segunda-feira, 29 de abril de 2024

Em poucas palavras...

 


O envio do Paráclito

“Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um «outro Paráclito»(Defensor), o Espírito Santo.

Agindo desde a criação (Gn 1,2) e tendo outrora «falado pelos profetas» (Símbolo niceno-constantinopolitano), o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos, e n’eles (Jo 14,17), para os ensinar (Jo 14,26) e os guiar «para a verdade total» (Jo 16, 13). E, assim, o Espírito Santo é revelado como uma outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 243

A vida nova que brota da Páscoa

                                                             

A vida nova que brota da Páscoa

Sejamos iluminados pelo Sermão do Bispo São Gregório de Nissa (séc. IV):

Começou o Reino da vida e foi dissolvido o império da morte. Apareceu um novo nascimento, uma vida nova, um novo modo de viver; a nossa própria natureza foi transformada.

Que novo nascimento é este? É o daqueles que não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13); tu perguntas: como isso pode acontecer?

Escuta-me, vou te explicar em poucas palavras. Este novo ser é concebido pela fé, é dado à luz pela regeneração do Batismo; tem por mãe a Igreja que o amamenta com sua doutrina e tradições. Seu Alimento é o Pão celeste; sua idade adulta é a santidade; seu matrimônio é a familiaridade com a sabedoria; seus filhos são a esperança; sua casa é o reino; sua herança e riqueza são as delícias do paraíso; seu fim não é a morte, mas aquela vida feliz e eterna que está preparada para os que dela são dignos.

Este é o Dia que o Senhor fez para nós (Sl 117,24), dia muito diferente daqueles que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo e que são medidos pelo decurso do tempo.

Este é o início de uma nova criação. Nele Deus faz um novo céu e uma nova terra, como diz o Profeta. Que céu é este? Seu firmamento é a fé em Cristo. E que terra é esta?

O coração bom, de que fala o Senhor, é a terra que absorve a água das chuvas e produz frutos em abundância. O sol desta nova criação é uma vida pura; as estrelas são as virtudes; a atmosfera é um comportamento digno; o mar é a profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência (Rm 11,33). As ervas e as sementes são a boa doutrina e a escritura divina, onde o rebanho; isto é, o povo de Deus, encontra pastagem e alimento; as árvores frutíferas são a prática dos Mandamentos.

Neste dia, o verdadeiro homem é criado à imagem e semelhança de Deus não é, porventura, um novo mundo que começa para ti neste dia que o Senhor fez?

Não diz o Profeta que esse dia e essa noite não têm igual entre os outros dias e noites? Mas ainda não explicamos o dom mais precioso que recebemos neste dia de graça.

Ele destruiu as dores da morte e deu à luz o Primogênito dentre os mortos. Subo para junto do Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17), diz o Senhor Jesus.

Que notícia boa e maravilhosa! O Filho Unigênito de Deus, que por nós Se fez homem, a fim de nos tornar Seus irmãos, apresenta-Se como homem diante de Seu verdadeiro Pai, para levar Consigo todos os novos membros da Sua família” (1).

São Gregório nos apresenta uma analogia, que nos leva mais perto de Deus e do desejo mais profundo de uma vida nova que brota do Mistério da Morte e Ressurreição de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e somos 
convidados a renovar compromissos com a vida nova em todas as suas dimensões.

Reflitamos:

- Quais os sentimentos e compromissos que a meditação deste  Sermão me desperta?

- De que modo o Mistério Pascal de Nosso Senhor marca, reorienta e renova meus passos, minha vida e projetos?

- Como tenho vivido a vida nova que nasceu no dia do meu Batismo?

Pai Nosso que estais nos céus...

(1) Cf. Liturgia das Horas - Vol. II - pp. 743-744.

Em poucas palavras...

 


O “outro Paráclito”

Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um «outro Paráclito»(Defensor), o Espírito Santo. Agindo desde a criação (Gn 1,2) e tendo outrora «falado pelos profetas» (Símbolo niceno-constantinopolitano), o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos, e neles (Jo 14,17), para os ensinar (Jo 14,26) e os guiar «para a verdade total» (Jo 16, 13). E, assim, o Espírito Santo é revelado como uma outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai.” (1)  

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 243

Ouçamos a verdadeira Palavra

Ouçamos a verdadeira Palavra 

As páginas do Antigo Testamento nos revelam que o Profeta é o homem capaz de ler o presente com o olhar iluminado por Deus.  

Deste modo, Profeta é aquele que Deus chamou não pelos próprios méritos, porque ser profeta é um Dom, e, assim, é habilitado para falar em Seu nome, e Deus coloca as palavras em seus lábios. 

Quanto à prática de Jesus, Ele Se distingue do ensinamento dos escribas, por Sua Palavra e ação, e Sua autoridade intrínseca, isto é, não fala como os letrados estudiosos da Escritura, mas com a autoridade do Pai. 

Ele é a própria Palavra de Deus encarnada no meio da humanidade –“O Verbo Se fez carne e habitou entre nós”. Jesus é a ação do Deus que liberta e cura, mas exige nossa participação e coragem, para enfrentarmos e aceitarmos o mal que existe em nós para dele sermos libertos. 

É preciso desamarrar as resistências, para que o espírito impuro seja expulso de dentro de cada um de nós; para que seja calado, silenciado, emudecido - "Cala-te", disse o Senhor! 

A Palavra do Divino Mestre não nos anestesia para a mediocridade e escuridão. É uma Palavra serena, e ao mesmo tempo, revolucionária, inquietante, libertadora, provocadora, que desestabiliza, impulsiona, compromete, converte e alimenta. 

A Palavra de Jesus não nos dispensa de sinceros compromissos, paciência e entrega, pois é revestida de uma autoridade que o mundo desconhece.  

Nunca foi tão fácil e rápido se embriagar de palavras e informações (é o lado belo do mundo midiático), mas precisamos ter discernimento para escolher, ouvir e acolher palavras que edificam. 

Entre as palavras, temos sempre, acima de todas, a Palavra de Deus, a Palavra do Divino Mestre. 

Que o Espírito do Senhor repouse sobre nós, para que não sejamos embriagados pelas palavras do mundo, mas iluminados e conduzidos pela Palavra que liberta: Jesus Cristo.

domingo, 28 de abril de 2024

Em poucas palavras...

                                            


Envolvidos pelo amor divino

“O amor de Deus é «eterno» (Is 54, 8): «Ainda que as montanhas se desloquem e vacilem as colinas, o meu amor não te abandonará» (Is 54, 10). «Amei-te com amor eterno: por isso, guardei o meu favor para contigo» (Jr 31, 3).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 220

Precisamos da Seiva do Amor do Senhor! (VDTPB)

                                                               

Precisamos da Seiva do Amor do Senhor!

“Eu sou a Videira e vós sois os ramos”

A Liturgia do 5º Domingo da Páscoa (Ano B) é um convite à reflexão sobre a união com Cristo, que deve ser intensa para que possamos ter vida plena e os frutos por Deus esperados produzirmos.

É o “Domingo da Verdadeira Videira” que é o próprio Cristo Jesus, como nos fala o Evangelho de São João (Jo 15, 1-8).

Com a passagem da primeira Leitura (At 9,26-31), refletimos sobre como deve ser a comunidade: lugar da partilha, da mesma fé, que percorre o caminho do amor fraterno. Somente assim ela se coloca num constante processo de amadurecimento, realizando sua vocação.

Retrata a conversão de Paulo e a sua relação com a comunidade. O Apóstolo teve que enfrentar a desconfiança da comunidade, bem como ela teve coragem de correr o risco como fonte de enriquecimento. Para ambos foi desafio à comunhão a ser construída. 

O conjunto da Leitura nos apresenta o cristianismo como um encontro pessoal com Jesus, que se torna visível na experiência da comunhão com os irmãos. É impossível o encontro com Jesus e a vida fora da comunidade, da comunhão com os irmãos.

O encontro e o acreditar em Jesus implicam em adesão à Sua Palavra, ao Seu Projeto, à Sua proposta de Amor, que implica em amar até o fim, até as últimas consequências. Um amor total, incondicional e para sempre!

A fé é necessariamente uma experiência a ser fortalecida, numa vida comunitária marcada pela fragilidade.

Evidentemente, o autêntico cristianismo vivido implica na superação dos conflitos que possam surgir, com a certeza de que se pode contar com o Espírito Santo que conduz a Igreja.

Esta Leitura possibilita uma “radiografia” de nossas comunidades.

Reflitamos:

- Somos uma comunidade fechada ou aberta ao outro?
- Somos uma comunidade acolhedora?
- Vivemos a comunhão fraterna?

- Vivemos a solidariedade entre todos?
- De que modo ajudamos a comunidade a ser mais fiel ao que Deus espera? Apenas criticamos ou fazemos algo concreto para que seja um melhor instrumento do Reino?

- Somos como Paulo, Barnabé e os primeiros seguidores de Jesus, entusiasmados pela causa do Evangelho?

- Amamos Jesus e Sua Igreja inseparavelmente, apesar da imperfeição e limites inerentes da comunidade?

- Percebemos a ação do Espírito Santo dirigindo a Igreja?

A passagem da segunda Leitura (1Jo 3,18-24) nos apresenta a realidade do ser cristão, aquele que acredita em Jesus Cristo e ama uns aos outros como Ele nos amou. O amor ao próximo é critério para afirmarmos se conhecemos ou não a Deus, para afirmarmos a realização ou não da Sua vontade pela palavra e pelas obras.

Quando deixamos que o amor conduza a nossa vida, estamos no caminho da verdade. Coração aberto ao amor se traduz em serviço e partilha, na mais bela comunhão com Deus.

Somente o amor autêntico vivido nos liberta de todas as dúvidas e inquietações, nos dá a serenidade necessária e a certeza de que estamos no caminho certo da felicidade e vida eterna.

Com a passagem do Evangelho (Jo 15,1-8),encontra-se no contexto de despedida de Jesus, e refletimos sobre a adesão a Jesus que se torna a fonte de frutos saborosos por Deus esperados.

Com a Parábola da Videira, exorta que os discípulos permaneçam com Ele. Está próxima a Sua partida, entrega, Paixão e Morte. Mas também próxima está a Sua Ressurreição e presença para sempre no meio deles.

O Evangelho de João nos apresenta a comunidade da Nova Aliança com o distintivo do amor e serviço.

Notamos a insistência do Evangelista no verbo “permanecer” – oito vezes. Permanecer com Jesus implica em adesão, solidez na fé, estabilidade, constância, continuidade, frutos abundantes. Permanecer é adesão e renovação constantes.

Permanecer é ficar com Ele, viver Seu Mandamento de Amor, é confrontar a cada instante nossa vida com a Sua Vida. Sem Jesus a comunidade viveria uma esterilidade indesejável.

É preciso, como cristão, viver de, com, para e como Jesus Cristo. Podas serão inevitáveis para que mais frutos sejam produzidos, mas somente o ramo unido a Jesus produzirá os frutos saborosos.

Ao discípulo fica a possibilidade do discernimento.

Reflitamos:

- A quem queremos aderir nossa vida?
- Com quem queremos ser configurados, enxertados?

Haverá sempre a possibilidade de enxertar-se em outras “árvores”, mas o resultado é o óbvio: insatisfação, frustração, egoísmo, morte e autossuficiência...

A Parábola fala de ramos que se não unidos à videira, morrerão, secarão, serão queimados. Isto ocorre quando seduções indesejáveis norteiam nossa vida: dinheiro, êxito a qualquer preço, moda, poder, aplausos, orgulho, amor próprio excludente, a inversão de valores que deem sentido à vida.

Fala também das podas necessárias para novos frutos. São as provações do quotidiano, a cruz a ser carregada com renúncias, sacrifícios, abertura ao outro, humildade, simplicidade, perdão, superação...

Urge fazer nossa revisão de vida; renovemos nossa adesão ao Senhor, e ao Seu Evangelho e nosso amor e pertença a Igreja que nasceu de Seu lado, do Seu Coração trespassado.

Que todos nós, membros ativos da comunidade, vejamos quais são as podas necessárias que precisamos ter coragem de suportar, para que os frutos saborosos de Deus possamos produzir, para que todos tenhamos vida e vida plena.

Que sejamos saciados com a Seiva do Amor que emana abundantemente em cada Eucaristia celebrada, em cada Palavra proclamada, ouvida, acolhida e na vida encarnada.

Não podemos viver sem Jesus, portanto, não podemos viver sem o Seu Amor.

Concluímos com este canto:

“Meu Senhor despojou-Se de Si, sendo Deus
Se fez homem, Se entregou e morreu numa Cruz. [...]
Eu Te amo, sou louco de amor por Ti, meu Jesus

Tu és minha paz, minha luz, meu Rei e meu Bom Pastor
Eu Te amo, sou louco de amor por Ti, meu Jesus
Tu és minha paz, minha luz, meu Deus, meu Senhor. [...]”

Exultemos pela Vitória do Ressuscitado!

                                                  

Exultemos pela Vitória do Ressuscitado!

Sejamos enriquecidos por um dos Sermões do Bispo São Máximo de Turim (Séc.V) que nos remete ao glorioso dia da Ressurreição do Senhor e a tudo quanto ela nos alcançou.

“A Ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.

O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos Santos entram na cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela Ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais alta.

A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela estavam detidos, a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato, a Paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o coloca no alto dos céus.

A Ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os Santos. Por isso, o Santo Profeta convida todas as criaturas para a festa da Ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando neste dia que o Senhor fez.

A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a infiltração dos estímulos pecaminosos.

Este dia é o próprio Cristo. Sobre Ele, o Pai, que é o dia sem princípio, faz resplandecer o sol da Sua divindade. Ele mesmo é o dia que assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga (Eclo 24,6 Vulg.).

Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a Sua claridade, e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o Evangelista João: E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1,5).

Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus pecados; ninguém se afaste das Orações comuns, embora sinta o peso de suas culpas.

Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão. Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?”

Exultemos por aquele glorioso dia, pois desde aquele amanhecer nada mais foi como antes.

Não houvesse o Senhor Ressuscitado:
Teria sido a vitória do mal, da traição, do pecado, da crueldade.
A morte teria decretado para sempre sua vitória.
O Projeto de Salvação pelo qual Jesus deu a Vida,
Imenso e tenebroso fracasso seria.

Não houvesse o Senhor Ressuscitado,
A vida eterna por Ele prometida
Teria sido uma promessa vazia e esquecida.
Vazia seria, como bem falou o Apóstolo Paulo;
Vazia a nossa fé, sem conteúdo nossa pregação.

Não houvesse o Senhor Ressuscitado,
Que solidificação de uma fé comprovada e firme teríamos?
Que esperança renovada, se com Ele juntamente morta?
Que amor a viver, se Ele teve uma vida totalmente doada em vão,
Gosto amargo de decepção quem poderia suportar?

Não houvesse o Senhor Ressuscitado...
Mas, Ele Ressuscitou! Exultemos de Alegria!
A Vida venceu a morte, insisto convicto:
O Amor de Deus falou e fala sempre mais alto!

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