É sempre oportuno retomar o que ouvimos no dia do Sacramento da Ordenação:
“Transmite a todos a Palavra de Deus, que recebeste com alegria. Meditando na Lei do Senhor, procura crer no que leres, ensinar o que creres, praticar o que ensinares. Seja, portanto, a tua pregação alimento para o Povo de Deus e a tua vida, estímulo para os fiéis, de modo a edificares a casa de Deus, isto é, a Igreja, pela palavra e pelo exemplo”.
Com o passar do tempo tomamos consciência da implicação, profundidade e exigência destas palavras.
Cada vez mais o Presbítero deve se configurar a Cristo, o Bom Pastor, porque fez o encontro com Sua pessoa, e por isto deve cultivar a amizade e intimidade com Ele, para levar a tantos outros ao mesmo encontro e amizade.
Tendo a Sua Palavra na mente, porque antes impregnou toda sua vida e criou raízes no coração, fazendo dele o homem da Palavra e um homem de palavra, por isto a Palavra a ser proclamada deverá antes ser interiorizada, por meio da escuta e da meditação, para partilhar ricamente o Evangelho com todos.
Faz parte de sua missão ensinar não a sua sabedoria, mas com a Sabedoria do Verbo de Deus convidando a todos à conversão e à santidade; sendo assim, mais que um anunciador da Palavra, precisa ser uma testemunha viva e eficaz desta Palavra.
Sinal do Bom Pastor, torna-se amigo dos pobres para gozar de predileção e amizade de Deus, pois os pobres são por excelência os amigos de Deus.
Empenha-se continuamente em somar com o outro em comunidade, rompendo barreiras que impeçam a luz divina resplandecer.
Consciente de que é barro na mão do Oleiro, procura trabalhar suas limitações e imperfeições próprias de todo ser, contando com a graça divina que vem em nosso socorro quando a Ela nos abrimos.
Portanto, por estar sujeito a todas as virtudes e fraquezas da condição humana, é necessário que cultive a vigilância ativa, sem perder o horizonte da santidade, que não é algo para amanhã, mas para cada instante.
Nesta vigilância ativa, busca o equilíbrio afetivo, sexual, psicológico, a maturidade humana e espiritual, na superação das instabilidades, reveses, crises e tentações inerentes ao seu estado de vida e ministério;
Movido pela caridade pastoral, mantém acesa permanentemente a chama profética, consumindo-se pelo que é essencial sem incorrer em ativismo estressante, “esvaziador” de suas forças, fuga de si mesmo ou de algo que o perturbe ou o inquiete.
O Presbítero enamora-se permanentemente por Cristo e assim não sabe fazer outra coisa se não possibilitar ao Povo de Deus a mesma experiência; Cristo Homem Deus, o mesmo da Cruz que, à direita do Pai, glorioso está.
Enamora-se de Cristo não como expressão de evasão, alienação, distanciamentos, fugas, solidão empobrecedora, muito pelo contrário; o faz Presbítero Profeta e na vivência da missão profética coloca-se incansavelmente contra todo jugo de opressão que ceifa vidas, culturas, valores e povos; como um eterno aprendiz da linguagem do Espírito, uma linguagem inteligível somente pelos simples, como bem disse Santo Antônio:
“Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência.”.
Por isto é imprescindível que se alimente da Eucaristia, para edificar a comunidade a ele confiada, tornando-a uma comunhão de fiéis, com gratuidade, humildade no que fala e faz, do menor ao maior compromisso.
Concluindo, todo o agir do Presbítero, assim como de todo cristão, deve ter apenas uma motivação: o amor; com os olhos fixos em Jesus, coração com Ele em perfeita sintonia; tão somente assim encontra a profunda e verdadeira liberdade que procede do Espírito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário