“O Martírio do amor...”
Ao celebrar no dia 12 de agosto a Memória
de Santa Joana Francisca de Chantal, sejamos enriquecidos pelo escrito de
uma de suas secretárias. “Certo dia, Santa Joana disse estas fervorosas palavras, logo fielmente recolhidas: Filhas diletíssimas, muitos dos nossos santos
Padres e colunas da Igreja não sofreram o martírio; sabeis dizer-me por que
razão? Após a resposta de cada uma, disse a santa Madre: Quanto a mim, creio que isto aconteceu assim, por
haver outro martírio que se chama martírio de amor, em que Deus, conservando em
vida Seus servos e servas a fim de trabalharem para Sua glória, os faz ao mesmo
tempo mártires e confessores. Sei que, por disposição divina – acrescentou – as
filhas da Visitação são chamadas a este martírio com o mesmo ardor que levou a
afrontá-lo aquelas servas mais afortunadas.À pergunta de uma irmã sobre o modo como poderá se
realizar este martírio, respondeu: Abri-vos inteiramente à vontade de Deus e
tereis a prova. O Amor divino mergulha sua espada até o mais íntimo
e secreto de nossas almas, e separa-nos de nós mesmas. Conheci uma alma a quem
o amor separou de tudo quanto lhe agradava, como se o golpe dado pela espada de
um tirano lhe tivesse separado o espírito do corpo. Percebemos que falara de si mesma. Tendo outra irmã
indagado quanto tempo duraria esse martírio, explicou: Desde o momento em que
nos entregamos a Deus sem reservas, até o fim da vida. No entanto, isto só diz respeito às pessoas
magnânimas, que, renunciando completamente a si mesmas, são fiéis ao amor; os
fracos e inconstantes no amor, nosso Senhor não os leva pelos caminhos do
martírio, mas deixa-os viver a passos lentos, para que não se afastassem dele;
pois nunca força a livre vontade. Quando, por fim, lhe foi perguntado se este
martírio de amor poderia ser igualado ao martírio do corpo, respondeu: Não nos
preocupemos com a questão da igualdade, muito embora eu julgue que um não ceda
ao outro, porque o amor é forte como
a morte (Ct 8, 6). E ainda porque os mártires de amor sofrem dores mil
vezes mais agudas conservando a vida para cumprir a vontade de Deus, do que se
tivessem de dar mil vidas para testemunhar a sua fé, o seu amor e a sua
fidelidade.” Nascida em Dijon (França), no ano de 1572. Casou-se
com o barão de Chantal, e foi mãe de seis filhos, os quais educou na piedade. Após a morte do marido, levou uma admirável vida de
perfeição, sob a direção de São Francisco Sales, praticando especialmente a
caridade para com os pobres e enfermos. Antes de morrer (1641) fundou e
governou com sabedoria a Ordem da Visitação. “Martírio do Amor?”. Quantos o viveram e vivem
entre nós: mães e pais no amor e cuidado de seus filhos; educadores/professores
plantando semente do saber num contexto marcado por dificuldades; profissionais
inúmeros, que no martírio do amor, mais
que pelo dinheiro necessário, realizam tudo com extremo amor, como que um
sacerdócio, vivendo com toda intensidade e caridade. Martírio do amor no cuidado de crianças, enfermos,
idosos, muitos que para a sociedade nada dizem, nada contam, porque vítimas de
uma cultura do descarte. Martírio do amor vivido no zelo pastoral de tantos
nomes que conhecemos movidos, tão apenas pelo mais belo e puro amor: Jesus
Cristo. Urge nos abrirmos ao profundo e sincero martírio do
amor, para acolher o Verdadeiro Amor, o Pão Vivo descido do céu que nos garante
a eternidade. Finalizando, retomemos suas palavras:
“Abri-vos inteiramente
à vontade de Deus
e tereis a prova.
O amor divino mergulha
sua espada até o mais íntimo e
secreto de nossas
almas,
e separa-nos de nós
mesmas.
Conheci uma alma a quem
o amor separou de tudo
quanto lhe agradava,
como se o golpe dado
pela espada de um
tirano lhe tivesse
separado o espírito do
corpo”.
Roguemos ao Senhor a
graça necessária para que vivamos o martírio do amor, como discípulos
missionários do Senhor, peregrinando na esperança, edificando uma Igreja
verdadeiramente sinodal à serviço do Reino de Deus. Amém.
Ao celebrar no dia 12 de agosto a Memória
de Santa Joana Francisca de Chantal, sejamos enriquecidos pelo escrito de
uma de suas secretárias.
Roguemos ao Senhor a
graça necessária para que vivamos o martírio do amor, como discípulos
missionários do Senhor, peregrinando na esperança, edificando uma Igreja
verdadeiramente sinodal à serviço do Reino de Deus. Amém.
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