segunda-feira, 1 de abril de 2024

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé (Parte IV)

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé

Sendo a Ressurreição um evento transcendente, mas também histórico e real, é importante dizer que:

a) a Ressurreição confirma a divindade de Jesus que, como Filho de Deus encarnado, retorna à comunhão de Amor do Pai com Sua humanidade ressuscitada, como dissera para Marta, na ressurreição de Lázaro: “Eu sou a Ressurreição e a vida, quem crer em mim, não morrerá para sempre” (Jo 11,25). 

Oportuna a afirmação do Catecismo da Igreja Católica: “A Ressurreição do Crucificado demonstrará que Ele era verdadeiramente ‘Eu sou’, o filho de Deus e Deus mesmo’ (CIC 653).

b) Completa a revelação do Deus Trinitário: “do Pai, que glorifica o Filho Ressuscitando-O e elevando-O à Sua direita; do Filho, que com Seu Sacrifício redentor merece a exaltação à direita do Pai; do Espírito Santo, que Se confirma Espírito de vida e de Ressurreição (cf. 1 Pd 3,18; Rm 1,4)” (1)

c) A humanidade do Filho chega gloriosa à comunhão de Deus Trindade – na comunhão Trinitária de Deus está presente também a humanidade gloriosa do Filho.

d) Início dos eventos salvíficos últimos e definitivos, ou seja, em Jesus Ressuscitado o “eschaton” já se faz presente percebido por uma nova qualidade de vida divina, apontando para o destino e fim da História.

e) A Ressurreição tem um significado soteriológico fundamental – ela nos alcança a salvação – “Se, com a tua boca, confessas que Jesus é Senhor e se, em teu coração, crês que Deus o Ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9).

f) A Ressurreição se torna o evento da retomada da amizade entre Deus e a humanidade – Como Ressuscitado Jesus tem o poder espiritual de transformar homens e mulheres à Sua imagem para torna-los filhos do Pai.

g) A Ressurreição é a realização da nova humanidade liberta de toda escravidão do pecado e suas consequências (morte, sofrimento físico, moral e psicológico).

Jesus Ressuscitado é o homem novo que arrasta toda a humanidade nesse destino de novidades que os apóstolos, contando com sua presença e o sopro do Espírito, e na força de sua Palavra, os muitos sinais continuarão realizando: curas, libertação, expulsão de demônios, o bom combate da fé.

h) A Ressurreição é o cumprimento da esperança humana de imortalidade e de transcendência – todos carregamos a esperança do “transcendente”, o que o Teólogo K. Rahner chamou de “Esperança transcendental” – a procura de um sim à própria existência eterna e ao caráter definitivo da pessoa realizada (2).

i) A experiência da presença do Ressuscitado se dá de maneira especial na Ceia Eucarística, na escuta da Palavra proclamada e na Fração do Pão, que é o Corpo do Senhor, na grande Comunhão Eucarística.

Na Mesa Eucaristia não apenas celebramos o Memoria da Morte e Ressurreição de Jesus, mas participamos de Sua vida divina, da vida do Cristo Ressuscitado na História, com a realização de nosso encontro salvífico com Ele próprio.

Reconhecemos a presença de Jesus no corpo místico (Igreja) e no corpo eucarístico, confirmando assim Sua promessa e Palavra: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos” (Mt 28,20).

j) A Ressurreição de Jesus: vocação e missão – com ela se dá a revitalização da vocação e confirmação da missão.   

Há a “reconvocação por parte de Jesus após a dispersão no momento da Paixão e da Morte. Durante quarenta dias, da Páscoa à Ascensão, Jesus, mediante as aparições, chamou os discípulos para O seguirem, dando a Pedro e a outros Apóstolos a Sua missão definitiva  (Jo 21,15-19), e, ainda, a missão confiada (Mt 28,18-20)".

k) A Ressurreição é uma experiência de perdão – os Apóstolos são enviados para estabelecer, através do perdão conferido, vínculos de amizade.

Aos Apóstolos é confiado o poder de perdoar os pecados da humanidade (Jo 20,22-23). Esta experiência da Ressurreição é “para os cristãos, experiência de misericórdia, de perdão, de renovação espiritual, de participação na vitória de Jesus sobre o pecado e sobre a morte” (3).

l) A Ressurreição é uma experiência de conversão total a Jesus – confiar totalmente no poder da presença nova do Ressuscitado. Os Apóstolos, após a experiência da presença do Ressuscitado, se entregam convertidos à causa primeira, à causa de Jesus e do Seu Evangelho:

“A conversão, portanto, não pertence apenas ao período pré-pascal, mas é parte integrante da Páscoa, como contínua passagem da incredulidade à fé, da tristeza à alegria, da imobilidade do medo ao entusiasmo da missão” (4).

m) A Ressurreição é um evento de libertação porque leva à transformação radical em todos os níveis:

“...da humanidade e da natureza dos círculos negativos do pecado, da morte, do sofrimento físico, moral e psicológico. Com a Ressurreição de Jesus, o homem é restituído à sua liberdade integral e se inaugura uma nova prática de vida, que se explicita no anúncio do Ressuscitado e do Seu Reino de justiça, de paz, de solidariedade humana” (5).

Isto nos faz lembrar a afirmação de Paulo:“É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

n) A Ressurreição é um evento de real promoção da mulher, como discípula, ouvinte e mensageira da Palavra de Deus – as mulheres foram as primeiras a testemunhar a Ressurreição de Jesus anunciando aos discípulos a experiência vivida (Mt 28,1-10; Lc 24. 8-11): 

Trata-se de uma revalorização radical das mulheres, que não são as últimas, mas as primeiras no testemunho de fé de Cristo Ressuscitado. É emblemática a esse respeito a figura de Maria Madalena, que encontra Jesus ainda antes dos Apóstolos, tornando-se assim a primeira mensageira de Sua Ressurreição e Ascensão e merecendo assim o título de ‘Apóstola dos Apóstolos’ (Mulieris dignitatem 16)”.

Esta última experiência é tão importante que na Liturgia da Páscoa temos esta imortalização de extraordinário testemunho com a Sequência Pascal que vale a pena ser conferida e rezada mais uma vez.

E não poderia finalizar sem esta última citação: “O comportamento de Jesus de confiar também às mulheres as verdades divinas, como fizera, por exemplo, com a Samaritana (Jo 4,1-42), encontra nesse episódio seu nobre coroamento.

Contra todo legalismo da cultura da época, altamente discriminatória, as mulheres tornam-se de fato as primeiras testemunhas de Cristo Ressuscitado. Isso sublinha ainda uma vez a radical dignidade da mulher, sua inegável paridade com o homem e sua vocação de ser discípula, testemunha, profeta e mensageira, como os Apóstolos de Cristo Ressuscitado” (6).

De fato a Ressurreição é um evento transcendente, mas histórico e real, algo novo se inaugura em nossa inteligência.

Mais que conhecimento, discursos sobre a Ressurreição. Mais que palavras sobre ela, é preciso fazer a viva e real experiência em nosso meio, lembrando que não é fruto de busca humana, mas é antes de tudo uma graça que Deus concede àqueles que creem.

A Ressurreição é a experiência que fazemos d’Aquele que por Amor à humanidade Se fez Carne e, pelo mesmo Amor, na Cruz morreu. E um Amor assim vivido, não poderia para sempre ficar morto, vencido. O Pai O Ressuscitou, e por meio d’Ele nos enviou o Seu Espírito.


(1) Dicionário de Homilética – Verbete Ressurreição – pp. 1494/1495.
(2) Idem p. 1495
(3) (4) (5) Idem p. 1496

(6) Idem p. 1497

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé (Parte V)

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé

Quanto à celebração do Mistério, a Igreja coloca a Ressurreição de Jesus no centro e no coração do Ano Litúrgico.

A Páscoa do Senhor é preparada pelo Tempo Quaresmal (quarenta dias), e o seu acontecimento dá origem ao Tempo Pascal (cinquenta dias) que se estende desde o Domingo de Páscoa, passando pela Solenidade da Ascensão no domingo antecedente ao Domingo de Pentecostes:

“Os quarenta dias do Sofrimento Quaresmal são resgatados pelos cinquenta dias da Alegria Pascal. A Sexta-feira Santa e o sábado de Aleluia, com sua providencial realidade de morte salvífica, não foram a última palavra do evento Cristo.

À morte de Jesus não se seguiu o silêncio absoluto de Deus. O Filho eterno feito homem, Crucificado e deposto no sepulcro escavado na rocha, não foi presa da morte...  a morte é derrotada e anulada pela plenitude e potência da vida divina.

Ao entrar na humanidade do Filho de Deus, ao imergir no oceano e vida que é Deus, a morte morre e se faz vida” (1)

Um período muito rico por diversos motivos, um deles é a Liturgia da Palavra, em que o Antigo Testamento dá lugar totalmente ao Novo Testamento:

“O tempo do anúncio passou. Celebra-se o tempo da realização da salvação com a leitura dos Atos dos Apóstolos e dos relatos evangélicos das aparições de Jesus aos discípulos, da Sua Ascensão ao céu e do dom do Espírito Santo à Igreja e a toda a humanidade.

A Liturgia respeita a sucessão cronológica dos eventos que constituem essencialmente um só Mistério, o da glorificação de Jesus, exposto, porém, em várias passagens como em um drama sagrado.

A celebração desse Mistério em diversas etapas tem um objetivo pedagógico (guiar gradualmente os fiéis à compreensão do Mistério) e espiritual (formar os fiéis para uma experiência de vida com Cristo)” (2)

Evidentemente, pela importância central da Ressurreição, ela oferece uma espiritualidade Pascal para toda a Igreja, em que “...a pregação cristã deve propor não apenas a experiência quaresmal de conversão e de purificação, mas também a pascal, de comunhão e de glorificação com o Cristo Ressuscitado.

Nesse sentido, pode-se legitimamente falar de uma espiritualidade da ‘via lucis’. Como sequência e ápice da renomada e tradicional espiritualidade da ‘via crucis’” (3)

A Espiritualidade “Via lucis” é fruto da “experiência de quem pretende retomar o caminho dos Apóstolos e dos primeiros discípulos que passaram da desilusão e do desconforto da Paixão e da Morte ao espanto e à alegria do encontro com o Ressuscitado.

O Mistério Pascal não se esgota no sofrimento do Crucificado, mas se cumpre plenamente na glória do Ressuscitado.” (4).

Dito de forma contundente, inequívoca e irrefutável: “O fruto maduro da Cruz é o esplendor da Ressurreição” (5)

O Bispo Santo Agostinho assim afirmou – “Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitando, tornou glorioso o dia em que, morrendo, havia tornado pleno de luto” (Sermo 5,1).

O Teólogo Yves Congar (cf Credo nello Spirito santo, I, Brescia, 1981, 69-72) afirma com precisão:

“O Pentecostes nada mais é que a Páscoa de modo completo, com seu fruto, que é o Espírito. Jesus só morre, só Ressuscita e só sobe ao céu – é esta Sua Páscoa – para nos transmitir o Espírito”.

Deste modo, a Espiritualidade Pascal tem matizes de forte transbordamento de alegria pela Ressurreição de Jesus, sendo inaugurada uma espiritualidade não de tristeza e de desespero, mas de grande esperança e de otimismo realista:

“Ela representa a cura definitiva da fragilidade humana e cósmica. É o nível máximo da libertação cristã. Uma antropologia da carne ressuscitada é efetivamente uma antropologia de libertação absoluta.

A vida do homem não é uma noite invencível, mas um dia sem ocaso. Sua existência não se resolve em um não ser, mas em um ser para sempre.

A morte não é, portanto, imortal, mas mortal; e desemboca no rio de vida que é Cristo Ressuscitado.

De ser para a morte, a pessoa humana se faz ser para a vida. No mundo, reino da morte, a Ressurreição depositou as sementes da vida sem fim” (6)

Um pouco mais sobre a “Via Lucis” é bem-vindo para que fortaleçamos nossa espiritualidade genuinamente Pascal, uma novidade de vida, testemunho, alegria, libertação, espaço de esperança e de humanidade renovada:

“A Espiritualidade Pascal é momento interior de experiência de vida nova no Espírito de Cristo Ressuscitado, e momento exterior de encarnação e irradiação da alegria e da esperança da Ressurreição.

No dia a dia, realizar a Páscoa é fazer com que toda a humanidade participe do convite da vida, de suas riquezas, de sua dignidade, de seus dons.

A Páscoa não é a idade do ouro, miticamente atrás de nós, mas o irresistível polo de atração que está diante de nós e nos arrasta irresistivelmente para a vida.

A história do cosmos e da humanidade está permeada de Páscoa e respira a esperança da Ressurreição: ‘O Ressuscitado é o motor da história, inserido por Deus no centro do devir humano.

O ponto de apoio é a vitória de Cristo sobre a morte, xeque de todas as conquistas, enigma insuperável para o homem em busca do seu significado’ (cf. S. Palumbieri, Cristo risorto leva dela storia, Turim, 1988, 292)” (7)

Renovando cada dia nossa fé no Ressuscitado, tendo a graça de acolher a sua manifestação, saibamos reconhecê-Lo, e tenhamos a graça de sermos aqueles a quem se referiu, quando permitiu que Tomé tocasse Suas Santas Chagas e disse –“Porque viste creste. Felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29).

Felizes seremos se crermos e ao mundo anunciarmos e testemunharmos a Vida Nova de Jesus Cristo, por nós alcançada com Sua crudelíssima Morte e gloriosa Ressurreição.


(1) (2) (3) (4) (5) Dicionário de Homilética – Verbete Ressurreição – p. 1498.
(6) (7) Idem pp. 1498/1499

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé (Parte Final)


A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé 

A Ressurreição do Senhor tem suas expressões iconográficas diferenciadas.  A iconografia bizantina é uma delas. 

Impressiona  pela  beleza  de  conteúdo  e  por   todo o simbolismo  nela presente.

No ícone temos a participação do fiel com o Mistério que se celebra – “representa no centro Cristo Ressuscitado, resplandecente de glória e rodeado de personagens do Antigo Testamento e Novo Testamento. 

O Cristo glorioso, com a mão direita, segura à maneira de estandarte a Cruz de Sua Paixão e Morte, fonte da redenção universal e da humanidade.

Enquanto a mão direita tende para o alto a esquerda está voltada para baixo e segura a mão de um ancião para retirá-Lo do sepulcro.

O novo Adão, Jesus Cristo, tem o poder de libertar o velho Adão e toda a humanidade da escravidão da morte e da insignificância do reino dos mortos.

Com os pés, Jesus pisa e destrói esse reino, simbolizado por um velho que jaz ao chão entre as ruínas das portas do Hades derrubadas e com os instrumentos de tortura – pregos, tenazes, martelos – espalhados por toda a parte” (1)

No ícone, temos a glorificação de Jesus como também a glorificação do homem e a sua participação na vitória sobre a morte:

“Atrás de Adão, há uma longa fila de homens e de mulheres, como Eva, Moisés, David e Salomão, que também participam desse evento de redenção. Pode-se vislumbrar, entre outros, João Batista, que segurando o rolo do Evangelho, anuncia com a mão a vinda de Jesus: assim como entre os vivos, também entre os mortos João Batista é o precursor do Messias. (2)

A representação ocidental do Cristo Ressuscitado tem grande diferença de expressão e comunicação do Mistério da Ressurreição.

Um dos ícones é de Piero della Francesca que “apresenta Jesus que sai vitorioso do sepulcro segurando na mão o estandarte da Cruz como sinal de vitória.

A atenção do artista está inteiramente centrada em Jesus, sem nenhuma alusão à participação da humanidade nesse evento salvífico.

Aliás, com uma certa superficialidade teológica, os soldados que guardam o túmulo, únicos representantes da humanidade, ou dormem (como no caso de Piero della Francesca) ou estão apavorados”. (3)




Acentuando as diferenças: no segundo ícone há uma comunicação incompleta ou talvez equivocada do Mistério, no primeiro (o ícone bizantino) faz transparecer melhor a expectativa e a participação da humanidade na Salvação que Jesus veio trazer a toda a Humanidade, antes e depois d’Ele.


(1) (2) (3) Dicionário de Homilética – Verbete Ressurreição – p. 1497.

“Iluminai, Senhor, as profundezas de nosso coração!”


“Iluminai, Senhor, as profundezas de nosso coração!”

Uma Oração que se encontra na Liturgia das Horas, e retomo para reflexão.

“Acolhei, Senhor, as preces desta manhã, e por Vossa bondade iluminai as profundezas de nosso coração, para que não se prendam por desejos tenebrosos os que foram renovados pela luz de Vossa Graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”
                                     
Em primeiro lugar, colocamos nas mãos divinas as preces da manhã em alegre confiança: “acolhei”. Ele que é nosso auxílio e proteção, nosso refúgio, fortaleza e abrigo!

“Desta manhã”:
Implica na constância da Oração: há de ser quotidiana; ininterrupta.

A cada dia o pão, as preocupações, o bom combate da fé, as súplicas... 

A cada dia o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia (tanto quanto possível para os leigos e sempre para nós Presbíteros).

“Por Vossa bondade”:
Indubitavelmente, Deus nos atende não porque sejamos bons, mas porque Ele é sumamente bom e nos atende para que sejamos bons, como Ele o é.


“Iluminai as profundezas de nosso coração”: O verbo é denso: “iluminai”:

- Somente Deus tem a plenitude da luz que pode iluminar nossos caminhos, projetos, obscuridade, dúvidas, temores...

- Somente Ele pode penetrar no mais profundo de nós mesmos, nas profundezas de nosso coração, sentimentos, pensamentos...

- Somente Ele é capaz de penetrar no mais profundo de nós mesmos, e muito mais do que nós mesmos, como disse Santo Agostinho...

- Somente Ele pode manter viva a chama que ainda fumega em nosso coração; mantê-la inflamável, inapagável...

“Para que não se prendam por desejos tenebrosos”:

“Desejos tenebrosos” podem ser a cobiça, a volúpia, a inveja, a rivalidade, o indiferentismo, os preconceitos velados, a ânsia e busca frenética do poder, a tentação da fama, privilégios.

"Desejos tenebrosos" que afloram no deserto nosso de cada dia, que o Senhor venceu para que também pudéssemos vencer: as tentações fundamentais do ter, ser e poder...

- Quem destes desejos está verdadeiramente liberto?
- Qual coração se encontra plenamente livre e imune de seduções sem fim?

“Por N. S. J. C., Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”
Como toda Oração, é confiança absoluta na Trindade Santa. Nela estamos e conosco Ela sempre está em imprescindível relacionamento.

Refaçamos a Oração acima com fé, trazendo ao coração:
Luz radiante,
Alegria inebriante,
 Serenidade contagiante...

Sem lamentações inúteis


Resgatados pelo precioso Sangue de Cristo

 


Resgatados pelo precioso Sangue de Cristo

Na Leitura breve no Sábado Santo, ouvimos a passagem de São Pedro (1Pd 1,18-21):

“Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio de coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito. Antes da criação do mundo, Ele foi destinado para isso, e neste final dos tempos, Ele apareceu, por amor de vós. Por Ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus.”

Oremos

Senhor Jesus Cristo, Vós que tendes condição divina, Vós Vos humilhastes e vos fizestes obediente, e obediente até a morte, e morte de cruz, e nos amando, amou-nos até o fim.

Cremos que Deus Pai de amor Vos exaltou sobremaneira em Vossa glória, e Vos deu o nome mais sublime, muito acima de outro nome, e que diante de Vós se dobre todo joelho, e toda língua proclame que Vós Sois o Senhor.

 

Cremos, que sois o Filho do Homem, e com Vossa Ressurreição, fostes pelo Pai glorificado e Deus Pai em Vós, e estais sentado à direita de Deus, e, no fim dos tempos, virás gloriosamente, julgar os vivos e os mortos.

 

Enquanto peregrinos longe do Senhor, peregrinos de esperança, com a fé renovada em cada Baquete Eucarístico, e inflamada a chama da caridade, somos impelidos a carregar nossa cruz cotidiana, com sinceras e necessárias renúncias, comprometidos com a Boa-Nova do Reino. Amém. Aleluia! Aleluia!

O Senhor caminha conosco! Aleluia!

                                                                    

O Senhor caminha conosco! Aleluia!

Que a Boa Nova da Ressurreição de Jesus
seja nossa força na missão: A Ressurreição
de Jesus se descobre caminhando.

Uma reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (24,13-35), sobre a caminhada dos discípulos de Emaús.

Urge que descubramos Cristo vivo, que Se manifesta caminhando com os discípulos e com a humanidade.

Com Sua Palavra, medo, mágoas, tristezas, desânimo são superados, dando lugar à coragem, ao perdão, à alegria, à esperança.

Assim como Sua voz fez arder o coração dos discípulos de Emaús, enquanto lhes falava das Escrituras, também o nosso em cada Eucaristia que participamos e a Palavra de Deus ouvimos.

Do mesmo modo, nossos olhos se abrem ao partir e repartir o Pão, Corpo e Sangue do Senhor, como também o fez com os discípulos, ficando com eles naquele entardecer inesquecível, assim faz conosco em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Contemplemos a presença de Cristo Vivo, Ressuscitado e Vitorioso, que caminha com a comunidade. Enche o coração dos discípulos de esperança, fazendo o mesmo arder, e Se dá a reconhecer na partilha do Pão.

Deus não intervém de forma espetacular, mas no caminhar, no comunicar Sua Palavra e no simples gesto do Partir do Pão (simples e com tons Eucarísticos).

Esta passagem é uma página verdadeiramente catequética, e não uma reportagem jornalística. O Evangelista quis levar a comunidade à acolhida da Palavra do Ressuscitado, para retomar o caminho com ardor missionário, nutridos pela presença do Ressuscitado, encontrada no Pão Eucarístico, na Ceia piedosa, consciente, ativa e frutuosamente celebrada, como a Igreja nos ensina ao longo dos tempos.

É preciso passar do contexto do fracasso, do desencanto, da frustração para uma nova postura: alegres e corajosos discípulos missionários que encontram e sentem a presença do Ressuscitado caminhando. A fé não permite que haja recuos, desistência da Novidade do Reino por Jesus inaugurado.

O Evangelista dirige sua mensagem à comunidade dos que creem e caminham; pelas dificuldades, desanimados e sem rumo, para que não deixem morrer os sonhos que parecem diluir e desmoronar, diante da realidade monótona, ou hostil, com suas provações e adversidades.

Quando se sente a presença de Jesus, que Se faz companheiro, que caminha junto, que conhece nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, sentimos que não estamos sós, que Alguém, ainda que não vejamos, conosco caminha, e esta presença se dá desde que Ele nos comunicou, com o Seu Divino Sopro, o Espírito, e nos enviou como Suas testemunhas: ”Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).

Coloquemo-nos a caminho, com a convicção de que Jesus caminha conosco, ao nosso lado, para que superemos crises, fracassos, desalentos, desânimos.

Reflitamos:

- Qual o lugar da Palavra de Deus em nossa vida?
- Arde nosso coração quando lemos, proclamamos, refletimos, pregamos a Palavra de Deus, sobretudo nas Missas que participamos?

- Nossos olhos se abrem na Partilha do Pão e reconhecemos a presença do Ressuscitado?
- Repetimos este gesto de amor e partilha, com nossos irmãos, no quotidiano?

- Voltar para Emaús e desistir ou voltar para “Jerusalém” e, com coragem, proclamar a Boa Nova da Ressurreição?

- Em nossas Missas, sentimos o que aconteceu com os discípulos de Emaús: arde nosso coração e se abrem nossos olhos?

- Cléofas e outro caminhavam de volta, desanimados, tristes, derrotados. Também já nos sentimos assim na caminhada da comunidade?

Vemos, portanto, que a história dos discípulos de Emaús é a nossa história de cada dia:

“Os nossos olhos fechados que não reconhecem o Ressuscitado... os nossos corações que duvidam, fechados na tristeza... os nossos velhos sonhos vividos com decepção... o nosso caminho, talvez, afastando-se do Ressuscitado...

N’Ele, durante este tempo, ajustemos o Seu passo ao nosso para caminhar junto de nós no caminho da vida.  Há urgência em abrir os nossos olhos para reconhecer a Sua Presença e a Sua ação no coração do mundo e para levar a Boa Notícia: Deus Ressuscitou Jesus! Eis a nossa fé! (1)

Renovemos a alegria de caminhar com Jesus, e também, a alegria de ser discípulo missionário, cujo coração arde pelo fogo da Palavra proclamada, acolhida, crida e vivida; cujos olhos se abrem e reconhecem Jesus no partir do Pão, um gesto tão simples, tão belo, tão divino, que há de se repetir em outros tantos gestos de amor e partilha no quotidiano a fim de que todos tenhamos vida plena, abundante.

A Ressurreição de Jesus se descobre caminhando, e esta é força na missão, a Boa Nova que nos dá coragem para avançarmos para as águas mais profundas, em plena confiança na Palavra de Deus.

Em cada Missa que participarmos, ouçamos Deus que nos fala ao coração, e que nos abre os olhos para que O reconheçamos.

Urge que o desalento, o desânimo, a frustração, o fracasso e a derrota cedam lugar à fidelidade, à esperança, à coragem, aos sonhos, à alegria. Tudo isto é possível quando o Amor de Deus é derramado em nossos corações por meio do Cristo Ressuscitado e a presença do Seu Espírito. 

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

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