sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor

                                                     

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor

Acordar e Vossa Palavra ouvir, meditar...
Tão doce e amarga ao mesmo tempo:
Doce ao paladar, num primeiro momento,
Amarga ao ser digerida, paradoxalmente.

Doce como mel, Vossa Palavra
Comunica doçura e conforto a quem a ouve,
Mas ao mesmo tempo tão amarga,
Porque exigente a sua prática.

Não meros ouvintes dela haveremos de ser,
Mas fiéis e autênticas testemunhas,
Com maturidade enfrentaremos dificuldades,
Provações, tentações, possíveis perseguições.

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor,
Mas é ela quem nos dá sabedoria, que nos acompanha,
Para fidelidade e perseverança comprovadas na agonia,
Testemunho na dor e na alegria, na angústia e na esperança...

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor,
Mas é a ela que procuro noite e dia.
Ela me acompanha, ilumina, seduz,
E não permite sombras de omissão e covardia.

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor,
Ouvida, meditada, contemplada, rezada,
Em leitura orante deleitosamente saboreada,
Na vida, em gestos pequenos ou grandes, testemunhada.

Tão doce, tão amarga é Vossa Palavra, Senhor.



PS: Passagens bíblicas inspiradoras: Ap  10,8-11; Sl 118; Lc 19,45-48.

Livres para amar e servir o Senhor

                                                              

Livres para amar e servir o Senhor

Senhor, que jamais nos vangloriemos de participar ativamente da Igreja, possuir ministérios ou ter um serviço na comunidade eclesial de que fazemos parte, porque tudo é obra de Tua graça.

Senhor, que jamais, por pertencermos a uma comunidade que professa a fé em Ti, substituamos as relações de serviço por relações de poder, de domínio, de opressão, na busca da promoção pessoal, somada à desvalorização de outras pessoas.

Ensina-nos, Senhor, a viver uma religião autêntica, que consiste em adorar ao Deus vivo e verdadeiro, sem a promoção do culto a si próprio, buscando a satisfação dos próprios interesses, e jamais fazer do Altar um “palco de si mesmo”.

Assim, Senhor, estaremos vigilantes, participando do Teu Reino, numa vida expressa em doação, serviço e entrega por amor, e tão simplesmente por amor a Ti, servindo-Te na pessoa de quem mais precisa. Amém.

Fonte inspiradora: passagem do Evangelho Lucas 19, 45-48

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

 


Jesus, a Misericórdia de Deus para com os pecadores

“O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores (Lc 15). O anjo assim o disse a José: «Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21), o mesmo se diga da Eucaristia, sacramento da Redenção: «Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que vai ser derramado por todos para a remissão dos pecados» (Mt 26, 28).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1846

Em poucas palavras...

                                                                   


Eucaristia e Penitência

“Eucaristia e Penitência. A conversão e a penitência quotidianas têm a sua fonte e alimento na Eucaristia: porque na Eucaristia torna-se presente o sacrifício de Cristo, que nos reconciliou com Deus: pela Eucaristia nutrem-se e fortificam-se os que vivem a vida de Cristo: «ela é o antídoto que nos livra das faltas quotidianas e nos preserva dos pecados mortais» (Concílio de Trento).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo  1436

O desafio da Evangelização na rede

                                              

O desafio da Evangelização na rede

Retomo a citação do Papa Bento XVI em que ele ressalta a missão da Igreja que é chamada a “... descobrir, também na cultura digital, símbolos e metamorfoses significativas para as pessoas, que possam ser uma ajuda para falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo.”.

Tenho experimentado a força deste espaço... Quanto bem tem levado a muitas pessoas, conhecidas ou não (esta é uma das múltiplas faces da cultura digital, que nos desafia e nos aproxima).

Evidentemente, tanto aqui como no contato pessoal, com pequenos grupos ou grande número de pessoas em Assembleias, a Palavra é a mesma a ser anunciada e deve ser feito sempre com o mesmo amor.

A cultura digital tem seu fascínio, seu encanto, mas não dispensa o contato pessoal. Impressionante a intuição e a coragem do Papa na busca da compreensão da cultura digital, mais ainda a motivação para que não nos furtemos dela, não sejamos omissos. Haveremos de ser criativos e usar os meios lícitos e pertinentes para comunicar a Boa Nova do Evangelho, sem jamais o trair.

Quais símbolos e metamorfoses significativas haveremos de descobrir e utilizar para que cada letra, cada palavra, cada texto postado ou quaisquer outros trabalhos maiores realizados favoreçam a conversão e a transformação das pessoas, como alegre sinal do Reino a ser anunciado e construído?

Como ajudar, através da cultura digital, a realização do homem contemporâneo sem jamais se distanciar da verdade de Jesus Cristo, da Igreja e do homem?

Por isto manifesto mais uma vez meu anseio que o leitor não apenas visite este blog, mas faça dele um momento forte de oração revitalizando-se no essencial de Deus que é o Amor, e assim amar como Ele ama.

O mundo será mais belo se aprendermos a amar como Deus nos ama, sem nenhum acréscimo e nenhuma complicação. Amar na medida do Amor de Deus, se é que podemos falar em medida...

Ter Sal em nós é preciso para dar ao mundo novo sabor. Ser Luz nas mais diversas situações obscuras, nas "cavernas sombrias e escuras" da existência. Não podemos esconder a luz sob a mesa, tão pouco deixar o sal perder seu sabor, há muito Ele nos advertiu. 

Anunciar a Boa Nova do Evangelho é preciso, sobre os telhados, como já anunciara o Senhor.

Reflitamos:

Quais os esforços que realizamos para a compreensão da cultura digital?

De que modo ela com seus símbolos e recursos beirando o infinito podem ajudar a tornar homens e mulheres mais felizes?

Como tornar na cultura digital o Evangelho verdadeiramente uma Boa Nova para homem e mulher contemporâneos?

Alguns princípios não podemos perder de vista, que são acima de tudo pautados no Evangelho e dentre os quais destacamos: amor, verdade, justiça, liberdade, fraternidade, comunhão, respeito, solidariedade, paz, felicidade...

Que a cultura digital não contratestemunhe a própria cultura, que consiste em criar laços de comunhão, no respeito às diferenças, promovendo a realização da pessoa consigo mesma, com o outro e com Deus.

Há um imenso mar a ser descoberto. E, assim é o mar: quanto mais profundo for o mergulho, mais belos e encantadores serão seus mistérios.


PS: Citação extraída da mensagem intitulada “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital", do 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2011)

Sagrados compromissos que brotam da fé

Sagrados compromissos que brotam da fé

Reflexão à luz da passagem do Livro de Tiago (Tg 5,9-12).

Tiago é um sábio judeu-cristão, que repensa, de maneira muito original, as máximas da sabedoria judaica, vividas plenamente nas Palavras e ação do Senhor.

Com os profetas, e também com o Apóstolo São Tiago, no Novo Testamento, vemos que a alegria de Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, passos largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.

Ele exorta a comunidade a não desistir da espera do Senhor que vem, cultivando a paciência e a confiança, e é preocupado com o abuso da sobreposição da fé às obras, bem como o abuso dos ricos sobre os pobres.

A esperança deve iluminar o coração de todos na comunidade, pois a libertação está para chegar, mas a confiança no Senhor não nos permite o cruzar dos braços.

Esta esperança, acompanhada da paciência e confiança, é que dá coragem na luta, no bom combate da fé, em sua perfeita tradução em obras.

Esperar com confiança, mas sem revolta. Empenhar-se prontamente para o Projeto Libertador de Deus, num frutuoso e autentico apostolado.

Exorta à perseverança, à união e a não perda dos valores cristãos, apresentando para isto a proposta de uma autêntica vida cristã.

Deste modo, o olhar de fé deve ser renovado quotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado, a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.

Assim vivendo, jamais perderemos os valores cristãos autênticos, até que ocorra a intervenção final de Deus na história.

Vivendo a fé, reconstruímos o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.

Não deixe a chama do amor se apagar

                                                      

Não deixe a chama do amor se apagar 

Ouvir uma música possibilita transcender sua escuta com o mergulho no quotidiano, repensando a existência para torná-la mais bela. 

Retomo um trecho de uma das músicas interpretadas por Elton John e Leon Russel:“When Love Is Dying”: 

“... E ninguém lhe diz
Quando o amor está morrendo,
quando o amor está morrendo
Só fica um pouco mais frio
E paramos de tentar, paramos de tentar,
 
Sim, nós paramos de tentar
Oh quando o amor está morrendo
Há uma dor que você nunca pode explicar...” 

Reflito sobre tantos relacionamentos conjugais que estão morrendo; outros que há muito morreram e outros sobrevivem, em últimos suspiros. 

Também reflito sobre tantos outros relacionamentos que poderão sobreviver, se algo for feito. Mas o que pode ser feito?

Quantos relacionamentos ficaram frios, num quotidiano arrastado com lágrimas, sem esperança de retornar à chama do primeiro amor?

Quantas vezes a cruz, que o amor não dispensa, tornou-se quase que insuportável, por que não procede do amor a ser vivido e correspondido? 

“Quando o amor está morrendo” é como um grito nos convidando a também rever outros relacionamentos e não apenas o conjugal. 

Reflitamos sobre relacionamentos de amizade que, se não regados com carinho, atenção, apreço, correção fraterna, aos poucos, podem esfriar, desaparecendo como poeira ao vento ou gotas de orvalho matinais. 

Relacionamentos dentro da comunidade de fé também são vocacionados à maturidade da Comunhão Fraterna (At 2,42-45). Às vezes, a desatenção, a falta do carinho, da compreensão e da prática vital do perdão condenam a relacionamentos e comunidade “frias”, que não revelam a chama terna e candente do Amor de Deus. 

Se Comunidade do Espírito, somos por excelência a Comunidade do Seu Fogo; do Fogo do Amor, da alegria, da convivência, da comunhão celebrada. 

Repenso sobre a dor da frieza que o amor agonizante e desfalecido pode causar no coração de cada um de nós. 

“Há uma dor que você nunca não pode explicar”. E nem é preciso, antes deve-se evitar que a dor se multiplique. 

Redescubramos a beleza do Mandamento que Ele nos deixou: “amor a Deus e ao próximo”, e a ele procuremos corresponder para não morrermos gélida e miseravelmente. 

Antes que a dor venha, e ainda que não venha, amemos como Deus nos ama. 

Memorável página do Evangelho em que o coração dos Discípulos ardeu ao escutar a voz do Amado, e de quando seus olhos se abriram ao contemplá-Lo partindo o Pão. 

Naquela tarde, os Discípulos de Emaús (Lc 24,13-32) nos ensinaram a procura do verdadeiro Amor, para que prolonguemos relacionamentos cristãos, maduros e sinceros que revelem a verdadeira presença de Deus. 

 Concluamos com as palavras do Bispo Santo Anselmo (séc XII): 

“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos
quando Vos procuro; não posso procurar-Vos se não me ensinais, nem encontrar-Vos se não Vos mostrais.
Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje,
amando Vos encontre, encontrando Vos ame”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG