quinta-feira, 10 de julho de 2025

Em poucas palavras...

                                                        


O testemunho da vida

"O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas".  (1)

 

 

(1)  Paulo PP VI, Discurso aos Membros do "Consilium de Laicis" (em 2 de outubro de1974):  AAS 66 (1974), p. 568. – citado na Evangelii Nuntiandi (1975)– Papa São Paulo VI – parágrafo n.41

“Amor exige amor. E amor fiel”

                                                     

“Amor exige amor. E amor fiel”

No comentário do Lecionário Comentado, sobre a primeira Leitura da Missa (quinta-feira da 14ª semana do Tempo Comum - ano par) - (Os 11,1-4-8.c-9), assim lemos:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” (1)

A passagem do Livro de Oseias acima mencionada é uma das mais belas de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu ardor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Assim é o amor de Deus, o mesmo amor a ser vivido e testemunhado pelos seus discípulos na missão na construção do Reino:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (2)

Continuemos a reflexão sobre a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem, como Oseias tão bem nos apresenta...


(1) Missal Cotidiano -Editora Paulus - pp. 1005
(2) 
Lecionário Comentado - Volume I - Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa - pp. 693-694

Com amor Eterno, Deus nos ama

                                                    

Com amor Eterno, Deus nos ama


"Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão" (Os 11,4.8).

Na quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagens do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-4-8.c-9).

Trata-se de  uma das mais belas passagens de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu amor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente Outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado sobre esta passagem:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” (1)

Ainda mais sobre o amor de Deus:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (2)

Contemplemos a ternura infinita do Deus, enamorado loucamente do homem e da mulher, como Oseias tão bem nos apresenta.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus -  pp.693-694.
(2) Idem

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus!

                                                       

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus!

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Na Liturgia da Quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano Par), nos apresenta a passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-9), na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite a conversão.

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

Assim diz o Missal Cotidiano:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

A Palavra do Senhor é luz em nosso caminho

                                                                

A Palavra do Senhor é luz em nosso caminho

Reflexão à luz da passagem da Carta de São Pedro (1Pd 5,5b-7):

“Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, Ele vos exalte. Lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, pois é Ele quem cuida de vós”.

À luz das palavras do Apóstolo, como discípulos missionários do Senhor, é urgente solidificar os pilares da evangelização (Palavra, Pão da Eucaristia, Caridade e Ação Missionária), rever e renovar a alegria da missão.

Assim, retomemos os verbos: “revesti-vos”, “rebaixai-vos” e “lançai sobre Ele”, numa breve reflexão.

Urge que sejamos todos revestidos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos e dá a Sua graça aos humildes.

Maria também nos falou sobre esta verdade, como podemos ver no canto do Magnificat, que ela cantou quando de sua visita a Isabel (cf. Lc 1,46-55).

Da mesma forma, é necessário que nos rebaixemos humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que no tempo oportuno ele nos exalte.

Em vários momentos, junto aos Seus discípulos, Jesus falou da humildade necessária, do colocar-se a serviço dos pequenos, fazendo-se o último de todos e a serviço de todos.

Ressaltou atitudes de humildade, confiança e abertura à misericórdia de Deus, colocando-Se totalmente em Suas mãos.

No discipulado vivido, não são poucas as preocupações, inquietações, provações, adversidades. 

Nestes momentos, ressoem as palavras do Apóstolo – lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, pois é Ele quem cuida de vós.”

Assim é nosso discipulado, como uma longa travessia no mar revoltoso, em que somos interpelados a vencer todo o medo, confiantes na presença da Trindade, que nos envolve com Seu amor e proteção, experimentando em nossas fraquezas e limitações, a onipotência da misericórdia e força divinas.

Sigamos em frente, como alegres e corajosos discípulos missionários do Senhor, revestidos de amor mútuo, crescendo na solidariedade e fortalecendo os vínculos de comunhão e fraternidade.

Enviados para testemunhar a Palavra da Salvação

                                                                       

Enviados para testemunhar a Palavra da Salvação

“A Palavra da Salvação
coloca-nos a caminho...”

Na passagem do Evangelho (Mt 10,1-7), proclamada na quarta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum, Jesus escolhe e envia os doze Apóstolos em missão. 

Bem sabemos que "doze" representa a “totalidade” da população (doze Patriarcas, doze tribos, etc.).

A eles Jesus confere a Sua autoridade, com o poder de expulsar demônios, curar enfermidades e pregar a Boa Notícia da chegada do Reino, como Apóstolos (enviados).

Jesus os envia com sua realidade existencial concreta, marcada por ímpetos de heroísmos, intuições, interrogações sinceras, renegações, fugas e, por fim, a traição.

São Enviados para comunicar a Palavra da Salvação, que tantas vezes aclamamos, quando ao terminar a proclamação do Evangelho, dizemos: –“Glória a Vós Senhor!”.

A Palavra da Salvação ouvida, acolhida, acreditada, precisa ser vivida, testemunhada e, assim, com ela, sermos sinais e instrumentos do Reino:

"A Palavra da Salvação coloca-nos a caminho, na Igreja, para a dimensão de plenitude do Reino”.(1)

A Palavra da Salvação, encarnada corajosamente em nossa vida, tornará iluminado nosso caminho, e de quantos possamos esta luz comunicar.

Portanto, torna-se necessário que estejamos sempre atentos à voz do Espírito Santo que anima, conduz, ilumina, orienta a Igreja, guiando-a com o esplendor da verdade, para que a fé seja luminosa, dando razão de nossa esperança, e a caridade vivida, gere um mundo novo, tão desejado, como sinal do Reino de Deus.

A fé não se vive isoladamente, como gesto intimista, porque possui dimensão comunitária, eclesial.

Alimentados e revigorados com a força da Palavra (Pão) e saciados pelo Pão de Imortalidade (Eucaristia), continuamos nossa viagem para a eternidade, comprometidos na transformação de nossa provisoriedade, até o esplendor da glória na eternidade. A Eucaristia é verdadeiramente o viático, o Alimento nesta viagem para a eternidade.

Por vezes moribundos e fracos, devido às dificuldades a serem enfrentadas, temos que nos alimentar sempre deste Pão Eucarístico, acolhendo no mais profundo de nós a Palavra de Salvação, que ilumina os recônditos mais obscuros de nossa alma e de nossa história.

A Eucaristia é, de fato, Banquete luminoso, porque é o Mistério da Fé que professamos.

Concluindo, meditemos estas Palavras que são ditas nas Missas, e que devem, com toda intensidade de piedade, nos comprometer com a Sua segunda vinda:

“Anunciamos Senhor a Vossa Morte e proclamamos a
Vossa Ressurreição, Vinde Senhor Jesus”.



(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Tempo Comum - Volume I - pág. 681

Rezando com os Salmos - Sl 62(63),2-9

 



A minha alma tem sede Deus

“– Sois Vós, ó Senhor, o meu Deus!
Desde a aurora ansioso Vos busco!
= A minh'alma tem sede de Vós,
minha carne também Vos deseja,
como terra sedenta e sem água!

– Venho, assim, contemplar-Vos no templo,
para ver Vossa glória e poder.
– Vosso amor vale mais do que a vida:
e por isso meus lábios Vos louvam.

– Quero, pois, Vos louvar pela vida,
e elevar para Vós minhas mãos!
– A minh'alma será saciada,
como em grande banquete de festa;
– cantará a alegria em meus lábios,
ao cantar para Vós meu louvor!

– Penso em Vós no meu leito, de noite,
nas vigílias suspiro por Vós!
– Para mim fostes sempre um socorro;
de Vossas asas à sombra eu exulto!
– Minha alma se agarra em Vós;
com poder Vossa mão me sustenta.”

O Salmo 62(63),2-9 nos fala sobre a sede de Deus, que deve nos acompanhar em todos os momentos:

“Com a imagem do deserto que precisa da chuva para encher-se de vida, o salmista mostra como sem Deus não existe verdadeira vida. Enquanto viver quer sentir a proteção divina e cantar os louvores de Deus.” (1)

Concluímos com um trecho da Catequese do Papa São João Paulo II (25/04/01):

“No que diz respeito a este tema, a oração do Salmo 62 relaciona-se com o cântico de outro Salmo maravilhoso: ‘Assim como a corça suspira pelas correntes de água, assim também a minha alma suspira por Vós, ó meu Deus. A minha alma tem sede do Senhor, do Deus vivo’ (41, 2-3).

Assim como o Salmista, cremos que tão somente Deus pode saciar nossa sede de vida, amor, paz e fraternidade. No entanto, saciados pelo Pão da Palavra e da Eucaristia, é tempo de também saciar a fome e sede de vida, amor, paz e fraternidade de nossos irmãos e irmãs, nos mais diversos espaços em que vivemos.

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB - pág. 777


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