segunda-feira, 3 de junho de 2024

Quaresma: cuidemos melhor da vinha do Senhor

                                                            

Quaresma: cuidemos melhor da vinha do Senhor 

Na Liturgia da segunda Sexta-feira da Quaresma, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 21,33-43.45-46), e refletimos sobre a Vinha, que é a imagem do Povo de Deus, e dos frutos que devemos produzir: amor, paz, justiça, bondade e misericórdia.

O Senhor espera encontrar frutos abundantes em nossa vida, porque muito nos foi dado. Mas, como batizados, se não produzirmos os frutos por Deus esperados, frustrando Sua esperança, Ele tirará de nós a Vinha e a confiará a outros. Grande é, portanto, a nossa responsabilidade.

Muito antes, o Profeta Isaías, que exerceu o seu ministério em Jerusalém por um longo período, nos remete à reflexão sobre a Vinha.

Após uma fase mais tranquila, deparou-se com uma realidade marcada pela exploração dos empobrecidos, contrastando com o fausto cultural, incoerente e mentiroso, porque não era resultado de verdadeira adesão a Javé e Seu projeto de vida plena para todos. 

Falando do Povo como Vinha, o Profeta (Is 5,1-7) a compara à esposa que deixou de ser fiel e se converteu numa prostituta (Is 1,21-26). É preciso superar a infidelidade à Aliança voltando-se para Deus.   

Ele se apropria da imagem da Vinha como que de uma “cantiga de amor”, como recurso para a transmissão da mensagem que Deus lhe confiou, a fim de que resgate o povo a que pertence, em total e incondicional fidelidade ao Pai que não se cansa de amar, perdoar e libertar Seu povo. É próprio do Amor de Deus não se cansar e não desistir da nossa salvação.  

O Profeta/Poeta brinca com as sonoridades e com o ritmo, em alternância de sons doces de canções de amor e a aspereza das canções de trabalho.  Mas num momento ápice o cântico se transforma em queixa e grito pela justiça, numa interpelação direta de seus interlocutores para que cessem os gritos de horror que procedem dos empobrecidos que são como os frutos selvagens de que fala o Profeta/Poeta. 

Estes frutos são as injustiças, arbitrariedades, violência e sangue dos inocentes e, consequentemente, a não defesa do direito dos pobres. Deste modo, a imagem da vinha e seus frutos amargos é a mais perfeita expressão da imagem do povo infiel a Deus, que multiplica o número dos sofredores. De outro lado, o Profeta é incansável em proclamar o amor de Deus que nos ama para nos transformar, de modo que, transformados por Seu amor, amemos nosso próximo. 

Reflitamos: 

- De que modo correspondemos ao amor de Deus?

- Produzimos frutos de tolerância, misericórdia, bondade e compreensão? 

- Nossas Missas e Celebrações têm nos levado a inadiáveis compromissos com a vida dos mais necessitados?

- Quais são as implicações concretas de nossos cultos e louvores? 

Voltando à passagem do Evangelho, que nos apresenta como cenário Jerusalém, temos a presença dos opositores de Jesus que O levarão à prisão, julgamento, condenação e morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado. 

Jesus enfrenta os dirigentes de Seu tempo (aqueles que detêm os poderes políticos, religiosos, econômicos e ideológicos); sabe que será condenado implacavelmente, porque não acolherão a Boa-Nova do Reino que veio inaugurar. 

A Parábola contada por Jesus é riquíssima em simbolismos: 

- A Vinha é Israel, o Povo de Deus;

- O Dono da Vinha é o próprio Deus;

- Os vinhateiros homicidas são os líderes religiosos;

- Os servos assassinados são os Profetas que Deus havia enviado; 

- O Filho assassinado é o próprio Jesus. 

Com a Parábola, Jesus insiste na necessidade de se produzir os frutos do Reino, vivendo na radicalidade à Sua proposta. 

Reflitamos: 

-  Qual é o nosso compromisso com o Reino?

-  Quais os frutos que estamos produzindo na nossa vida, dentro e fora da Igreja com o nosso agir?

-  Como temos assumido a missão de trabalhar na Vinha do Senhor? 

-  É muito simples condenar os vinhateiros homicidas, mas o que fazemos com o Mandamento da Lei de Deus, que se resume no amor a Deus e ao próximo? 

-  Escutamos os mensageiros que nos foram enviados por Deus?     

-  O que precisa ser transformado em nossa vida, para que produzamos frutos mais saborosos e abundantes possamos multiplicar? 

Trilhando o itinerário quaresmal, reflitamos sobre a nossa missão; revendo o quanto é decisivo e fundamental o trabalho na Vinha do Senhor. 

Ao chamar os Seus para que O seguisse, Jesus lhes dá uma missão precisa: anunciar o Evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28, 19; Lc 24, 46-48). Por isso, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de Sua missão, ao mesmo tempo em que o vincula como amigo e irmão.  

Deste modo, “Cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão testemunhal da Vocação mesma” (Aparecida, n.144). 

Neste sentido, apropriadas são as palavras do Apóstolo Paulo: “Irmãos ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor; é o que deveis ter no pensamento” (Fl 4,8). 

Eis a nossa Missão: como batizados, trabalhar com alegria,  amor e fidelidade na Vinha do Senhor. 

Oremos: 

“Pai justo e misericordioso, que velas incessantemente
sobre a Vossa Igreja, não abandoneis a Vinha que à
 Vossa direita plantou: continuai a cultivá-la e a
enriquecê-la de servos missionários escolhidos,
para que, enxertada em Cristo, verdadeira Videira,
 produza frutos abundantes de Vida Eterna.
 Amém”!



PS: apropriado para aprofundamento da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,1-12)

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