segunda-feira, 2 de setembro de 2024

O Espírito Santo nos conduz na missão

                                       

O Espírito Santo nos conduz na missão

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,16-30), oportuna para refletirmos sobre a missão de Jesus, uma missão divina, libertadora, inauguradora de um novo tempo, de uma nova realidade.

Com Ele, o Ano da graça é instaurado, a alegria, a paz, a vida em plenitude nos é alcançada por Sua presença e ação em nosso meio, pois Ele age sendo a própria presença da Palavra de Deus com a unção do Espírito Santo.

A missão de Jesus é a missão da Igreja, que ungida pelo Espírito Santo, alimenta-se e encarna a Palavra de Deus na vida.

Reflitamos:

- Quais as realidades que nos desafiam?
- De que modo comunicamos a Boa-Nova de Jesus?

- Sentimo-nos como um corpo em comunhão de carismas, diferentes ministérios empenhados em prol da vida e na edificação da comunidade?

- Quanto mais formos unidos, maior será a eficácia da Evangelização. Sendo assim, como vivemos a solidariedade, a responsabilidade e a coparticipação em nossa comunidade?

- Como acolhemos a Palavra de Deus? O que ela provoca em cada um de nós? Ela nos alegra, ilumina, alimenta?
- Esvaziamos a eficácia da Palavra de Deus, ouvindo-a sem praticá-la?      

- Cremos que o anúncio não é apenas para o outro que está ao nosso lado?

Renovemos nossas motivações, para que sejamos autênticos discípulos missionários do Senhor, seguindo-O, decidida e apaixonadamente, pois somente Ele tem palavras de vida eterna, como bem disse o Apóstolo Pedro (Jo 6,68).

Oremos:

“Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o Vosso Amor, para que possamos, em nome do Vosso Filho, frutificar em boas obras. Por N. S. J. C. Amém.”

“Loucura da Cruz” – Loucura do Amor

“Loucura da Cruz” – Loucura do Amor

“Nós pregamos Cristo Crucificado...”

O zelo pela casa do Pai consumiu Jesus Cristo, como também deve nos consumir (cf. Jo 2,19).

Quando Jesus diz “Destruí este santuário, eu o reerguerei em três dias”, está falando da Ressurreição do Templo de Seu corpo.

Somos convidados a voltar nosso olhar para a Obra do Amor fiel que Jesus levará a termo em Jerusalém, e não o faria se não entrasse no Templo e o purificasse. 

Uma vida que não vai em direção da Cruz não é cristã. É preciso viver a “loucura da Cruz” – a loucura do Amor em fidelidade ao Amor Maior, Jesus.

Cremos, pregamos e anunciamos Jesus Crucificado, como o Apóstolo disse “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Cor 1,22-25).

Cremos no Deus que aceitou, por meio de Seu Filho, amar até às últimas consequências. É a loucura do Amor que salva, redime, liberta. Amém.

Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

 


Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

Sejamos enriquecidos com um texto do Livro da Imitação de Cristo (séc XV):

“Ouve, filho, minhas palavras suavíssimas, que superam toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo. Minhas palavras são espírito e vida (cf. Jo 6,63), não ponderáveis por humanas inteligências. 

Não devem ser puxadas para a vã complacência, mas escutadas em silêncio, acolhidas com total humildade e afeição íntima. 

Eu disse: Feliz a quem instruis, Senhor, e lhe ensinas tua lei para que o alivies nos dias maus (Sl 93,12-13) e para que não se sinta abandonado na terra. 

Eu, diz o Senhor, ensinei no início aos profetas e até hoje não cesso de falar a todos. Porém muitos, à minha voz, são surdos e endurecidos. 

Muitos se comprazem em atender ao mundo mais que a Deus; com maior facilidade seguem os apetites de sua carne do que a vontade de Deus. 

O mundo promete coisas temporárias e pequeninas e é servido com imensas cobiças. Eu prometo bens sublimes e eternos e se entorpecem os corações dos mortais. 

Quem me serve e obedece com tanto empenho em todas as coisas, quanto se serve ao mundo e aos seus senhores?

Cora de vergonha, servo preguiçoso e descontente, porque aqueles estão mais prontos para se perderem do que tu para viveres.

Mais se alegram aqueles com a vaidade do que tu com a verdade. 

E, no entanto, por vezes se frustra sua esperança, ao passo que jamais falha a alguém minha promessa, nem sai de mãos vazias quem em mim confia. 

O que prometi, darei; o que falei, cumprirei. 

Sou eu o remunerador dos bons e inabalável acolhedor de todos os fiéis. 

Escreve minhas palavras em teu coração e rumina-as com cuidado; serão muito necessárias no tempo da tentação.

O que não entendes ao ler, entenderás quando te visitar. 

Costumo visitar de dois modos meus eleitos: pela tentação e pela consolação. 

E lhes leio diariamente duas lições: uma, arguindo seus vícios; outra, exortando a progredir na virtude. 

Quem tem minhas palavras e delas faz pouco caso, terá quem o julgue no último dia (cf. Jo 12,48).”

Vivendo o mês de setembro, de modo especial dedicado ao mês da Bíblia, intensifiquemos e aprofundemos a oração, com a Sagrada Escritura.

Seja a Leitura Orante um modo privilegiado para que nossa oração nos ajude a viver mais configurados a Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

Que a Palavra de Deus seja para nós, como foi para todos os profetas, como assim o foi para Jeremias:

“Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar eu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos” (Jr 15,16).

 

“Por que as pessoas procuram uma religião?”

                                                          

Por que as pessoas procuram uma religião?”

Uma breve reflexão a partir da passagem do Evangelho proclamado na quarta feira da 22ª Semana do Tempo Comum (Lc 4, 38-44).

Uma pergunta aparentemente simples, mas nem tanto: “Por que as pessoas procuram a religião?”

Há os que acreditam que a maioria das pessoas que procuram a religião o faz por motivos egoístas, relacionando Deus como um grande servidor para obter a proteção, saúde, sucesso econômico, profissional, social ou afetivo.

Também pode ser para fugir do medo do desconhecido, do sobrenatural ou da própria morte, que se vislumbra irreversivelmente no horizonte de cada um de nós.

Outros afirmam que ela é um ópio que nos aliena da realidade em que nos encontramos inseridos, ocultando as complexidades e conflitos da sociedade.

Porém, há um autêntico motivo: a nossa configuração plena com Jesus. À luz dos Evangelhos, aprendemos a procurar na religião um relacionamento pessoal e amoroso com o próprio Deus, para que possamos servi-Lo amando os nossos irmãos e irmãs.

Nisto consiste o melhor conceito de religião, ainda que dito de forma sucinta: religar – religar-nos com Deus e com nosso próximo.

Torna-se um imperativo na vida do discípulo missionário do Senhor o conhecimento do Evangelho, no qual Ele nos anuncia a Boa-Nova do Reino de Deus.

O conhecimento do Evangelho interpela, inexoravelmente, à vivência concreta do amor, da solidariedade, do perdão, da partilha em relação com o nosso próximo.

Assim como Jesus no raiar do dia se recolheu em intimidade e Oração diante do Pai, também precisamos deste momento, em que nos colocamos num diálogo amoroso e frutuoso com o Deus Pai de Amor, para maior fidelidade ao Filho e continuidade de Sua missão com a força, sabedoria e luz do Santo Espírito.

Sem momentos de recolhimento, revigoramento de nossas forças, sem que nos deixemos interpelar por Deus e por Sua Palavra e vontade, podemos viver uma religião com matizes que subtraem o verdadeiro motivo da religião.

Portanto, é preciso que nossa vida seja mais intensamente configurada a Jesus, num relacionamento mais amoroso com Deus, para que mais fraternos o sejamos. 

Pétalas sobre o asfalto

                                                         

Pétalas sobre o asfalto

Há muito mais entre o cinza dos muros da cidade e dos prédios, e das grades que construímos, em busca de um pouco de segurança possível.

Há pessoas que passam com seus carros, esperando impacientemente o abrir dos faróis e, não desejavelmente, teclando celulares, “iPods”, “tablets”.

Há pessoas que caminham nas calçadas, quando possível, quando estas transitáveis são.

Há sirene de ambulância pedindo passagem, levando alguém para socorro imediato, e ficamos imaginando o que teria ocorrido, a agonia de quem nela se encontra, ou simplesmente nem pensamos.

Há mendicantes nos faróis, crianças e adolescentes com suas apresentações, corpos pintados, esperando um trocado, ou ao menos um sorriso...

Há também as flores ou pétalas dos ipês, já caídas e outras caindo, na manhã fria, com sua beleza e suavidade, tornando a cidade menos cinzenta, as dores menos amargas.

A beleza viva de suas cores é como um grito que ressoa fortemente neste cenário, cobrindo-nos com suavidade.

Vejo algumas flores ou pétalas do ipê rosa sobre o carro, enquanto espero o farol abrir, outras sobre o para-brisa... É como se a árvore dissesse:

“Quero cobrir os passantes com minhas flores e pétalas;
Quero cobrir cada carro que passa; florir o asfalto duro e escuro da cidade com minhas cores fortes, ainda que as rodas dos carros por cima de mim passem e pés me esmigalhem.

Cubro o chão para oferecer a quem passa um cenário mais colorido e delicado, sacrificando cada parte de mim para tocar corações insensíveis ou não...”

Pétalas ou flores dos ipês, uma parábola da cidade para nossos ouvidos e coração, que nos faz pensar em que consiste o humano viver em cada tempo...

Então aprendamos: de nada adianta reclamarmos do cinza da cidade, de suas grades e tempo “líquido”, que escoa e escapa de nossas mãos, se nada de bom oferecermos, se nada fizermos para  reencantar e reinventar a vida.

Haveremos de descobrir o possível a ser feito: uma palavra, um gesto simples ou mais complexo, para tornar a vida mais bela e sinal do Paraíso não perdido, mas a ser construído.

Haveremos de, em nome da fé, como as pétalas ou flores dos ipês, saber calar quando preciso, para contemplar corações sensíveis e, aos corações endurecidos, jamais a voz calar.

Haveremos de envolver, como as pétalas ou flores dos ipês, cada pessoa com quem convivemos, com o melhor que pudermos oferecer, sem jamais na esperança esmorecer.

Haveremos de "florir" a cidade, não importa a estação, porque a vida a elas ultrapassa; a vida não se limita apenas a esta ou àquela estação.

Haveremos de sempre florir, e o odor do amor sempre exalar.

As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte

                                               



As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte

Ao leitor dedico tão apenas alguns versos,
Que muito dirão, há mais neles ainda imerso.
Que as pétalas do Ipê cubram as tristes
Marcas das cinzas deitadas pelo chão.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Que floresça a límpida inspiração
Sobre as cinzas deste complexo chão,
Emaranhado na mente, fincado no coração,
Conto com Deus e Sua colaboração.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Enquanto a Primavera não chega
Rezo, contemplo sinais de vida e morte,
Mãos elevo em súplicas mais que ardentes,
Para que vida seja gerada das sementes.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Flores vêm e sempre virão
Teimosamente em cada Primavera.
Nossos olhos contemplarão
E nossos lábios então louvarão!

Enquanto a Primavera não chega, 
o  Ipê Amarelo se antecipa e generosamente encanta o nosso olhar. 
Suas pétalas cobrem as cinzas funestas, tristes, gritantes... 
em sinal da Esperança que sempre haveremos de cultivar!

Enquanto a Primavera não chega...
As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte.

domingo, 1 de setembro de 2024

Em poucas palavras...

 


Eucaristia e o amor ao próximo

“É no coração que se devem inscrever a Lei de Deus e a Sua Palavra, ‘pois é do interior do homem que saem os pensamentos perversos: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças... Todos estes vícios saem do interior do homem e os tornam impuros...’

O critério último e decisivo da justa observância da Lei de Deus é o amor eficaz ao próximo. Porque é ele que julga a autenticidade da participação na Eucaristia que é o Sacramento do amor.” (1)

 

 

(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial  - Editora Paulus - pág. 1852

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG