Quem é Jesus para mim? Qual Sua missão e como a vivo?
- Como vivo a minha fidelidade a Jesus, como discípulo missionário?

- Quais as incompreensões e rejeições que passo por causa do anúncio e testemunho da Boa-Nova?
- Sinto alegria em continuar, sob a ação do Espírito, como Igreja, a missão de Jesus?

Concluindo: O amor é o “motor” de nossa missão, o amor-"ágape": Cristo que ama em nós. Somos vocacionados para o amor, para a profecia, sob a ação do Espírito Santo.

Se inflamados por este amor, continuaremos nosso caminho vivendo a vocação profética, sendo no mundo luz, da terra o sal, sem jamais perder o sabor.

As Bem-Aventuranças e o discipulado (IVDTCA)

                                                     

As Bem-Aventuranças e o discipulado

Como discípulos missionários do Senhor, somos chamados a viver na planície do cotidiano as Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12a), e assim sermos, de fato, sal da terra e luz do mundo.

As quatro primeiras Bem-Aventuranças definem a atitude fundamental do discípulo missionário de Jesus Cristo: pobre, aflito, manso e sedento de justiça.

As quatro seguintes referem-se à vida de relação com o outro: ser misericordioso, puro de coração, promotor da paz e testemunha corajosa.

Vejamos o que nos diz cada Bem-Aventurança do Sermão da Montanha:

1ª - pobres em espírito: trata-se de uma condição espiritual e não a pobreza material em si. Na linguagem hebraica pode ser entendido como devoto, fiel, aquele que coloca a sua confiança em Deus;

2ª - o discípulo é enviado não apenas para levar a Boa Notícia aos pobres, mas também consolar os aflitos, em situações difíceis, para que reencontrem a esperança, certos de que Deus intervirá e acabará com os motivos da aflição;

3ª - o discípulo viverá a mansidão na imitação de Jesus, com domínio dos instintos, e sabe que, mesmo em situações de oposição, respeita ao outro e não reage recorrendo a violência. A este é prometida a posse da terra que consiste na vida eterna no Reino dos céus, a Salvação;

4ª - o discípulo é faminto e sedento de justiça, empenha-se no cumprimento da Lei de Deus e se compromete em viver conforme a Sua vontade acima de tudo; e encontrará pleno cumprimento no Banquete Messiânico, que nos será oferecido na eternidade e que já experimentamos em cada Celebração da Eucaristia;

5ª - o discípulo se reconhece pecador e tem continuamente a necessidade da misericórdia divina, e esta acolhida o leva a viver as obras de misericórdia (corporais e espirituais);

6ª - o discípulo é puro de coração, e entende-se coração como a sede dos sentimentos e dos desejos, dos pensamentos e das ações. Ser puro de coração é ser sincero no proceder, que não pensa de um modo e age de outro. Não cultiva más intenções para com o próximo, e sua pureza diante de Deus não se obtém pela prática de alguns ritos, mas numa conduta de vida boa, sincera que se concretiza na prática do bem;

7ª - é promotor da paz em todos os âmbitos (família, comunidade e no mundo). Empenha-se concretamente no cultivo dos sentimentos de paz em atitudes de conciliação, compreensão e paciência. Sabe que a paz é dom de Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança, seremos chamados filhos de Deus, por isto o compromisso inadiável e irrenunciável na promoção da paz;

8ª - o discípulo pobre em espírito, aflito, com fome e sede justiça será perseguido. Sabe que encontrará hostilidades, mas tem plena convicção da presença de Deus, sabe que o Reino e suas Bem-Aventuranças lhe pertencerão. A perseguição enfrentada é um sinal de que se está ao lado de Cristo, na vivência de seu batismo e a dimensão profética.

Oremos:

“Ó Deus, que prometestes aos pobres e aos humildes as alegrias do Vosso Reino, fazei que a Igreja não se deixe seduzir pelos poderes do mundo, mas, à semelhança dos pequenos do Evangelho, siga confiante o Seu Esposo e Senhor, para que possa experimentar a força do Vosso Espírito. Amém.”



PS: Fonte de pesquisa: Lecionário Comentado – Ed. Paulus – 2011
pp.159-160.

A chama da profecia (IVDTCB)


A chama da profecia

A Liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum (ano B) é um grande convite para reflexão e aprofundamento de nossos compromissos proféticos com o Projeto de Deus. 

Não é possível que nos conformemos com os projetos de egoísmo e de morte que roubam a beleza do mundo escravizando as pessoas, roubando-lhes a dignidade. O Projeto de Deus é de liberdade e vida plena.

Deus incansável em Seu Amor suscita Profetas para fazê-lo acontecer e ainda mais, envia Seu próprio Filho, Jesus, cuja ação libertadora aprofundaremos com o Evangelho.  Deus não se cansa da humanidade!

No entanto, para que a missão profética seja realizada é preciso tomar consciência das realidades transitórias e com sabedoria perceber as prioridades que nos consomem e nos movem.

Na passagem da primeira Leitura (Dt 18, 15-20) o Povo de Deus é exortado à fidelidade, à Aliança com Deus e ao cumprimento de Sua Lei. Cabe ao Profeta ser a voz do próprio Deus; aquele que fala em Seu nome. É preciso que o povo saiba distinguir quais sãos os falsos e os verdadeiros Profetas.

É preciso ouvir os Profetas quando, de fato, falam em nome de Deus, porque o ser profeta não é uma iniciativa humana, antes é uma prerrogativa divina. Ele escolhe a quem bem quer para transmitir Sua Mensagem.

Ninguém é Profeta por escolha própria. É ele apenas um instrumento nas mãos de Deus, e para tanto deve viver em fidelidade absoluta e em empenho total.  Está ele a serviço de Deus, exclusivamente.

Na passagem da segunda Leitura (1 Cor 7,32-35), continuamos a reflexão sobre o que é efêmero e eterno. Lembrando o que disse o Apóstolo Paulo “a figura deste mundo passa”, o tempo é breve e é preciso saber definir as escolhas, sem jamais ancorar a vida em realidades transitórias.

Paulo fala ainda da riqueza do celibato em favor do Reino, que se confere a quem o abraçou livre, alegre e conscientemente (desprendimento, doação, disponibilidade).

Na passagem do Evangelho (Mc 1,21-28), Jesus Se revela como o Messias libertador. Ele está em Cafarnaum e liberta um homem possuído por um espírito mau. Fala e age com autoridade, diferente dos escribas. Liberta em pleno sábado, colocando a vida acima da Lei. Age com a autoridade que o Pai Lhe confiou.

Somente Deus pode em qualquer tempo devolver a vida e a liberdade perdidas. Não há tempo para o mal ser feito, mas há todo tempo do mundo para que o bem seja feito.

A ação de Jesus junto aos discípulos é um anúncio de que veio libertar a pessoa de tudo aquilo que a faz prisioneira, roubando-lhe a vida, a dignidade. Ele mesmo dirá “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10,10).

Os seguidores de Jesus terão que continuar esta missão, não poderão cruzar os braços diante da aparente força do mal, mas superar todo sentimento de indiferença e impotência.

O discípulo de Jesus deverá ter o coração seduzido para não realizar mal sua missão; libertando-se dos espíritos maus, iluminado pelo Espírito do Senhor será precioso instrumento do Reino de Deus.

Há realidades a serem transformadas (política, econômica, social, trabalho, família). É preciso que embarquemos nesta aventura tornando-nos cúmplices de Deus na construção de um mundo novo.

O discípulo vivendo a missão profética sabe que pode contar com a força da Palavra para agir com autoridade, consciente que sua ação é a ação do próprio Jesus.

Supliquemos a Deus para que o Seu Espírito pouse sobre cada um de nós, para que a chama profética acesa no Batismo assim se mantenha, renovando nossa fidelidade ao Projeto de Amor e Vida que Deus tem para nós.

Deste modo, por Deus libertos, e d'Ele instrumentos fiéis e corajosos de libertação, para que vislumbremos e participemos de uma nova realidade.

Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

Jesus: Sua Palavra e ação nos libertam (IVDTCB)


Jesus: Sua Palavra e ação nos libertam

“O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade...
Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!”

Com a Liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre o Projeto de liberdade e vida plena que Deus tem para a humanidade, que se contrapõe aos projetos marcados pelo egoísmo, escravidão de toda forma e morte.

Tendo iniciado um novo Ano Litúrgico, à luz do Evangelho de São Marcos, somos convidados a seguir, cada vez mais de perto e decididamente, o Senhor, que nos chamou e nos enviou a viver a vida nova que nos foi concedida pela graça do Batismo.

Na passagem da primeira Leitura (Dt 18,15-20), temos a experiência profética de Moisés, e, com isto, vemos que o Profeta é alguém escolhido por Deus, por Ele chamado e enviado para comunicar a Sua Palavra viva à humanidade e ser sinal da presença divina.

Urge ouvir os Profetas que verdadeiramente falam em nome de Deus, em todo o tempo, uma vez que haveremos de prestar contas se fecharmos os ouvidos e o coração ao Seu Projeto, comunicado por estas vozes que jamais se calaram, e jamais se calarão.

Sendo escolhido por Deus, ninguém é Profeta por escolha própria, tornando-se apenas um instrumento nas mãos de Deus, vivendo em total fidelidade a Deus e absoluto empenho no cumprir desta missão.

Por isto, o Profeta precisa estar exclusivamente a serviço de Deus, e jamais conduzir sua vida por esquemas pessoais, interesseiros e egoístas.

Oportuna são as palavras do Missal:

“O profetismo, conhecido em todo o Oriente Antigo, apresenta na Bíblia aspectos originais de que Moisés e Elias continuam a ser modelos. Como dantes, também hoje continua a haver Profetas. O critério da sua autenticidade é a Palavra sempre viva de Deus e o seu vínculo a Jesus Cristo”. (1)

Na passagem da segunda Leitura (1 Cor 7, 32-35), o Apóstolo Paulo continua falando sobre as verdadeiras prioridades que devem marcar a vida daquele que abraçou a fé, não se deixando desviar pelas realidades transitórias, afinal, o tempo está abreviado e a figura deste mundo passa.

É nítida a pretensão do Apóstolo de apresentar, a quem professa a fé no Senhor, uma proposta de vida com equilíbrio, sabendo discernir entre as coisas que passam e as que são eternas, que consiste num aprendizado permanente na definição das escolhas, numa vida marcada pela generosidade, alegria e doação.

Seja qual for nossa vocação e condição de vida, devemos nos unir ao Senhor com um coração indiviso.

Na passagem do Evangelho (Mc 1,21-28), vemos a ação de Jesus, o Filho de Deus, que vem cumprir o Projeto de libertação.

Depois de apresentar o chamamento dos discípulos, o Evangelista apresenta uma jornada ministerial do Senhor, com Sua autoridade revelada no ensino e diante dos “espíritos impuros”.

Com Sua Palavra e ação, Jesus renova aqueles que O acolhem e acreditam em Sua Palavra, tornando-os verdadeiramente livres do egoísmo, do pecado e da própria morte.

A ação de Jesus faz suscitar a interrogação daqueles que O viram ensinar e expulsar os demônios: “Que vem a ser isto? Uma nova doutrina e com que autoridade!”. Também nós devemos nos perguntar “quem é Jesus para nós?”

Jesus veio nos libertar de tudo o que nos faça “prisioneiros” e nos roube a vida e a alegria de viver. Com Sua Palavra e ação, Jesus nos revela que Deus não desistiu da humanidade, e quer conduzi-la à vida plena e feliz.

Seus seguidores não poderão cruzar os braços, continuando a Sua missão na luta contra os “demônios” de tantos nomes, que roubam a vida e a liberdade das pessoas.

O discípulo de Jesus, com Sua Palavra e presença, luta na libertação de todos os demônios que desfiguram as pessoas, para que estabeleçamos relações mais fraternas.

Ser discípulo consistirá em percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, lutando até o fim, em total doação da vida para que tenhamos um mundo mais humano, mais livre, mais solidário, mais justo e mais fraterno; sendo assim é inconcebível que os discípulos cruzem os braços, de olhos voltados para o céu.

Há um mundo a ser transformado e, como Igreja em saída (como tem insistido o Papa Francisco), não podemos ficar fechados em nossas sacristias, mas assumir corajosamente, com a força do Espírito, com sabedoria e criatividade, a dimensão missionária, elemento constitutivo da Igreja, presença nas mais diversas realidades, em incansável empenho para a transformação das realidades:  familiar, social, política, econômica, cultural, do trabalho e da comunicação.

Nem sempre isto se dá de modo tranquilo, porque pode gerar conflitos, divisões, sofrimentos, incompreensões, perseguições, mas vale a pena, porque é fiel Aquele que prometeu jamais nos desamparar, jamais nos deixar órfãos na missão por Ele confiada, afinal nos comunicou o Seu Espírito, que nos assiste em todos os momentos.

O discípulo de Jesus é alguém que embarcou nesta aventura de amor que dá sentido à vida, o que nos torna cúmplices e instrumentos nas mãos de Deus, para que construamos um mundo novo, de homens e mulheres livres e felizes.

Com o coração seduzido e inflamado por Aquele que voltou para nós o Seu olhar de amor e nos chamou pelo nome, não há como voltar atrás.

Quem pelo Senhor sentiu-se amado, já não pode mais viver sem o Seu Amor, a Sua Palavra e presença.



(1) Missal Quotidiano, dominical e ferial – Paulus – Lisboa – p. 1177

sábado, 1 de fevereiro de 2025

O enigma da dor e da morte e a fé que professamos

 


O enigma da dor e da morte e a fé que professamos
 
“Creio na Ressurreição da carne, na vida eterna”
 
Cremos que a morte, o enigma da condição humana, chega ao seu ponto extremo e que nada pode garantir a perenidade da vida de uma pessoa, nem mesmo a mais desenvolvida técnica.
 
Cremos que os cristãos, e todos de boa vontade, têm que lutar contra o mal, tribulações e aceitar a morte no Mistério Pascal, pois ela não tem última palavra.
 
Cremos e a fé nos ensina que, com a morte, se abre a possibilidade da contemplação da vida futura, à qual podemos alcançar, e poderemos viver a eterna Comunhão dos Santos e Santas no Amor da Trindade.
 
Cremos que fomos criados para um fim feliz; no entanto, o pecado e a morte irromperam por nossa culpa, mas pela Morte e Ressurreição de Jesus, fomos libertos da morte e introduzidos na plena comunhão divina
 
Cremos em Jesus Cristo, que morreu, e por Deus foi Ressuscitado e está sentado à direita de Deus. Juiz e Senhor da História, Rei do Universo, e, por Seu Espírito, podemos clamar a Deus como Pai.
 
Cremos em Jesus Cristo Ressuscitado, e isto dá um novo sentido à existência humana e seu fim último: a vida eterna, que necessariamente passa pela morte.
 
Cremos na ação do Espírito Santo, que nos une ao Mistério Pascal de Jesus, na realização de nossa vocação divina, e que, em Cristo, se ilumina o enigma da dor e da morte.
 
Cremos na Ressurreição do Senhor e, com ela, novas perspectivas para quem crê n’Ele, em atitude de resistência à dor e a morte, num encantamento pela vida, com sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino, para que tenhamos vida plena desde já e, um dia, eternamente na glória dos céus. Amém.
 
PS: Profissão de fé à luz da Constituição Pastoral “Gaudium et spes”- Vaticano II,  sobre a Igreja no mundo de hoje (n.18-22) (séc. XX), que reflete sobre o Mistério da Morte.
 
 

Reconheçamos e confessemos nossos pecados

                                                      

Reconheçamos e confessemos nossos pecados

Na primeira Leitura do 3º Sábado do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagem do Segundo Livro de Samuel (2 Sm 12,1-7a.10-17), em que Davi reconhece e confessa seu pecado, após a interpelação feita por Natã.

Davi reconhece seus gravíssimos pecados, suplica o perdão de Deus e o alcança.

Deste modo, a passagem nos revela um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama sem medida o pecador; bem como nos revela que Deus não é indiferente diante dos que abusam e exploram a vida do próximo.

Deus jamais abandona o pecador que reconhece a sua falta, comunicando o perdão e a Salvação como dom divino e não como conquista humana; o Seu perdão oferecido à humanidade é sempre a comunicação do Amor que possibilita uma vida nova.

O Apóstolo Paulo, também experimentou a graça e misericórdia divina, como vemos em sua Carta aos Gálatas (Gl 2, 16.19-21).

Este passou da Lei para a acolhida da graça que vem de Jesus, pois somente n’Ele encontramos a Salvação. Acolhendo a graça, Paulo chegou à identificação tão intensa com Jesus que afirmou:

Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim.” (Gl 2, 20).

A misericórdia de Deus oferece a possibilidade do recomeço, de novos passos, novos rumos, novas posturas, que nascem do encontro pessoal com a Divina Fonte de Amor e perdão: Jesus.

É o que vemos na passagem do Evangelho (Lc 7,36-8,3), na presença daquela mulher pecadora no banquete, lavando e beijando Seus pés.

Ela também experimentou a misericórdia divina, pois teve seus pecados perdoados e, assim, pôde espalhar pelo mundo o verdadeiro amor, como nunca o fizera.

Temos também o fariseu Simão, que tão apenas acolheu Jesus em sua casa, mas não O recebeu como Aquele que tem o poder de perdoar os pecados, e que deseja estabelecer conosco comunhão de vida, Amor e perdão.

Simão é a personificação daqueles que não reconhecem as próprias imperfeições, e se tornam medida para o outro, crendo que têm o poder de julgar, rotular, condenar e excluir do convívio.

São totalmente opostas as atitudes da pecadora, que entra no banquete, sem mesmo ter sido convidada, e com toda humildade se prostra aos pés do Senhor, lava-os com suas lágrimas, lágrimas de dor por seus pecados; enxuga-os com seus cabelos, com sua vida, acolhida e ternura, ungindo-os e cobrindo-os de beijos.

Jesus a perdoa não porque tenha pecado muito, mas porque muito O amou, e demonstrou o seu amor para com Ele. Esta mulher fez a experiência do amor “louco”, incompreendido, de Deus que perdoa.

Simão sequer cumpriu o ritual prescrito, muito menos se abriu ao perdão e ao Amor de Jesus, como o Messias, o enviado do Pai, a própria presença de Deus, o único que tem poder para perdoar os pecados.

Simão, como os convidados, é levado tão apenas pela aparência, encerra a mulher no seu passado, sem a perspectiva de mudança.

De outro lado, Jesus tem olhar que vai além das aparências, possibilitando a ela um futuro diferente, permitindo-lhe partir perdoada, amada e em paz.

Sendo assim, podemos nos identificar ora com Simão, ora com a pecadora que é perdoada por Jesus, assim como Davi que também peca e reconhece seus pecados.

Reflitamos:

- O que aprendemos com a atitude de Davi na passagem acima?
- Estamos tão identificados com o Senhor, a ponto de, como Paulo, podermos dizer “não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim”?

- Por nossos pensamentos, palavras, atitudes, reconhecerão Cristo em nós?
- Reconhecemos nossos pecados e nos abrimos à misericórdia de Deus, alcançando e comunicando o perdão a quem nos ofende, como rezamos no Pai Nosso?

Somente experimentando o Amor e o perdão que vêm de Deus é que poderemos amar, perdoar e sermos perdoados.

O mundo precisa de Profetas da civilização do Amor, que se proponham a colaborar na construção do Reino do Amor de Deus no coração da humanidade.

Reconhecer e confessar nossos pecados e nos empenharmos na construção de um Reino de justiça, paz, amor, misericórdia, perdão, compaixão, verdade, liberdade e, sobretudo, de respeito aos direitos sagrados da vida, desde a concepção ao seu declínio natural. 

Reconhecer, confessar, mas procurar ter novos pensamentos, palavras, com novas posturas e compromissos, sem omissão com a promoção da beleza e esplendor da vida em todos os âmbitos. 

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