“Creio em Vós, Jesus, o Cristo”
Na Liturgia das Horas, da Segunda-feira da oitava da Páscoa, nos é apresentada, para Oração, a Homilia sobre a Páscoa, do Bispo de Sardes, Melitão (Séc. II).
“Prestai atenção, caríssimos: o Mistério Pascal é ao mesmo tempo novo e antigo, eterno e transitório, corruptível e incorruptível, mortal e imortal.
É Mistério antigo segundo a Lei, novo segundo a Palavra que se fez carne; transitório pela figura, eterno pela graça; corruptível pela imolação do Cordeiro, incorruptível pela vida do Senhor; mortal pela Sua sepultura na terra, imortal pela Sua Ressurreição dentre os mortos.
A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o Cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, Ele que, imolado como Cordeiro, Ressuscitou como Deus.
Na verdade, era como ovelha levada ao matadouro, e, contudo, não era ovelha; era como cordeiro silencioso (Is 53,7), e, no entanto, não era cordeiro. Porque a figura passou e apareceu a realidade perfeita: em lugar de um cordeiro, Deus; em vez de uma ovelha, o homem; no homem, porém, apareceu Cristo que tudo contém.
Por conseguinte, a imolação da ovelha, a celebração da Páscoa e a escritura da Lei tiveram a sua perfeita realização em Jesus Cristo; pois tudo o que acontecia na antiga Lei se referia a Ele, e mais ainda na nova ordem, tudo converge para Ele.
Com efeito, a Lei fez-se Palavra e, de antiga, tornou-se nova (ambas oriundas de Sião e de Jerusalém); o preceito deu lugar à graça, a figura transformou-se em realidade, o cordeiro em Filho, a ovelha em homem e o homem em Deus.
O Senhor, sendo Deus, fez-Se homem e sofreu por aquele que sofria; foi encarcerado em lugar do prisioneiro, condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro; Ressuscitou dentre os mortos e clamou com voz poderosa:
“Quem é que me condena? Que de mim se aproxime (Is 50,8). Eu libertei o condenado, dei vida ao morto, ressuscitei o que estava sepultado.
Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz Ele, que destruí a morte, triunfei do inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos céus. Eu, diz Ele, sou Cristo.
Vinde, pois, todas as nações da terra oprimidas pelo pecado e recebei o perdão. Eu sou o vosso perdão, vossa Páscoa da salvação, o Cordeiro por vós imolado, a Água que vos purifica, a vossa vida, a vossa Ressurreição, a vossa Luz, a vossa Salvação, o vosso Rei.
Eu vos conduzirei para as alturas, vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos céus; eu vos levantarei com a minha mão direita”.
Contemplemos a ação de Cristo, a quem tributamos toda honra, glória, poder e louvor.
Nos dois últimos parágrafos, o próprio Senhor fala a cada um de nós. E, é exatamente assim que sentimos e cremos, é como vivenciamos nestes dias da Semana Santa, culminando com o Domingo da Páscoa:
Celebrando, sentimos a presença de Cristo, que viveu o ápice da agonia da alma no Getsêmani e a agonia do corpo ao longo da flagelação, culminando com a crudelíssima Morte na Cruz que nos redimiu.
Concluo com uma pequena profissão de fé:
Creio em Vós, Jesus, o Cristo que destruiu a morte,
triunfou do inimigo,
Calcou aos pés o inferno, prendeu o violento e
nos elevou para as alturas dos céus.
De Vós recebemos o perdão,
porque sois a nossa Páscoa da Salvação,
o Cordeiro por nós imolado, Sangue derramado que nos redime,
e que Se tornou para nós Verdadeira Bebida e
Alimento de Eternidade, na Eucaristia.
Vós sois a Água que nos purifica.
Em Vós somos banhados e renovados.
Vós sois a nossa Vida, Ressurreição, Luz,
Salvação, Rei e Redentor.
Conduzi-nos, Senhor, sempre para as alturas.
Ressuscitai-nos! Mostrai-nos o Pai que está nos céus.
Levantai-nos com a Vossa mão direita.
Enviai-nos, do Pai, o Vosso Espírito.
Amém!
Aleluia! Aleluia!
Aleluia! Aleluia!