segunda-feira, 1 de julho de 2024

Ser cristão: “ser para os outros”

                                                    

Ser cristão: “ser para os outros”

 “Mestre, eu Te seguirei aonde quer que Tu vás”
(Mt 8,19)

Na segunda-feira da 13ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,18-22), em que Jesus nos apresenta as exigências para segui-Lo.

Na passagem, Jesus afasta toda e qualquer ilusão: sem medo da insegurança da própria vida, em confiança total no Senhor, acompanhado de despojamento, pobreza, simplicidade de vida, bem como abertura aos desafios que possam surgir no trilhar o caminho, ao segui-Lo.

Assim afirmou o Papa Bento XVI sobre o ser cristão na Carta Encíclica Deus Caritas Est (n.1):

“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

De fato, a mensagem cristã é exigente e não se limita à adesão de uma doutrina, mas uma Pessoa, Jesus.

Com isto, é preciso que oriente, determine o modo de viver, muito mais do que o modo de pensar, tão apenas.

Para seguir Jesus Cristo, é preciso que se vá aonde Ele for, fazer o que Ele faz e como Ele faz, impregnando nossas atitudes de amor, para que estas ações sejam fecundas.

Múltiplas são as formas de ação de pessoas que se decidiram segui-Lo: evangelizando nas casas em todos os lugares (sobretudo em desafiadores espaços, como vilas e favelas, prédios e condomínios); com os enfermos nos hospitais, ou mesmo em suas casas; penitenciárias; em claustros, numa vida consagrada, na oração e serviço pela santificação do mundo; no trabalho com crianças, jovens e idosos e comunidades distantes de nossas cidades.

No testemunho da caridade sublime, participando da política, a fim de que ela seja, de fato, o exercício da promoção do bem comum; em tantas atividades sociais dentro e fora do espaço da Igreja; outros tantos que se dedicam nas inúmeras pastorais de nossas comunidades paroquiais.

Como vemos, ser cristão é configurar-se totalmente a Jesus Cristo, e d’Ele ter mesmos sentimentos, como nos falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Filipenses (c.2). E assim, muito mais do que viver não fazendo o mal a ninguém, é preciso escrever uma história de seguimento comprometido na promoção do bem comum, da fraternidade e da paz. Isto é, verdadeiramente, um caminho de santidade, que encontramos apresentado no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12).

Numa palavra final, seguir o Mestre, Jesus Cristo, é seguir e se consumir, quotidianamente, na fidelidade a Ele e à Boa-Nova do Reino, numa vida essencialmente marcada pelo “Ser para os outros”.

Oremos:

"Ó Deus, pela Vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade. Por N.S.J.C., na unidade do Espírito Santo. Amém".


Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.964

A indiferença ao Mundial na Rússia


A indiferença ao Mundial na Rússia

Andando pelas ruas e praças, observamos uma fraca motivação e expectativa em relação à Copa do Mundo.

Segundo pesquisa da Folha de São Paulo, podem ser atribuídos, em forma de alegoria (alusão à derrota do Brasil na última Copa – 7x1), sete motivos para esta apatia (53% da população são indiferentes ao Mundial de Futebol na Rússia)

1 – a economia – falta de emprego e a perda do poder de compra, inflação crescente;
2 – corrupção, saúde e violência;
3 – descrédito em relação às instituições do país;
4 – governo federal mais impopular desde a redemocratização do país;
5 – falta de esperança;
6 – crescente desinteresse dos brasileiros pelo futebol;
7 – a perda do orgulho em declarar-se brasileiro.
Um ponto positivo é o raro apoio da população em relação ao treinador da Seleção, sobretudo considerando o descrédito em relação às figuras públicas do país.


De fato, não será um hexacampeonato conquistado que resolverá questões tão sérias por que passamos.

Agora é tempo de sonharmos acordados, redescobrindo o caminho do fortalecimento da democracia em que vivemos.

É tempo de pautarmos as reflexões nos temas que nos inquietam e roubam a beleza da vida: fome, desemprego, corrupção, violência, corrupção...

É tempo de ressuscitarmos os princípios éticos, que asseguram uma sociedade mais justa e fraterna, em que rostos desfigurados pela fome, tristeza e abandono sejam transfigurados.

É tempo de que ressuscitarmos a verdadeira política, a fim de que ela seja, de fato, a forma sublime da caridade vivida em vista do bem comum, como tão bem expressou o Bem-Aventurado Papa Paulo VI, na “Octogesima Adveniens”, em 1971: “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” (n.46).

Mais que o hexacampeonato Mundial de futebol, precisamos novos dias, novos tempos, novos caminhos, novas realidades sociais, políticas, econômicas, culturais.

Torcer pela seleção é possível ou não, mas compromissos com um Brasil mais justo e fraterno, mais que possível, é necessário, inadiável e ninguém pode se omitir.

PS: Texto escrito em julho de 2018 -  Mundial de Futebol na Rússia

domingo, 30 de junho de 2024

"E vós, quem dizeis que Eu Sou?"

                                                       

"E vós, quem dizeis que Eu Sou?" 

Uma pergunta que Jesus fez aos discípulos e que ressoa, permanentemente, em nosso coração: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?”.

Pedro deu sua resposta, contando com a revelação divina, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.

O Apóstolo Paulo também deu a Cristo incontáveis nomes, como nos falou o Bispo São Gregório de Nissa, no século IV:

- Virtude de Deus
- Sabedoria de Deus
- Paz
- Luz inacessível onde Deus habita
- Expiação
- Redenção
- Máximo Sacerdote e Páscoa
- Propiciação pelas almas
- Esplendor da glória
- Figura de sua substância
- Criador dos séculos
- Alimento e Bebidas espirituais
- Pedra
- Água
- Fundamento da fé
- Pedra angular
- Imagem do Deus invisível
- Grande Deus
- Cabeça do Corpo da Igreja
- Primogênito da nova criação
- Primícias dos que adormeceram
- Primogênito entre os mortos
- Primogênito entre muitos irmãos
- Mediador entre Deus e os homens
- Filho Unigênito coroado de glória e de honra
- Senhor da glória
- Princípio das coisas
- Rei da Justiça
- Rei da Paz
- Rei de tudo
- Possuidor do domínio sobre o Reino que não tem limite. (1)

O Papa São Paulo VI, em memorável Homilia em Manila (1970), também nos presenteou com estas palavras: “Jesus é o centro da história e do universo.Ele nos conhece e ama, é o companheiro e o amigo em nossa vida, o homem das dores e da esperança.

Ele é quem de novo virá, para ser o nosso juiz, mas também – como confiamos – a eterna plenitude da vida e nossa felicidade.
Jamais cessarei de falar sobre Ele.

Ele é a luz, é a verdade, mais ainda, é o Caminho, a Verdade e a Vida. É o Pão e a Fonte de água viva, saciando a nossa fome e a sede. É o Pastor, o guia, o modelo, a nossa força, o nosso irmão.

Assim como nós, mais até do que nós, Ele foi pequenino, pobre, humilhado, trabalhador, oprimido, sofredor.

Em nosso favor, falou, fez milagres, fundou Novo Reino onde os pobres são felizes, onde a paz é a origem da vida em comum, onde são exaltados e consolados os de coração puro e os que choram, onde são saciados os que têm fome de justiça, onde podem os pecadores encontrar perdão e onde todos se reconhecem como irmão…

Cristo Jesus é o princípio e o fim, o alfa e o ômega, o Rei do mundo novo, a misteriosa e suprema razão da história humana e de nosso destino. É Ele o mediador e como que a ponte entre a terra e o céu.

É Ele, o Filho do Homem, maior e mais perfeito do que todos por ser o eterno, o infinito, Filho de Deus e Filho de Maria, bendita entre as mulheres, Sua mãe segundo a carne, nossa mãe pela comunhão com o Espírito do Corpo Místico.

Jesus Cristo, não vos esqueçais, é a nossa inalterável pregação.

Queremos ouvir Seu nome até os confins da terra e por todos os séculos dos séculos!” (2)

Procuremos a resposta que nos fale ao coração. Porém, mais do que respostas que possam ser acrescentadas, urge que cristãos o sejamos, de fato!

Urge conhecer Seu Nome e, muito mais do que isto, amar profundamente Sua Pessoa, assumir Seu projeto de vida, a nós apresentada com a Boa Notícia do Reino por Ele inaugurado.

Urge, também, mais do que nunca, um encontro pessoal,
Íntimo e sincero com o Senhor!
Estabelecer, amadurecer e aprofundar
Nossas relações sinceras de amor
com Ele e com nosso próximo,
até que Deus seja tudo em todos.


(1) Liturgia das Horas - vol. III - pp. 351-352
(2) Liturgia das Horas - Vol. III – pp. 376-377

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

                                                          

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

Celebramos no dia 30 de junho a Memória dos Santos Protomártires da Igreja de Roma, como veremos na Carta do Papa São Clemente I aos Coríntios (séc. I):

“Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos de nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos exemplos de nosso tempo.

Vítimas do fanatismo e da inveja, aqueles que eram as maiores e mais santas colunas da Igreja, sofreram perseguição e lutaram até a morte.

Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos. Por causa de um fanatismo iníquo, Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou para o lugar que merecia na glória. Por invejas e rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se pregoeiro da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando assim uma notável reputação por causa da sua fé. Depois de ensinar ao mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de paciência.

A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade. Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como Danaides e Dirceia. Suportando graves e terríveis torturas, correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória.

O fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: ‘É osso dos meus ossos e carne de minha carne’ (cf. Gn 2,23). Rivalidades e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer povos numerosos.

Escrevemos isto, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as preocupações inúteis e os vãos cuidados, e voltemo-nos para a gloriosa e venerável regra da nossa tradição.

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, Seu Pai, esse Sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.”

Muitos cristãos foram martirizados com terríveis tormentos, como vimos na Carta do Papa e também no testemunho dado pelo escritor pagão, Tácito.

Foram vítimas da primeira perseguição desencadeada pelo Imperador Nero, depois do incêndio da cidade de Roma no ano 64.

Como o Papa disse: “vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade”.

Os tempos hoje são outros, mas as provações, dificuldades, cansaços, desilusões também têm suas marcas e desafiam o testemunho de nossa fé, sem jamais deixarmos de dar a razão de nossa esperança, na prática incansável e frutuosa da caridade.

Quando fazemos memória dos Apóstolos, Pedro e Paulo e tantos que deram a vida por causa de Jesus e do Evangelho, reavivamos a chama do Espírito que em nosso peito habita.

Não podemos jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, como nos ensina a Igreja. Professemos nossa fé com palavras e obras, porque tão somente assim para Deus se torna agradável.


Liturgia das horas – Vol. III - pp.1401-1402

Pedro e Paulo: Colunas Mestras da Igreja

 


Pedro e Paulo:
Colunas Mestras da Igreja
 
Celebramos numa só Festa duas colunas mestras da Igreja: São Pedro e São Paulo.
 
Assim falou Santo Agostinho, no século V, sobre eles:
 
“O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia... Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade...
Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos.
 
Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos.
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações dos dois Apóstolos”.
 
A complementaridade dos dois "carismas" continua atual:
- Pedro: a responsabilidade institucional;
- Paulo: a criatividade missionária.
 
Quando falamos de Pedro nos lembramos da instituição e o exercício do poder; da responsabilidade, hierarquia...
 
Quando falamos de Paulo nos lembramos da pregação, do carisma, missão, evangelização, fundação de novas comunidades...
 
Evidentemente, não podemos deixar de fazer um convite de rezarmos pelo Papa Francisco, que continua a missão a Pedro confiada pelo Senhor.
 
O Catecismo da Igreja Católica (n. 882) assim diz:
 
“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade,quer dos Bispos, quer da multidão fiéis'. 'Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder'”.
 
Que o Espírito de Deus o conduza e ilumine, pois, como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Pontífice Romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal; que pode exercê-lo livremente.
 
 

Com Pedro e Paulo sejamos peregrinos da esperança!

 


Com Pedro e Paulo sejamos peregrinos da esperança!

Assim nos falou o Apóstolo Pedro sobre a virtude divina da esperança:

“ Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.” (1 Pd 1,3)

“Por Ele, vós crestes em Deus, que o Ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, de modo que a vossa fé e a vossa esperança estivessem postas em Deus.” (1 Pd 1,21)

“E quem há de fazer mal, se sois zelosos pelo bem? Mas se sofreis por causa da justiça, bem-aventurados sois! Não tenhais medo nenhum deles, nem fiqueis conturbados, antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede.” (1 Pd 3,15)

“O que nós esperamos, conforme sua promessa, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça. Assim, visto que tendes esta esperança, esforçai-vos ardorosamente para que Ele vos encontre em paz, vivendo uma vida sem mácula e irrepreensível” (2 Pd 3,13-14)

Quanto a Paulo, também nos enriqueceu na compreensão e vivência da virtude divina da esperança:

“Sede diligentes, sem preguiça, fervorosos de espírito, servindo ao Senhor, alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação, assíduos na oração” (Rm 12,12)

“Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1 Cor 13,13)

“Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, sobretudo dos que tem fé. Eis o que devemos prescrever e ensinar.” (1 Tm 4,10-11)

Renovemos a cada dia a graça de sermos peregrinos da esperança, comprometidos com a Fraternidade e a Amizade Social, acolhendo as palavras dos Apóstolos, duas colunas da Igreja, que selaram com o sangue derramado a fidelidade ao Senhor, sempre movidos pelas virtudes divinas: fé, esperança e caridade.

Oremos:

“Senhor nosso Deus, concedei-nos os auxílios necessários à salvação, pela intercessão dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, pelos quais destes à vossa Igreja os primeiros benefícios da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu

                                                   

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu
 
Celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, que viveram total fidelidade e testemunho de Jesus Cristo Vivo e Ressuscitado.
 
Chegaram gloriosamente à pátria celeste: Pedro pela cruz e Paulo pela espada.
 
Com a passagem da primeira Leitura (At 12,1-11), refletimos sobre a missão e o testemunho do Apóstolo Pedro, e renovamos a certeza de que Deus cuida daqueles que chamou, ama e envia. 
 
Pedro foi chamado por Jesus Cristo e com Ele conviveu, e do Divino Mestre, recebeu todos os ensinamentos, bem como lhe foram confiadas as chaves do Reino dos Céus para ligar e desligar, para conduzir o rebanho do Senhor.
 
Deste modo, com a passagem, mais que uma descrição histórica, temos uma catequese de como Deus cuida de Sua Igreja, de modo que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, como bem foi dito no Evangelho pelo Senhor. É como um selo da autenticidade da missão dos Discípulos Missionários do Senhor.
 
O caminho feito por Pedro, em muito se assemelha ao d’Aquele pelo qual teve o coração seduzido: Jesus Cristo.
 
Bem disse o Senhor – “Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem, caluniarem, perseguirem e disserem todo nome por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11-12), e ainda: “Não temais pequeno rebanho do meu Pai, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino” (Lc 12,32).
 
Os discípulos de Jesus devem testemunhar com sinceridade e coragem os valores que acreditam, contra todas as dificuldades, incompreensões, perseguições e calúnias.
 
Também contemplamos uma comunidade solidária e solícita na oração; unida na alegria e na dor; na perseguição e na vitória, e vemos como é  necessária a Oração da comunidade em favor daqueles que dela cuidam, e hoje de modo especial, elevamos orações pelo nosso Papa Francisco, sucessor de Pedro.
 
A passagem da segunda Leitura (2Tm 4,5-8;17-18), como que um Testamento de Paulo, um discurso final, uma avaliação de todo seu apostolado, é uma luz que se acende para o encorajamento da comunidade,  e que será muito propício para o reavivamento de seu ardor evangelizador e ânimo pastoral.
 
Paulo não conviveu com o Senhor, mas teve aquele encontro com o Ressuscitado que reorientou todo o seu existir. Não propriamente uma conversão, porque ele era zeloso no cumprimento da Lei Divina, mas aquela experiência a caminho de Damasco transformou todos os seus planos e projetos, tornando-o Doutor das Nações, o grande missionário evangelizador em suas impressionantes viagens missionárias.
 
Ele se apresenta como um “atleta” de Cristo, empenhado no bom combate da fé, suportando o martírio; ora silencioso, ora extremado, culminado em sua morte pela espada.
 
Na passagem, temos o lamento desiludido de um homem cansado, como é próprio da condição humana. Mas tem algo mais: sabe em quem confiou, sabe que Deus jamais o desamparou. Entenda-se lamento desiludido, não como decepção, mas como a extrema confiança da missão que abraçou e se dedicou.
 
Assim pode acontecer conosco, podemos até nos decepcionarmos nos espaços internos da Igreja ou fora dela, mas jamais com Deus. E, por isto, jamais desistir da missão. 
 
Se há algo que nos entristeça, há muitíssimo mais que nos alegra. Mistério da Cruz, Mistério Pascal que deve ser vivido com toda fé, esperança e caridade.
 
Mesmo no cárcere, escrevendo a Timóteo, Paulo encontra palavras de ânimo, de exortação. 
 
Acolhamos estas palavras, sobretudo nos momentos difíceis por que possamos passar, na obscuridade dos fatos, nos quais Deus mais do que nunca Se revela com todo Seu esplendor, com todo Seu amor.
 
Paulo testemunha de quem confia no Senhor, e nunca se sente só, jamais se sente desamparado. Ele mesmo disse aos Filipenses (Fl 4,13) –“Tudo posso n’Aquele que me fortalece”.
 
Na passagem do Evangelho (Mt 16,13-19), temos a interrogação de Jesus sobre a Sua identidade. 
 
Não se trata de conferir índice de ibope, mas a compreensão da Sua verdadeira identidade para que configure Seus discípulos a Ele.
 
Que saibam a quem seguem, e a quem vão testemunhar. Respostas superficiais e inconsequentes não agradam o Coração do Senhor. Pedro pela revelação divina dá a verdadeira resposta: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
 
Por isto, assim como negara três vezes na paixão e morte do Redentor, por três vezes teve que responder a inquietante interrogação de Nosso Senhor: “Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?”.
 
Como já mencionei, a Pedro são confiadas as chaves. Não para ser guardião nas portas dos céus, mas para conduzir, organizar, orientar o rebanho do Senhor a Ele confiado. Esta é a sua missão. Esta é a missão de nosso Papa Francisco, por quem não devemos poupar Orações.
 
Reflitamos:
 
- Qual é o lugar que Jesus ocupa em nossa existência?
- O que os  Apóstolos Pedro e Paulo  tem a nos ensinar?
 
- Por que estamos na Igreja?
- Somos uma comunidade estruturada para amar e servir, como comunidade do Ressuscitado?
 
- Temos consciência da dimensão profética e missionária da Igreja?
- De que modo procuramos entender e rezar pela missão de nosso Papa?
Empenhemos mais intensamente e apaixonadamente no bom combate da fé, com o coração por Jesus mais que seduzido; e também nos empenhemos para alcançar a merecida Coroa da Glória, para os justos reservada.
 
Cremos que as duas colunas alcançaram, e nós como pedras vivas da Igreja pelo Batismo, desejemos e façamos por também merecer e alcançar. 


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