quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Enquanto o Senhor não vem... (Reflexão 4 ) (XXXIIIDTCB)

                                                     

Enquanto o Senhor não vem...

A passagem do Evangelho do 33º Domingo do Tempo Comum (Ano B) – Mc 13,24-32 – nos ilumina como devemos viver a fé neste tempo intermediário, na espera desta grande “parusia”.

“Eschaton” consiste no sentido e no destino final da história. E, é esta a tonalidade das Leituras dos últimos Domingos do Tempo Comum, e para ela se volta nosso olhar. Esperamos a “parusia” (o regresso glorioso, a segunda vinda definitiva do Senhor no fim dos tempos).

Em primeiro lugar, é preciso que mantenhamos fixo o olhar da fé no final da História, em que Ele, o Senhor, regressará glorioso e os Seus eleitos poderão vê-Lo e experimentar Sua proteção e Seu Amor.

Que promessa consoladora, que nos preenche de coragem, ainda que nos tempos de calamidade, quando a barca da história parece ficar à deriva das forças do mal, da morte, da injustiça, da violência. Confiantes há que se permanecer, pois “céu e terra passarão”, mas “as Palavras” do Senhor jamais passarão (Mc 13,31).

Cairão todas as forças do mal, da morte, da dominação; as montanhas do egoísmo, mentira, vaidade ou quaisquer outros nomes que obscureçam a vida, que lhe roubem a beleza, dignidade e sacralidade. Enquanto isto é preciso ficar vigilantes na fé.

Em segundo lugar, a atitude que se dever ter neste tempo presente, no quotidiano: evitar a curiosidade inútil de conhecer o futuro e o estéril desejo de certezas que sempre seduziram a Humanidade.

Nossa História está nas mãos de Deus. Como cristãos, não nos curvamos às determinações de horóscopos, magias, visionários diversos, como que messias de plantão. Uma atitude de fé autêntica não precisa e nem se apoia nisto ou em coisas semelhantes.

Em terceiro, o reconhecimento dos sinais do Amor de Deus em nossa vida, que bate sempre a nossa porta e nos faz estremecer de alegria com a Sua amada e desejável presença. Não há lugar para o pânico quando temos a certeza de que o Amante, o Amado e o Amor (a Santíssima Trindade) estão conosco em cada momento da vida.

A estação do inverno tem sua beleza própria, como todas as estações, mas há algo do inverno que não combina com a fé: o frio.

Um inverno da fé não condiz com a atitude de quem no Senhor deposita a confiança e a esperança;  de quem se encontrou com a Fonte Divina do Amor: Jesus.

Inverno espiritual não é do que o mundo precisa, antes precisa de quem possa comunicar o fogo, o ardor, a chama do Santo Espírito, acesa no dia Batismo para nunca mais se apagar e ao mundo luz, calor, vida, alegria, esperança e amor comunicar, expressando e testemunhando a maravilha de se ter fé.

Ajudar o próximo a crer que as estações se sucedem e que depois de um inverno espiritual, com maturidade enfrentado, esforços multiplicados, pode-se contemplar a primavera do Espírito na perseverança, com coragem, lucidez, alegria interior contagiante, sabedoria e discernimento na espera do dia do Senhor que veio, vem e virá.

Quando? Ninguém sabe, é segredo do Pai (Mc 15,32). Não nos cabe saber o momento, mas para nós cabe atitude de vigilância, vivendo a fé, solidificando a esperança, na vivência daquilo que jamais passará: o amor.

Oremos:

“Ó Deus, que velais sobre a sorte do Vosso Povo,
Aumentai em nós a fé de que todos os que
dormem no pó ressuscitarão.

Concedei-nos o Vosso Espírito para que, ativos na caridade,
esperemos cada dia a manifestação do Vosso Filho,
o qual há de vir para reunir todos os eleitos no Seu Reino
e que dentre os quais estejamos incluso. Amém”


PS: Livre adaptação do Lecionário Comentado - pp. 801-802.

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