sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Advento: rever nossas atitudes

                                                      


Advento: rever nossas atitudes

“Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; 
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se; 
mas encontra seu prazer na Lei de Deus,
dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2)

Há uma lenda muito oportuna para que vivamos intensamente o Tempo do Advento, nos preparando para a Celebração do Natal do Senhor.

“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse:
– ‘A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé’.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
– ‘Qual lobo vence’?
O velho índio respondeu:
– ‘Aquele que você alimenta!’”.

Advento é tempo para avaliarmos quais “lobos” alimentamos dentro de nós.

Tempo do Advento: urge abandonar toda a prática que fomente as trevas dentro de nós e ao nosso redor, como as mencionadas acima, e tantas outras que poderiam ser somadas, como que numa lista interminável. E isto se dará quando deixarmos de alimentar o “lobo mau”, que vive dentro de cada um de nós.

Tempo do Advento: urge, também, a intensificação de gestos luminosos e que promovam a comunhão, a fraternidade, a solidariedade, e, sobretudo, viver a caridade, sem desprezar as mencionadas na lenda acima. Deste modo, estaremos alimentando o “lobo bom” que também em nós habita.

A lenda nos remete a uma verdade: somos santos e pecadores. E neste sentido, o Advento é tempo favorável de mudança, de reorientação de nossos caminhos, voltando-nos para Deus de coração sincero, com súplicas e ação de graças.

Se assim o fizermos, naquela noite maviosa, poderemos sentir a verdadeira alegria do Natal do Senhor acontecendo em todos os âmbitos, dando o sentido genuíno do Natal, por vezes esvaziado pela mentalidade consumista, do lucro, de vendas e mesas fartas, e corações vazios.

O Tempo de Advento é para reflexão profunda, e esta lenda nos ajuda neste mergulho, para que naquela noite também façamos o mergulho no mar de ternura e amor a nós possibilitado pela Encarnação do Verbo naquela frágil e meiga Criança: Jesus Cristo, o Deus Menino, ao mesmo tempo, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

Jovem, quando Deus nos chama, só há uma resposta

                                                       

Jovem, quando Deus nos chama, só há uma resposta

Jovem, é sempre tempo de ouvir o chamado de Jesus e permanecer com Ele em todos os momentos, dando-lhe uma resposta de amor.

Na passagem do Livro de Samuel (1Sm 3,3b-10.19), Deus chamou Samuel e ele não O reconheceu, demorou um pouco para perceber que era Deus que o "convidava", porém tão logo percebeu ele respondeu: "Fala que Teu servo Te escuta".

Quantas vezes Deus nos chama, e deixamos passar despercebido, porque não O reconhecemos ou ignoramos Seu convite?

Os motivos? São muitos: alegamos falta de tempo, ou que é complicado demais, que não somos capazes, que talvez um dia...

Reflitamos:

- Qual é a tua resposta quando somos chamados para participar de uma Pastoral?
 - Qual é a tua resposta aos apelos e convites de Deus a cada instante em nossa vida?

Quando Deus escolhe alguém é Ele quem o torna capaz: “Deus não escolhe capacitados, mas capacita Seus escolhidos” Não devemos desperdiçar o chamado de Deus, devemos experimentar quão boa, agradável e perfeita é a vontade d’Ele.

A atitude de Samuel é profundamente inspiradora para todos nós. Deus não desistiu de Samuel quando o chamou e ele não reconheceu Sua voz.

Assim é conosco: Deus nunca desiste de nós, não importa se não O reconhecemos ou se simplesmente O ignoramos… Ele estará esperando o nosso sim como fez com Samuel, e fará coisas grandiosas em nossa vida.  

Há um canto que reflete bem tudo isto:

"Quando Deus escolhe alguém, Ele mesmo faz Tudo o que determinou em Seu coração. Capacita os chamados, fortalece os seus braços, pois, a obra é d’Ele e não falhará.

Quando Deus escolhe alguém, bom é obedecer. Custe o que custar é sempre o melhor; Ele cumpre a Palavra que diz: Boa e agradável, Perfeita é a vontade do Senhor”

Com o Salmo 39 rezamos: “Eu disse: ‘Eis que venho, Senhor’, com prazer faço a Vossa vontade.” É importante fazer a vontade do Senhor, dizer sim ao Seu chamado de coração aberto.

- Fazer as coisas de Deus apenas para "cumprir tabela", por desencargo, não é atender ao Seu chamado.
     - Como atender ao chamado do Senhor: com prazer ou de má vontade?

Atender ao chamado de Deus com satisfação, alegria, jovialidade e agrado é nos deixarmos inundar por uma felicidade que só Ele pode nos proporcionar.

O Apóstolo Paulo, na Carta aos Coríntios (1Cor 6,13c-15ª.17-20), nos convida a viver de forma coerente com o chamado de Deus. O nosso corpo é o Santuário do Espírito Santo, portanto não é para a imoralidade. Deus, no Seu Projeto, traça um Plano de vida para Seus filhos, diferente dos pensamentos do mundo, que são voltados para o pecado.

Ele quer que usemos nosso corpo de maneira certa, de maneira livre. Liberdade não é sinônimo de libertinagem. A libertinagem é o uso da liberdade sem o bom senso, transformando-a em um meio de prejudicar a si próprio e aos outros. É, portanto, a escravidão de si mesmo, dos próprios desejos e devaneios.

Todo ser humano é livre pelo consentimento de Deus. Quando deixamos de ser livres, passamos a ser escravos de nossas vontades, do nosso corpo, da nossa fragilidade...

O Evangelho (Jo 1,35-42) narra os primeiros encontros de Jesus com Seus discípulos. Jesus estava passando e eles O seguiram e logo depois perguntaram: Onde moras? E Jesus responde: "Vinde e vede!" E os discípulos permaneceram com Ele.

Permanecer com Jesus é conhecer a Deus, saber onde Ele mora, aprofundando uma relação de amizade, proximidade e intimidade que muda a vida toda e toda a vida. Permanecer com Jesus é escutar Sua palavra e meditá-la; é rezar com Ele e seguir Seus ensinamentos. Devemos permanecer com Jesus sempre e não só na dor.

Muitas pessoas procuram a Deus na hora do sofrimento, ou pior, às vezes mantêm uma relação de troca como se fosse um contrato comercial: "vou fazer este sacrifício para que Deus me conceda determinada graça".

Permanecer com Jesus é aprender com Ele a fazer a vontade do Pai com prazer e alegria. Aquele que conhece Jesus não é egoísta; permanece com Ele e conduz o seu irmão a Ele, para que permaneça também em Sua presença, como fez André (Jo 1,41).

Jesus fixa os olhos em Pedro e diz – “Tu és Simão, filho de João; será chamado Cefas (que quer dizer rocha)”

O olhar de Jesus... Olhar marcante que penetrou a alma de Pedro, levando-o aos poucos a reconhecer na humanidade de Jesus o ocultamento de Sua divindade; na divindade de Jesus a Sua mais bela e profunda humanidade: Jesus, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus!

-   Jesus fixa o olhar em cada um de nós e nos chama. Qual é a nossa resposta?

Só seremos verdadeiramente felizes se também fixarmos nosso olhar em Jesus e em Sua Cruz. Assim é o cristianismo: carregar a cruz de cada dia com renúncias, despojamentos, aberturas, enriquecimentos, até que um dia sejamos merecedores da glória dos céus!

Todos os Jovens precisam ouvir este chamado de Deus, que os chama pelo próprio nome, como a Samuel, para uma missão, que consiste em anunciar e testemunhar Jesus; uma missão que não conhece ocaso, porque é sempre tempo de fazer a luz e Deus brilhar em todos os momentos, em todos os lugares...

Responda prontamente ao chamado de Jesus: “Vinde e vede”, porque você, Jovem, está no coração da Igreja e tem, como todos nós, a divina missão de renovar a sociedade, o mundo em que vivemos.

Santidade e Templo

                                                                      

Santidade e Templo 

Reflexão sobre a purificação do templo pelo Senhor e  a indissociável relação entre santidade e templo. 

Santidade precisa ser vivida, como assim desejou e nos exortou o Senhor: “Sejam perfeitos como é perfeito seu Pai, que está nos céus” (Mt 5,48). 

Santidade que se destina a todas as pessoas, como tão bem expressou a “Lumen Gentium”“Todos, pois, na Igreja, quer pertençam à hierarquia ou sejam por ela conduzidos, são chamados à santidade, conforme a palavra do Apóstolo: ‘A vontade de Deus é que sejam santos’ (1Ts 4,3, Ef 1,4). 

A santidade da Igreja se manifesta de direito e de fato nos muitos variados frutos da graça, que o Espírito faz brotar nos fiéis, quando tendem para a perfeição do amor em suas vidas” (n.39). 

Na purificação do templo (Jo 2,13-25), Jesus Se apresentou como o Templo de Deus, que é o Seu próprio corpo, e todo aquele que n’Ele for batizado, viver e crer, faz parte deste Templo, pois Ele quis fazer de cada pessoa uma morada Sua, em quem podemos encontrá-Lo (Mt 25, 31-46). 

A santidade implica em sentir-se pertencente a este Templo, colocando toda a existência a serviço por amor ao próximo, como expressão máxima da adoração e amor a Deus sobre todas as coisas, com toda a alma, força, coração e entendimento. 

Amando a Deus, cumpriremos o primeiro Mandamento na ordem do preceito, e, amando ao próximo, estaremos cumprindo o primeiro na ordem da execução, como nos falou o Bispo Santo Agostinho. 

Neste sentido, encontramos inspiração nos testemunhos de tantos Santos e Santas, que viveram a santidade, alimentando-se no Templo do Senhor, mas prolongando a sua espiritualidade Eucarística na vivência da Palavra proclamada, no serviço ao outro. 

Santidade também implica em não fecharmos nossos olhos e ouvidos para o mundo no qual estamos inseridos, na completa realidade social, de modo que uma fé autêntica não se omite diante das questões sociais. 

Urge participar dos diversos espaços de expressão de cidadania, a fim de que aqueles que detêm o poder coloquem em prática a política na sua máxima expressão e grandeza: a promoção do bem comum. 

A santidade é fragilizada, manchada, quando não nos comprometemos para que a política cuide de cada cidadão, respeitando e promovendo a sua dignidade, da concepção ao seu declínio natural. 

Quando a santidade anda de mãos dadas com a sacralidade do Templo, vemos no outro um templo sagrado, e tornamos nossa fé ativa, nossa caridade esforçada e mais firme, sólida e frutuosa a nossa esperança (cf. 1 Ts 1, 3). 

Membros da Igreja, pedras vivas e escolhidas que somos, temos que ser no mundo sinal de santidade, pautando nossa vida pelos valores da verdade, justiça, liberdade, fraternidade e impelidos pelas virtudes divinas, sendo a mais importante, a virtude divina do amor, porque é eterna (cf. 1Cor 13, 8). 

Urge, no empenho constante no crescimento da santidade, cuidando do Templo e dos templos, que os Agentes das diversas Pastorais, Movimentos e Serviços, com a luz do Santo Espírito, façam a revisão do caminho trilhado na evangelização; avaliem com serenidade, à luz da Palavra de Deus e da Exortação do Papa “Evangelii Gaudium”, os objetivos, métodos e estratégias, para que sejamos uma Igreja que não fica confortavelmente dentro das paredes do Templo, mas, como Igreja em saída, vá ao encontro dos templos que clamam por uma Palavra de amor, vida, alegria e paz. 

Amando a Deus e ao próximo, vivamos a santidade em estreita e inseparável relação com o Templo e os templos.

Maria, a nova Eva

                                                                    

Maria, a nova Eva

À luz do Tratado contra as heresias do Bispo Santo Irineu (séc. II), reflitamos a analogia que ele faz entre Eva e Maria, Adão e Jesus Cristo.

“Quando o Senhor veio de modo visível ao que era Seu, levado pela própria criação que Ele sustenta, tomou sobre Si, por Sua obediência, na árvore da Cruz, a desobediência cometida por meio da árvore do Paraíso.

A sedução de que foi vítima, miseravelmente, a virgem Eva, destinada ao primeiro homem, foi desfeita pela boa-nova da verdade, maravilhosamente anunciada pelo Anjo à Virgem Maria, já desposada com um homem.

Assim como Eva foi seduzida pela conversa de um anjo e afastou-se de Deus, desobedecendo à Sua palavra, Maria recebeu a Boa-Nova pela Anunciação de outro anjo e mereceu trazer Deus em seu seio, obedecendo à Sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra se deixou persuadir a obedecer-lhe. Deste modo, a Virgem Maria tornou-se advogada da virgem Eva.

Por conseguinte, recapitulando em Si todas as coisas, o Senhor declarou guerra contra o nosso inimigo. Atacou e venceu aquele que no princípio, em Adão, fez de todos nós seus prisioneiros; e esmagou sua cabeça, conforme estas palavras, ditas por Deus à serpente, que se leem no Gênesis: ‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça enquanto tu tentarás ferir o seu calcanhar’ (Gn 3,15).

Desde esse momento, pois, foi anunciado que a cabeça da serpente seria esmagada por Aquele que, semelhante a Adão, devia nascer de uma Virgem. É este o descendente de que fala o Apóstolo na sua Carta aos Gálatas: ‘A lei foi estabelecida até que chegasse o descendente para quem a promessa fora feita’ (cf. Gl 3,19).

Na mesma Carta, o Apóstolo se exprime ainda com mais clareza, ao dizer: ‘Quando chegou à plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher’ (Gl 4,4). O inimigo não teria sido vencido com justiça se o Homem que o venceu não tivesse nascido de uma mulher, pois desde o princípio ele tinha se oposto ao homem, dominando-o por meio de uma mulher.

É por isso que o próprio Senhor declara ser o Filho do Homem, recapitulando em Si aquele primeiro homem a partir do qual foi modelada a mulher. E assim como pela derrota de um homem o gênero humano foi precipitado na morte, pela vitória de outro Homem subimos novamente para a vida”. (1)

Seja para nós,  o Tempo do Advento o tempo da:

- Contemplação da participação de Maria no Mistério da Encarnação do Verbo, que veio morar entre em nós;

- Nossa abertura aos Projetos e desígnios divinos, ainda que não compreendamos, num primeiro momento.

Maria, em total fidelidade e adesão ao Projeto de Deus, nos ensina a acolher o Seu Filho, em mais um Natal que se aproxima, no mais profundo de nós.

Mais que rezar a Maria, rezemos como Maria, para que, em Cristo, sejamos uma nova criatura, livre, reconciliada com Deus, em amizade restaurada e revigorada, de modo especialíssimo, quando por Ele somos iluminados e guiados e, no Pão da Eucaristia, saciados.

(1) Liturgia das Horas - Volume Tempo do Advento/Natal - pp.207-208

Coragem e sabedoria

                                                   


Coragem e sabedoria

"Naquele dia, nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o Espírito do Senhor...” (Is 11, 1-10)

A proximidade das festas natalinas e do início de um novo ano trazem a oportunidade e a necessidade de fazermos uma avaliação corajosa dos caminhos que trilhamos, acolhendo a Sabedoria do Espírito para planejarmos nossas atividades, na continuidade do caminho que jamais se dá por concluído.

Assim se constitui a vida: uma rede de relações entrelaçadas e complexas que precisam ser compreendidas. Nenhuma ação porta teor de nulidade e indiferença. Toda ação ou a sua não realização tem consequências na vida, no quotidiano da existência.

Precisamos coragem para rever quais foram nossos compromissos com a paz tão ameaçada.

Não basta coragem para rever, é preciso abertura à Sabedoria que o Espírito do Senhor nos comunica e os seus dons, para que possamos trilhar novos caminhos, testemunhando a nossa fé para que possa florir na grande primavera que nos levará ao encontro da verdadeira felicidade.

Sabedoria acolhida, ousadia renovada, caminhos novos buscar, redes em águas mais profundas lançadas, e como consequência, a vida em beleza edificada, e a felicidade tão sonhada, alcançada.

Muito mais do que comemorar o Natal é preciso celebrá-Lo, participando e acolhendo a Palavra proclamada em cada Santa Missa, e assim, nutridos do Pão da Eucaristia, sintamos o verdadeiro Natal acontecendo: Cristo presente na vida e na pessoa de cada irmão e irmã que pede um pouco de carinho, atenção, amor, ternura e paz.

Coragem para rever, avaliar e novos caminhos, se preciso for, tomar:

- Qual foi o nosso empenho em defender a sacralidade da vida, desde a sua concepção até o declínio natural, e o cuidado com a natureza tão explorada, destruída, por culpa de uma mentalidade consumista e indiferente, que nos pede sempre conversão?

- Com que intensidade vivemos a fé que professamos, no aprofundamento da Doutrina e na prática dos Mandamentos da Lei Divina?

- Como vencemos os pecados capitais que nos afastam desta fidelidade e felicidade querida por Deus?

- O que precisa ser eliminado de nossas famílias para que ela seja, de fato, um santuário da vida, edificado sobre a rocha fundamental da Palavra e da Eucaristia que Jesus nos oferece?

- Quais compromissos batismais, dentro e fora da Igreja, devem ser revigorados, para que nossa fé não perca a essência divina: ser sal, fermento e luz no mundo, colaborando na construção do Reino de Deus, não nos omitindo da participação política e os compromissos sociais?

Que Deus, enfim, renove a coragem e derrame Seu Espírito de Sabedoria, para que, com alegria, amor, doação e dedicação, nos empenhemos cada vez mais na Evangelização, para que esta floresça e frutifique, apontando um novo amanhecer.

Coragem, Sabedoria e Paz nasçam e renasçam em cada instante. Isto é o Natal do Senhor acontecendo silenciosamente em nosso coração, no Advento fecundado para acolhida da Semente do Verbo de Deus que quer realizar em cada um de nós maravilhas.

"Naquele dia, nascerá uma haste do tronco de Jessé e, partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o Espírito do Senhor...” (Is 11, 1-10). 

Natal: gratidão e louvor a Deus

                                                 

Natal: gratidão e louvor a Deus

Aproxima-se o momento de celebrarmos o Natal do Senhor, e não apenas comemorar, porque a comemoração não esgotará jamais a beleza da Festa do Natal, correndo mesmo o perigo de até esvaziar o seu sentido autêntico.

Natal é tempo favorável para agradecer e louvar a Deus, que nos deu, por amor, o Seu Filho Unigênito, não O retendo para Si.

Ana e Maria, na liturgia do dia 22 de dezembro (1 Sm 1,24-28; Lc 1, 46-56), são as mais belas expressões de agradecimento e louvor a Deus.

Ambas louvam a Deus com expressões semelhante, pelas maravilhas que Deus nelas realizou. Ana apresentou a Deus a sua esterilidade; Maria, por sua vez, a sua pobreza e a sua humildade:

“Hoje Maria e Ana entregam-nos uma mensagem de alegria e de esperança. Seja qual for a condição em que nos encontremos, mesmo a mais desesperada, podemos experimentar a força do ‘braço do Todo-poderoso’; basta que nos abandonemos com confiança a Ele, reconhecendo a nossa pobreza, a nossa miséria, e o Seu amor” (1).

São duas criaturas que têm o senso de Deus, de Sua misericórdia e de Sua grandeza, e encontram-se na alegria porque vivem a vida como dom de Deus.

Os agradecimentos que brotam de suas bocas e coração não são apenas um ímpeto de puríssima adoração, mas uma exata avaliação das coisas.

Cultivam a virtude teologal da caridade em sua expressão mais estritamente teológica: a primeira acompanha o agradecimento com um dom; ela que tinha suplicado tanto a Deus para ter um filho; recebeu-o como um dom de Deus: “Por isso também eu o dou em troca ao Senhor”, e para sempre” (1 Sm 1,24-28).

Maria, por sua vez, compreendeu que “o Senhor não ama quem merece, mas sim quem precisa do Seu amor; não quer bem a alguém porque é bom, mas é Ele que o torna bom amando-o. Maria deu-se conta da gratuidade de Deus e por isso tinha as disposições requeridas para ser enriquecida por Ele” (2).

Deste modo, Maria também fez a mesma experiência, ou até mais profunda, porque acompanhou seu Filho em todos os momentos, até o fim, suportando o ápice da dor, ao ver a agonia de seu Filho no Mistério de Sua Paixão e Morte, aos pés da Cruz, na qual Ele foi crucificado, e acolhendo-O em seus braços, na mais indizível dor que possa ser mencionada.

Outra mulher deu grande testemunho de agradecimento e louvor a Deus: Santa clara. Ao sentir que estava para morrer, dirigiu a Deus sua última prece, e a ouviram murmurar: “Senhor, agradeço-te por me teres criado”. Não foi o grito do desespero, mas o grito de uma alma que sabe o valor da gratidão em total confiança e entrega nas mãos de Deus.

Seja para nós a Festa do Natal uma oportunidade de agradecimento e louvor a Deus pelas maravilhas que Ele nos concede, e pelo mais precioso presente a nós oferecido: o Menino Jesus.

Seja o Natal:

- a acolhida da graça de Deus, que é derramada sobre os humildes, e não acolhida pelos soberbos; sobre os humildes, mas desperdiçadas pelos orgulhosos; sobre os famintos, e lamentavelmente ignorada pelos saciados;

- a graça de nos colocarmos de joelhos diante do Menino Deus, pois “o homem em adoração encontra-se em seu verdadeiro lugar, dá o sentido da proporção e da medida, afirma que nada é e que Deus é tudo. E é pura verdade e justiça. A Sua misericórdia sobre aqueles o temem” (3);

- a graça de retribuirmos a Deus, com a oferta de nossa vida a Ele, acompanhada de gestos de partilha, comunhão e solidariedade para com nosso próximo.

Agradeçamos a Deus e o louvemos, pois o Natal é a Festa do Nascimento do Menino Deus; a Festa do renascimento da esperança em nossos corações, em que a Luz de Deus brilhará mais forte iluminando nossos caminhos.


(1)         Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – p.212-213
(2)        Idem p. 212
(3)        Missal cotidiano – Editora Paulus – p.94

Quando o Natal chegar…

                                                   

Quando o Natal chegar…

Quando o Natal chegar, não será apenas mais um Natal,
Será o Natal do Senhor!

Algo de novo surgirá em nosso coração e em nossa vida se contemplarmos o Mistério do Natal com um tríplice olhar.

Contemplar, primeiramente,  o Menino Jesus na manjedoura: Apontando para a beleza e sacralidade da vida, do princípio ao seu declínio natural.

Contemplá-Lo pregando a Boa Nova:

A partir de Sua barca chamando e fazendo-nos pescadores de outros mares, e resgatando a humanidade para a vida. Finalmente contemplá-Lo na Cruz: Como mistério de uma vida vivida intensamente no amor, e doada por amor, pela salvação de toda a humanidade: amor que ama até o fim.

Deste modo, quando o Natal chegar...
Mais que árvores de natal montadas, nós teremos que estar enxertados na árvore da vida, alimentando-nos da seiva do amor que emana do Verbo que Se fez Carne.

Mais que presépios preparados, montados, é o coração humano que deverá estar devidamente preparado, como privilegiada manjedoura para a colhida do Verbo, presente em cada criança, em cada pessoa humana...

Mais que luzes piscando, estará mais do que nunca, acesa em nosso coração a Luz que Ele é e veio trazer à humanidade, e mais que isto, nos fazer sinal desta luz, como várias vezes cantamos:

“... Minha luz é Jesus, e Jesus me conduz pelos caminhos da paz...”

Mais que  amigos secretos seremos amigos para todos os momentos: bons e ruins, alegres e tristes, nas angústias e esperanças, nas vitórias e derrotas... Pois, a acolhida d'Aquele que nos chamou de amigos, nos possibilitará a criação de laços sinceros e verdadeiros de amizade, que se nutrem e se reforçam em cada Eucaristia celebrada.

Não haverá mesas fartas apenas um dia, mas todos terão pão em suas mesas em todos os dias, para que todo dia seja verdadeiro Natal.

Não haverá saudações mecânicas e formalmente repetidas, mas carregadas de conteúdo, acenando para a chegada Daquele que vem para reorientar nossos passos, acolhendo Aquele pelo qual tudo se renova, tudo se redime, tudo se reconcilia. Deus fará nascer no coração de quem faz a guerra, a paz de um Menino.

Armas serão transformadas em instrumentos que fabricam o pão; bilhões de dólares não mais se aplicarão na produção das armas que matam, mas na edificação de lares, escolas, espaços de convivência, crescimento, amadurecimento, favorecendo a promoção da dignidade de cada pessoa e da pessoa inteira. Nossos joelhos fortalecidos, mãos estendidas, mente predisposta a ser moldada pela Palavra; coração aberto para a Semente do Verbo.

Que em cada coração se reacenda a alegria de ser discípulo missionário, e como Igreja na América Latina, estaremos mais do que nunca, empenhados na grande Missão Continental por um “Continente da Esperança e do Amor!”

Quando o Natal chegar... Como estaremos?

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG