segunda-feira, 12 de agosto de 2024

“O Martírio do amor...”

 



“O Martírio do amor...”
 
Ao celebrar no dia 12 de agosto a Memória de Santa Joana Francisca de Chantal, sejamos enriquecidos pelo escrito de uma de suas secretárias.
“Certo dia, Santa Joana disse estas fervorosas palavras, logo fielmente recolhidas:
 
Filhas diletíssimas, muitos dos nossos santos Padres e colunas da Igreja não sofreram o martírio; sabeis dizer-me por que razão? Após a resposta de cada uma, disse a santa Madre:
 
Quanto a mim, creio que isto aconteceu assim, por haver outro martírio que se chama martírio de amor, em que Deus, conservando em vida Seus servos e servas a fim de trabalharem para Sua glória, os faz ao mesmo tempo mártires e confessores.
 
Sei que, por disposição divina – acrescentou – as filhas da Visitação são chamadas a este martírio com o mesmo ardor que levou a afrontá-lo aquelas servas mais afortunadas.
À pergunta de uma irmã sobre o modo como poderá se realizar este martírio, respondeu: Abri-vos inteiramente à vontade de Deus e tereis a prova.
 
O Amor divino mergulha sua espada até o mais íntimo e secreto de nossas almas, e separa-nos de nós mesmas. Conheci uma alma a quem o amor separou de tudo quanto lhe agradava, como se o golpe dado pela espada de um tirano lhe tivesse separado o espírito do corpo.
 
Percebemos que falara de si mesma. Tendo outra irmã indagado quanto tempo duraria esse martírio, explicou: Desde o momento em que nos entregamos a Deus sem reservas, até o fim da vida.
 
No entanto, isto só diz respeito às pessoas magnânimas, que, renunciando completamente a si mesmas, são fiéis ao amor; os fracos e inconstantes no amor, nosso Senhor não os leva pelos caminhos do martírio, mas deixa-os viver a passos lentos, para que não se afastassem dele; pois nunca força a livre vontade.
 
Quando, por fim, lhe foi perguntado se este martírio de amor poderia ser igualado ao martírio do corpo, respondeu: Não nos preocupemos com a questão da igualdade, muito embora eu julgue que um não ceda ao outro, porque o amor é forte como a morte (Ct 8, 6). E ainda porque os mártires de amor sofrem dores mil vezes mais agudas conservando a vida para cumprir a vontade de Deus, do que se tivessem de dar mil vidas para testemunhar a sua fé, o seu amor e a sua fidelidade.” 
 
Nascida em Dijon (França), no ano de 1572. Casou-se com o barão de Chantal, e foi mãe de seis filhos, os quais educou na piedade.
 
Após a morte do marido, levou uma admirável vida de perfeição, sob a direção de São Francisco Sales, praticando especialmente a caridade para com os pobres e enfermos. Antes de morrer (1641) fundou e governou com sabedoria a Ordem da Visitação.
 
“Martírio do Amor?”. Quantos o viveram e vivem entre nós: mães e pais no amor e cuidado de seus filhos; educadores/professores plantando semente do saber num contexto marcado por dificuldades; profissionais inúmeros,  que no martírio do amor, mais que pelo dinheiro necessário, realizam tudo com extremo amor, como que um sacerdócio, vivendo com toda intensidade e caridade.
 
Martírio do amor no cuidado de crianças, enfermos, idosos, muitos que para a sociedade nada dizem, nada contam, porque vítimas de uma cultura do descarte.
 
Martírio do amor vivido no zelo pastoral de tantos nomes que conhecemos movidos, tão apenas pelo mais belo e puro amor: Jesus Cristo.
 
Urge nos abrirmos ao profundo e sincero martírio do amor, para acolher o Verdadeiro Amor, o Pão Vivo descido do céu que nos garante a eternidade.
 
Finalizando, retomemos suas palavras:
 
“Abri-vos inteiramente à vontade de Deus
e tereis a prova.
O amor divino mergulha sua espada até o mais íntimo e
secreto de nossas almas,
e separa-nos de nós mesmas.
Conheci uma alma a quem o amor separou de tudo
quanto lhe agradava, como se o golpe dado
pela espada de um tirano lhe tivesse
separado o espírito do corpo”.
 
Roguemos ao Senhor a graça necessária para que vivamos o martírio do amor, como discípulos missionários do Senhor, peregrinando na esperança, edificando uma Igreja verdadeiramente sinodal à serviço do Reino de Deus. Amém.
 

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