São
José Operário, rogai a Deus pela nossa Diocese!
No dia 1º de maio, celebramos 34 anos instalação da Diocese, 11 anos da dedicação da sua Catedral ao Arcanjo São Miguel, e a Festa de dia de
São José Operário em tempo de coronavírus, tempo de recolhimento e isolamento,
tempo em que todas as reuniões e assembleias estão canceladas ou adiadas e sem
previsão de retorno.
Não andaremos no descompasso colocando vidas em risco. Eu
sou muito zeloso e amo muito a vida de cada um de vocês, como também amo minha
própria vida. Estamos no mesmo barco e temos que nos cuidar e prevenir sempre
para que possamos chegar ao lado da margem do mar.
Dia Primeiro de maio, dia de São José Operário, patrono dos
trabalhadores, como declarou, em 1955, o Papa Pio XII, reafirmando a Doutrina Social da Igreja: Trabalho não é castigo divino, é graça divina, é
bênção! Trabalhar é participar do prolongamento da obra da criação. Trabalho é
coisa digna.
Triste é o desemprego (mais de 12 milhões desempregados);
não ter o dinheiro para dar pão, educação, sustento, vida digna para um filho,
uma filha...
Toda esta realidade e a fragilidade de nossa vida, como
estamos testemunhando, levam-nos a pedir a intercessão de São José, para que
tenhamos dias melhores, uma sociedade mais justa, fraterna e solidária; pedir,
por intercessão de São José, pelo nosso país, pelas autoridades, pelos
políticos que dirigem nossa nação, para que amem a vida e, como Estado, saibam
promover trabalhos, iniciativas em socorro dos que mais precisam.
Urge pedir a Deus pelo fortalecimento das instituições
democráticas de nosso país, pois somente com os poderes devidamente
constituídos, fortalecidos, temos a garantia de uma nação mais próspera, como
pronunciamos como CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Há muitos que querem fragilizar e ignorar e até fechar
instituições democráticas, que têm papel fundamental. A Constituição é
fundamental no país para que se promova a fraternidade, a justiça, os direitos
inalienáveis, que não se pode abrir mão na existência humana.
Ouvimos na passagem do Evangelho que São José, pai adotivo
de Jesus, trabalhando na oficina, como que revelando a dignidade do trabalho, e
de fato, o trabalho é digno e é garantia do sustento e da sobrevivência
humana.
Refletindo sempre o aniversário de nossa Diocese, rezamos,
também, por intercessão de São José Operário e Nossa Senhora e o Arcanjo
Miguel, patrono de nossa Diocese, para que nós, como Igreja, como Diocese,
continuemos firmes e fortes na ação evangelizadora, em comunhão com a Igreja do
Brasil e com nosso querido Papa Francisco.
Precisamos edificar uma Igreja missionária, uma Igreja em
saída, presente nas periferias existenciais, abrindo as portas, por enquanto
fechadas para sua participação, mas abre as portas para a solidariedade,
levando ao mundo luz, alegria, esperança e a Palavra divina.
É bem verdade que as portas estão fechadas, mas, é mais
verdade ainda, que abrimos todos os meios de comunicação de nossas paróquias,
para que nenhuma família fique sem a Palavra de Deus.
As portas se fecharam, mas o nosso coração se abriu para o anúncio da Boa-Nova e, assim, na plena e
fecunda comunhão espiritual, também preocupados com a partilha do pão
material, a fim de que ninguém fique privado do pão quotidiano, em
multiplicados gestos de solidariedade em nossas comunidades e Paróquia.
Sigamos em frente, dando passos para a realização da sexta
Assembleia, programada para o final do ano. Esperamos realizá-la para
confirmar, ou redimensionar os nossos passos, para uma evangelização com zelo,
amor e ardor, como falava o Papa São Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi.
Amado Povo de Deus, exorto que amemos nossa Diocese,
paróquias e comunidades. Amemos os irmãos e irmãs com quem devemos caminhar
juntos. Não há Igreja da solidão, mas a Igreja da solidariedade e da comunhão.
Concluindo, quero gravar no coração de todos: compaixão,
sabedoria e esperança. Precisamos do calor da compaixão, da luminosidade da
sabedoria, do vigor da esperança.
O calor da compaixão para enfrentar o frio do isolamento, do
distanciamento, do medo, dos números que estão assustando, e se não tomarmos
cuidado podem aumentar. Por isso, é inadmissível ouvirmos palavras de
indiferença, irresponsáveis ou mesmo que retratam a banalização da vida.
Por outro lado, vejo gente simples costurando máscaras,
levando cestas, levando sopa na madrugada fria para os moradores em situação de
rua; assim como o nosso querido Papa Francisco que ligou para o arcebispo de
Manaus, querendo saber como estava a situação, os povos indígenas, a população.
O Papa é um homem, com certeza, que tem no coração o calor da compaixão.
O calor da compaixão está sendo expresso em gestos
solidários e assim também o será nas ofertas e no dízimo.
Urge que os padres renovem no coração esse calor da
compaixão, expressa na solidariedade, em mil gestos simples: uma ligação, uma
mensagem, um vídeo. O calor da compaixão!
A catequese está fazendo encontros virtuais, pois o calor da
compaixão não abandona ninguém.
O calor da compaixão com as famílias que no seu sofrimento
não podem enterrar seus mortos como de costume. Que gelo, que sofrimento! O
calor da compaixão, nesse momento, é expresso no altíssimo número de mortos em
nosso país, devido à pandemia citada.
O calor da compaixão com aqueles que estão com suas lojas
fechadas e precisam pagar suas contas; com os desempregados e tantas outras
realidades.
Tendo que ficar todos juntos, as famílias estão
redescobrindo o que é o calor da compaixão; pois era cada um com seu celular...
agora é o calor da compaixão, tendo que ficar debaixo do mesmo teto, por horas
e horas, inventando e recriando os relacionamentos.
Peçamos a luz da Sabedoria, por intercessão de São José, ele
que cuidou de Jesus, a Luz, com o seu trabalho, com a suas mãos calejadas, com
o suor derramando. Ele derramou suor físico, Jesus derramou o suor de sangue; o
suor do pão material de José, o suor Redentor de Jesus.
Supliquemos a ele para que interceda a Deus, para que não
nos falte a luminosidade da sabedoria divina, para que descubramos saídas. A
escuridão da noite é iluminada com a luz d’Ele, sobretudo nas noites escuras
por que passamos. Como precisamos imensamente da luz divina, da luz e do calor
do Ressuscitado!
Nossa Diocese aniversariante, precisa da luminosidade da
sabedoria divina. Também aos que dirigem a nação, não é dado o direito de
semear discórdias, egoísmo e indiferença. Que as autoridades procurem a
luminosidade da sabedoria: não apaguem as luzes, mas acedam luzes no caminho.
Por fim a necessidade do vigor da flor da esperança que nos
vem da linfa vital do amor, do Espírito Santo. Jesus é a videira do Pai, nós
somos os ramos, e quem não ficar unido à videira é ramo seco, podado, cortado,
queimado (Jo 15).
Que São José, que segura esse lírio branco da paz, esse
lírio branco da esperança, esse lírio branco da compaixão e da sabedoria
divina, interceda a Deus para que não nos falte o vigor da esperança.
É preciso dar razão de nossa esperança, e não reclamar, em
nenhum momento, do que estamos passando, mas com a esperança de que amanhã vai
ser melhor. Agradeça o dia de hoje. Esperança no coração sempre!
Neste dia de São José Operário, que nos recriemos, sempre
dando graças a Deus em tudo o que fazemos, e tudo que fizermos, seja de coração
para o Senhor e não para os homens, como Paulo falou aos Colossenses.
Com essas palavras, rogo a Deus que renovemos nosso amor à
Igreja, a devoção a São José Operário, e nos corações, o calor da compaixão, a
luminosidade da sabedoria, não deixe apagar a luz, a chama da sabedoria, tão
pouco não perca o vigor da esperança!
Concluindo, cremos que este dia, o 34º ano da criação da
Diocese, nunca mais será esquecido. Algo bom e melhor, nascerá depois desta
pandemia, pois não há somente o coronavírus, há muitos outros vírus que
precisamos vencer, e não nos deixar contaminar, para que a imagem de Deus
resplandeça em cada um de nós.
São José Operário, patrono de todos os
trabalhadores, vos rogamos pela nossa Igreja, pela nossa pátria, pelas nossas
famílias e pelo mundo inteiro. Amém.
PS: Homilia do dia 1º de Maio de 2020, memória
de São José Operário, na festa do 34º ano de instalação da Diocese.