Uma
Igreja acolhedora, compassiva e missionária
“Em
verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não
entrará nele”. (Mc 10,15)
Na
comentário da passagem do Evangelho de
Marcos (Mc 10,13-16), O Missal Cotidiano nos apresenta duas citações de dois
Catecismos, sobre a necessidade de receber o Reino de Deus como uma criança,
para que nele se possa entrar:
- “Muitas vezes, na
apreciação dos adultos, as crianças ficam privadas de significado e de valor,
como os últimos chegados ao banquete da vida. São mesmo postas à margem e
excluídas, em diferente medida, do convívio humano. A Palavra de Deus nos
questiona de contínuo sobre a maneira de consideramos e tratarmos os
pequeninos; questiona além disso cada comunidade ou cultura que oprima as
crianças. Diz ‘não’ à opressão da criança; diz ‘sim’ quando pessoas e
comunidades resolvem converter-se a Deus, e, portanto, segundo Sua Palavra,
tornar-se como os pequeninos”. (1)
- O Senhor não eleva
a ideal a inocência da criança – como talvez romanticamente sejamos levados a
imaginar -, mas o sentir-se pequeno, ser receptivo e começar humildemente do
começo. Como no Evangelho de João, onde Jesus diz a Nicodemos: ‘Se alguém não nascer
de novo, não pode ver o Reino de Deus’ (Jo 3,3). A mesma atitude é indicada nas
bem-aventuranças. Quem se faz pequenino desse modo é de fato disponível e se
abandona à alegria de Deus. Quem se recusa não terá alegria”(2)
O
Catecismo da Igreja Católica enriquece ainda mais com este parágrafo:
“«Tornar-se criança» diante de Deus é a
condição para entrar no Reino (Mt 18,3-4), e para isso, é preciso abaixar-se (Mt
23,12) tornar-se pequeno. Mais ainda: é preciso «nascer do Alto» (Jo 3, 7), «nascer
de Deus» (Jo 1,13) para se «tornar filho de Deus» (Jo 1,12). O Mistério do
Natal cumpre-se em nós quando Cristo «Se forma» em nós (Gl 4,19). O Natal é o
mistério desta «admirável permuta»:
«O admirabile
commercium! Creator generis humani, animatum corpus sumens de Virgine nasci
dignatus est; et, procedens homo sine semine, largitus est nobis suam
deitatem». – «Oh admirável
permuta! O Criador do gênero humano, tomando corpo e alma, dignou-Se nascer
duma Virgem; e, feito homem sem progenitor humano, tornou-nos participantes da
sua divindade!» (Solenidade Santa Maria Mãe de Deus. (3)
É
preciso superar uma visão “romantizada” da acolhida das crianças, retratada na
passagem do Evangelho.
Vemos
que o Senhor as desejou junto de Si, porque a Sua condição indefesa e excluída manifestava
bem a realidade acerca dos discípulos e acerca do Reino que ela desejava
transmitir:
“Como a criança
precisa de atenção e de cuidados, quem está doente e em sofrimento encontra-se
com as mesmas necessidades. Do mesmo modo o homem que vive no pecado. O pecador
precisa sobretudo de reconciliação e solidariedade, de alguém que, sem julgar,
o ajude a tomar consciência da sua situação e a escolher caminho da conversão.”
(4)
No anúncio do Reino, a acolhida dos pequeninos, pobres e
indefesos se torna um elemento constitutivo da prática dos discípulos
missionários.
Uma Igreja acolhedora, solidária, compassiva e missionária que
acolhe, integra e promove para a vida em plenitude (cf. Jo 10,10). Amém.
(1)
CEI, Il catechismo dei
bambini, 21 – citado no Missal Cotidiano – Editora Paulus – pag. 816
(2) O novo Catecismo
holandês – idem
(3)Catecismo da Igreja
Católica – parágrafo n. 526
(4) Lecionário
Comentado – Volume I Tempo Comum – pág. 352
Um comentário:
Amém
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