segunda-feira, 15 de julho de 2024

Desprendimento e acolhida (14/07)

                                                         

Desprendimento e acolhida

A Liturgia, da segunda-feira da 15ª Semana do Tempo Comum, nos apresenta a passagem do Evangelho (Mt 10,34-11,1), em que  refletimos sobre dois temas: o desprendimento exigido do discípulo e a sua acolhida ou rejeição na missão.

Para bem realizar o discipulado, precisamos do desprendimento (liberdade de laços familiares, e até mesmo desprendimento de si mesmo, da própria vida); renúncias necessárias para carregarmos a cruz quotidiana; confiança total na graça divina e incondicional disponibilidade.

Quanto ao acolhimento, também implica em renúncia, disponibilidade, gratuidade, superação de toda sombra de desconfiança e suspeita e não extinguir o sopro do Espírito que nos fala pela Igreja, e de outras tantas formas.

O senso de acolhimento se constitui num dos sinais mais expressivos para mensurar a verdadeira fidelidade de nossas comunidades cristãs ao Evangelho.

Quanto mais acolhedoras nossas comunidades o forem (não me restrinjo ao acolhimento na porta da Igreja, refiro-me ao que Jesus mesmo nos falou em Mateus 25, sobre o julgamento final), mais testemunhas da presença do Cristo Vivo e Ressuscitado serão.

O discípulo missionário, como nos diz o Apóstolo Paulo (Rm 6,3-4), deve viver o Batismo, consciente de que é chamado à vida nova dos filhos e filhas de Deus:

- Morrer para o pecado, para o egoísmo, à carne que são expressão do homem velho que em nós habita;
- Ressurgir para uma vida nova de amor e graça, voltada para o Espírito, como expressão do homem novo.

Ser batizado é, portanto, morrer para o pecado e viver para Deus. No seguimento de Jesus, haveremos de viver um cristianismo verdadeiramente pascal, que não é, jamais, sinônimo de facilidades e de fuga do sofrimento.

Não há cristianismo sem cruz, logo, não há discipulado sem o carregar corajoso e confiante da cruz, contando sempre com a graça divina que nos é abundantemente derramada.

O discípulo de Jesus sabe que o esplendor da manhã da Páscoa é sempre precedido pelas trevas da Sexta-feira Santa. Sabe que o caminho de Jesus é uma via sacra levando ao Calvário. Mas também sabe que este não é a última etapa do caminho. Trilha passos corajosos, porque acredita que tudo culmina na glória da Ressurreição, experimentada na manhã de Páscoa.

Oremos:

Ó Deus, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, que oferecemos em sacrifício e recebemos em comunhão nos transmitam uma vida nova, para que unidos a Vós pela caridade que não passa, possamos produzir frutos que permaneçam.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”

Sejam nossos cultos agradáveis a Deus (14/07)

                                                             

Sejam nossos cultos agradáveis a Deus

“Vossas mãos estão cheias de sangue!
Lavai-vos e purificai-vos”  (Is 1,15-16).

Na segunda-feira da 15ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 1,10-17).

Senhor, fazei com que o brado de Isaías, tão carregado de dramaticidade, nos sensibilize, para não apresentarmos a Vós ofertas inúteis, acompanhadas de incenso, pois seria abominável.

Senhor, dirigi nossos passos, para que o amor e a verdade se encontrem em nosso ser e agir, pensamentos e palavras, no relacionamento cotidiano com nosso próximo.

Senhor, que jamais Vos ofereçamos sacrifícios, louvores e orações com as mãos gotejadas de sangue, e, assim, jamais nos descuidemos da promoção da justiça.

Senhor, não apenas queremos participar assiduamente das Missas, e nela rezar pelas necessidades dos pobres, órfãos, mas nos empenharmos concretamente em favor deles.

Senhor, ajudai-nos a viver uma fé comprometida, oferecendo nossas mãos, força, inteligência e voz, para que a paz e a justiça floresçam e reinem em todo o mundo. Amém!

Fonte de inspiração: Comentário do Missal Cotidiano, Editora Paulus, 1997, p.1019.

Exigências para o discipulado (14/07)

                                                               

Exigências para o discipulado

Na segunda-feira da 15ª Semana do Tempo Comum, ouvimos passagem do Evangelho de Mateus (Mt 10,34-11,1).

Nela temos uma espécie de “manual do missionário cristão”, com alguns aspectos que devem marcar a vida do Discípulo Missionário do Senhor:

- Trilhar o caminho do amor e entrega da vida;
- Viver na graça, com constantes renúncias ao pecado;
- Abandonar as obras das trevas, comunicar a luz divina;

- Ser uma credível testemunha da Boa-Nova que proclama;
- Ter confiança total em Deus que jamais o abandona na missão:
- Ter consciência de que é enviado como missionário do Reino, como homem de Deus;

- Uma vez acolhido, ser canal da comunicação das graças e bênçãos para aquele que acolhe.

- Colaborar com Deus em Sua obra (e não ficará sem recompensa);

- Viver a gratuidade na missão como enviado de Deus;

- Com as limitações próprias da condição humana, permitir-se modelar pela mão divina;

- Ter consciência que deve dar o melhor de si para levar o outro a descobrir o fascínio da Boa-Nova e da presença de Deus;

- Ter seu coração seduzido pelo Amor Divino, verdadeiramente configurado a Cristo Bom Pastor;

- Pelo Batismo, enxertado em Cristo, viver no amor, na partilha, em total dom de si mesmo, rompendo com as amarras do pecado num empenho constante de vida na graça;

- Carregar a cruz – o seguimento de Jesus não é um caminho fácil e consensual, acompanhado por aplausos. É um caminho radical, que muitas vezes leva a rupturas e opções exigentes, em posturas éticas contrastantes ao mundo que nos cerca;

- Ser anunciador e seguidor de Jesus, que jamais Se apresentou como um demagogo com promessas fáceis;

- Não fixar âncoras na quantidade, mas na qualidade, na prática da misericórdia, mas sem nenhuma conivência com o pecado;

Como homens e mulheres de Deus, se assim o formos, encontraremos no coração do outro um quarto feito no terraço do coração (2Rs 4,8-11.14.16a).

Renovemos a graça de sermos autênticos Discípulos Missionários do Reino do Senhor, sinais e instrumentos de um Amor exigente, porque se funda e se nutre no Amor Trinitário, que se expressa na misericórdia, com feições de amor, testemunhado em gestos incontáveis de caridade.

Não sejamos discípulos de um amor conivente que nada questiona e nada muda, porque antes falam os interesses mesquinhos e egoístas.

Como discípulos missionários do Senhor, 
vivamos um Amor Exigente, 
jamais coniventes com o pecado!

Como seguidores do Senhor que somos,
um só caminho é possível,
mais do que evidente.

O Caminho do amor que ama o pecador,
que elimina todo pecado, 
porque puro e verdadeiro.
Assim ama o Senhor! 
Amém. 

Que o Fogo do Espírito nos inflame! (15/07)

                                                                

Que o Fogo do Espírito nos inflame!

Celebramos, no  dia 15 de julho, a Memória do Bispo São Boa Ventura (séc. XIII), que nos enriquece com seu “Opúsculo Literário da Mente para Deus”.

“Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o Mistério desde sempre escondido (Ef 3,9).

Quem olha para este propiciatório, com o rosto totalmente voltado para Ele, contemplando-O suspenso na Cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com Ele a Páscoa, isto é, a passagem.

E assim, por meio do Lenho da Cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido.

Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à Sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que O reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).

Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus.

Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até a medula, pelo Fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa Sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).

Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade.

Não interrogues a luz, mas o Fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos.
Esse Fogo é Deus; a Sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da Sua ardentíssima Paixão.

Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20).

Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias.

Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o Apóstolo Filipe, quando o Pai Se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com São Paulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26).

Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48)”.

Oremos:

Senhor, que o Fogo do Espírito nos inflame, para correspondermos melhor ao Projeto de Deus.

Com a Sabedoria a nós comunicada, seja nossa alma inflamada, e acompanhados pela Vossa presença e envolvidos pela Vossa infinita misericórdia, bondade e ternura.

Como peregrinos da esperança, com a Sabedoria do Espírito, contemplamos insondáveis Mistérios Divinos que dão um novo e salutar sentido à nossa vida. Amém.

Uma Oração que eleva pensamentos e refrigera a nossa alma! (15/07)

                                            


Uma Oração que eleva pensamentos e refrigera a nossa alma!

Com a Oração do Bispo São Boaventura (séc. XIII) somos agraciados por uma leve Brisa Divina, numa suave expressão do sopro do Espírito.

“Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da Luz eterna, Vida que vivifica toda vida, Luz que ilumina toda luz, e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem do trono da Vossa divindade.

Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial daquela Fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha! De Ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus,

Para que entre vozes de júbilo e contentamento possamos cantar hinos de louvor ao Vosso nome, sabendo, por experiência que em Vós está a Fonte da vida, e em Vossa Luz contemplamos a luz”.

Contemplemos o Sagrado Coração de Jesus, e n’Ele o Mistério do Amor de Deus por nós, do qual jorra uma torrente que tudo depura e arrasta, e assim teremos elevados nossos  pensamentos e nossa alma refrigerada, com este sopro que vem do Espírito.

Reflitamos:

- O que a oração, de São Boaventura nos desperta?
- O que significa o Amor de Deus em minha vida?

- Qual a profundidade e intensidade do Amor de Deus que sinto em minha vida?
- Como percebem em mim a presença do Amor vital de Deus?

- Tenho correspondido e agradecido o Amor de Deus por mim?
- Com que palavras posso agradecer o Amor de Deus por mim?

Supliquemos a Deus para que Seu inefável Amor, continue sendo derramado em nosso favor, e façamos silêncio diante da Palavra de todas as Palavras  e digamos depois:

Deus como Te amo!
E por mais que Te ame
É nada, absolutamente nada,
Diante do Teu amor, mas Te amo!
E quero amar, a cada dia,  cada vez mais. Amém.


domingo, 14 de julho de 2024

São Camilo servia o Senhor nos enfermos(14/07)

                                                               

São Camilo servia o Senhor nos enfermos

Celebramos no dia 14 de julho a memória de São Camilo de Léllis (séc. XVII) que, com ardor e zelo servia o Senhor, sobretudo nos irmãos enfermos.

São Camilo é padroeiro dos enfermos, dos profissionais da saúde e hospitais.

Sobre ele, um de seus companheiros assim escreveu:

“Começarei pela santa caridade, raiz de todas as virtudes e dom familiar a Camilo mais do que qualquer outro. Ele vivia sempre inflamado pelo fogo desta santa virtude, não só para com Deus, mas também para com o próximo, especialmente os doentes. Bastava vê-los para que se enchesse de ternura e se comovesse no mais íntimo do coração, a tal ponto que esquecia completamente todas as delícias, prazeres e afetos terrenos.

Quando tratava de algum doente, parecia doar-se com tanto amor e compaixão que, de bom grado, tomaria sobre si toda doença, para aliviar-lhe as dores ou curar as enfermidades.

Contemplava nos doentes, com tão sentida emoção, a pessoa de Cristo que, muitas vezes, quando lhes dava de comer, pensando serem outros Cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão dos pecados.

Mantinha-se diante deles com tanto respeito, como se estivesse realmente na presença do Senhor. De nada falava com mais frequência e com mais fervor do que da santa caridade. O seu desejo era imprimi-la no coração de todos os homens.

Para incutir em seus irmãos religiosos esta santa virtude, costumava recordar-lhes aquelas dulcíssimas palavras de Jesus Cristo: Eu estava doente e cuidastes de mim (Mt 25,36). Parecia que ele tinha estas palavras verdadeiramente gravadas em seu coração, tal era a frequência com que as dizia e repetia.

Camilo era um homem de tão grande caridade, que tinha piedade e compaixão não somente dos doentes e moribundos, mas também, de modo geral, de todos os outros pobres e miseráveis. Seu coração era tão cheio de bondade para com os indigentes, que costumava dizer: ‘Ainda que não se encontrassem pobres no mundo, os homens deveriam andar a procurá-los e desenterrá-los, para lhes fazerem o bem e praticar a misericórdia para com eles’”.

Nesta breve apresentação de São Camilo, vemos quão apreço tinha pelos pobres, enfermos, e que muito tem a nos ensinar, para que tenhamos a mesma atitude e apreço por eles, como assim deseja o Senhor, e nos apresentou como um dos critérios no dia do julgamento final.

Elevemos orações por todos os enfermos, e, a quantos pudermos, uma palavra, a presença, o cuidado; e quando não for possível, o façamos em nossas orações quotidianas, dando a eles especial lugar em nosso coração.

Oremos:

“Ó Deus, que inspirastes a São Camilo de Léllis extraordinária caridade para com os enfermos, dai-nos o Vosso Espírito de amor, para que, servindo-Vos em nossos irmãos e irmãs, possamos partir tranquilos ao Vosso encontro na hora de nossa morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém.

Alegria da missão e da vocação profética (XVDTCB)

                                                                              

Alegria da missão e da vocação profética

“A missão de Jesus é a nossa missão”

A Liturgia da Palavra do 15º Domingo do Tempo Comum (ano B), convida-nos a refletir sobre a vocação profética que é um dom de Deus.

Com a passagem da primeira Leitura (Am 7,12-5), refletimos sobre a vocação e a corajosa atuação do Profeta Amós, que foi chamado por Deus, quando envolvido estava por suas atividades de pastor de gado e cultivador de sicômoros.

Amós não é um Profeta convencional, profissional e não vive da profecia. Para ele, viver a vocação profética é a mais bela expressão de confiança e compromisso com o Projeto de Deus, que estava sendo desvirtuado através da prática da injustiça, violação do valor sagrado do culto, e do triste empobrecimento de tantos à custa do luxo e da suntuosidade de poucos.

A vocação profética é sempre um risco e pode ser acompanhada de rejeição e expulsão. Sendo o Profeta a autêntica voz de Deus muitas vezes tentarão calar sua voz, como aconteceu com Amós.

Entretanto como bem diz o refrão de um canto – “se calarem a voz dos Profetas, as pedras falarão” ­– Amós não se calou e levou a termo sua missão apontando a infidelidade e as indesejáveis e trágicas consequências que viriam pouco mais tarde.

A passagem da segunda Leitura (Ef 1, 3-14) é um hino Paulino de riqueza imensurável. Uma passagem bíblica que deve ser lida e relida incontáveis vezes. Em forma de hino e Oração, Paulo oferece uma síntese doutrinal de toda a Carta.

Ele nos fala do Mistério Divino que se revela na história em diversos momentos: na criação por meio de Jesus Cristo;  através dos Profetas Deus também Se revelou e instruiu a humanidade; na plenitude dos tempos Se revelou enviando o próprio Filho; Se revelou pela Palavra Encarnada, anunciada, crucificada, ressuscitada; Se revela na ação e missão da Igreja, até que possamos alcançar a glória da eternidade.

É próprio do Amor de Deus revelar-se, dar-se a conhecer a quem se abre à Sua ação e presença. E ainda mais, Paulo nos fala que Deus desde o princípio nos predestinou e nos criou para sermos Santos e irrepreensíveis no amor para com Ele.

Deste modo, a vida cristã consiste em rejeitar o que não for digno para o cristão e abraçar tudo o que for digno deste nome. Nisto também consiste uma vida profética: saber discernir o que é bom e justo, santo e verdadeiro daquilo que não é bom e nos torna impermeáveis a graça e ao Amor transbordante de Deus para conosco, porque mergulhados na vida do pecado, escuridão e desamor.

Na passagem do Evangelho (Mc 6,7-13), Jesus, Profeta do Pai por excelência, envia os discípulos dois a dois para pregar a Boa Nova do Evangelho, anunciando a conversão, mudança de mentalidade e atitudes para a acolhida da chegada do Reino.

Não somente envia, mas lhes confere o poder que tem junto do Pai para expulsar demônios, curar os enfermos, inaugurar relações novas de vida e liberdade.

Há, porém, algumas exigências que devem marcar a vida dos discípulos do Senhor:

- a alegria da missão por Ele confiada; 
- o despojamento;
- a pobreza;
- a simplicidade;
- a liberdade total diante de tudo e de todos;
- a confiança incondicional no poder e na providência divina;
- a maturidade para suportar a rejeição e as adversidades.

Assim afirma o Missal Dominical:

“Quem anuncia não deve ter nada que pese, deve ser leve e desembaraçado, não tanto de alforje e capa, mas antes, livre de interesses humanos, de ideologias a defender, de compromissos com as potências deste mundo. Essas coisas não lhe permitem estar livre, condicionam-no, embaraçam-lhe o trabalho, enfraquecem-lhe o zelo, impedem-no de merecer crédito”.

Aprendamos com os Apóstolos, os Santos e tantos quantos que deram testemunho de sua fé, que sem paixão por Jesus, fascínio por Ele e pelo Reino, não há apostolado, não há missão e tão pouco profecia.

Ninguém é Profeta por iniciativa própria, mas a vocação profética é prerrogativa divina. Em cada tempo Deus suscita Profetas para serem Sua voz, Sua Palavra, a vibração de Suas cordas vocais.

No coração do mundo, o Profeta é o pulsar do coração  de Deus, sua missão consiste em ajudar a construir relações que estejam em perfeita sintonia com o Projeto Divino.

A missão do Profeta não é fácil. Ele é alguém que antes de tudo escuta a Palavra de Deus, acolhendo-a no mais profundo de si mesmo para anunciá-la e testemunhá-la com credibilidade.

O Profeta tem a missão de tornar a vida uma bela canção, uma bela melodia, em perfeito tom e sintonia com o Projeto divino, na mais bela harmonia, um canto novo de alegria, vida, justiça e paz:

“Não só a Igreja na sua totalidade, mas também cada cristão deve sentir-se escolhido pessoalmente, chamado e enviado: cada um de nós faz parte de um projeto cósmico, a construção do Reino de Deus. O grande pecado seria sentirmo-nos sozinhos ou sentirmo-nos inúteis” (1)

Reflitamos:

- Como vivo a vocação profética recebida no dia do meu Batismo?
- Quais são as vozes proféticas no tempo presente?

- Como procuro viver a santidade e a filiação divina?
- Qual é a missão que Jesus me confia?

- Sinto alegria em realizá-la?
- Onde e quando sinto a presença e ação de Deus se revelando em minha vida?


É sempre tempo de reavivar a chama profética, crepitar ardente no coração, para que a alegria da missão torne visível o quanto nos configuramos ao Senhor, e assim geremos e formemos Cristo em nós e nos outros. 

(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 714 

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