segunda-feira, 18 de novembro de 2024

“Mestre, que eu veja!”


“Mestre, que eu veja!”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Com esta cura, compreendemos o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passemos da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a  novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado.” (1)

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria, e tudo mais quanto possamos desejar, conceber, dizer.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor a cada instante é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 647.
PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)

Concedei-nos, Senhor, o colírio da fé

                                                                    

Concedei-nos, Senhor, o colírio da fé 


“...Privado da luz da fé,
 todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança...” (Papa  Bento XVI) 

Nossa História é marcada por acontecimentos por vezes humilhantes e dolorosos, e, nestes momentos, é preciso manter o olhar da fé iluminado, aberto à esperança, na fidelidade a Deus, que “fere a ferida, que golpeia e cura com a Sua própria mão” (Jó 5,18), experimentando Sua força, amor e ternura, que nos refaz e nos recoloca de pé, sempre a caminho, a fim de que não recuemos jamais.

Elevemos súplicas a Deus misericordioso, a gratuidade inaudita, que tanto nos ama, e que não  permite que as trevas que envolvem o mundo, nos faça perder o sentido do próprio existir, e o rumo de novos e luminosos horizontes.

Elevemos súplicas a Deus misericordioso, por meio de Jesus, o Amado Filho, para que nos torne fortes e corajosas testemunhas de Sua bondade, vencendo as adversidades de cada dia, com a esperança de vida nova e plena que somente Ele pode nos alcançar, com a presença e a ação do Santo Espírito. Amém.

 



Fonte inspiradora: Lecionário Comentado – Tempo Comum – Editora Paulus - 2011 - volume I – p.176

PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52; Lc 18,35-43)

“Sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”


“Sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”
 
No 30º Domingo do Tempo Comum (ano B), ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), sobre a cura realizada por Jesus do cego de Jericó.
 
O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. VI), nos apresenta este Sermão sobre a referida passagem:
 
“Amai a Deus, visto que nada encontrais melhor que Ele. Amais a prata porque é melhor que o ferro e o bronze; amais o ouro mais ainda, porque é melhor que a prata; amais ainda mais as pedras preciosas, porque superam até mesmo o preço do outro; amais, por fim, esta luz que teme perder todo homem que teme a morte; amais, repito, esta mesma luz que a desejava com grande amor quem gritava atrás de Jesus: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
 
Gritava o cego quando Jesus passava. Temia que Ele passasse e não o curasse. Como gritava? Até o ponto de não calar, ainda que a multidão lhe ordenasse o silêncio. Venceu opondo-se a ela, e alcançou o Salvador. Ao bradar a multidão e ao proibir-lhe de gritar, Jesus parou, o chamou e lhe disse: - Que queres que eu faça? – Senhor, lhe disse, que eu veja – Vai, a tua fé te salvou.
 
Amai a Cristo; desejai a luz que é Cristo. Se aquele desejou a luz corporal, quanto mais vós deveis desejar a luz do coração! Gritemos diante d’Ele não com a voz, mas com os costumes. Vivamos santamente, desprezemos o mundo; consideremos como nulo tudo que é passageiro. Se vivermos assim, nos repreenderão, como se o fizessem por nosso amor, os homens mundanos, amantes da terra, saboreadores do pó, que nada trazem do céu, que  não possuem mais alento vital que aqueles que respiram pelo nariz, sem outro no coração.
 
Sem dúvida, quando nos virem desprezar estas coisas mundanas e terrenas, nos recriminarão e dirão: ‘Por que tu sofres? Ficastes louco?’.
 
É a multidão que trata de impedir que o cego grite. E até são cristãos alguns dos que impedem de viver cristãmente. De fato, também aquela multidão caminhava ao lado de Cristo e colocava obstáculos ao homem que bradava junto a Ele e desejava a luz como dádiva do próprio Cristo.
 
Existem cristãos assim; porém vençamo-los vivamos santamente; seja a nossa vida nosso grito para Cristo.” (1)
 
Como discípulos missionários do Senhor, devemos amá-Lo e desejar a Sua Luz, “desejar a luz do coração”, como o Bispo nos disse, a fim de que vivamos santamente, cristãmente.
 
No entanto, é preciso gritar diante d’Ele e a Ele sempre, mas “não com a voz, mas com os costumes”, vivendo santamente. Nada poderá nos impedir ou nos calar.
 
Assim como a multidão tentou impedir que o cego gritasse, ainda hoje há quem queira calar o grito dos empobrecidos, dos que clamam por vida, dignidade, pão, moradia, saúde, e tudo o que torne a vida mais humana, mais justa e fraterna.
 
Estes que tentam impedir, tanto podem estar fora, como dentro da própria comunidade daqueles que seguem Jesus, como Seus discípulos como nos alertou o Bispo – “Existem cristãos assim; porém, vençamo-los, vivamos santamente; seja a nossa vida nosso grito para Cristo”.
 
Supliquemos ao Senhor para que cure nossa cegueira, física e espiritual, a fim de que iluminados por Ele que é a luz do mundo, como nos falou –“Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida’ (cf. Jo 8,12), e com Ele caminhemos, pois tão somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6).

Oportuno lembrar o que nos diz a Oração Eucarística V do Congresso de Manaus: “E a nós, que agora estamos reunidos e somos povo santo e pecador, dai força para construirmos juntos o Vosso Reino que também é nosso”.
 
Concluamos com as Palavras do Apóstolo Paulo que nos exorta:
 
“​Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm 12,1).


 
(1)Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 496-497

PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)

A cura do cego Bartimeu


A cura do cego Bartimeu
No 30º Domingo do Tempo Comum (ano B) ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Com esta cura, podemos compreender o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passemos da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a  novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado.” (1)

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria, e tudo mais quanto possamos desejar, conceber, dizer.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor a cada instante é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.

(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Volume Tempo Comum II - pág. 647.
PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)

“Coragem, Ele te chama”

                                                   

“Coragem, Ele te chama”

Joguemos o manto e
saltemos ao encontro do Amor

No 30º Domingo do Tempo Comum (Ano B) refletimos sobre a preocupação de Deus para que alcancemos a vida verdadeira e o caminho que Ele nos apresenta para alcançarmos esta meta.

Na passagem da primeira Leitura (Jr 31,7-9), o Profeta Jeremias nos apresenta uma mensagem de conversão e fidelidade a Javé. É crítico das injustiças sociais, da infidelidade e do abandono que o povo faz em relação a Deus e à Sua Aliança, confiando em alianças passageiras e externas, em poderes que passam.

Jeremias tem também uma mensagem de esperança de um novo recomeço, que é iniciativa de Deus e resposta do Povo. Deus caminha conosco e nos conduz pela mão.

Não estamos sós. De modo que, nos momentos mais dramáticos da caminhada histórica de Israel, Deus está presente conduzindo à liberdade e à vida plena. 

Deus mesmo, por amor,  reunirá, conduzirá e fará com que o povo volte à sua terra para recomeçar, após duro tempo de sofrimento e exílio. Deus é sensível, atento e cuida do Seu povo com Amor de pai.

Com Deus supera-se todo olhar de pessimismo. Há sempre um futuro melhor, pois Ele nos ama e caminha conosco, não Se faz indiferente a nossa história e está sempre pronto para perdoar, e nos reconciliar consigo, porque é um Deus de suprema e infinita misericórdia.

Terrorismo, crimes ambientais, dificuldades econômicas, doenças, fome, miséria, falta de princípios éticos, banalização da vida, violação de sua sacralidade, não é o último olhar. O último olhar é o de Deus, que nos pede superação e está conosco na reconstrução de novos caminhos.

Há olhares diferenciados: olhares pessimistas e derrotistas, olhares confiantes e esperançosos quando fundados em Deus, em Sua Palavra e presença.

A passagem da segunda leitura (Hb 5,1-6) apresenta, para uma comunidade fragilizada, cansada e desanimada, Jesus como o Sumo Sacerdote que intercede a Deus em nosso favor.

Jesus é o Sumo Sacerdote por excelência! Escolhido por Deus, saído do meio dos homens e mediador entre nós e Deus, entende perfeitamente, como Homem e Deus, nossas dificuldades reais da existência.

Com Jesus, a comunidade precisa revitalizar o seu compromisso, empenhando-se numa fé mais coerente e mais comprometida. Contemplar e corresponder ao Amor de Deus por nós que é imensurável, sem limites, indescritível, indefinível.

A passagem do Evangelho (Mc 10,46-52) nos apresenta a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). Com esta cura, podemos compreender o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passarmos da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado” (1).

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria, e tudo mais quanto possamos desejar, conceber, dizer.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor a cada instante é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Jesus quer dos discípulos uma vida de luz, uma vida nova e para isto é preciso romper com o mundo da escuridão e acolhe-Lo como luz – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Precisamos que nosso olhar seja curado, para que se torne o olhar de Deus: olhar de ternura, de solidariedade, de confiança, de esperança, de compromisso, de amor sem limites, de horizonte do inédito, de alcance do aparentemente intangível...

Jesus é o Sumo Sacerdote do Pai e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.



(1) Lecionário Comentado  - Editora Paulus - Lisboa -  pág. 647.
PS: Oportuno para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)

“Germes da semente divina”

                                                          


“Germes da semente divina”

Na Festa da Dedicação das Basílicas dos Apóstolos São Pedro e de São Paulo, memória facultativa do dia 18 de novembro, a Liturgia das Horas nos enriquece com o Sermão do Papa São Leão Magno (séc. V) “germes da divina semente” das quais brotam testemunhas e milhares de Santos mártires.

“É preciosa aos olhos do Senhor a morte de Seus Santos (Sl 115,15), e nenhuma crueldade pode destruir a religião fundada no Mistério da Cruz de Cristo. 

A Igreja não diminui pelas perseguições; pelo contrário, cresce. O campo do Senhor se reveste de messes sempre mais ricas, porque os grãos, que caem um a um, nascem multiplicados. 

Em quantos rebentos estes dois excelentes germes da divina semente brotaram são testemunhas os milhares de Santos mártires que, rivais das vitórias apostólicas, envolveram com uma multidão coberta de púrpura nossa Urbe e a coroaram com um diadema de glória, cravejado de muitas pedras preciosas. 

Temos de alegrar-nos sumamente, caríssimos, com a comemoração de todos os Santos por esta proteção, preparada por Deus, para exemplo e confirmação da fé. Mas, em vista da excelência destes Patronos, é justo que os glorifiquemos com ainda maior exultação, porque a graça de Deus, dentre todos os membros da Igreja, os elevou ao cume. Por isso, no corpo, cuja cabeça é Cristo, constituem como que os dois olhos. 

Não devemos pensar que os seus méritos e virtudes acima de toda a expressão sejam diferentes de algum modo ou tenham algo de peculiar, pois a eleição divina os tornou pares, o trabalho assemelhou-os e o fim da vida os igualou. 

Por experiência pessoal e pela afirmação de nossos antepassados, cremos e confiamos que, nas lutas da vida, temos sempre a intercessão destes especiais Padroeiros para obter a misericórdia de Deus; e por mais abatidos que estejamos pelos próprios pecados, somos reerguidos pelos méritos apostólicos.”

Pedro e Paulo, como bem afirma o Papa, tiveram eleição divina, se fizeram pares, assemelhados no trabalho e também igualados no final da vida. Bem sabemos que morreram, um na cruz e o outro pela espada, respectivamente.

A Tradição da Igreja nos ensina, como neste Sermão, a valiosa ajuda e proteção daqueles que nos antecederam na eternidade feliz, porque suas vidas consistiram em servir, por amor e com amor, a Deus em favor do Seu Povo a eles confiados.

Além disto, podemos tê-los como exemplos a serem imitados enquanto peregrinamos longe do Senhor, enquanto estamos inseridos no combate da fé, ainda não merecedores da coroa da justiça, da coroa da glória.

Imitando-os em suas virtudes, na fidelidade ao Senhor, será mais credível nossa fé, bem como daremos razão de nossa esperança na prática da caridade, numa frutuosa vigilância ativa.

Iluminai, Senhor, o nosso olhar!

                                                        


Iluminai, Senhor, o nosso olhar!

Caminhando para o final de mais um ano,
elevemos ao Pai uma singela, porém sincera Oração.

Supliquemos que Ele nos dê um olhar de esperança e confiança
de que os tempos podem ser melhores...

Não obstante as tantas dificuldades que nos desafiam,
tenhamos um coração semelhante ao Coração do Senhor,
que O fez ver e falar com tons poéticos a partir das coisas mais simples.

Tenhamos o mesmo olhar poético do Senhor,
para tocarmos os corações, tornando
o mundo menos complexo e mais belo.

É tempo de nos configurarmos ao Senhor,
em pensamentos e sentimentos, para que,
também d’Ele recebendo o colírio da fé, possamos dar
passos firmes e decididos em comunhão com nossos irmãos e irmãs.

Assim coroamos o Jesus Cristo,
Senhor e Rei do Universo,
a quem damos toda honra, glória, poder e louvor.
Amém.

Quem sou eu

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