sábado, 3 de agosto de 2024

“Se calarem a voz dos Profetas...” (07/02)

 


 

“Se calarem a voz dos Profetas...”
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,1-12), em que Herodes manda cortar a cabeça de João Batista, num ímpio banquete de morte.
 
“Também na morte o Batista é ‘precursor’, e Jesus o põe em relevo. Esta morte é um típico exemplar do que muitas vezes acontece no mundo: a supressão violenta dos inocentes, dos verdadeiros heróis, por parte dos seres abjetos, cobertos de prestígio e poder, e por motivos inconfessáveis: ambição, cálculo, inveja, ciúme, falsa moral...
 
Triste espetáculo é ver-se a opinião pública (os convidados) assistir impassível, se não divertida, ao fato de exatamente o honesto, que corajosamente denuncia o adultério e a expoliação, ser trucidado pelos desonestos e delinquentes.
 
Cumpre criar uma opinião pública contrária, ter a coragem de desmascarar o erro de quem julga tudo lícito, porque pode fazê-lo com franqueza.
 
João não era inimigo de Herodes e este o estimava (Mc 6,20); no entanto, por covardia, fá-lo calar para sempre. Engano! Aquele martírio jamais se calará” (1)
 
João foi o último dos Profetas, e o Precursor do Senhor, tanto do nascimento, como de sua morte, ao derramar sangue por causa da Verdade e da incondicional fidelidade à Palavra do Senhor.
 
Ontem como hoje, Deus suscita profetas para falarem em seu nome, para serem a sua divina voz a denunciar tudo quanto fira a vida, roubando-lhe a beleza e a sua sacralidade, desde sua concepção ao seu declínio natural.
 
Vozes proféticas no campo e na cidade, em defesa de princípios éticos dos quais não podemos prescindir; denúncia de tudo aquilo que fomenta o consumismo, bem como a exploração de nossa Casa Comum, a Terra; vozes que não se calam em tantas outras situações que possam ser mencionadas.
 
Renovemos a graça da vocação profética, que Deus nos concedeu no dia de nosso Batismo, para termos a coragem de João Batista, em amor e fidelidade incondicional à vontade divina.
 
Lembremos as palavras de Santo Agostinho: João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.”
 
Um canto para finalizar: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão...”
 
 
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1099
PS: Proclamado no sábado do 17º sábado do Tempo Comum, e oportuno para a Celebração da Memória do Martírio de São João Batista, quando se proclama a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,14-29).
 

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