terça-feira, 3 de setembro de 2024

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (1)

                                         

Vivenciamos a caridade, a plenitude da Lei!

Para o Apóstolo Paulo, a morte não teve sua última palavra. O Amor que nos amou até o fim venceu. A vida venceu a morte, a fim de que a humanidade nunca mais fique mergulhada na escuridão.

O abismo da morte recebeu a visita do Redentor, para que fizesse triunfar a Sua missão.

Celebra-se o mais belo triunfo: a vitória do amor. A partir da Páscoa, a Lei se condensa no amor; no amor aprendido com o Amor: Jesus.

Ele que fez dom de Si mesmo, num amor incondicional até o extremo: Amor misericordioso, vivido intensamente na fidelidade ao Pai, sob a ação do Espírito na defesa e promoção da vida, portadora da sacralidade divina.

Paulo nos exorta a “Viver a Caridade, que é a plenitude da Lei”, a plenitude do Amor (Rm 13,8-10). Quem ama cumpre plenamente a Lei.

O próprio Jesus nos disse: “ninguém tem amor maior do que Aquele que dá a vida pelos Seus amigos”  (Jo 15,13).

Quanto mais progredirmos no amor de Deus, mais humanos nos tornaremos. O caminho da humanização passa pela prática do amor, concretizada no Amor a Deus e no amor ao próximo.

Santo Irineu disse: “Deus Se fez humano para que nos tornássemos divinos…”

E, como disse Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiseres”.

A Cruz teve aparência de derrota, na perspectiva da fé é vitória. Jesus morrendo, matou em Si a morte e, nós, por Sua morte somos libertados da morte.

Assumir a cruz de cada dia é contemplar e testemunhar o Amor da Trindade ali presente: Um Deus (Pai) que é eterno Amante, fiel ao eterno Amado (Jesus) em comunhão com o eterno Amor (Espírito Santo), como também nos falou Santo Agostinho.

Somente trilhando O Caminho, acolhendo A Verdade, teremos A Vida; vida plena e abundante, nutrida e movida pela caridade, que consiste na expressão madura da liberdade.

Verdade, caridade e liberdade devem nos acompanhar em todo tempo, para que a alegria da Ressurreição celebrada no Altar possa o mundo contagiar. Eis a Boa Nova a anunciar, testemunhar:  “Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar e passou a noite inteira em Oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de Apóstolos” (Lc 6,12-13).

O Verbo, na montanha, passou a noite inteira em Oração…
Ao amanhecer chama os Seus…

Contemplemos esta noite memorável.

Reflitamos:

-  Quais teriam sido as Palavras do Filho dirigidas ao Pai?
-  Quais teriam sido as Palavras do Pai dirigidas ao Filho?

Lá estava também O Espírito, como elo de Amor, comunicação do Pai e do Filho.

Montanha, lugar da manifestação do Deus, que é diálogo, discernimento, intimidade, recolhimento…

Montanha, lugar da comunicação, da abertura, da proximidade, Palavra de Luz para todo momento.

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para levar a Palavra, cura, libertação, paz, vida nova e alegria; sinais do Reino que se anuncia, que a tudo se renuncia, no fiel seguimento, inaugurando novo dia…

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para proclamar ao mundo o Projeto das Bem-Aventuranças, Caminho da plena felicidade, que se contrapõe aos planos de uma velha humanidade…

Na Escola do grande Mestre, temos muito a aprender com aqueles que fizeram da Oração o Alimento indispensável da existência, lâmpada para a escuridão da noite, Estrela que se vislumbra em cada amanhecer até o escurecer.

Aprendamos com aqueles que descobriram a vitalidade da Oração, não como evasão do tempo presente, mas como inserção no mesmo.

Que o amor aprendido com o Amor, que nos amou até o fim, Jesus, possamos viver.

Ao Amor que se renova na Fonte do Amor, renovemos o nosso testemunho mais intenso, ardoroso e com vigor!

Jesus, o Amor que cura, salva e liberta. Amor que se vivido, é verdadeiramente o cumprimento alegre e rejuvenescedor de toda Lei, porque se nutre da Fonte do Amor que Se nos revela em todo o Seu esplendor. Amém! 

“O edifício da caridade”

“O edifício da caridade”

Assim nos fala o papa São Gregório Magno (séc. VI) em sua homilia sobre o Profeta Ezequiel:

“Os que estão próximos uns dos outros apoiam-se mutuamente, e graças a eles surge o edifício da caridade [...].

Se eu, portanto, não faço o esforço de suportar o teu caráter, e se tu não te preocupas de suportar o meu, como poderá levantar-se entre nós o edifício da caridade se o amor mútuo não nos une na paciência?

Num edifício, já o dissemos, cada pedra sustenta as outras e é por elas sustentada”.

Viver em comunidade é construir, com pequenos gestos cotidianos de amor, o “edifício da caridade”.

Bem disse o Apóstolo Paulo aos Coríntios – “O amor é paciente” (1 Cor 13, 4), e fundamental aos relacionamentos, nos  diversos espaços da existência: família, trabalho, comunidade...

Oremos:

Ó Deus, sem o Vosso auxílio ninguém é santo, ninguém é forte. Redobrai de amor para conosco para que tomemos consciência de que somos pedras vivas e escolhidas na construção do edifício da caridade.

Renovai em nós a paciência para com nosso próximo, respeitando as diferenças que nos enriqueçam, da mesma forma que suplicamos Vosso amor e paciência para conosco, pois não somos tão perfeitos como vós desejais. Amém.

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (2)

                                               


Vivamos a caridade, a plenitude da Lei

Sejamos enriquecidos pelos escritos do Papa São Gregório Magno (séc. VI) sobre o Jó, e assim, aprofundemos sobre a Lei do Senhor, que é múltipla.

“Nesta passagem, o que se deve entender por lei de Deus a não ser a caridade? Pois por meio dela sempre se pode encontrar na mente como traduzir na prática os preceitos de Deus. Sobre esta lei de Deus, é dito pela palavra da Verdade: Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros. Desta lei fala Paulo: A plenitude da lei é o amor. E ainda: Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei de Cristo. O que de melhor se pode entender por lei de Cristo senão a caridade, vivida na perfeição, quando suportamos os fardos dos irmãos por amor?

No entanto, esta mesma lei pode-se dizer ser múltipla, porque com zelosa solicitude a caridade se estende a todas as ações virtuosas.

Começando por dois preceitos, ela vai atingir muitos outros. Paulo soube enumerar a multiplicidade desta lei ao dizer: A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não age mal; não é ambiciosa, não busca o que é seu, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a iniquidade, mas rejubila com a verdade.

Na verdade, é paciente a caridade, pois tolera com serenidade as afrontas recebidas. É benigna porque retribui os males com bens generosos. Não é invejosa porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os êxitos terrenos. Não se ensoberbece; deseja ansiosamente a retribuição interior, por isso não se exalta com os bens exteriores. Não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por isto ignora tudo quanto se afasta da retidão.

Não é ambiciosa porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora, de modo algum, as coisas alheias. Não busca o que é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio a não ser aquilo que permanece sempre com ela.

Não se irrita, pois, quando insultada, não se deixa levar por sentimento de vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores. Não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha nenhuma.

Não se alegra com a iniquidade: o seu único anseio consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários. Rejubila, porém, com a verdade porque, amando os outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se se tratasse do progresso próprio. É múltipla, portanto, a lei de Deus.” (1)

De fato, a Lei do Senhor é múltipla, e a vivência do amor se expressa de múltiplas formas, como nos fala a Carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 13,1-13).

 

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (3)

                                                                

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei!

“O amor não faz nenhum mal contra o próximo.
Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei.” (Rm 13,10)

Uma reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 13,8-10), sobre a prática da caridade como a plenitude da Lei.

O Apóstolo Paulo nos exorta a colocar no centro da vida cristã o Mandamento do Amor, uma dívida que jamais será plenamente saldada.

É preciso orientar a vida pelo Mandamento do Amor, porque cristianismo sem amor se torna uma mentira, e como cristãos jamais podemos deixar de amar nossos irmãos. 

Em nossa experiência cristã, somente o amor é essencial, e as demais coisas são secundárias: 
O amor está no centro de toda a nossa experiência religiosa. No Mandamento do Amor, resume-se toda a Lei e todos os preceitos. Os diversos Mandamentos não passam, aliás, de especificações da exigência do amor. A ideia de que toda a Lei se resume no amor não é uma ‘invenção’ de Paulo, mas é uma constante na tradição bíblica (Mt 22,34-40).” (1)

A comunidade tem sempre à frente um desafio: multiplicar as marcas do amor, diminuindo, ou melhor ainda, eliminando toda marca de insensibilidade, egoísmo, confronto, ciúme, inveja, opressão, indiferença, ódio.

Esta dívida do amor nos pede sempre algo novo para com o próximo:

“Podemos, todos os dias, realizar gestos de partilha, de serviço, de acolhimento, de reconciliação, de perdão... mas é preciso, neste campo, ir sempre mais além.

Há sempre mais um irmão que é preciso amar e acolher; há sempre mais um gesto de solidariedade que é preciso fazer; há sempre mais um sorriso que podemos partilhar; há sempre mais uma palavra de esperança que podemos oferecer a alguém. Sobretudo, é preciso que sintamos que a nossa caminhada de amor nunca está concluída.” (2)

Este é o caminho que Jesus nos propôs: ser misericordioso como Deus é misericordioso, buscando nossa perfeição e santificação e também de nosso irmão.

Neste sentido, a vivência do Mandamento do Amor é a máxima expressão de nossa fé no Senhor, e de nosso compromisso como discípulos missionários do Reino que Ele inaugurou.

O caminho é longo!
Iluminados pela Palavra divina e revigorados pelo Pão da Eucaristia, continuemos passo a passo, sem jamais desistir.   



(1) (2) – cf. www.Dehonianos.org/portal

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Em poucas palavras...

                                                      


Os efeitos da Palavra de Deus

 

“Agradecemos a Deus sem cessar por vós terdes acolhido a pregação da palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós que abraçastes a fé.” (1 Ts 2,13)

 

Em poucas palavras...

 


A ação do poder do Espírito em nós

“Quando cai do rosto a máscara da sabedoria puramente formal, quando se extinguem os refletores da ideologia ou do êxito, e as coisas aparecem em sua simples e profunda realidade, emerge então ‘o poder’ do Espírito (1 Cor 2,4)” (1)

 

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1219 - Comentário da passagem da Carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 2,1-5)

Em poucas palavras...

 


Carapaça ou coluna interior?

“Ora, não é protegendo a nossa fé com uma carapaça de leis que a tornamos mais sólida, mas por uma escuta sem cessar nova daquilo que ‘o Espírito diz às Igrejas’.

Mas é verdade que o Espírito Santo sempre teve tendência para mexer com os homens e provocá-los, para fazê-los avançar para o grande largo!

O Espírito de Jesus quer construir-nos como seres vivos, com uma coluna vertebral interior e não com uma carapaça exterior, para que possamos manter-nos de pé, como ressuscitados!” (1)

(1) www.dehonianos.org

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG