domingo, 17 de novembro de 2024

O Senhor virá nos julgar com equidade e verdade (XXXIIIDTCB)

                                            

O Senhor virá nos julgar com equidade e verdade

A Liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum nos convida à vigilância na espera do Senhor que vem, permanecendo firmes na fé, e com sabedoria multiplicar os dons que foram confiados por Deus.

A Igreja nos oferece um dos comentários sobre os Salmos do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), em que ele nos exorta a não oferecermos resistência à Sua primeira vinda para não termos de recear a segunda vinda gloriosa.

“Então todas as árvores das florestas exultarão diante da face do Senhor porque veio, veio julgar a terra (Sl 95,12-13). Veio primeiro e virá depois.

Esta Sua palavra ressoou pela primeira vez no Evangelho: Vereis sem demora o Filho do homem vir sobre as nuvens (Mt 26,64).

Que quer dizer: Sem demora? O Senhor não virá depois, quando os povos da terra se lamentarão? Veio primeiro em Seus pregadores e encheu o mundo inteiro. Não ofereçamos resistência à primeira vinda, para não termos de recear a segunda.

Que, então, devem fazer os cristãos? Usar do mundo; não servir ao mundo. Como é isto?

Possuindo, como quem não possui. O Apóstolo diz: De resto, irmãos, o tempo é breve; que os que têm esposa sejam como se não a tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam do mundo, como se não usassem; pois passa a figura deste mundo. Eu vos quero sem inquietações (1Cor 7,29-32).

Quem não tem inquietações, aguarda com serenidade a vinda de Seu Senhor. Pois, que amor ao Cristo é esse que teme Sua chegada? Irmãos, não nos envergonhamos? Amamos e temos medo de Sua vinda. Será que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados?

Odiemos, portanto, estes mesmos pecados e amemos Aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá. Virá em hora que não sabes; se te encontrar preparado, não haverá importância não saberes.

E exultarão todas as árvores das florestas. Veio primeiro; depois virá para julgar a terra; encontrará exultantes aqueles que creram em sua primeira vinda, porque veio.

Julgará com equidade o orbe da terra, e os povos em Sua verdade (Sl 95,13). Que significam equidade e verdade?

Reunirá junto a si Seus eleitos para o julgamento; aos outros separa-los-á dos primeiros; porá uns à direita, outros à esquerda.

Que de mais justo, de mais verdadeiro do que não esperarem misericórdia da parte do juiz, aqueles que não quiseram usar de misericórdia antes da vinda do juiz? Quem teve misericórdia, será julgado com misericórdia.

Os colocados à direita escutarão: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o Reino que vos foi preparado desde a origem do mundo (Mt 25,34). E aponta-lhes as obras de misericórdia: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber etc. (Mt 25,34-46).

Por sua vez, que se aponta aos da esquerda? Sua falta de misericórdia. Para onde irão? Ide para o fogo eterno (Mt 25,41). Esta Palavra suscita grande gemido.

Que diz outro salmo? Será eterna a lembrança do justo; não temerá escutar palavra má (Sl 111,6-7).

Que quer dizer: escutar palavra má? Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25,4). Quem se alegra com a palavra boa, não temerá escutar a má. É esta a equidade, a verdade.

Porque és injusto, não será justo o juiz? Ou porque és mentiroso, não será veraz a verdade? Se queres, porém, encontrar o Misericordioso, sê tu misericordioso antes de Sua chegada: perdoa, se algo foi feito contra ti, dá daquilo de que tens em abundância. Donde vem aquilo que dás, não é d’Ele? Se desses do que é teu, seria liberalidade; quando dás do que é d’Ele, é devolução.

Que tens que não recebeste? (1Cor 4,7). São estes os sacrifícios mais aceitos por Deus: misericórdia, humildade, louvor, paz, caridade.

Ofereçamo-los e com confiança esperaremos a vinda do Juiz que julgará o orbe da terra com equidade, e os povos em Sua verdade (Sl 95,13).”

Assim, aguardemos a vinda gloriosa do Senhor. Enquanto Ele não vem, é tempo de multiplicarmos os talentos que nos foram confiados, a cada um conforme a capacidade, como o Senhor nos falou na Parábola dos talentos.

Não importa tanto a quantidade, porque nada nos falta. Antes, importa todo esforço para que eles sejam multiplicados, sem preguiça, medo, lentidão...

Um dia seremos julgados e haveremos de prestar contas dos bens que o Senhor nos confiou. Que possamos ouvir o que os dois primeiros ouviram da boca do patrão, que serão as próprias Palavras do Senhor aos que forem justos no tempo presente:

“Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração do tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria” (Mt 25, 21 e Mt 25, 23).

Agindo assim, seremos verdadeiramente filhos da luz, filhos do dia, na vigilante espera do Senhor que vem, e não sabemos nem o dia nem a hora, mas importa que estejamos vigilantes, atentos e os dons multiplicando até que mereçamos entrar na alegria celestial.

Oremos:

“Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em Vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a Vós, o Criador de todas as coisas. Por N. S. J. C. Amém”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG